A
Batalha de
Kursk
Julho
de 1943
“Após sua vitória em
Stalingrado, o Stavka
(Alto-Comando do Exército Vermelho) preparou uma grande ofensiva
para expulsar os alemães do sul da Ucrânia e isolar o Grupo de
Exércitos A alemão, localizado no Cáucaso. Os alemães evitaram a
manobra graças a uma retirada rápida, que amontoou um grande número
de efetivos na ponte do rio Kuban. Hitler ordenou então uma grande
contraofensiva, que encontrou a obstinada resistência dos russos,
que haviam tomado Kharkov e se aproximado de Zaporozhie, o
quartel-general de Erich von Manstein. Esse mesmo general conduziu
outra contraofensiva, que recuperou Kharkov e fez o Exército
Vermelho recuar até um saliente em torno de Kursk.” (p. 26)
Mais
info sobre von Manstein
Contra-ataque
em Kharkov
“A Batalha
de Kursk que
se seguiria, entre 5 e 13 de julho de 1943, seria a maior operação
de envolvimento militar da história, cercando aproximadamente 2
milhões de soldados. Seria decidida por um confronto entre os
tanques, ocasião em que o T-34 consolidou sua fama. Como
consequência da derrota alemã, a iniciativa estratégica passaria
definitivamente para os russos, cuja superioridade já era enorme.”
(p. 26b)
“Uma
batalha decisiva para o rumo da guerra”
“[...] A batalha travada em
Kursk durou poucos dias e desenrolou-se em um cenário relativamente
pequeno em relação à gigantesca escala geográfica das batalhas
travadas na frente oriental. Na análise da batalha em si,
excluindo-se os acontecimentos que a precederam e suas consequências,
conclui-se que a Batalha
de Kursk
terminou sem vitoriosos, de forma que não se pode identificar
claramente o vencedor e o perdedor.
A Batalha
de Moscou
teve elementos muito mais dramáticos. Tudo contribuiu para
caracterizar a pesada carga de tensão dessa batalha: os alemães
aproximando-se da capital, a ponto de vislumbrar as torres do
Kremlin; a contraofensiva lançada no último momento pelo Exército
Vermelho; o rigoroso inverno em que ocorreram os combates.” (p. 31)
“Tem-se repetido
regularmente que Kursk foi a maior batalha de tanques da história.
Embora alguns autores tenham questionado tal afirmação, não há
dúvida de que essa localidade foi palco de um gigantesco choque
entre forças blindadas. Mas foi muito mais do que isso. Na Batalha
de Kursk, a Wehrmacht,
as Forças Armadas alemãs, empregou um poder militar nunca antes
dedicado a um espaço tão pequeno. Usou seus melhores combatentes:
os melhores generais e também os melhores soldados. Colocou em jogo
suas armas mais sofisticadas. E, até então, nada nem ninguém havia
conseguido deter a Wehrmacht,
que se lançou em combate aproveitando as condições climáticas
adequadas do verão.” (p. 32)
“Nessa ocasião, no verão
de 1943, depois de concentrar sua capacidade ofensiva ao máximo, os
alemães partiram novamente para o ataque, sobre um setor
relativamente menor. Mas, mesmo assim, conseguiram avançar apenas
alguns quilômetros na área coberta pelos destacamentos soviéticos.
Além disso, depois de serem detidos de forma eficaz, os alemães
descobriram que, já que não conseguiam mais avançar, era o
Exército Vermelho quem passava para a contraofensiva, sobre uma
frente muito ampla, de forma a obrigá-los a recuar centenas de
quilômetros. A guerra tinha definitivamente mudado de rumo.” (pp.
33-34)
“A maior parte do poder
militar alemão estava concentrada na frente oriental, da seguinte
maneira: o Grupo de Exércitos do Norte contava com 33 divisões de
infantaria (uma delas era a Divisão Azul espanhola), 10 divisões de
infantaria leve, 1 de treinamento de recrutas e 3 de segurança, para
lutar contra os guerrilheiros. No outro extremo da frente, o Grupo de
Exércitos A, que controlava as tropas posicionadas na cabeça de
ponte de Kuban e na península da Crimeia, contava com uma divisão
Panzer,
oito de infantaria, quatro de infantaria leve e uma de treinamento de
recrutas, além de tropas romenas.
Os alemães tinham concentrado
suas forças nos Grupos de Exércitos Central e do Sul, que deveriam
realizar o ataque contra Kursk. Os números falam por si quando
comparados aos demais efetivos destinados aos outros setores. O Grupo
Central alinhava oito divisões Panzer,
3 de granadeiros blindados, 60 divisões de infantaria, 4 de
infantaria leve, 4 de segurança e 2 de instrução, bem como algumas
tropas húngaras. O Grupo Sul contava com 12 divisões Panzers,
1 de granadeiros blindados, 27 de infantaria, 2 de infantaria leve, 3
de segurança e algumas forças romenas.
A Europa ocupada pela Alemanha
ficou praticamente desguarnecida, tanto no oeste como no sul, e as
tropas foram concentradas na frente oriental. Mas foram os Grupos de
Exércitos Central e do Sul que haviam sido reforçados ao máximo,
tanto com forças de infantaria quanto, sobretudo, com tropas
blindadas: divisões Panzers
e de granadeiros blindados. Os dois grupos de exércitos compreendiam
20 das 25 divisões Panzers
em situação de operatividade. O Grupo de Exércitos Central,
sozinho, tinha duas vezes mais divisões de infantaria do que a soma
de todas as divisões presentes na Europa ocidental, Itália e
Balcãs.
Essa concentração de poder
de fogo tinha um objetivo: no verão de 1943, o Exército alemão
voltaria a lançar um ataque na frente oriental. O desastre de
Stalingrado e a rendição das tropas ítalo-germânicas na Tunísia
evocavam o fantasma da derrota. O moral da população alemã sofreu
severamente. O Eixo cambaleava e todos os aliados do Terceiro
Reich
procuravam uma maneira de sair da guerra. Era necessário efetuar uma
manobra de grande efeito, que mostrasse que a Wehrmacht
estava longe de ser derrotada ou, até mesmo, que pudesse vislumbrar
alguma esperança de uma vitória final. Por sua vez, ao lado dos
Aliados e, especialmente, nas fileiras soviéticas, o moral da luta
cresceu consideravelmente e já se contemplava a possibilidade de uma
vitória final. [...]” (pp. 43-44)
“Zeitzler [general Kurt,
chefe do Estado-Maior do Exército da Alemanha] identificou inclusive
o local onde lançar essa ofensiva: o chamado ‘saliente de Kursk’.
Como consequência da ousada ofensiva do marechal Erich von Manstein
em fevereiro-março de 1943 [em Kharkov], os soviéticos tiveram de
abandonar uma parte do território conquistado, surgindo assim esse
saliente. Tinha uma forma retangular, de cerca de 200 quilômetros de
norte a sul e 70 quilômetros de leste a oeste. Aniquilá-lo parecia
muito simples para o Exército alemão, que, em 1941, atacara em uma
frente de vários milhares de quilômetros e, em 1942, embora tivesse
atacado em um setor muito mais estreito, tinha sido capaz de chegar
até o Cáucaso. A conquista de Kursk e de seu saliente seria uma
punição severa para a capacidade ofensiva do Exército Vermelho, em
função da importância das tropas inimigas ali posicionadas. Além
disso, Stalin suspeitaria que, novamente, os alemães empreenderiam
uma ofensiva em direção a Moscou, pois, de fato, Kursk parecia um
excelente trampolim para atacar a capital a partir do sul.
Na verdade, essa última
possibilidade nunca foi seriamente considerada, já que os alemães
não sabiam a situação em que suas forças se encontravam. Mas
seria o suficiente se os soviéticos acreditassem nessa possibilidade
e abandonassem seus próprios projetos em outros setores de ataque.
Zeitzler chegou a dar um nome a seu plano: operação
Zitadelle
(Cidadela).
A análise de Zeitzler,
finalmente, convenceu Hitler, embora, na realidade, o Führer
tivesse mostrado pouco entusiasmo pela operação. Ele estava
aterrorizado com a possibilidade de fracasso, o que seria um sinal
claro da ruína da Alemanha. Assim, a operação, que em sua
concepção original deveria ter sido lançada no início de maio,
foi adiada semana após semana, com o objetivo de concentrar forças
e, por fim, seria lançada somente no início de julho.” pp.
48-49)
Fonte:
Coleção 70º aniversário da 2ª Guerra Mundial, v. 21. 1943
– Batalha de Kursk marca colapso do Nazismo.
São Paulo: Abril Coleções, 2009. Trad. Fernanda Teixeira Ribeiro e
Mario Miguel Fernandez Escaleira.
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