terça-feira, 4 de novembro de 2014

Final do Governo Roosevelt e a vitória 1944-45









Final do Governo Roosevelt e a vitória sobre o Eixo


1944/1945



       “Franklin Roosevelt não veria os grandes acontecimentos que poriam fim à luta no Oriente. Ele sofreu um forte derrame cerebral e nunca recuperou a consciência, morrendo no dia 12 de abril [de 1945]. Tocou a um novo e despreparado Presidente, Harry Truman, tomar a última decisão no Extremo oriente, assumir a terrível responsabilidade do emprego da bomba atômica e, de outro lado, facilitar a capitulação final dos japoneses permitindo-lhes conservar seu Imperador.

      Os acontecimentos militares e navais de 1941-45 constituíram apenas uma parte da história da guerra. Como os narramos, tendem a salientar excessivamente o papel dos Estados Unidos na luta. Afinal de contas, a guerra foi uma guerra mundial e não uma guerra americana; é preciso encará-la numa perspectiva mundial. Ela não poderia ter sido ganha sem a ajuda dos aliados dos Estados Unidos.”

[…]

     As diferenças políticas que surgiram já foram na maior parte comentadas. Franklin Roosevelt refletia o sentimento da maioria em sua aversão por aquela coisa vaga chamada de imperialismo britânico; e às vezes arreliava o Primeiro-ministro [i.e. Churchill], provocando-lhe verdadeira indignação. Mas, na maior parte das vezes, a controvérsia era mantida em sigilo; e só uma vez a indignação de Churchill se manifestou em público, quando declarou no Parlamento que não se tornara o Primeiro-Ministro do rei para 'presidir à liquidação do império britânico'. O antiimperialismo do Presidente, conforme seus críticos de hoje afirmam frequentemente, pôs em ação forças altamente inconvenientes para o Ocidente; mas é exagero atribuir a crescente consciência de si mesmos dos povos assim chamados dependentes do mundo de hoje à influência de um único homem. Parece provável, na realidade – se não certo – que, com Roosevelt ou sem Roosevelt, o mundo contemporâneo teria contado com um nacionalismo militante entre as irrequietas populações da África e da Ásia.

        Já se disse algumas vezes que o Presidente e o Primeiro-Ministro cometeram um dos erros capitais da guerra na conferência em tiveram em Casablanca no inverno de 1942. ali promulgaram a assim chamada doutrina da 'rendição incondicional' [unconditional surrender] que teria concorrido para o prolongamento da luta enrijecendo a resistência do inimigo. Não é fácil ver a força desse argumento. Certamente, os italianos capitularam logo quando se viram pressionados; em 1944 e 1945 contingentes italianos estavam lutando ao lado das democracias.

      Quanto à Alemanha, vale notar que a ideia de 'rendição incondicional' não impediu a formação de um complô contra Hitler que quase conseguiu assassinar o ditador no verão de 1944 [i.e. a Operação Valkíria, deflagada em 20 de julho, com participação de militares e civis da resistência alemã]. Só a sorte salvou o Führer de ter sido mortalmente ferido por uma bomba introduzida em seu próprio quartel-general e que explodiu numa conferência a qual comparecera. Mas além disso. Não era uma doutrina correta recusar negociações com esse tirano sinistro e insistir numa capitulação total enquanto ele permanecesse no poder?

         Os erros, entretanto, são inevitáveis nos grandes negócios e em duas matérias em que agiram de comum acordo, o Presidente e o Primeiro-ministro indubitavelmente erraram. Um erro, o compromisso de reduzir drasticamente o poder industrial da Alemanha 9o assim chamado plano Morgenthau), assumido em Quebec no outono de 1944, foi logo corrigido. O outro foi mais sério. Muito antes do fim da guerra, fora feito um acordo com os russos sobre as zonas de ocupação das grandes potências quando terminado o conflito. O efeito desse acordo foi entregar, praticamente, ao sereno arbítrio do Kremlin [i.e. O governo soviético] áreas que tinham sido invadidas pelas forças americanas e que poderiam ter sido preservadas para a liberdade.

         Consideramos essa espécie de coisas, entretanto, numa perspectiva hoje diversa daquela dos anos de guerra. Afinal de contas, o papel dos russos na guerra foi fundamental. Eles estiveram lutando com grandes exércitos alemães e sua colaboração foi essencial. […]

            Vez por outra ocorreram pequenas rusgas [entre ocidentais e soviéticos], mas de modo geral, o ano de 1944, o ano do desembarque aliado na França e das extraordinárias vitórias sobre os alemães, marcou o auge da cooperação com o Kremlin.”

pp. 153-157

fonte: PERKINS, Dexter. A Época de Roosevelt. 1932-1945. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1967.





mais info



a rendição incondicional

[na Conferência de Casablanca]






Operação Valkíria







Presidente Harry Truman







Plano Morgenthau












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