segunda-feira, 10 de junho de 2013

Levante do Gueto de Varsóvia 1943






Holocausto


Levante do Gueto de Varsóvia

abril – maio 1943


“O levante do Gueto de Varsóvia não ficou sendo um ato isolado. Os guetos de Bialistok, Vilna, Luck, Cracovia, Czestechow e Bendzin, também foram palcos de levantes que terminaram com a aniquilação dos referidos guetos. Os judeus também se manifestaram de outras formas contra os nazistas, quando incendiaram, nas cidades de Dwinsk e Tukzin, os guetos, preferindo morrer entre as chamas, do que caírem vivos nas mãos dos carrascos nazistas.

Desses guetos houve, milagrosamente, sobreviventes que escaparam para contar os horrores vividos. Entretanto, em quantos outros guetos onde ocorreram levantes e ninguém se salvou, nunca se saberá.

Nos campos de concentração e extermínio também houve levantes: Treblinka (2 de agosto 1943), Sabibor (14 outubro, 1943), Auschwitz (7 outubro, 1944), e Manthausen (20 fevereiro, 1945). mas, o símbolo da Resistência e do heroísmo dos judeus ficará, para sempre na história: o levante do Gueto de Varsóvia.

Dos 500 mil judeus ali encarcerados, em 10 de novembro de 1940, sobreviveram somente 60 mil, na primavera de 1943. durante 29 meses morreram, de fome ou foram exterminados, em Treblinka, 440 mil.

Nas vésperas da Páscoa judaica, em 19 de abril de 1943, Himmler ordenou que acelerassem a liquidação do Gueto de Varsóvia. Os comandos alemães entraram, como de hábito, nesse dia, para levar mais um transporte a Treblinka. Desta vez, porém, tudo foi diferente: os alemães foram recebidos a bala e muitos tombaram mortos e feridos. A batalha desesperada começou.

Comandados por Mordechai Anielewicz (1919-1943), os judeus de todos os movimentos e organizações sionistas, reuniram-se para lutar.

Lutaram não por si, pois não tinham nenhuma possibilidade de vencer ou escapar. Sabiam disso. Mas, lutaram para preservar a sua dignidade e resguardar a moral do povo judeu.

Lutaram para demonstrar que o espírito de seus antepassados longínquos, quando viviam em sua própria Pátria, não estava morto.

Lutaram e com a sua luta despertaram o Leão de Jehuda, adormecido durante milênios, e o sangue dos Macabeus recomeçou a circular em suas veias.

Lutaram como leões. Com armas improvisadas ou obsoletas enfrentaram os tanques. Com facas enfrentavam as metralhadoras. Com barras de ferro os lança-chamas. Mas não se rendiam. Defendiam prédio por prédio. Transformavam cada pavimento num campo de batalha.

Os aviões da Luftwaffe despejavam bombas incendiárias e os tanques com lança-chamas transformavam o Gueto num mar de fogo. Mas eles não se rendiam...

Lutaram enquanto prédio por prédio era queimado. Entre o fogo, corriam de um para o outro pavimento e quando não tinham maus para onde ir pulavam morrendo esmagados nas calçadas, para não render-se aos seus inimigos.

Com o seu sangue escreveram a história.

Com a sua luta contribuíram para uma vida melhor de um povo, tanto dos sobreviventes na Europa, como daqueles que estavam longe das atrocidades. Deram o exemplo, com a sua coragem, o seu heroísmo, a sua morte …




[Heróis do Levante do Gueto]

Abram Szajdmil (1904-1943), um dos líderes do levante. Tombou em 22 de abril de 1943.

Michel Klepfisz (1913-1943) morto em 20-4-43

Jakub Prasskier, líder de uma unidade da Juventude Sionista que lutou no Gueto. Tombou em 1943.

Michel Rozenfeld (1916-1943) lutou no levante, um dos poucos que conseguiram escapar para lutar ao lado dos partizanos. Tombou nas florestas em agosto de 1943

Mordechai Anielewicz (1919-1943) – Líder, durante o levante do Gueto de Varsóvia. E 1939, preso pelos soviéticos, por organizar a emigração dos judeus à palestina. Após a sua libertação, em 1940, dirigiu-se para a parte da Polônia ocupada pelos alemães, a fim de organizar a resistência. Comandante supremo dos combatentes do Gueto de Varsóvia em 1942. morto durante o combate.





28 dias durou a luta no Gueto.

Um dia a mais do que a Polônia resistiu ao ser invadida.

Uma semana a menos do que, a Holanda, Bélgica, Luxemburgo e França resistiram a 'blitz' nazista (10-5-1940 – 14-6-1940).

28 dias de luta sem prisioneiros; sem Convenção de Genebra, sem aliados.

Conforme o relatório do General Jurgen Stroop, comandante da SS, da Wehrmacht e blindados, incumbido de sufocar o Levante, os alemães tiveram 300 baixas, entre mortos e feridos.

Um número insignificante, comparando-se com 56.065 judeus mortos no Levante.

Em números, insignificante, mas em heroísmo, um prestígio extraordinário.

O Levante do Gueto de Varsóvia foi o primeiro Levante armado em toda a Europa ocupada. Outros levantes ocorreram, mas muito depois. Ocorreram quando as forças nazistas, batidas, estavam em retirada.

A revolta do Gueto de Varsóvia ocorreu no auge do poderio nazista e quem sabe que, se a mesma rebelião fosse feita, não pelos judeus, mas por outros povos escravizados, não se propagaria por outras nações subjugadas por Hitler?...

Quem sabe, se durante o Levante, os poloneses não tivessem ficado inertes e como simples espectadores, a história não tomaria outro rumo?



Uma centena de judeus escapou pelos esgotos e formou, nas florestas, grupos de guerrilheiros que continuaram lutando. Alguns tombaram, mas outros se salvaram e puderam contar, relatar a luta heroica, a luta solidária, desesperada, magnífica, de um punhado de rapazes e moças, autênticos de um povo, que nunca sonharam em ser heróis, mas tornaram-se heróis. Pelas suas qualidades extraordinárias, suas proezas, suas virtudes e coragem, ficarão na história, como um símbolo do sofrimento e holocausto do povo judaico.” pp. 101-107


fonte: ABRAHAM, Ben. Holocausto. São Paulo, WG Comunicações e Produções, 1976.



seleção: LdeM



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