quinta-feira, 22 de maio de 2014

Preparações para o Dia D - Defesas alemãs














Preparações para o Dia D [Operação Overlord]


A operação Overlord, a invasão da Europa pelos Aliados, começou precisamente quinze minutos após a meia-noite de 6 de junho de 1944 – na primeira hora de um dia que seria para sempre conhecido como o Dia D. Nesse momento, alguns homens especialmente escolhidos da 82ª e da 101ª divisões Aerotransportadas do exército americano saltaram de seus aviões à luz do luar sobre a Normandia. Cinco minutos mais tarde e a oitenta quilômetros de distância, um pequeno grupo de homens da 6ª Divisão Aerotransportada britânica também pulou de seus aeroplanos. Esses homens exerciam a função de batedores e tinham a missão de acender fogueiras para iluminar as zonas de lançamento dos paraquedistas e tropas de infantaria transportadas por planadores, que deveriam segui-los em breve.

Os exércitos aerotransportados dos Aliados estavam claramente demarcando os limites extremos do campo de batalha da Normandia. Entre eles e ao longo da costa francesa haviam sido escolhidas cinco praias para o início da invasão: Utah, Omaha, Gold, Juno e Sword. Durante as horas que precederam o amanhecer, enquanto os paraquedistas combatiam nas sebes escuras da Normandia, a maior frota que o mundo jamais conhecera começou a tomar posições ao largo dessas praias – quase cinco mil navios, transportando mais de duzentos mil soldados, marinheiros e guardas costeiros. A partir das 6h30min da manhã, precedidos por um maciço bombardeio aéreo e naval, alguns milhares desses homens avançaram através das águas até a praia, na primeira onda da invasão.” pp. 11-12


A questão da condição climática: em maio foi melhor
Rommel esperava a ofensiva aliada simultânea à ofensiva russa

[O marechal-de-campo] Rommel tinha bastante confiança de que poderia deixar seu QG nessa época. Agora que passara o mês de maio – em que o tempo tinha sido perfeito para o ataque aliado – , ele tinha chegado à conclusão de que a invasão ainda não começaria por diversas semanas. Sentia-se tão confiante que até mesmo estabelecera um prazo para a finalização de todos os seus programas de construção de obstáculos antiinvasão. Sobre sua escrivaninha, havia uma ordem para o 7º e o 15º Exércitos: 'Todo esforço possível' – dizia o documento – 'deve ser feito para completar os obstáculos, de tal modo que um desembarque na maré baixa só se torne possível mediante um extremo custo para o inimigo... o trabalho deve ser acelerado … sua finalização deve ser informada a meu quartel-general até o dia 20 de junho'.

Ele agora concluía – do mesmo modo que Hitler e o alto comando alemão – que a invasão ocorreria ou simultaneamente à ofensiva de verão do Exército Vermelho ou logo depois. [Aqui referência à ofensiva planejada pela Operação Bragation, comandada pelo General Zhukov. Mais info em http://sgmsegundaguerramundialww2.blogspot.com.br/2014/05/1944-frente-oriental-preparativos-da-op.html ] O ataque russo, conforme todos sabiam, não poderia começar antes do degelo tardio dos campos congelados da Polônia e, portanto, eles não achavam que a ofensiva pudesse ser montada até o final de junho.

No oeste, as condições climáticas vinham piorando há vários dias, e, segundo parecia, o tempo iria ficar ainda pior.” p. 23


A 'muralha do Atlântico' toma forma a partir de 1942

Logo depois de sua chegada [em novembro 1943], Rommel realizara uma inspeção rápida e agitada da Muralha do Atlântico – e os resultados o deixaram consternado. Somente em poucos lugares ao longo da costa as fortificações maciças de concreto e aço haviam sido finalizadas : nos principais portos e estuários dos rios e sobre os pontos mais elevados que dominavam as passagens marinhas, mais ou menos desde as colinas que ficavam acima de Le Havre até a Holanda. No resto da orla marítima, as defesas encontravam-se nos mais diversos estágios de construção. Em alguns lugares, o trabalho nem sequer começara. Era verdade que a Muralha do Atlântico era uma tremenda barreira, mesmo em seu incompleto estado atual. Onde tinha sido acabada, estava cheia de canhões pesados. Mas não eram suficientes para satisfazer Rommel. Nada era suficiente para interromper o tipo de assalto gigantesco que Rommel – sempre recordando sua derrota esmagadora às mãos de Montgomery, durante os combates do ano anterior na África setentrional – sabia perfeitamente que estava por chegar. Perante seu olhar crítico, a Muralha do Atlântico era uma farsa. Com ironia, ele a denunciava como um 'devaneio da mente de Hitler, um castelo de nuvens'.

Apenas dois anos antes, não existia qualquer muralha.

[…]

A partir do outono de 1941, [o ditador alemão Adolf Hitler] começou a falar a seus generais sobre a transformação da Europa em uma 'fortaleza inexpugnável'. E em dezembro, depois que os Estados unidos entraram na guerra, o Führer bradou ao mundo que 'um cinturão de pontos fortemente defendidos e gigantescas fortalezas vai de Kirkenes [na fronteira entre a Noruega e a Finlândia] até os Pireneus [na fronteira franco-espanhola]... e é minha inquebrantável decisão tornar essas trincheiras inexpugnáveis contra os assaltos de qualquer inimigo'.

Era uma fanfarronada tão descabida quanto impossível. Descontando as irregularidades no contorno da costa, esta linha, que ia do Oceano Ártico ao norte até a Baía de Biscaia no sul, estendia-se por quase cinco mil quilômetros.

Mesmo no ponto mais estreito do Canal da Mancha, exatamente em frente da Grã-Bretanha, as fortificações não existiam. Mas Hitler estava obcecado por suas concepções de fortalezas. […]

Pouco havia sido feito para levantar as fortificações. Em 1942, enquanto a maré da guerra começava a voltar-se contra Hitler, grupos de comandos britânicos começaram a fazer incursões ao longo da fortaleza 'inexpugnável' da Europa. Então ocorreu o mais sangrento ataque dos comandos, em que mais de cinco mil heróicos canadenses desembarcaram em Dieppe. [Mais info sobre o Dieppe Raid ou Operation Jubilee em http://www.warmuseum.ca/cwm/exhibitions/newspapers/operations/dieppe_e.shtml ] Era como se a cortina de sangue que anunciava o início da invasão tivesse sido aberta. Os estrategistas britânicos ficaram sabendo até que ponto os alemães haviam fortificado os portos. Os canadenses tiveram 3.369 baixas, com novecentos mortos. A incursão foi desastrosa, mas causou um choque tremendo no espírito de Hitler. A Muralha do Atlântico, conforme ele trovejou perante seus generais, deveria ser finalizada com urgência. A construção deveria ser apressada 'fanaticamente'.

E realmente foi. Milhares de trabalhadores escravos labutaram noite e dia para erguer as fortificações. Foram derramados milhões de toneladas de concreto; tanto que, por toda a Europa ocupada pelas tropas de Hitler, tornou-se impossível conseguir cimento para qualquer outra coisa. Quantidades avassaladoras de aço foram encomendadas, mas esse artigo estava tão escasso que os engenheiros foram forçados a trabalhar sem ele. Como resultado, poucos abrigos subterrâneos ou casamatas tinham cúpulas giratórias, para cujas torres de metralhadoras o aço era indispensável, determinando que o campo de alcance dos canhões ficasse desse modo restrito. Tão grande foi a demanda de material e equipamento que partes da velha Linha Maginot francesa e das fortificações alemãs correspondentes (a Linha Siegried) foram desmanteladas, a fim de serem instaladas na Muralha do Atlântico. No final de 1943, embora a muralha estivesse longe de estar pronta, mais de meio milhão de homens trabalhava nas obras de defesa e as fortificações se haviam transformado em uma realidade ameaçadora.” pp. 26-29 [trechos]

fonte: RYAN, Cornelius. O Mais Longo dos Dias. [The Longest Day, 1959] trad. William Lagos. Porto Alegre: L&PM, 2008.


mais info em














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