terça-feira, 27 de maio de 2014

Preâmbulos do Dia D










 







Preâmbulos do Dia D






Defesas alemãs contra a invasão dos Aliados


 
“[O Marechal de campo ] Rommel aproveitava vantajosamente cada técnica nova ou avanço recente. Onde ele tinha poucos canhões, posicionava baterias de lança-foguetes ou morteiros. Em um lugar, ele chegara a instalar tanques robôs em miniatura denominados 'golias'. Esses dispositivos, capazes de transportar mais de meia tonelada de explosivos, podiam ser guiados por controle remoto a partir das fortificações e descer às praias, onde eram detonados entre os soldados ou entre os lanchões de desembarque.

Praticamente a única coisa que faltava no arsenal de armas medievais reunido por Rommel eram caldeirões de chumbo derretido para derramar sobre os atacantes – e, de certo modo, ele tinha o equivalente moderno: lança-chamas automáticos. Em certas posições ao longo da frente, teias de tubos partiam de tanques de querosene camuflados até atingir os caminhos cobertos de relva na entrada das praias. Bastava apertar um botão para que o avanço dos soldados fosse instantaneamente engolido pelas chamas.

Rommel tampouco esquecera a ameaça de paraquedistas ou de tropas aerotransportadas por planadores. Por trás da linha de fortificações, todas as zonas mais baixas foram inundadas e, em cada campo aberto dentro de um âmbito de doze ou treze quilômetros a partir das margens do Canal [da Mancha], foram enfiadas estacas pontiagudas ligadas a explosivos. Arames para fazer tropeçar os soldados foram estendidos entre as estacas. Ao serem tocados, faziam automaticamente explodir minas antipessoais ou obuses ativados.

Rommel organizara uma sangrenta festa de recepção para as tropas aliadas. Nunca na história das guerras modernas um conjunto de defesas mais poderoso ou mortal tinha sido preparado para uma força invasora. Entretanto, mesmo assim, Rommel não estava contente. Ele queria mais casamatas, mais obstáculos nas praias, mais minas, mais canhões, mais tropas. Acima de tudo, ele queria as maciças divisões panzer que estavam estacionadas como reserva em pontos distantes da costa. […] pp. 34-35


Eisenhower comanda as forças invasoras

“A partir desse reboque, [o general Dwight] Eisenhower comandava quase três milhões de soldados aliados. Mais de metade de seu imenso comando era composta por americanos: cerca de um milhão e setecentos mil soldados, marinheiros, aviadores e guardas costeiros. As forças conjuntas britânicas e canadenses totalizavam cerca de um milhão e, além disso, havia os combatentes franceses e contingentes poloneses, tchecos, belgas, noruegueses e holandeses. Nunca antes um americano tinha comandado tantos homens de tantas nacionalidades ou suportado uma carga de responsabilidades tão impressionante.

[…]

Quatro meses antes, na diretiva que o [i. e. Eisenhower] nomeava comandante supremo, os chefes do Estado-Maior Conjunto de Washington haviam explicitado sua missão em um único, mas expressivo, parágrafo. A redação era a seguinte: 'O senhor deverá entrar no continente da Europa e, em conjunção com os comandantes das demais nações Unidas, assumir as operações destinadas a atingir o coração da Alemanha e a destruição de suas forças armadas...'

Nessa única sentença se encontravam o alvo e propósito do ataque. Mas para o mundo inteiro dos Aliados, isso deveria ser muito mais do que uma operação militar. O próprio Eisenhower descrevia sua missão como 'uma grande cruzada' -uma cruzada que deveria acabar de uma vez por todas com a monstruosa tirania que tinha lançado o mundo inteiro em sua guerra mais sangrenta, estraçalhando um continente e colocado mais de trezentos milhões de pessoas em regime de escravidão. (De fato, nessa época ninguém podia sequer imaginar a extensão total da barbárie nazista que havia inundado a Europa – os milhões que tinham desaparecido nas câmaras de gás e nas fornalhas dos crematórios assépticos de Heinrich Himmler [chefe da Gestapo e das SS] , os milhões que tinham sido arrebatados em seus próprios países e submetidos a trabalho escravo, uma tremenda percentagem dos quais jamais retornaria, os outros milhões que tinham sido torturados até a morte, executados como reféns, ou exterminados pelo simples expediente de deixá-los morrer de fome.) O propósito inalterável da grande cruzada não era simplesmente vencer a guerra, mas destruir o nazismo e terminar uma era de selvageria sem paralelo em momento algum da história mundial.

Mas primeiro a invasão tinha de ser realizada com sucesso. Se falhasse, a derrota final da Alemanha poderia ainda levar anos.” [pp. 63-66]



Arsenal preparado para a invasão

Por volta do mês de maio [de 1944], a Inglaterra meridional parecia um imenso arsenal. Escondidas nas florestas, pilhas de munição formavam verdadeiras montanhas. Distribuídos ao longo das charnecas, parachoques contra parachoques, havia tanques, caminhões com lagartas, carros blindados, caminhões militares padronizados, jipes e ambulâncias – mais de cinquenta mil veículos de transporte terrestre. Através dos campos, viam-se longas linhas de morteiros e canhões antiaéreos, grande quantidade de material pré-fabricado, desde tendas de campanha Nissen até coberturas para faixas de pouso e imensos estoques de equipamento destinado a movimentar grandes volumes de terra, desde bulldozers até escavadeiras. Nos depósitos centrais, havia imensas quantidades de comida, roupas e suprimentos médicos, desde pílulas contra enjoo até 124 mil leitos de hospital. Mas a visão mais assombrosa de todas eram os vales cheios de longas filas de material de transporte ferroviário: quase mil locomotivas novas em folha, quase vinte mil carros-tanque e vagões de transporte de carga que seriam usados para substituir o equipamento francês espatifado durante os combates, depois que as cabeças-de-ponte nas praias tivessem sido conquistadas e consolidadas.” p. 68

fonte: RYAN, Cornelius. O Mais Longo dos Dias. [The Longest Day, 1959] trad. William Lagos. Porto Alegre: L&PM, 2008.



mais info em















Nenhum comentário:

Postar um comentário