Ofensiva das Ardenas
Batalha do Bulge ou
Bolsão
dezembro 1944- janeiro 1945
preâmbulo
NAS FRONTEIRAS DO REICH
“Os Aliados estão a postos ao longo de
uma linha que corre das margens do rio Scheldt na Bélgica até o
curso superior do rio Reno, na fronteira da Suiça. Mas sua marcha é
refreada por problemas logísticos e de suprimentos e pela
persistência de dissensões internas. Montgomery [general britânico]
não cessa de reclamar a prioridade da 'incursão' na ala
setentrional da frente de ataque aliado para ocupar a região do Ruhr
(coração industrial da Alemanha); Eisenhower [comandante
norte-americano] e Patton [general norte-americano] querem
ultrapassar as fronteiras ocidentais do
Reich [Alemanha nazista]. Os
Aliados não aproveitam a queda do inimigo para transpor as pontes
intactas sobre o rio Reno e entrar em profundidade no território
alemão.
Enquanto continuam os bombardeios
estratégicos sobre as cidades alemãs (nos últimos três meses de
1944 foi lançada uma quantidade de bombas igual àquela de todo o
ano anterior), a Wehrmacht
[forças armadas alemãs] conta ainda com elevado número de
efetivos, mesmo que sejam compostos, em sua maioria, dos
inexperientes membros da Volkssturm
(milícia civil) e do exército de reserva. A essa altura a Luftwaffe
está quase ausente dos céus da Europa e o que resta da Marinha
alemã só tem certa liberdade de movimento no mar Báltico. O
esforço defensivo alemão na frente ocidental é sustentado pelo
recrutamento de 25 divisões de Volksgrenadier
(granadeiros do povo) e pela indústria bélica que, sob o comando de
[ministro Albert] Speer, obtém excepcionais resultados (a produção
de setembro de 1944 é superior à de qualquer outro mês de guerra)."
O CONTRAGOLPE ALEMÃO NAS ARDENNES
“Na chancelaria de Berlim, [o ditador
alemão Adolf] Hitler elabora um plano ofensivo a realizar-se no
mesmo ponto em que os corpos blindados alemães haviam invadido a
França em maio de 1940: a floresta de Ardennes. A Alemanha confia
suas últimas esperanças de impedir a invasão dos anglo-americanos
no coração do Reich
ao êxito da operação Névoa de
Outono [Unternehmen
Herbstnebel]. Depois dos meses
em que os Aliados exploram o sucesso de [operação] Overlord
para invadir a França e chegar às fronteiras do Reich, sua marcha
sofre uma parada. Na metade de dezembro, os alemães desferem uma
ofensiva precisamente no ponto em que, quatro anos antes, a
Blitzkrieg
[guerra relâmpago] levou a França à capitulação em poucos meses.
A operação Névoa
de Outono tem seu epicentro na
floresta de Ardennes e é conduzida por dois exércitos blindados (o
V e VI) de fileiras incompletas, sob o comando de dois jovens
generais, respectivamente Hasso von Manteuffel e Sepp Dietrich, em
quem Hitler deposita plena confiança. Explorando as condições
meteorológicas adversas, os alemães rompem as defesas americanas no
setor e, também pela lentidão com que o quartel-general aliado de
Eisenhower é informado da real extensão do ataque, conseguem
sucesso em boa parte por causa do efeito surpresa. Desencadeada na
aurora de 16 de dezembro de 1944, a ofensiva alemã se articula em
duas direções: a primeira, a noroeste, aponta para a Antuérpia; a
segunda, depois de atravessar o rio Meuse, para Bruxelas, com o
objetivo de interromper as ligações entre ingleses e americanos,
apoderar-se de seus centros de abastecimento e forçar os Aliados a
retirar-se da Europa. Mas o sucesso da operação Névoa
de Outono é ligado à ocupação
do cruzamento rodoviário de Bastogne, onde a 101ª Divisão
americana de paraquedistas [Airbone],
que acorreu a toda pressa de Reims, opõe uma encarniçada
resistência.
Além da escassez de combustível que
prejudica as forças blindadas alemãs, o ataque fracassa pela enorme
desproporção de forças entre os dois contendores. Mas esse
contragolpe do Reich
tira o otimismo de Washington e de Londres sobre a rápida conclusão
do conflito.”
pp. 221-222
Fonte: FIORANI, Flavio. História
Ilustrada da II Guerra Mundial. Volume 3.
São Paulo: Larousse, 2009.
…
BATALHA DO BULGE
“Em resposta aos sucessos Aliados,
Hitler começou a planejar uma contra-ofensiva que ganharia a
iniciativa da batalha para a Alemanha. O plano de Hitler era
ambicioso ao extremo, com o objetivo de conquistar o porto de
Antuérpia em um ataque-surpresa por Ardennes. Os generais de Hitler
ficaram perplexos com a proposta, reconhecendo que o exército alemão
não estava em condições de fazer um avanço dessa magnitude. Mas
Hitler não foi dissuadido e deu ordens para que as tropas se
concentrassem no lado oposto de Ardennes, mesmo que isso fosse privar
a Frente Oriental de forças que eram desesperadamente necessárias
lá.
A ofensiva começou em 16 de dezembro de
1944. Alguns ganhos foram conseguidos, mas eles não eram
substanciais o suficiente para realizar o objetivo de Hitler de
alcançar a Antuérpia, exatamente como seus comandantes tinham
previsto. O ataque ao norte pelo 6º Exército Panzer
foi frustrado em alguns dias.
A ação ao centro teve mais sucesso. De
18 a 22 de dezembro, a 101ª Divisão Aérea foi cercada em Bastogne
e se manteve por alguns dias diante das condições difíceis. Mas,
mesmo que os alemães forçassem caminho pela linhas Aliadas, quando
os Aliados restabeleciam uma posição segura e o tempo melhorava o
suficiente para seus aviões-caça operarem, uma reversão de
cenários era inevitável. Um contra-ataque começou em 23 de
dezembro, e Bastogne foi retomada em três dias. Um esforço final
alemão foi realizado no dia de ano novo de 1945, mas o ataque foi
frustrado pela oposição Aliada.
Em 3 de janeiro de 1945, os Aliados
lançaram um ataque contra os flancos sul e norte da saliência
criada pelo avanço alemão, com a intenção de reduzi-los de uma
vez. Durante as semanas que se seguiram, os alemães foram obrigados
a recuar para suas posições originais. A ofensiva sem dúvida
causou bastante preocupação aos Aliados nas fases iniciais,
enquanto o avanço alemão crescia, mas logo ficou claro que a força
alemã era insuficiente para alcançar uma vitória significativa. O
resultado final foi que os alemães sofreram grandes perdas
perseguindo um objetivo que era inalcançável desde o começo.”
ARDENNES
“A ofensiva alemã em Ardennes tinha a
intenção de mudar a situação estratégica na Frente Ocidental. O
grande esquema de Hitler vislumbrava a conquista do porto de
Antuérpia, dividindo os exércitos ingleses e americanos e usando a
vantagem conseguida para negociar uma paz separada com os poderes
ocidentais, permitindo que a Alemanha voltasse suas atenções para
derrotar a União Soviética.
O plano para a ofensiva inicialmente
envolvia o uso de unidades disfarçadas como americanas para causar
confusão por onde passavam, mudando a direção do tráfego e
assumindo controle dos principais pontos de passagem. A ideia não
foi para frente, já que havia poucos soldados alemães que falavam
inglês e eles não haviam capturado equipamento americano o
suficiente para garantir que a farsa fosse levada com sucesso.
Um ataque aéreo deveria acontecer também,
mas os paraquedistas ficaram tão dispersos que não conseguiram
atingir nada."
pp. 166-169
Fonte: JORDAN, David e WIEST, Andrew. ATLAS
da II Guerra Mundial. Volume II.
São Paulo: Escala, 2008.
mais info
videos
filmes
Batalha das Ardenas
/ 1965
Saints and Soldiers
/ 2003
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