segunda-feira, 1 de julho de 2013

A Batalha de Kursk - julho 1943 / 1





A Batalha de Kursk
Julho de 1943


Após sua vitória em Stalingrado, o Stavka (Alto-Comando do Exército Vermelho) preparou uma grande ofensiva para expulsar os alemães do sul da Ucrânia e isolar o Grupo de Exércitos A alemão, localizado no Cáucaso. Os alemães evitaram a manobra graças a uma retirada rápida, que amontoou um grande número de efetivos na ponte do rio Kuban. Hitler ordenou então uma grande contraofensiva, que encontrou a obstinada resistência dos russos, que haviam tomado Kharkov e se aproximado de Zaporozhie, o quartel-general de Erich von Manstein. Esse mesmo general conduziu outra contraofensiva, que recuperou Kharkov e fez o Exército Vermelho recuar até um saliente em torno de Kursk.” (p. 26)


Mais info sobre von Manstein


Contra-ataque em Kharkov




A Batalha de Kursk que se seguiria, entre 5 e 13 de julho de 1943, seria a maior operação de envolvimento militar da história, cercando aproximadamente 2 milhões de soldados. Seria decidida por um confronto entre os tanques, ocasião em que o T-34 consolidou sua fama. Como consequência da derrota alemã, a iniciativa estratégica passaria definitivamente para os russos, cuja superioridade já era enorme.” (p. 26b)


Uma batalha decisiva para o rumo da guerra

[...] A batalha travada em Kursk durou poucos dias e desenrolou-se em um cenário relativamente pequeno em relação à gigantesca escala geográfica das batalhas travadas na frente oriental. Na análise da batalha em si, excluindo-se os acontecimentos que a precederam e suas consequências, conclui-se que a Batalha de Kursk terminou sem vitoriosos, de forma que não se pode identificar claramente o vencedor e o perdedor.


A Batalha de Moscou teve elementos muito mais dramáticos. Tudo contribuiu para caracterizar a pesada carga de tensão dessa batalha: os alemães aproximando-se da capital, a ponto de vislumbrar as torres do Kremlin; a contraofensiva lançada no último momento pelo Exército Vermelho; o rigoroso inverno em que ocorreram os combates.” (p. 31)


Tem-se repetido regularmente que Kursk foi a maior batalha de tanques da história. Embora alguns autores tenham questionado tal afirmação, não há dúvida de que essa localidade foi palco de um gigantesco choque entre forças blindadas. Mas foi muito mais do que isso. Na Batalha de Kursk, a Wehrmacht, as Forças Armadas alemãs, empregou um poder militar nunca antes dedicado a um espaço tão pequeno. Usou seus melhores combatentes: os melhores generais e também os melhores soldados. Colocou em jogo suas armas mais sofisticadas. E, até então, nada nem ninguém havia conseguido deter a Wehrmacht, que se lançou em combate aproveitando as condições climáticas adequadas do verão.” (p. 32)


Nessa ocasião, no verão de 1943, depois de concentrar sua capacidade ofensiva ao máximo, os alemães partiram novamente para o ataque, sobre um setor relativamente menor. Mas, mesmo assim, conseguiram avançar apenas alguns quilômetros na área coberta pelos destacamentos soviéticos. Além disso, depois de serem detidos de forma eficaz, os alemães descobriram que, já que não conseguiam mais avançar, era o Exército Vermelho quem passava para a contraofensiva, sobre uma frente muito ampla, de forma a obrigá-los a recuar centenas de quilômetros. A guerra tinha definitivamente mudado de rumo.” (pp. 33-34)


A maior parte do poder militar alemão estava concentrada na frente oriental, da seguinte maneira: o Grupo de Exércitos do Norte contava com 33 divisões de infantaria (uma delas era a Divisão Azul espanhola), 10 divisões de infantaria leve, 1 de treinamento de recrutas e 3 de segurança, para lutar contra os guerrilheiros. No outro extremo da frente, o Grupo de Exércitos A, que controlava as tropas posicionadas na cabeça de ponte de Kuban e na península da Crimeia, contava com uma divisão Panzer, oito de infantaria, quatro de infantaria leve e uma de treinamento de recrutas, além de tropas romenas.


Os alemães tinham concentrado suas forças nos Grupos de Exércitos Central e do Sul, que deveriam realizar o ataque contra Kursk. Os números falam por si quando comparados aos demais efetivos destinados aos outros setores. O Grupo Central alinhava oito divisões Panzer, 3 de granadeiros blindados, 60 divisões de infantaria, 4 de infantaria leve, 4 de segurança e 2 de instrução, bem como algumas tropas húngaras. O Grupo Sul contava com 12 divisões Panzers, 1 de granadeiros blindados, 27 de infantaria, 2 de infantaria leve, 3 de segurança e algumas forças romenas.


A Europa ocupada pela Alemanha ficou praticamente desguarnecida, tanto no oeste como no sul, e as tropas foram concentradas na frente oriental. Mas foram os Grupos de Exércitos Central e do Sul que haviam sido reforçados ao máximo, tanto com forças de infantaria quanto, sobretudo, com tropas blindadas: divisões Panzers e de granadeiros blindados. Os dois grupos de exércitos compreendiam 20 das 25 divisões Panzers em situação de operatividade. O Grupo de Exércitos Central, sozinho, tinha duas vezes mais divisões de infantaria do que a soma de todas as divisões presentes na Europa ocidental, Itália e Balcãs.


Essa concentração de poder de fogo tinha um objetivo: no verão de 1943, o Exército alemão voltaria a lançar um ataque na frente oriental. O desastre de Stalingrado e a rendição das tropas ítalo-germânicas na Tunísia evocavam o fantasma da derrota. O moral da população alemã sofreu severamente. O Eixo cambaleava e todos os aliados do Terceiro Reich procuravam uma maneira de sair da guerra. Era necessário efetuar uma manobra de grande efeito, que mostrasse que a Wehrmacht estava longe de ser derrotada ou, até mesmo, que pudesse vislumbrar alguma esperança de uma vitória final. Por sua vez, ao lado dos Aliados e, especialmente, nas fileiras soviéticas, o moral da luta cresceu consideravelmente e já se contemplava a possibilidade de uma vitória final. [...]” (pp. 43-44)


Zeitzler [general Kurt, chefe do Estado-Maior do Exército da Alemanha] identificou inclusive o local onde lançar essa ofensiva: o chamado ‘saliente de Kursk’. Como consequência da ousada ofensiva do marechal Erich von Manstein em fevereiro-março de 1943 [em Kharkov], os soviéticos tiveram de abandonar uma parte do território conquistado, surgindo assim esse saliente. Tinha uma forma retangular, de cerca de 200 quilômetros de norte a sul e 70 quilômetros de leste a oeste. Aniquilá-lo parecia muito simples para o Exército alemão, que, em 1941, atacara em uma frente de vários milhares de quilômetros e, em 1942, embora tivesse atacado em um setor muito mais estreito, tinha sido capaz de chegar até o Cáucaso. A conquista de Kursk e de seu saliente seria uma punição severa para a capacidade ofensiva do Exército Vermelho, em função da importância das tropas inimigas ali posicionadas. Além disso, Stalin suspeitaria que, novamente, os alemães empreenderiam uma ofensiva em direção a Moscou, pois, de fato, Kursk parecia um excelente trampolim para atacar a capital a partir do sul.


Na verdade, essa última possibilidade nunca foi seriamente considerada, já que os alemães não sabiam a situação em que suas forças se encontravam. Mas seria o suficiente se os soviéticos acreditassem nessa possibilidade e abandonassem seus próprios projetos em outros setores de ataque. Zeitzler chegou a dar um nome a seu plano: operação Zitadelle (Cidadela).


A análise de Zeitzler, finalmente, convenceu Hitler, embora, na realidade, o Führer tivesse mostrado pouco entusiasmo pela operação. Ele estava aterrorizado com a possibilidade de fracasso, o que seria um sinal claro da ruína da Alemanha. Assim, a operação, que em sua concepção original deveria ter sido lançada no início de maio, foi adiada semana após semana, com o objetivo de concentrar forças e, por fim, seria lançada somente no início de julho.” pp. 48-49)




Fonte: Coleção 70º aniversário da 2ª Guerra Mundial, v. 21. 1943 – Batalha de Kursk marca colapso do Nazismo. São Paulo: Abril Coleções, 2009. Trad. Fernanda Teixeira Ribeiro e Mario Miguel Fernandez Escaleira.


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