quinta-feira, 15 de maio de 2014

Preparativos para Operação Overlord (Dia D)











1944


Preparativos para a Operação Overlord (Dia D)


Quando [o general Dwight] Eisenhower começou a ajustar a imensa e pesada máquina de invasão, durante os primeiros meses de 1944, dúvidas e hesitações tomaram conta dalguns de seus mais importantes subordinados. Por exemplo, três divisões aeroterrestres saltariam na Normandia várias horas antes do ataque anfíbio. Sua tarefa principal consistiria em impedir que os alemães se deslocassem contra as forças anfíbias durante as primeiras horas da invasão, momento em que as tropas de terra transportadas por mar estariam mais vulneráveis. Depois, os paraquedistas deveriam garantir às tropas desembarcadas nas praias a saída para o interior do solo francês.

A 6ª Divisão Aeroterrestre britânica deveria saltar à esquerda da área de invasão e fixar a frente próximo da foz do rio Orne. As 82ª e 101ª Divisões americanas saltariam à direita da frente de invasão e se fixariam na extremidade da linha na península Cotentin.

Leigh-Mallory [Sir Trafford Leigh-Mallory, comanda as Forças Aéreas Expedicionárias Aliadas] ficou seriamente preocupado com a presença de forte contingente alemão precisamente nos locais onde as duas divisões deveriam saltar. Ele previu que se Eisenhower insistisse em que os desembarques se realizassem conforme programado, as baixas na 101ª seriam enormes, podendo alcançar até 70 por cento da unidade.

Depois de estudar o problema, Eisenhower considerou as operações aeroterrestres absolutamente necessárias. Ele estava convencido de que o índice de baixas previstos por Mallory não seria nem de longe alcançado.

Mas sua ansiedade levou-o a passar parte do último dia antes da invasão com essas tropas. Ele animou-se ao vê-las tão entusiasmadas. Todos lhe asseguraram que estavam prontos para partir e dar cumprimento à tarefa de que tinham sido incumbidos.

Realizada a tarefa, ficou provado que Eisenhower estava certo. As baixas registradas entre as tropas aeroterrrestres, cuja contribuição para o êxito do ataque anfíbio foi imensa, haviam sido relativamente leves.

Leigh-Mallory, dias após a invasão, desculpou-se por ter concorrido para aumentar ainda mais as enormes preocupações que afligiam Eisenhower na véspera da operação.

A mais meticulosamente preparada operação anfíbia, jamais tentada em escala tão avantajada, a Overlord estava pronta para começar quando o tempo, inesperadamente, se encheu de fúria. Marés e fases da lua são previsíveis, mas tempestades, não. Quando os ventos ficaram mais violentos, agitando fortemente o mar, e a chuva desabou torrencialmente sobre a Europa Ocidental, pareceu que a invasão malograria. Os aviões, com os céus inteiramente encobertos, não poderiam realizar as missões marcadas para os momentos que precederiam os desembarques. Os barcos pequenos afundariam, com os mares tão agitados, ou não chegariam às respectivas praias, e os soldados, mareados, não estariam em condições de lutar, se as alcançassem.

Mas se a Overlord fosse adiada até que o tempo melhorasse, várias semanas se passariam para que os desembarques pudessem ser reprogramados de forma a coincidirem com marés e lua favoráveis. Já então, grande parte do verão, o melhor período do ano para a campanha, teria passado.

Na noite de 3 de junho, Eisenhower foi até o QG de Ramsay, perto de Porstmouth, onde permaneceu durante os primeiros dias críticos da invasão. Seu meteorologista-chefe informou-lhe que um sistema de alta pressão estava-se deslocando, seguido de um sistema de baixa pressão, o que fazia prever mau tempo.

Às 04h30 de 4 de junho, véspera do dia programado para o ataque, os meteorologistas disseram que as condições marítimas seriam um pouco melhores do que se esperava inicialmente, mas o céu continuaria encoberto, o que impediria o funcionamento adequado das forças aéreas.

Mais tarde, naquele mesmo dia, os meteorologistas previram que as condições marítimas melhorariam, mas não o suficiente para que o apoio naval se fizesse de forma ideal e não prejudicasse as manobras dos barcos pequenos.

Eisenhower perguntou aos seus subordinados principais o que achavam deveria ser feito. Montgomery [ o general britânico] disse que queria prosseguir. Tedder e Leigh-Mallory manifestaram-se favoráveis ao adiamento da operação. Ramsay permaneceu neutro.

Depois de os ouvir, Eisenhower resumiu o ponto crítico do problema. As forças de terra, disse ele, não eram esmagadoramente poderosas. A operação só era viável porque os Aliados estavam em vantagem quanto à superioridade aérea. Sem essa vantagem, os desembarques seriam arriscados demais. Assim sendo, ele decidiu adiar os desembarques por 24 horas.

Ordens foram despachadas imediatamente para os navios, que retornaram aos portos, reabasteceram-se e prepararam-se para zarpar novamente no dia seguinte.” pp. 88 e 89


fonte: BLUMENSON, Martin. Eisenhower. Trad. Edmond Jorge. Rio de Janeiro: Renes, 1976.



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