sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A Participação norte-americana na guerra global





1942

A Participação norte-americana na guerra global


Contexto Interno


O tratamento governamental de ideias e grupos 'subversivos' durante a guerra foi louvavelmente comedido e eficaz. Mas uma população não perturbada por ideias traiçoeiras ou agitação não era a mais adequada para os esforços de guerra total. Tinha de haver envolvimento enérgico e dedicação do povo inteiro. O Governo podia solicitar o povo a sacrificar-se pela vitória militar sobre os atacantes, mas esse apoio era de eficácia decrescente durante uma longa guerra e não gerava uma determinação realmente intensa de derrotar a Alemanha. (Uma pesquisa de opinião no verão de 1942 mostrou que um terço do público estava disposto a negociar a paz com a Alemanha e concentrar-se na luta contra o Japão.) Roosevelt compreendeu que a guerra moderna exigia uma base ideológica para o máximo esforço público, especialmente quando luta não se desenrola no próprio solo pátrio. Assim, o Governo dedicou considerável atenção ao desenvolvimento de uma explicação poderosamente lógica e irrefutável para os sacrifícios da guerra global. Como era seu costume, Roosevelt estabeleceu numerosas agências de propaganda com deveres e jurisdição que se sobrepunham. O Office of War Information (OWI), sob a chefia do jornalista Elmer Davis, era a principal agência de informação, mas havia também o Inter-American Affair Office, de Nelson Rockefeller, as agências de propaganda para cada departamento das Forças Armadas e os discursos do Presidente e dos membros do seu Gabinete. Seus esforços conjuntos parecem ter sido bem sucedidos. O público americano exibiu, de 1941 a 1945, uma notável unidade em torno do esforço de guerra. Os alistamentos voluntários foram elevados, houve escassa evasão do recrutamento e ainda menos deserções, a sonegação de impostos nunca foi problema, o racionamento foi amplamente aceito (embora se desenvolvesse um ativo mercado negro nos dias finais da guerra ) e o número de homens / horas perdidos em consequência de greves situou-se muito abaixo do nível registrado na década de 1930, exceto em 1943.

O Governo, entretanto, foi criticado por seu desempenho na mobilização das energias intelectuais e morais do povo americano. Os críticos argumentaram que o apoio público à guerra, de que o Governo desfrutava, não era o resultado da liderança educacional da Administração Roosevelt, mas do ataque a Pearl Harbour e do barbarismo do regime nazista. Com a unidade nacional virtualmente assegurada, pensavam eles, o Presidente deveria ter sublinhado o significado ideológico da guerra de um modo muito mais resoluto do que o fez. A luta, sustentavam os críticos, deveria ter sido clara e continuamente descrita como uma batalha que se tratava entre o status quo mundial e a causa da reforma social progressista. O fascismo deveria ser descrito não como tirania política, mas também como domínio econômico elitista e franca demonstração de racismo. Como isso não foi adequadamente realizado, a coalização do New Deal viu-se enfraquecida e tanto a política interna como a externa derivaram para a direita no decurso da guerra. A obra de reforma sofreu um retrocesso e a política externa americana ganhou matizes conservadores que a tornaram menos flexível e menos bem sucedida no trato com um mundo em pena revolução social.

Estes pontos de vista, na forma de premonições, atingiram Roosevelt logo nos primeiros tempos da guerra e ele parece ter concordado em que o conflito possuía um significado ideológico que o povo americano tinha de ser levado a perceber. Contudo, a liderança ideológica do presidente foi intermitente e os órgãos de propaganda por ele estabelecidos transmitiram uma mensagem ambígua. A maior parte das expressões oficiais sobre as finalidades da guerra, tal como se refletiram em folhetos, filmes, publicidade e rádio, fazia dos exércitos do Eixo e da política totalitária o inimigo e da vitória militar o único remédio adequado. O rádio, a imprensa e os filmes reforçaram geralmente esse enfoque simplista e militar do esforço de guerra. O ator Brian Donlevy, no filme Wake Island, dizia que os japoneses tinham-se revelado em Pearl Harbor criaturas dedicadas à ' destruição pura' e que 'temos de destruir o germe da destruição. Essa a nossa tarefa.

Por outro lado, alguns escritores a serviço do OWI produziram folhetos e filmes que vinculavam a guerra à reforma social interna, reclamando com insistência o respeito pleos direitos das minorias raciais, exaltando as contribuições dos trabalhadores e identificando claramente o Presidente como fundador do New Deal. Os esforços pessoais de Roosevelt para elucidar os objetivos finais da guerra foram igualmente inconsistentes. Houve ocasiões em que se propôs abertamente associas a guera, no espírito do público, aos valores libertários e democráticos do New Deal. Reuniu-se com Churchill em 12 de agosto de 1941 para redigirem e divulgarem a Carta do Atlântico, na qual se comprometeram a apoiar a independência, depois da guerra, de todas as nacionalidades então em status colonial. Em seu discurso sobre o estado da União, em janeiro de 1941, F.D.R. Sublinhou o compromisso americano com as 'quatro liberdades', das quais a terceira, a 'liberdade da fome', recordava o impulso do New Deal no sentido da segurança econômica para as classes baixas. Depois, quando chegaram as eleições de 1942 para o Congresso, Roosevelt pediu 'um fim da política' e desinteressou-se virtualmente da seleção desse crucial Congresso do período de guerra. Em consequência disso, o distanciamento que normalmente se verifica em relação ao Congresso em meio de mandato, intensificado em 1942 pela derrotas militares e a inflação, desenvolveu-se sem qualquer controle por parte do Presidente. Os democratas deixaram de acorrer ás urnas em proporção incomum, os conservadores de ambos os Partidos apresentaram-se bem e os republicanos acabaram ganhando nove cadeiras no Senado e 44 na Câmara dos Representantes. Numa conferência de imprensa em dezembro de 1943, o Presidente foi ao ponto de anunciar que o 'Dr. New Deal' tinha sido substituído pelo 'Dr. Ganha-guerra'., separando claramente a guerra das metas políticas. Aconteceu então outro revés. Em seu discurso sobre o estado da união, duas semanas depois, Roosevelt fez o seu pronunciamento mais radical, acrescentando aos direitos políticos aceitos como essenciais à liberdade uma 'declaração de direitos econômicos1: o direito a emprego, alimento, vestuário, recreação, um lar, assistência médica, educação.

[]
Fosse qual fosse a responsabilidade pessoal do Presidente no curso dos acontecimentos, as metas e os interesses eleitorais associados ao New Deal sofreram um certo número de importantes reveses durante a guerra. O Congresso, mais conservador depois de 1942 do que fora desde a década de 1920, aboliu as agências do New Deal que considerou não darem qualquer contribuição direta para o esforço de guerra, como o CCC, a
WPA
e a NYA. []

Depois da guerra, o movimento trabalhista era numericamente mais forte (10 milhões de trabalhadores sindicalizados em 1941, 14 milhões em 1945), mas tinha perdido irremediavelmente a aprovação pública. Talvez um fator ainda mais importante, o pessoal dos quadros governamentais mudara significativamente quanto aos seus antecedentes sociais. []

pp. 455-58; 460


Fonte: GRAHAM Jr, Ottis L. Anos de Crise. In: O Século Inacabado. The Unfinished Century. America since 1900, 1976.


sobre o New Deal





Documentários
sérieWhy We Fight(Por que Nós lutamos)
(Office of War Information)

'War comes to America'

Us Army na França

fotos


by: LdeM