terça-feira, 26 de maio de 2015

Queda de Berlim - abr - mai 1945 / 4











 
Queda de Berlim – maio 1945

      “Com a iminente queda de Berlim, o quartel-general do SHAEF [comando-supremo aliado ocidental] em Rheims enviou um pedido ao Stavka [comando-supremo soviético], em Moscou, naquele dia [25 de abril]. 'O General Eisenhower deseja mandar um mínimo de trinta e três correspondentes de guerra aliados credenciados a Berlim depois da captura da cidade pelo Exército Vermelho. Deseja mandar mais que este número se for possível, já que, como aforma, 'a queda de Berlim será uma das maiores notícias do mundo'.' Não houve resposta do Kremlin [sede do governo soviético]. Stalin claramente não queria nenhum jornalista em Berlim, quanto mais da incontrolável variedade ocidental. Contudo, seria perturbado por eles de um modo totalmente inesperado.

      Durante aquele dia, a principal emissora de rádio nazista, a Deutschlandsender, silenciou-se, mas a data de 25 de abril ficou famosa por um acontecimento que logo correu mundo. Em Torgau, no [rio] Elba, elementos avançados da 58ª Divisão de Infantaria de Guarda do general Vladimir Rusakov encontraram-se com soldados americanos da 69ª Divisão. A Alemanha nazista estava cortada ao meio. As mensagens dispararam por ambas as cadeias de comando até Bradley, depois Eisenhower no SHAEF, e até Konev, depois o general Antonov no Stavka. Os chefes de Estado foram imediatamente informados e aí Stalin e Truman trocaram telegramas concordando com o anúncio do evento. A primeira reação de Eisenhower foi mandar chamar os jornalistas, decisão que logo viria a lamentar.” p. 382


      “Stalin queria Berlim cercada o mais depressa possível com um cordon sanitaire. Isto significava a ocupação urgente de todo o território até o Elba que fora considerado parte da futura zona soviética. Os exércitos de Konev não envolvidos no ataque a Berlim ou na luta contra o Nono e o Décimo Segundo Exércitos foram enviados para oeste. O Elba foi alcançado no decorrer de 24 e 25 de abril, em numerosos pontos além de Torgau. Unidades do 5º Exército de Guardas, o 32º Corpo de Infantaria de Guardas, comandado pelo general Rodimtsev, que ficara famoso em Stalingrado, e o 4º Corpo Blindado de Guardas também alcançaram o rio. O 1º Corpo de Cavalaria de Guardas do general Baranov avançou ainda mais. […]

      Para satisfazer a impaciência de Stalin por detalhes sobre Berlim, o general Serov, representante do NKVD na 1ª Frente Bielo-Russa, forneceu um relatório detalhado sobre as condições da cidade. Beria o colocou na mesa de Stalin em 25 de abril. Serov observava que a destruição era bem pior na direção do centro da cidade, onde muitos prédios ainda fumegavam devido ao fogo da artilharia soviética.” pp. 381-85



Cap. 21 (A Luta na Cidade)

      “O regime nazista, que nunca quis que as mulheres fossem manchadas pela guerra nem mesmo por qualquer coisa que interferisse com a criação dos filhos, agora afirmava, em seu desespero, que as moças combatiam ao lado dos homens. Numa das pouquíssimas estações de rádio ainda no ar, houve um apelo a mulheres e moças: 'Pegai as armas dos soldados feridos e caídos e participai da luta. Defendei vossa liberdade, vossa honra e vossa vida!' Os alemães que ouviram este apelo longe de Berlim ficaram chocados com esta 'consequência mais extremada da guerra total'. Mas apenas pouquíssimas jovens pegaram em armas. A maioria era de auxiliares das SS. Um punhado delas, contudo, viu-se envolvida no combate, por circunstâncias extraordinárias ou por um impulso mal avaliado de romantismo. Para ficar com seu amante, Ewald von Demandowsky, a atriz Hildegard Knef vestiu uma farda e se uniu a ele em Schmargendorf, defendendo os pátios de transporte com sua companhia improvisada.” p. 390


       “As Waffen SS [tropas SS com formação de exército] não acreditavam em ficar atrás das barricadas improvisadas construídas perto das esquinas. Sabiam que esses obstáculos pouco eficazes seriam as primeiras coisas varridas pelo fogo de canhões. Era bom colocar atiradores nas janelas dos andares superiores e nos telhados, porque os tanques não podiam elevar suficientemente seus canhões. Mas com o panzerfaust [portáteis armas antitanque] faziam suas emboscadas nas janelas dos porões. Assim era melhor porque era muito difícil atirar de cima o panzerfaust com boa pontaria. A Juventude Hitlerista [Hitlerjugend] copiava com entusiasmo as SS e logo a Volkssturm – os que tinham visto a ação na Primeira Guerra Mundial e permanecido em seus postos – seguiu a mesma tática. Os soldados do Exército Vermelho referiam-se à Juventude Hitlerista e à Volkssturm como 'totais', porque eram o produto da 'total mobilização'. Os oficiais da Wehrmacht chamavam-nos de 'caçarola', porque eram uma mistura de carne velha e legumes verdes.” p. 396


      “Durante a retirada rumo ao centro, ao Setor Z, a batalha se intensificou. Sempre que os alemães conseguiam derrubar um tanque soviético com um panzerfaust, o comandante soviético local tentava retaliar com um ataque de Katiuchas [lança-foguetes em série]. Mas a vingança com tal arma de cobertura era semelhante a fuzilar reféns como reação a um ataque de guerrilheiros.

      Um pequeno grupo de SS franceses com panzerfaust foi capturado por soldados soviéticos. O sargento francês afirmou que eram trabalhadores forçados obrigados pelos alemães a vestir a farda quando o Exército Vermelho lançara o ataque no Oder. Tiveram a sorte de receberem crédito. Naquele estágio, os soldados soviéticos nada sabiam das tatuagens das SS.

[…]

      No dia seguinte, 27 de abril, o general Krebs seguiu os líderes nazistas que enganavam os soldados sob seu comando. Embora evasivo na questão das negociações, afirmou que 'os americanos poderiam cruzar os noventa quilômetros entre o Elba e Berlim no mais curto espaço de tempo e então tudo mudaria para melhor'. “ p. 402

      “Considerando o fato de que em 1945 metade das Waffen SS não era alemã, este [presença de tropas estrangeiras lutando em prol do nazismo] não era um fato assim tão notável. E quando se impôs ao mundo uma guerra civil internacional, como os comunistas e fascistas fizeram entre si pela manipulação inescrupulosa de alternativas, a queda de Berlim era uma pira funerária nada surpreendente para o que restava da extrema-direita europeia.” p. 403


Cap. 23 (A Traição do Testamento)

      “Com a Juventude Hitlerista e as SS abrindo fogo sobre qualquer casa que exibisse uma bandeira branca, os civis viram-se esmagados pela violenta intransigência de ambos os lados. O cheiro de cadáveres em decomposição espalhava-se das pilhas de destroços que já tinham sido prédios, e o cheiro de carne queimada dos esqueletos enegrecidos das casas incendiadas. Mas não foram essas cenas terríveis, mas sim os três anos de propaganda, que deram forma à atitude dos soldados soviéticos. Eles viam Berlim como 'esta cidade cinzenta, assustadora, sombria, misantrópica, esta capital bandida'.

       Nem os comunistas alemães foram poupados. Em Wedding, reduto da esquerda até 1933, ativistas da Jülicherstrasse saíram para congratular os oficiais soviéticos que comandavam a unidade que ocuparia seu distrito, mostrando suas carteiras do partido [Kommunistichen Partei], que tinham escondido durante doze anos de ilegalidade. Apresentaram suas esposas e filhas como voluntárias para ajudar lavando e cozinhando mas, segundo um prisioneiro de guerra francês, os oficiais da unidade estupraram-nas 'naquela mesma noite'. Enquanto os ocupantes do bunker do Führer preocupavam-se com os T-34 e os tanques Stalin que avançavam da Potsdamerplatz e subiam a Wilhelmstrasse, os olhos soviéticos estavam fixos no lado norte do centro de Berlim. O 3º Exército de Choque infletiu seu avanço por Moabit, logo a nordeste do Spree, para alinhar-se para um ataque ao Reichstag.” p. 429


fonte: BEEVOR, Anthony. Berlim 1945: A Queda. Trad. Maria Beatriz de Medina. 4ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.




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Der Untergang / A Queda 2007








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