quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Ofensiva das Ardenas / Batalha do Bulge 1944-1945






 
Ofensiva das Ardenas
Batalha do Bulge ou Bolsão

dezembro 1944- janeiro 1945

preâmbulo

NAS FRONTEIRAS DO REICH

       “Os Aliados estão a postos ao longo de uma linha que corre das margens do rio Scheldt na Bélgica até o curso superior do rio Reno, na fronteira da Suiça. Mas sua marcha é refreada por problemas logísticos e de suprimentos e pela persistência de dissensões internas. Montgomery [general britânico] não cessa de reclamar a prioridade da 'incursão' na ala setentrional da frente de ataque aliado para ocupar a região do Ruhr (coração industrial da Alemanha); Eisenhower [comandante norte-americano] e Patton [general norte-americano] querem ultrapassar as fronteiras ocidentais do Reich [Alemanha nazista]. Os Aliados não aproveitam a queda do inimigo para transpor as pontes intactas sobre o rio Reno e entrar em profundidade no território alemão.

       Enquanto continuam os bombardeios estratégicos sobre as cidades alemãs (nos últimos três meses de 1944 foi lançada uma quantidade de bombas igual àquela de todo o ano anterior), a Wehrmacht [forças armadas alemãs] conta ainda com elevado número de efetivos, mesmo que sejam compostos, em sua maioria, dos inexperientes membros da Volkssturm (milícia civil) e do exército de reserva. A essa altura a Luftwaffe está quase ausente dos céus da Europa e o que resta da Marinha alemã só tem certa liberdade de movimento no mar Báltico. O esforço defensivo alemão na frente ocidental é sustentado pelo recrutamento de 25 divisões de Volksgrenadier (granadeiros do povo) e pela indústria bélica que, sob o comando de [ministro Albert] Speer, obtém excepcionais resultados (a produção de setembro de 1944 é superior à de qualquer outro mês de guerra)."



O CONTRAGOLPE ALEMÃO NAS ARDENNES

      “Na chancelaria de Berlim, [o ditador alemão Adolf] Hitler elabora um plano ofensivo a realizar-se no mesmo ponto em que os corpos blindados alemães haviam invadido a França em maio de 1940: a floresta de Ardennes. A Alemanha confia suas últimas esperanças de impedir a invasão dos anglo-americanos no coração do Reich ao êxito da operação Névoa de Outono [Unternehmen Herbstnebel]. Depois dos meses em que os Aliados exploram o sucesso de [operação] Overlord para invadir a França e chegar às fronteiras do Reich, sua marcha sofre uma parada. Na metade de dezembro, os alemães desferem uma ofensiva precisamente no ponto em que, quatro anos antes, a Blitzkrieg [guerra relâmpago] levou a França à capitulação em poucos meses.

      A operação Névoa de Outono tem seu epicentro na floresta de Ardennes e é conduzida por dois exércitos blindados (o V e VI) de fileiras incompletas, sob o comando de dois jovens generais, respectivamente Hasso von Manteuffel e Sepp Dietrich, em quem Hitler deposita plena confiança. Explorando as condições meteorológicas adversas, os alemães rompem as defesas americanas no setor e, também pela lentidão com que o quartel-general aliado de Eisenhower é informado da real extensão do ataque, conseguem sucesso em boa parte por causa do efeito surpresa. Desencadeada na aurora de 16 de dezembro de 1944, a ofensiva alemã se articula em duas direções: a primeira, a noroeste, aponta para a Antuérpia; a segunda, depois de atravessar o rio Meuse, para Bruxelas, com o objetivo de interromper as ligações entre ingleses e americanos, apoderar-se de seus centros de abastecimento e forçar os Aliados a retirar-se da Europa. Mas o sucesso da operação Névoa de Outono é ligado à ocupação do cruzamento rodoviário de Bastogne, onde a 101ª Divisão americana de paraquedistas [Airbone], que acorreu a toda pressa de Reims, opõe uma encarniçada resistência.

      Além da escassez de combustível que prejudica as forças blindadas alemãs, o ataque fracassa pela enorme desproporção de forças entre os dois contendores. Mas esse contragolpe do Reich tira o otimismo de Washington e de Londres sobre a rápida conclusão do conflito.”

pp. 221-222

Fonte: FIORANI, Flavio. História Ilustrada da II Guerra Mundial. Volume 3. São Paulo: Larousse, 2009.



BATALHA DO BULGE

       “Em resposta aos sucessos Aliados, Hitler começou a planejar uma contra-ofensiva que ganharia a iniciativa da batalha para a Alemanha. O plano de Hitler era ambicioso ao extremo, com o objetivo de conquistar o porto de Antuérpia em um ataque-surpresa por Ardennes. Os generais de Hitler ficaram perplexos com a proposta, reconhecendo que o exército alemão não estava em condições de fazer um avanço dessa magnitude. Mas Hitler não foi dissuadido e deu ordens para que as tropas se concentrassem no lado oposto de Ardennes, mesmo que isso fosse privar a Frente Oriental de forças que eram desesperadamente necessárias lá.

       A ofensiva começou em 16 de dezembro de 1944. Alguns ganhos foram conseguidos, mas eles não eram substanciais o suficiente para realizar o objetivo de Hitler de alcançar a Antuérpia, exatamente como seus comandantes tinham previsto. O ataque ao norte pelo 6º Exército Panzer foi frustrado em alguns dias.

       A ação ao centro teve mais sucesso. De 18 a 22 de dezembro, a 101ª Divisão Aérea foi cercada em Bastogne e se manteve por alguns dias diante das condições difíceis. Mas, mesmo que os alemães forçassem caminho pela linhas Aliadas, quando os Aliados restabeleciam uma posição segura e o tempo melhorava o suficiente para seus aviões-caça operarem, uma reversão de cenários era inevitável. Um contra-ataque começou em 23 de dezembro, e Bastogne foi retomada em três dias. Um esforço final alemão foi realizado no dia de ano novo de 1945, mas o ataque foi frustrado pela oposição Aliada.

       Em 3 de janeiro de 1945, os Aliados lançaram um ataque contra os flancos sul e norte da saliência criada pelo avanço alemão, com a intenção de reduzi-los de uma vez. Durante as semanas que se seguiram, os alemães foram obrigados a recuar para suas posições originais. A ofensiva sem dúvida causou bastante preocupação aos Aliados nas fases iniciais, enquanto o avanço alemão crescia, mas logo ficou claro que a força alemã era insuficiente para alcançar uma vitória significativa. O resultado final foi que os alemães sofreram grandes perdas perseguindo um objetivo que era inalcançável desde o começo.”


ARDENNES

       “A ofensiva alemã em Ardennes tinha a intenção de mudar a situação estratégica na Frente Ocidental. O grande esquema de Hitler vislumbrava a conquista do porto de Antuérpia, dividindo os exércitos ingleses e americanos e usando a vantagem conseguida para negociar uma paz separada com os poderes ocidentais, permitindo que a Alemanha voltasse suas atenções para derrotar a União Soviética.

       O plano para a ofensiva inicialmente envolvia o uso de unidades disfarçadas como americanas para causar confusão por onde passavam, mudando a direção do tráfego e assumindo controle dos principais pontos de passagem. A ideia não foi para frente, já que havia poucos soldados alemães que falavam inglês e eles não haviam capturado equipamento americano o suficiente para garantir que a farsa fosse levada com sucesso.

       Um ataque aéreo deveria acontecer também, mas os paraquedistas ficaram tão dispersos que não conseguiram atingir nada."
 
pp. 166-169

Fonte: JORDAN, David e WIEST, Andrew. ATLAS da II Guerra Mundial. Volume II. São Paulo: Escala, 2008.

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Batalha das Ardenas / 1965


Saints and Soldiers / 2003




quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Resistência / Partisans 1943 - 1944








Resistência / Partisans



A Luta da Resistência na Iugoslávia

1943-1944

      “A capitulação da Itália [em setembro de 1943] tem consequências imediatas no teatro de guerra iugoslavo, onde a resistência começou pouco depois da invasão dos exércitos do Eixo, em 1941. Várias formações guerrilheiras, que se reportam a ideologias distintas e às vezes contrapostas, combatem, com sabotagens e emboscadas, contra os ocupantes e contra o Estado, independente croata de Ante Pavelic, alinhado com o Eixo. Os chetniks (do termo 'bando') do nacionalista sérvio Draza Mihailovich atraem parte consistente dos homens do ex-exército monárquico e recebem suprimentos dos ingleses.

      Os chetniks e os comunistas liderados por Tito são inimigos irredutíveis. No final de 1941, os comunistas estabeleceram o primeiro território livre da Europa em uma Sérvia submetida ao jugo nazista. O grupo de Tito frequentemente obtém o apoio de bósnios e eslovenos, que sofriam as atrocidades da ustasha do governo croata de Pavelic. No Montenegro, os chetniks alinharam-se aos italianos na repressão dos 'bandos comunistas'.

      O destino do conflito interno das formações da Resistência mudou repentinamente com a capitulação da Itália: os guerrilheiros de Tito, que encontraram refúgio na Bósnia contra as repetidas ofensivas dos alemães, apoderaram-se de armas e equipamentos das tropas italianas e organizaram algumas brigadas com regimentos do exército de ocupação, que estavam ansiosos por vingar as humilhações infligidas à Iugoslávia pela política fascista. No fim de 1943, os homens guiados por Tito (cerca de 150.000 efetivos) resistiram com êxito às ofensivas alemãs (o número de divisões da Wehrmacht subiu de seis para 13). O movimento de Tito era agora o único movimento de resistência nacional.

      O colapso da Itália também minou o regime fascista de Pavelic na Croácia. Também aqui os comunistas fizeram alianças que lhes permitiram ampliar o apoio popular em torno da resistência dos guerrilheiros. Tito e seus homens combatem em diversas frentes: a da libertação contra os ocupantes, a guerra civil contra os chetniks que se declaram representantes do governo monárquico no exílio em Londres e aquela para o futuro das organizações político-institucionais do país uma vez terminado o conflito mundial. Em 1944, beneficiam-se com a ajuda dos ingleses, que cessam de fornecê-la a Mihailovic, que não hesita em estipular um pacto de colaboração com os alemães para combater os comunistas de Tito. Os Balcãs, atrás das linhas da Wehrmacht que batem em retirada da União Soviética, tornam-se, no início de 1944, um terreno crescentemente mais perigoso.”

pp. 196-197

Fonte: FIORANI, Flavio. História Ilustrada da II Guerra Mundial. Volume 2. São Paulo: Larousse, 2009.


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os resistentes

nacionalistas

fascistas

marechal Tito




A Guerra dos Partisans

      “Uma grande contribuição para a luta de libertação da Europa da ocupação nazista foi feita pelos grupos de resistência, os partisans, e a resistência civil também teve um papel de destaque. Muitos civis fizeram sua parte no combate aos regimes dos colaboracionistas e à ocupação nazista com várias ações não violentas – apoio aos clandestinos, assistência aos judeus, propaganda antifascista, greves e desobediência em massa.

      Um amplo movimento clandestino respondeu ao apelo de De Gaulle aos franceses para prosseguir a luta contra o Reich depois do trauma da derrota de 1940. em 1943 os grupos da Resistência e os principais movimentos de oposição ao governo de Vichy se uniram para formar o Conselho nacional da Resistência. Sabotagens e ações de guerra foram realizadas por jovens guerrilheiros franceses (os maquis), que se entregaram à guerrilha de resistência para fugir do recrutamento e do trabalho obrigatório na Alemanha.

     Houve uma resistência semelhante na Itália, que, iniciada em 8 de setembro de 1943, incluiu todos os que nas áreas rurais e nas cidades, no norte e no sul, se batiam contra a ocupação nazista e contra a tentativa de restaurar o fascismo com a República de Salò. O órgão de direção dos vários grupos resistentes – o Comitê de Libertação Nacional da Alta Itália (CLNAI) – reuniu os partidos antifastistas (comunistas, socialistas, liberais, democrata-cristãos, acionistas) e coordenou a resistência partisan, oferecendo uma contribuição essencial para a vitória com a libertação de algumas cidades do norte antes da chegada dos Aliados e restituindo dignidade moral e política a uma população e um país duramente provados pelo conflito.

      Nos Balcãs, a resistência iugoslava desempenhou o principal papel na guerra contra as forças do Eixo; na Grécia, a contribuição significativa para a libertação do país – depois da rendição italiana – foi dada por um momento de resistência dividido. No momento da retirada dos alemães, nacionalistas e comunistas começaram a combater entre si, provocando uma guerra civil que se concluiria alguns anos depois do fim do conflito mundial.”

pp. 251-252


Fonte: FIORANI, Flavio. História Ilustrada da II Guerra Mundial. Volume 3. São Paulo: Larousse, 2009.


Resistance in France


Partisans na Itália


o hino dos partisans – Bela Ciao!



República de Salò (fascista)
setembro 1943 – abril 1945




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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Avanço Aliado na Europa - outubro - dezembro 1944




















Avanço Aliado na Europa


outubro - dezembro 1944

        “A controvérsia iniciou-se com um desacordo técnico entre Montgomery [general britânico] e Eisenhower [general norte-americano, comandante das forças aliadas] a respeito do modo como os aliados deveriam progredir para leste. Durante o mês de agosto Montgomery começou a pressionar o Comandante Supremo em favor da sua própria proposta, no sentido de que todas as prioridades logísticas fossem atribuídas a um grupo compacto de 40 divisões, retiradas do seu 21º Grupo de Exércitos e do 12º Grupo de Bradley, o qual deveria progredir como um ataque único, passando pelo franco esquerdo das Ardenas, atravessando o Ruhr sem se deter e alcançando Berlim através do terreno limpo no norte da Alemanha. Esta força deveria ter um comando único – ele próprio, de preferência, embora estivesse disposto a aceitar Bradley [general norte-americano]. Todavia, não houve nada que convencesse Eisenhower a deter as forças americanas no seu flanco direito para facilitar um ataque de 40 divisões no flanco esquerdo. Ao invés disto, ele insistiu em uma progressão com duas pontas, uma ao longo da linha proposta por Montgomery e outra orientada para leste, pelo sul das Ardenas, com a finalidade de penetrar na Alemanha pelo Sarre.

         No dia 29 de agosto Eisenhower endereçou uma carta extensa a Montgomery e a Bradley, na qual explicava suas intenções com absoluta clareza. Foi este o cerne de uma controvérsia que se prolongou pelos meses seguintes, alcançando a intensidade máxima quando Hitler desencadeou a ofensiva das Ardenas e que ressurgiu nas últimas semanas da campanha europeia. Além disto, o que se iniciara como um desacordo legítimo entre comandantes em campanha, a respeito de uma estratégia correta, ampliou-se em discussões sobre o restabelecimento de um comando único para as forças terrestres; desta forma, uma disputa no campo de batalha alcançou os círculos da alta política e penetrou nas áreas mais sensíveis do acordo anglo-americano.

       Embora Churchill e os Chefes de Estado-Maior estivessem naturalmente a par do que sucedia, mantiveram-se afastados da disputa na sua fase inicial.

        Oficialmente, os Chefes do Estado-Maior Conjunto não foram chamados a opinar sobre a divergência de ideias. Em que pese o vulto e a gravidade da divergência, por sua própria natureza ela não constituía assunto da alçada deles. As alternativas ocorriam exclusivamente no seio de um plano de campanha cujo objetivo e forma eles já haviam aprovado, e envolvia forças enquadradas em um teatro de operações e que não poderiam ser imediatamente reforçadas por nenhuma resolução que tomassem. Os Chefes de Estado-Maior americanos e ingleses, e o Primeiro-ministro, recebiam informações pessoais sobre a discussão e acompanhavam-na com interesse, mas não estavam envolvidos de nenhuma forma no resultado. Trata-se, sem dúvida, de uma bom exemplo, no mais alto escalão, da divisão de responsabilidade entre um teatro de operações e o comando central.

        Entretanto, na medida em que corriam os meses aumentava inevitavelmente a impaciência em Londres – tendo Arnheim [i.e. o objetivo da operação Market Garden] constituído um desapontamento, continuando a Antuérpia a não poder ser utilizada como porto e com os exércitos aliados parecendo uma força impotente estendida ao longo da fronteira alemã, como resultado da estratégia de frente ampla de Eisenhower. Ao surgir a ideia de interpor um oficial competente entre o Comandante Supremo e seus exércitos, Londres teve que examinar qual a ação prática a adotar, diante de um assunto que afetaria diretamente as relações com Washington. E havia implicações mais profundas. A progressão aparentemente frouxa na Europa era mais ameaçadora para Churchill e o governo inglês do que para os americanos. A economia inglesa distendera-se ao máximo e as reservas em recursos humanos eram nulas – na verdade, depois da Normandia, foi preciso dissolver uma divisão de Infantaria para proporcionar recompletamento para outras.

        Além disto, os ingleses tinham uma finalidade tanto política como militar quando se colocavam a favor de um avanço contra Berlim pelo norte da Alemanha, comandado por Montgomery, se possível. Por exemplo, isto significaria uma rápida libertação da Holanda (por quem a Grã-Bretanha sentia grande responsabilidade) e a limpeza dos locais de lançamento das V-2, além da conquista dos portos e bases navais alemães (de interesse capital para a Inglaterra) e a presença britânica na capital germânica antes da chegada dos russos (de importância incalculável para Churchill).

        De qualquer maneira, Churchill manteve-se comedido até a última fase da guerra. Seu repúdio desdenhoso (e injusto) a Eisenhower por inépcia militar ficou circunscrito a Alanbrooke e Montgomery. Em particular, o Primeiro-ministro não era favorável à ideia de um comando geral para as forças terrestres. Em face da sua grande afinidade por Alexander, estava pronto a ventilar a ideia de chamar Tedder de volta ao Estado-Maior da Aeronáutica, em Londres, e trazer Alexander do Mediterrâneo para ser subcomandante de Eisenhower. Mas nunca fez muita força por isto. Na verdade, foi Hitler quem resolveu a controvérsia temporariamente, lançando através das Ardenas, em dezembro, o Exército Panzer reunido sigilosamente.

        Ao nascer do dia 16 de dezembro o problema deixou de ser como avançar na Alemanha para ser como deter o avanço dos alemães. Churchill escreveu a Smuts: 'Na tarde do dia 20 falei com Eisenhower pelo telefone e sugeri que ele atribuísse a Montgomery o comando das tropas situadas ao norte da penetração inimiga e a Omar Bradley tudo o que ficou ao sul, mantendo com ele o comando geral da operação. Respondeu-me que já havia expedido ordem exatamente neste sentido na parte da manhã'. Assim, as circunstâncias criaram as condições desejadas por Montgomery e seus superiores, mas Montgomery desperdiçou a oportunidade, em que pese a sua contribuição legítima para a vitória na Batalha do Bolsão [ou Bulge]. Alanbrooke chamara a sua atenção para isto.”

pp. 293-295


fonte: LEWIN, Ronald. Churchill – O Lorde da Guerra. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1979.







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Comandante Supremo Eisenhower






Ofensiva das Ardenas / dezembro 1944 
 






bombas voadoras V-1 e V-2











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terça-feira, 4 de novembro de 2014

Final do Governo Roosevelt e a vitória 1944-45









Final do Governo Roosevelt e a vitória sobre o Eixo


1944/1945



       “Franklin Roosevelt não veria os grandes acontecimentos que poriam fim à luta no Oriente. Ele sofreu um forte derrame cerebral e nunca recuperou a consciência, morrendo no dia 12 de abril [de 1945]. Tocou a um novo e despreparado Presidente, Harry Truman, tomar a última decisão no Extremo oriente, assumir a terrível responsabilidade do emprego da bomba atômica e, de outro lado, facilitar a capitulação final dos japoneses permitindo-lhes conservar seu Imperador.

      Os acontecimentos militares e navais de 1941-45 constituíram apenas uma parte da história da guerra. Como os narramos, tendem a salientar excessivamente o papel dos Estados Unidos na luta. Afinal de contas, a guerra foi uma guerra mundial e não uma guerra americana; é preciso encará-la numa perspectiva mundial. Ela não poderia ter sido ganha sem a ajuda dos aliados dos Estados Unidos.”

[…]

     As diferenças políticas que surgiram já foram na maior parte comentadas. Franklin Roosevelt refletia o sentimento da maioria em sua aversão por aquela coisa vaga chamada de imperialismo britânico; e às vezes arreliava o Primeiro-ministro [i.e. Churchill], provocando-lhe verdadeira indignação. Mas, na maior parte das vezes, a controvérsia era mantida em sigilo; e só uma vez a indignação de Churchill se manifestou em público, quando declarou no Parlamento que não se tornara o Primeiro-Ministro do rei para 'presidir à liquidação do império britânico'. O antiimperialismo do Presidente, conforme seus críticos de hoje afirmam frequentemente, pôs em ação forças altamente inconvenientes para o Ocidente; mas é exagero atribuir a crescente consciência de si mesmos dos povos assim chamados dependentes do mundo de hoje à influência de um único homem. Parece provável, na realidade – se não certo – que, com Roosevelt ou sem Roosevelt, o mundo contemporâneo teria contado com um nacionalismo militante entre as irrequietas populações da África e da Ásia.

        Já se disse algumas vezes que o Presidente e o Primeiro-Ministro cometeram um dos erros capitais da guerra na conferência em tiveram em Casablanca no inverno de 1942. ali promulgaram a assim chamada doutrina da 'rendição incondicional' [unconditional surrender] que teria concorrido para o prolongamento da luta enrijecendo a resistência do inimigo. Não é fácil ver a força desse argumento. Certamente, os italianos capitularam logo quando se viram pressionados; em 1944 e 1945 contingentes italianos estavam lutando ao lado das democracias.

      Quanto à Alemanha, vale notar que a ideia de 'rendição incondicional' não impediu a formação de um complô contra Hitler que quase conseguiu assassinar o ditador no verão de 1944 [i.e. a Operação Valkíria, deflagada em 20 de julho, com participação de militares e civis da resistência alemã]. Só a sorte salvou o Führer de ter sido mortalmente ferido por uma bomba introduzida em seu próprio quartel-general e que explodiu numa conferência a qual comparecera. Mas além disso. Não era uma doutrina correta recusar negociações com esse tirano sinistro e insistir numa capitulação total enquanto ele permanecesse no poder?

         Os erros, entretanto, são inevitáveis nos grandes negócios e em duas matérias em que agiram de comum acordo, o Presidente e o Primeiro-ministro indubitavelmente erraram. Um erro, o compromisso de reduzir drasticamente o poder industrial da Alemanha 9o assim chamado plano Morgenthau), assumido em Quebec no outono de 1944, foi logo corrigido. O outro foi mais sério. Muito antes do fim da guerra, fora feito um acordo com os russos sobre as zonas de ocupação das grandes potências quando terminado o conflito. O efeito desse acordo foi entregar, praticamente, ao sereno arbítrio do Kremlin [i.e. O governo soviético] áreas que tinham sido invadidas pelas forças americanas e que poderiam ter sido preservadas para a liberdade.

         Consideramos essa espécie de coisas, entretanto, numa perspectiva hoje diversa daquela dos anos de guerra. Afinal de contas, o papel dos russos na guerra foi fundamental. Eles estiveram lutando com grandes exércitos alemães e sua colaboração foi essencial. […]

            Vez por outra ocorreram pequenas rusgas [entre ocidentais e soviéticos], mas de modo geral, o ano de 1944, o ano do desembarque aliado na França e das extraordinárias vitórias sobre os alemães, marcou o auge da cooperação com o Kremlin.”

pp. 153-157

fonte: PERKINS, Dexter. A Época de Roosevelt. 1932-1945. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1967.





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a rendição incondicional

[na Conferência de Casablanca]






Operação Valkíria







Presidente Harry Truman







Plano Morgenthau












sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Batalha do Golfo de Leyte - outubro 1944








Batalha do Golfo de Leyte


Filipinas


outubro 1944



      “A Batalha do Golfo de Leyte foi a maior batalha naval da história contemporânea, ocorrida entre 23 a 26 de outubro de 1944 nas águas em torno da ilha de Leyte, nas Filipinas, entre o Japão e os Aliados, durante a II Guerra Mundial.

      Esta batalha na verdade foi uma campanha naval dividida em quatro batalhas correlatas: Batalha do Mar de Sulu , Batalha do Estreito de Surigao , Batalha do Cabo Engaño e Batalha de Samar.

      Os Aliados invadiram a ilha de Leyte para cortar a ligação e a linhas de suprimento entre o Japão e o resto de suas colônias do Sudeste Asiático, principalmente o fornecimento de petróleo para a marinha imperial japonesa. Os japoneses então reuniram todas suas principais forças navais ainda em operação na guerra para reprimir o desembarque das tropas aliadas, mas falharam em seu objetivo, sendo derrotados e sofrendo pesadas baixas.

      A batalha foi o último grande confronto naval da II Guerra Mundial, porque após sua derrota a Marinha Imperial Japonesa não mais teve condições de colocar em combate uma força naval significativa, e sem combustível para seus navios restantes aguardou pelo fim da guerra ancorada em suas águas territoriais. Foi em Leyte que aconteceram, pela primeira vez na guerra, os ataques suicidas dos aviões kamikazes japoneses contra a frota norte-americana no teatro da Guerra do Pacífico.”


fonte: Wikipedia







      “20 de Outubro, marca o inicio da operação de recuperação das Filipinas e a maior sequência de confrontos terrestres com as forças japonesas que ocorreram durante a II Guerra Mundial.

     As Filipinas tinham uma importância determinante para o Japão e forneciam aos japoneses especialmente borracha, que era um produto estratégico, necessário para garantir a mobilidade de qualquer exército ou força aérea.

      A chegada às Filipinas das forças norte-americanas significaria o principio do fim para o Japão na II Guerra e por isso os japoneses desenvolveram todos os esforços para evitar que os norte-americanos conseguissem desembarcar. Ao tomar posições numa área central das Filipinas, a força aérea norte-americana também teria capacidade para bombardear todo o arquipélago das Filipinas.

    A operação organizada pela marinha dos Estados Unidos constituiu-se no maior desembarque anfíbio no Pacífico. No total mais de 700 navios foram utilizados.

      Foi escolhida a ilha de Leyte, pela sua posição central nas Filipinas. O desembarque nessa ilha conduziu a uma batalha pelo seu controlo.

      Também se dá o nome
Batalha de Leyte, ao conjunto de batalhas navais que resultaram do confronto entre as esquadras japonesas e norte-americanas.”


Fonte: Área Militar




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terça-feira, 23 de setembro de 2014

FEB em combate na Itália - setembro 1944


 


FEB em combate na Itália

Setembro 1944

Massarosa, Camaiore e Monte Prano


     Após os desembarques na Itália, juntamente com as forças norte-americanas, a Força Expedicionária Brasileira se deslocou para o front, onde seu 'batismo de fogo' não se faria esperar, pois logo em meados de setembro de 1944 o encontro com as forças germânicas se deu nas regiões montanhosas, onde o inimigo montara uma verdadeira linha defensiva. Foi então que as tropas brasileiras provaram o quanto eram perseverantes, e que não se intimidavam. Contudo, treinamento para combate e o armamento eram méritos das forças Aliadas, as quais a FEB se juntara.



     “A Força Expedicionária Brasileira, FEB, saiu do Brasil sob o comando do general João Batista Mascarenhas de Morais com destino à Nápoles. Tendo desembarcado no território italiano, a FEB foi anexada ao 4º Corpo do Exército dos Estados Unidos, que era comandada pelo general Willis D. Crittenberger e submetido ao general Mark Clark, onde receberam alimentos, roupas e armamentos para a guerra. Os recursos da tropa brasileira eram muito escassos e velhos, tiveram ainda de receber novo treinamento e armamento para só então iniciar campanhas.

     A FEB era constituída por uma divisão de infantaria composta por 25.334 membros e tinha como lema “A cobra está fumando”. A primeira campanha da FEB se deu em setembro de 1944 no norte da cidade de Lucca, onde obteve as primeiras vitórias e tomou Massarosa, Camaiore e Monte Prano. Os primeiros problemas da FEB se deram em outubro com as batalhas em Barga. Mas a infantaria brasileira fez muito sucesso com seu desenvolvimento e conquistas na guerra, foi designada para tomar o Monte Castello sozinha e por isso teve derrotas no final de tal mês.”





    “Massarosa foi a primeira localidade liberada pelas forças brasileiras, e o foi por um ousado golpe da Seg.Cia. I/6º RI, às ordens do capitão Alberto Tavares da Silva, e transportada em auto-caminhões.

     No dia seguinte, as tropas do general Zenóbio, fazendo-se anteceder por rigorosas patrulhas de moto-mecanizados, continuaram o seu movimento para o Norte e, em rápida progressão, ocuparam Ghilardona - Il Vecoli – colina Santa Lucia, exatamente a orla colinosa que se estende logo ao Sul da única transversal rodoviária existente na zona de ação. O Pelotão de Reconhecimento, articulando-se na aldeia de Stiava, prolongara-lhe o flanco ocidental (esquerdo). Nesses dois dias, as nossas forças cruzaram  alguns campos minados, cingindo-se a atividade inimiga a tiros de artilharia sobre as regiões de Quiesa e Massarosa.

     As informações até então colhidas deram ao chefe do Destacamento da FEB a impressão de que somente ao Norte da linha geral Camaiore - Monte Prano - V.Valimono - M.Acuto - M.Pruno seria possível um choque com o inimigo.
     Assim, para cerrar o nosso dispositivo sobre a mencionada linha, a localidade de Camaiore, engastada nas abas de um conjunto montanhoso, despertava logo a atenção, por constituir sólida base para as ações ulteriores.

     O avanço de oito quilômetros em nosso flanco esquerdo (ocidental), para empolgar Camaiore, seguramente avivaria o ânimo ofensivo de nossas tropas.
     Decidiu, portanto, o general Zenóbio, a 18 de setembro, ocupar, sem perda de tempo, a cidade de Camaiore e deslocar o destacamento para o Norte, com o objetivo de articulá-lo em frente às elevações que pareciam caracterizar a orla exterior da posição defensiva inimiga.

     E a falada Linha Gótica da propaganda alemã feriu a memória de todos quantos ali estavam. Era, ao que se dizia, a linha de defesa mais poderosa que os alemães tinham organizado. Estendia-se do mar Tirreno ao mar Adriático apoiando-se nos terríveis obstáculos das montanhas apinianas.

     Em consequência, o chefe da Infantaria Expedicionária impulsionou sobre aquela cidade um grupamento misto especial, comandado pelo capitão Ernani Ayrosa, do I/6º R.I.    Esse pequeno grupamento partiu de Massarosa na manhã de 18 de setembro e, quando estava bem próximo de Camaiore, encontrou uma ponte destruída, o que impediu o prosseguimento da marcha nos tanques americanos.

     Diante disso, o capitão Ayrosa decidiu seguir com o restante do grupamento para Camaiore, onde penetrou sob intenso fogo de artilharia e morteiros.

     A cidade foi conquistada na jornada de 18 de setembro, sem maior oposição, em vista de os alemães só terem mantido aí escassos elementos de vigilância, que se retiraram à aproximação dos elementos avançados do grupamento misto especial.

     A posse de Camaiore foi consolidada com o reforço da 7ª Companhia/III/6º R.I. sob o comando do capitão Álvaro Felix, rapidamente transportada em jipes e caminhões.

     Remate indispensável à manobra brasileira era a posse da transversal La Rena - Fattoria (Camaiore - Lucca), visto como estabelecia e firmava uma comunicação interior, de repercussão enorme nas ações futuras.

     Lançou-se, em consequência, o Destacamento FEB, ainda na jornada de 18, à conquista das elevações que dominam essa rodovia pelo lado Norte, ou seja, a linha Meschino - Castelo - Migliano - Monssagrati – Cuco.

     Ao fim da jornada, estava a citada transversal quase toda em poder das tropas do Destacamento FEB, à exceção das alturas do flanco oriental (direito), só alcançadas e dominadas no dia seguinte, mediante o engajamento do Batalhão do major Abílio. Na noite de 19, o contato fora tomado em toda a frente e a operação realizada no flanco direito, durante o dia, assumiu o aspecto de um engajamento.

     Com as ações da jornada do dia 19 de setembro de 1944, conseguira o destacamento cerrar sobre os postos avançados da famosa Linha Gótica. Apoiavam-se esses postos nas alturas de Monte Prano, Valimono, Acuto e Pruno, e cota 540. E as informações colhidas, decorrentes da cerrada ação de contato, revigoraram a impressão de que o inimigo poderia oferecer forte resistência em posições adrede preparadas e conhecidas sob a designação de Linha Gótica.
 



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A Cobra Fumou / 2002