fontes
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abril
– maio 1945
Berlim
sob bombardeio
A
invasão russa-soviética arrasa a Alemanha. Avanço do Exército
Vermelho dispersa tropas alemãs, recupera territórios, domina
cidades inteiras. Massacre de civis, jovens e idosos, além de
estupros de mulheres, tanto jovens quanto idosas.
Cap.
17 (O último aniversário do Führer)
“O
marechal Jukov [Gueorgui Zhukov, do Exército
Vermelho]
recordou que, naquela tarde de 20 de abril [de 1945], a 'artilharia
de longa distância do 79º Corpo de Infantaria do 3º Exército de
Choque abriu fogo contra Berlim'. Mas, na verdade, pouca gente na
cidade tomou consciência do fato. Jukov parecia não fazer ideia de
que era o aniversário de Hitler [Adolf, Chanceler do III
Reich,
ditador nazista]. [Jukov] estava desesperado para encontrar algo para
mostrar que atacara Berlim antes de Konev [ marechal russo Ivan
Konev]. Os canhões disparavam no alcance máximo e apenas os
subúrbios do nordeste foram afetados.
Quando
Jukov soube ao certo de exército blindado de Konev que avançava
para Berlim vindo do sul, enviou, naquela noite, uma ordem urgente a
Katukov e Bogdanov, comandantes do 1º e do 2º Exércitos Blindados
de Guardas. Deu-lhes 'uma missão histórica: entrar em Berlim
primeiro e hastear a bandeira da vitória'. Deveriam enviar a melhor
brigada de cada corpo para penetrar nos arredores de Berlim às
4horas da manhã do dia seguinte e avisar na mesma hora, para que
Stalin [ditador soviético] pudesse ser informado imediatamente e o
fato pudesse ser avisado à imprensa. Na verdade, a primeira de suas
brigadas blindadas só chegou aos arredores da cidade na noite de 21
de abril.
A
sudeste de Berlim, enquanto isso, o marechal Konev chicoteava seus
dois exércitos blindados pelo Spreewald. Seu principal interesse era
o 3º Exército Blindado de Guardas, que se dirigia ao flanco sul de
Berlim. O corpo blindado avançado de Ribalko tentou, ao meio-dia,
invadir a cidade de Baruth, vinte quilômetros ao sul de Zossen, mas
fracassou na primeira tentativa. 'O camarada Ribalko', comunicou-lhe
Konev, 'está se movendo novamente como uma lesma. Uma brigada luta
enquanto o exército inteiro está preso. Ordeno-lhe que cruze a
linha Baruth-Luckenwalde pelo pântano, usando várias rotas, numa
ordem de batalha ampliada. Informe-me do cumprimento.' A cidade foi
tomada em duas horas.
O
4º Exército Blindado de Guardas de Leliushenko, mais para o sul e
para o oeste, encaminhava-se numa linha mais ou menos paralela para
Jüterbog e depois Potsdam. Stalin ainda estava preocupado que os
americanos pudessem, de repente, avançar de novo. O Stavka
[comando supremo soviético], naquele dia, avisou Jukov, Konev e o
marechal Rokossovski da possibilidade de encontrar os aliados
ocidentais e passou as senhas de reconhecimento. Mas o que nem Konev
nem o Stavka
parecem ter avaliado totalmente foi que a 1ª Frente Ucraniana, que
avançava pelo sudeste, cruzaria com o Nono Exército de Busse
[general alemão Theodor Busse], que tentava recuar em torno do lado
sul de Berlim. Naquela noite, despachou mensagens para seus dois
comandantes de exércitos blindados. 'Pessoal aos camaradas Ribalko e
Leliushenko. Ordeno categoricamente que penetrem em Berlim esta
noite. Comuniquem a execução. Konev.'” pp. 325-327
“O
general Busse, com a maior parte do Nono Exército – o XI Corpo
Panzer
SS, o V Corpo de Montanha SS
e a guarnição de Frankfurt an der Oder -, logo começou a retirada
para sudoeste, rumo ao Spreewald, apesar das ordens do bunker
do Führer
de que a linha de defesa do Oder jamais deveria ser abandonada.
A
compulsão do Führer
de lançar contra-ataques a esmo voltou na noite de 20 de abril, bem
quando Jukov e Konev forçavam seus próprios comandantes de
exércitos blindados a avançar mais depressa. Hitler disse ao
general Krebs que lançasse um ataque partindo do oeste de Berlim
contra os exércitos de Konev para evitar o cerco. A força que
deveria 'rechaçar' o 3º e o 4º Exércitos Blindados de Guarda
consistia da Divisão Friedrich
Ludwig Jahn,
formada de meninos dos destacamentos do Serviço de Mão-de-obra do
Reich,
e da chamada 'formação Panzer
Wünsdorf',
um grupo de meia dúzia de tanques da escola de instrução militar
dali.
Um
batalhão da polícia foi enviado para a área de Strausberg naquele
dia 'para pegar desertores e executá-los e fuzilar quaisquer
soldados encontrados recuando sem ordem'. Mas até aqueles destacados
como executores começaram a desertar no caminho para a frente. Um
dos que se entregaram aos russos contou a seu interrogador soviético
que 'cerca de 40.000 desertores estão escondidos em Berlim, já
antes do avanço russo. Agora este número aumenta rapidamente'.
Prosseguiu dizendo que a polícia e a Gestapo
não podiam controlar a situação.” p. 331
Cap.
18 (A revoada dos faisões dourados)
“No
decorrer do dia [21 de abril de 1945], enquanto abaladas unidades
alemãs e soldados extraviados recuavam, Hitler ainda insistia em
Busse para que mantivesse uma linha que vinha se desintegrando há
dois dias. O remanescente da ala esquerda de Busse, o CI Corpo, fora
expulso da área de Bernau. Wolfram Kertz, do Regimento de Guarda
Grossdeutschland,
foi ferido perto do entrocamento da auto-estrada de Blumberg, a
nordeste de Berlim. Dos 1.000 e tantos homens do Regimento de Guarda,
só quarenta chegaram a Berlim. Muita coisa dependia da
'Soldatenglück',
ou 'sorte de soldado'. Kertz estava encostado na parede de uma igreja
quando os soldados russos o encontraram. Viram a Cruz de Cavaleiro em
seu pescoço. 'Du
General?',
perguntaram. Chamaram uma carroça puxada a cavalo e o levaram para
um quartel-general para ser interrogado. Um oficial superior
perguntou-lhe se Hitler ainda estava vivo e o que sabia sobre planos
de um contragolpe alemão com os americanos contra o Exército
Vermelho.
Isto,
sem dúvida, refletia a paranoia do Kremlin. Na verdade, os
americanos ainda combatiam os alemães por toda parte, inclusive no
eixo de Berlim. Suas tropas terrestres e os Mustangs
da Força Aérea dos EUA lançavam ataques contínuos contra a
Divisão Scharnhorst
do Décimo Segundo Exército, ao norte de Dessau. Era uma reação
aos ataques inesperados da Luftwaffe
contra a travessia e as cabeças-de-ponte do Elba. A Peter Rettich,
que comandava um batalhão da Scharnhorst,
só retavam cinquenta homens em 21 de abril.” pp. 335-336
“Hitler
considerou o bombardeio soviético de Berlim uma afronta pessoal, o
que, levando em conta as frases rabiscadas nas granadas soviéticas,
era mesmo. Sua reação instintiva foi culpar a Luftwaffe
por permitir que isso acontecesse. Ameaçou o general Koller de
execução, não pela primeira vez. O fato de que a Luftwaffe
tinha poucas aeronaves em funcionamento e ainda menos combustível de
aviação não o preocupava. A raiva, estava convencido, dava-lhe
inspiração. A tentativa dos soviéticos de cercar a cidade pelo
norte expôs-lhes o flanco direito. Ele ordenaria um contra-ataque e
os deixaria em frangalhos. Recordava-se de ter visto num mapa da
situação o III Corpo SS Germanische,
comandado pelo Obergruppenführer
Felix
Steiner, a noroeste de Eberswalde. Hitler recusou-se a aceitar que
Heinrici [general Gotthardt H.] já alocara a maior parte de suas
divisões para ajudar o Nono Exército. O corpo de Steiner, segundo o
quartel-general do Grupo de Exércitos do Vístula, consistia apenas
de 'três batalhões e alguns blindados'.
Hitler,
ausente da realidade, começou a falar do 'Destacamento do Exército
Steiner', exagero grandioso demais até mesmo pelo seu próprio
padrão. Afirmou
que, de qualquer forma, poderia ser reforçado com todas as unidades
do CI Corpo que havia recuado para o norte de Berlim. Pensou até na
guarda pessoal da Luftwaffe
de Göring, em Karinhall, mas ele já tinha partido. Cada soldado,
marinheiro ou aviador que se conseguisse encontrar seria lançado à
batalha e qualquer comandante que retivesse seus homens enfrentaria
execução em cinco horas. Hitler já adotara como palavras divinas a
observação de Frederich, o Grande: 'Quem lançar seu último
batalhão na luta será o vencedor.' Isto intensificava sua fantasia
de que o jogo impiedoso com a vida dos outros era a marca da
grandeza.” p. 340 (destaque meu)
fonte:
BEEVOR, Anthony. Berlim
1945: A Queda.
Trad. Maria Beatriz de Medina. 4ª ed.
Rio de Janeiro: Record, 2005.
mais
info em
videos
filme
Der
Untergang / A Queda
2007
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