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Itália
em julho de 1943
A
destituição e prisão de Mussolini
“Mas
o infortúnio militar [das forças italianas] não cessou. Em 15 de
fevereiro de 1942, milhares de soldados italianos foram enviados à
frente oriental para colaborar com os alemães. Eles sofreram as
consequências de seu equipamento inadequado para suportar as
terríveis condições do front
russo. A série de fracassos, que culminou com o desastre da guerra
no deserto [após a vitória Aliada em El
Alamein],
derrubou o moral de Mussolini no final de 1942, a ponto de ele enviar
Ciano em seu lugar para encontrar-se duas vezes com Hitler e ficar 18
meses sem se dirigir ao povo italiano, em contraste com sua até
habitual loquacidade.
Em
7 de abril de 1943, pouco depois da derrota em Stalingrado (2 de
fevereiro de 1943), na qual milhares de soldados italianos foram
mortos ou feitos prisioneiros, Mussolini reuniu-se com Hitler no
palácio de Klessheim, em Salzburgo, e propôs a assinatura de um
armistício com a União Soviética para que o Eixo pudesse
concentrar todas as suas forças em outras frentes. O ditador alemão
rejeitou a proposta completamente. Em 9 de julho de 1943, as tropas
britânicas e norte-americanas desembarcaram na Sicília. A iminência
da derrota derrubou o moral do Partido Nacional Fascista e o
prestígio de Mussolini. No dia 16, Dino Grandi, presidente da Camera
dei Fasci e dele Corporazioni,
o Parlamento da Itália fascista, e um grupo de líderes do partido
solicitaram a convocação do Grande Conselho do Fascismo, que não
havia se reunido uma única vez nos últimos quatro anos. Três dias
depois, Mussolini e Hitler encontraram-se na cidade de Feltre, no
noroeste da região de Vêneto, enquanto os Aliados bombardeavam
Roma. O Grande Conselho do Fascismo reuniu-se em 24 de julho e
considerou ser necessário que Mussolini renunciasse a todos os seus
cargos. O conselho era de natureza apenas consultiva e não tinha
capacidade de destituir o Duce,
que fora nomeado pelo rei. Mas o destino de Mussolini e de seu
partido estava selado.
O
Duce
solicitou um encontro com o rei Vítor Emanuel III, que o recebeu
durante vinte minutos. O rei, que tinha sido um de seus admiradores
entusiásticos, comunicou-lhe que ele se tornara um obstáculo para a
reorganização interna e para uma nova postura diante da guerra.
Mussolini não aceitou esses argumentos, e o rei respondeu que tinha
decidido substituí-lo pelo general Badoglio. Acrescentou que não
havia motivos para Mussolini preocupar-se, porque sua integridade
seria garantida. Mussolini protestou e deixou a sala, sem que o rei
fizesse caso.
A
prisão inesperada
Mussolini
surpreendeu-se, pois seu carro tinha desaparecido e, em seu lugar,
havia uma ambulância da Cruz Vermelha. Tudo fora cuidadosamente
preparado: 200 carabinieri
(membros da
força policial italiana) ocuparam o palácio e um oficial obrigou-o
a entrar na ambulância, acompanhando-o com outros quatro homens até
um quartel. Ali, Mussolini permaneceu por uma hora, até ser
transferido para outro, onde ficou detido sob a guarda de sentinelas.
Na
terça-feira, 27 de julho, ele foi levado para a fortaleza de Gaeta,
de onde foi conduzido pelo general Polito para a pequena ilha de
Ventotene. Nesse local, ficou sob a vigilância de 50 policiais e
outros tantos carabinieri.
No dia 29, foi levado em um contratorpedeiro para a ilha de
Maddalena. Depois de um mês, um hidroavião da Cruz Vermelha
conduziu-o até o lago Bracciano, de onde foi levado por uma
ambulância para o monte Gran Sasso, onde foi acomodado em um pequeno
hotel para esquiadores, rigorosamente vigiado.
[...]
O
poder organizado por Mussolini ruiu, mas sua história pessoal ainda
não tinha chegado ao fim.” [pp.28-30]
Fonte:
Coleção 70º aniversário da 2ª guerra Mundial, v. 19. 1943
– Hora da Virada: Aliados desembarcam na Itália .
Trad. Fernanda Teixeira Ribeiro e Mario Miguel Fernandez Escalera.
São Paulo: Abril Coleções, 2009.
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