fontes
da imagens: http://previewwar2.br.tripod.com/DiaD/Defesas.htm
Preparações para o Dia D [Operação
Overlord]
“A operação
Overlord, a invasão da Europa
pelos Aliados, começou precisamente quinze minutos após a
meia-noite de 6 de junho de 1944 – na primeira hora de um dia que
seria para sempre conhecido como o Dia D. Nesse momento, alguns
homens especialmente escolhidos da 82ª e da 101ª divisões
Aerotransportadas do exército americano saltaram de seus aviões à
luz do luar sobre a Normandia. Cinco minutos mais tarde e a oitenta
quilômetros de distância, um pequeno grupo de homens da 6ª Divisão
Aerotransportada britânica também pulou de seus aeroplanos. Esses
homens exerciam a função de batedores e tinham a missão de acender
fogueiras para iluminar as zonas de lançamento dos paraquedistas e
tropas de infantaria transportadas por planadores, que deveriam
segui-los em breve.
Os exércitos aerotransportados dos Aliados
estavam claramente demarcando os limites extremos do campo de batalha
da Normandia. Entre eles e ao longo da costa francesa haviam sido
escolhidas cinco praias para o início da invasão: Utah, Omaha,
Gold, Juno e Sword. Durante as horas que precederam o amanhecer,
enquanto os paraquedistas combatiam nas sebes escuras da Normandia, a
maior frota que o mundo jamais conhecera começou a tomar posições
ao largo dessas praias – quase cinco mil navios, transportando mais
de duzentos mil soldados, marinheiros e guardas costeiros. A partir
das 6h30min da manhã, precedidos por um maciço bombardeio aéreo e
naval, alguns milhares desses homens avançaram através das águas
até a praia, na primeira onda da invasão.” pp. 11-12
A questão da condição climática: em
maio foi melhor
Rommel esperava a ofensiva aliada
simultânea à ofensiva russa
“[O marechal-de-campo] Rommel tinha
bastante confiança de que poderia deixar seu QG nessa época. Agora
que passara o mês de maio – em que o tempo tinha sido perfeito
para o ataque aliado – , ele tinha chegado à conclusão de que a
invasão ainda não começaria por diversas semanas. Sentia-se tão
confiante que até mesmo estabelecera um prazo para a finalização
de todos os seus programas de construção de obstáculos
antiinvasão. Sobre sua escrivaninha, havia uma ordem para o 7º e o
15º Exércitos: 'Todo esforço possível' – dizia o documento –
'deve ser feito para completar os obstáculos, de tal modo que um
desembarque na maré baixa só se torne possível mediante um extremo
custo para o inimigo... o trabalho deve ser acelerado … sua
finalização deve ser informada a meu quartel-general até o dia 20
de junho'.
Ele agora concluía – do mesmo modo que
Hitler e o alto comando alemão – que a invasão ocorreria ou
simultaneamente à ofensiva de verão do Exército Vermelho ou logo
depois. [Aqui referência à ofensiva planejada pela Operação
Bragation, comandada pelo
General Zhukov. Mais info em
http://sgmsegundaguerramundialww2.blogspot.com.br/2014/05/1944-frente-oriental-preparativos-da-op.html
] O ataque russo, conforme todos sabiam, não poderia começar antes
do degelo tardio dos campos congelados da Polônia e, portanto, eles
não achavam que a ofensiva pudesse ser montada até o final de
junho.
No oeste, as condições climáticas vinham
piorando há vários dias, e, segundo parecia, o tempo iria ficar
ainda pior.” p. 23
…
A 'muralha do Atlântico' toma forma a
partir de 1942
“Logo depois de sua chegada [em novembro
1943], Rommel realizara uma inspeção rápida e agitada da Muralha
do Atlântico – e os resultados o deixaram consternado. Somente em
poucos lugares ao longo da costa as fortificações maciças de
concreto e aço haviam sido finalizadas : nos principais portos e
estuários dos rios e sobre os pontos mais elevados que dominavam as
passagens marinhas, mais ou menos desde as colinas que ficavam acima
de Le Havre até a Holanda. No resto da orla marítima, as defesas
encontravam-se nos mais diversos estágios de construção. Em alguns
lugares, o trabalho nem sequer começara. Era verdade que a Muralha
do Atlântico era uma tremenda barreira, mesmo em seu incompleto
estado atual. Onde tinha sido acabada, estava cheia de canhões
pesados. Mas não eram suficientes para satisfazer Rommel. Nada era
suficiente para interromper o tipo de assalto gigantesco que Rommel –
sempre recordando sua derrota esmagadora às mãos de Montgomery,
durante os combates do ano anterior na África setentrional – sabia
perfeitamente que estava por chegar. Perante seu olhar crítico, a
Muralha do Atlântico era uma farsa. Com ironia, ele a denunciava
como um 'devaneio da mente de Hitler, um castelo de nuvens'.
Apenas dois anos antes, não existia
qualquer muralha.
[…]
A partir do outono de 1941, [o ditador
alemão Adolf Hitler] começou a falar a seus generais sobre a
transformação da Europa em uma 'fortaleza inexpugnável'. E em
dezembro, depois que os Estados unidos entraram na guerra, o Führer
bradou ao mundo que 'um cinturão de pontos fortemente defendidos e
gigantescas fortalezas vai de Kirkenes [na fronteira entre a Noruega
e a Finlândia] até os Pireneus [na fronteira franco-espanhola]... e
é minha inquebrantável decisão tornar essas trincheiras
inexpugnáveis contra os assaltos de qualquer inimigo'.
Era uma fanfarronada tão descabida quanto
impossível. Descontando as irregularidades no contorno da costa,
esta linha, que ia do Oceano Ártico ao norte até a Baía de Biscaia
no sul, estendia-se por quase cinco mil quilômetros.
Mesmo no ponto mais estreito do Canal da
Mancha, exatamente em frente da Grã-Bretanha, as fortificações
não existiam. Mas Hitler estava obcecado por suas concepções de
fortalezas. […]
Pouco havia sido feito para levantar as
fortificações. Em 1942, enquanto a maré da guerra começava a
voltar-se contra Hitler, grupos de comandos britânicos começaram a
fazer incursões ao longo da fortaleza 'inexpugnável' da Europa.
Então ocorreu o mais sangrento ataque dos comandos, em que mais de
cinco mil heróicos canadenses desembarcaram em Dieppe. [Mais info
sobre o Dieppe Raid
ou Operation Jubilee
em
http://www.warmuseum.ca/cwm/exhibitions/newspapers/operations/dieppe_e.shtml
] Era como se a cortina de sangue que anunciava o início da invasão
tivesse sido aberta. Os estrategistas britânicos ficaram sabendo até
que ponto os alemães haviam fortificado os portos. Os canadenses
tiveram 3.369 baixas, com novecentos mortos. A incursão foi
desastrosa, mas causou um choque tremendo no espírito de Hitler. A
Muralha do Atlântico, conforme ele trovejou perante seus generais,
deveria ser finalizada com urgência. A construção deveria ser
apressada 'fanaticamente'.
E realmente foi. Milhares de trabalhadores
escravos labutaram noite e dia para erguer as fortificações. Foram
derramados milhões de toneladas de concreto; tanto que, por toda a
Europa ocupada pelas tropas de Hitler, tornou-se impossível
conseguir cimento para qualquer outra coisa. Quantidades
avassaladoras de aço foram encomendadas, mas esse artigo estava tão
escasso que os engenheiros foram forçados a trabalhar sem ele. Como
resultado, poucos abrigos subterrâneos ou casamatas tinham cúpulas
giratórias, para cujas torres de metralhadoras o aço era
indispensável, determinando que o campo de alcance dos canhões
ficasse desse modo restrito. Tão grande foi a demanda de material e
equipamento que partes da velha Linha
Maginot francesa e das
fortificações alemãs correspondentes (a Linha
Siegried) foram desmanteladas, a
fim de serem instaladas na Muralha do Atlântico. No final de 1943,
embora a muralha estivesse longe de estar pronta, mais de meio milhão
de homens trabalhava nas obras de defesa e as fortificações se
haviam transformado em uma realidade ameaçadora.” pp. 26-29
[trechos]
fonte: RYAN, Cornelius. O
Mais Longo dos Dias. [The
Longest Day, 1959] trad. William Lagos. Porto Alegre: L&PM, 2008.
mais
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