Final
do Governo Roosevelt e a vitória sobre o Eixo
1944/1945
“Franklin Roosevelt não veria os
grandes acontecimentos que poriam fim à luta no Oriente. Ele sofreu
um forte derrame cerebral e nunca recuperou a consciência, morrendo
no dia 12 de abril [de 1945]. Tocou a um novo e despreparado
Presidente, Harry Truman, tomar a última decisão no Extremo
oriente, assumir a terrível responsabilidade do emprego da bomba
atômica e, de outro lado, facilitar a capitulação final dos
japoneses permitindo-lhes conservar seu Imperador.
Os acontecimentos militares e navais de
1941-45 constituíram apenas uma parte da história da guerra. Como
os narramos, tendem a salientar excessivamente o papel dos Estados
Unidos na luta. Afinal de contas, a guerra foi uma guerra mundial e
não uma guerra americana; é preciso encará-la numa perspectiva
mundial. Ela não poderia ter sido ganha sem a ajuda dos aliados dos
Estados Unidos.”
[…]
As diferenças políticas que surgiram já
foram na maior parte comentadas. Franklin Roosevelt refletia o
sentimento da maioria em sua aversão por aquela coisa vaga chamada
de imperialismo britânico; e às vezes arreliava o Primeiro-ministro
[i.e. Churchill], provocando-lhe verdadeira indignação. Mas, na
maior parte das vezes, a controvérsia era mantida em sigilo; e só
uma vez a indignação de Churchill se manifestou em público, quando
declarou no Parlamento que não se tornara o Primeiro-Ministro do rei
para 'presidir à liquidação do império britânico'. O
antiimperialismo do Presidente, conforme seus críticos de hoje
afirmam frequentemente, pôs em ação forças altamente
inconvenientes para o Ocidente; mas é exagero atribuir a crescente
consciência de si mesmos dos povos assim chamados dependentes do
mundo de hoje à influência de um único homem. Parece provável, na
realidade – se não certo – que, com Roosevelt ou sem Roosevelt,
o mundo contemporâneo teria contado com um nacionalismo militante
entre as irrequietas populações da África e da Ásia.
Já se disse algumas vezes que o Presidente
e o Primeiro-Ministro cometeram um dos erros capitais da guerra na
conferência em tiveram em Casablanca
no inverno de 1942. ali promulgaram a assim chamada doutrina da
'rendição incondicional' [unconditional
surrender] que teria concorrido
para o prolongamento da luta enrijecendo a resistência do inimigo.
Não é fácil ver a força desse argumento. Certamente, os italianos
capitularam logo quando se viram pressionados; em 1944 e 1945
contingentes italianos estavam lutando ao lado das democracias.
Quanto à Alemanha, vale notar que a ideia
de 'rendição incondicional' não impediu a formação de um complô
contra Hitler que quase conseguiu assassinar o ditador no verão de
1944 [i.e. a Operação Valkíria,
deflagada em 20 de julho, com participação de militares e civis da
resistência alemã]. Só a sorte salvou o Führer
de ter sido mortalmente ferido por uma bomba introduzida em seu
próprio quartel-general e que explodiu numa conferência a qual
comparecera. Mas além disso. Não era uma doutrina correta recusar
negociações com esse tirano sinistro e insistir numa capitulação
total enquanto ele permanecesse no poder?
Os erros, entretanto, são inevitáveis
nos grandes negócios e em duas matérias em que agiram de comum
acordo, o Presidente e o Primeiro-ministro indubitavelmente erraram.
Um erro, o compromisso de reduzir drasticamente o poder industrial da
Alemanha 9o assim chamado plano
Morgenthau), assumido em Quebec
no outono de 1944, foi logo corrigido. O outro foi mais sério. Muito
antes do fim da guerra, fora feito um acordo com os russos sobre as
zonas de ocupação das grandes potências quando terminado o
conflito. O efeito desse acordo foi entregar, praticamente, ao sereno
arbítrio do Kremlin
[i.e. O governo soviético] áreas que tinham sido invadidas pelas
forças americanas e que poderiam ter sido preservadas para a
liberdade.
Consideramos essa espécie de coisas,
entretanto, numa perspectiva hoje diversa daquela dos anos de guerra.
Afinal de contas, o papel dos russos na guerra foi fundamental. Eles
estiveram lutando com grandes exércitos alemães e sua colaboração
foi essencial. […]
Vez por outra ocorreram pequenas rusgas
[entre ocidentais e soviéticos], mas de modo geral, o ano de 1944, o
ano do desembarque aliado na França e das extraordinárias vitórias
sobre os alemães, marcou o auge da cooperação com o Kremlin.”
pp. 153-157
fonte:
PERKINS, Dexter. A Época de
Roosevelt. 1932-1945. Rio de
Janeiro: O Cruzeiro, 1967.
mais
info
a
rendição incondicional
[na
Conferência de Casablanca]
Operação
Valkíria
Presidente
Harry Truman
Plano
Morgenthau
…
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