Holocausto
Levante
do Gueto de Varsóvia
abril
– maio 1943
“O
levante do Gueto de Varsóvia não ficou sendo um ato isolado. Os
guetos de Bialistok, Vilna, Luck, Cracovia, Czestechow e Bendzin,
também foram palcos de levantes que terminaram com a aniquilação
dos referidos guetos. Os judeus também se manifestaram de outras
formas contra os nazistas, quando incendiaram, nas cidades de Dwinsk
e Tukzin, os guetos, preferindo morrer entre as chamas, do que caírem
vivos nas mãos dos carrascos nazistas.
Desses
guetos houve, milagrosamente, sobreviventes que escaparam para contar
os horrores vividos. Entretanto, em quantos outros guetos onde
ocorreram levantes e ninguém se salvou, nunca se saberá.
Nos
campos de concentração e extermínio também houve levantes:
Treblinka (2 de agosto 1943), Sabibor (14 outubro, 1943), Auschwitz
(7 outubro, 1944), e Manthausen (20 fevereiro, 1945). mas, o símbolo
da Resistência e do heroísmo dos judeus ficará, para sempre na
história: o levante do Gueto de Varsóvia.
Dos
500 mil judeus ali encarcerados, em 10 de novembro de 1940,
sobreviveram somente 60 mil, na primavera de 1943. durante 29 meses
morreram, de fome ou foram exterminados, em Treblinka, 440 mil.
Nas
vésperas da Páscoa judaica, em 19 de abril de 1943, Himmler ordenou
que acelerassem a liquidação do Gueto de Varsóvia. Os comandos
alemães entraram, como de hábito, nesse dia, para levar mais um
transporte a Treblinka. Desta vez, porém, tudo foi diferente: os
alemães foram recebidos a bala e muitos tombaram mortos e feridos. A
batalha desesperada começou.
Comandados
por Mordechai Anielewicz (1919-1943), os judeus de todos os
movimentos e organizações sionistas, reuniram-se para lutar.
Lutaram
não por si, pois não tinham nenhuma possibilidade de vencer ou
escapar. Sabiam disso. Mas, lutaram para preservar a sua dignidade e
resguardar a moral do povo judeu.
Lutaram
para demonstrar que o espírito de seus antepassados longínquos,
quando viviam em sua própria Pátria, não estava morto.
Lutaram
e com a sua luta despertaram o Leão de Jehuda, adormecido durante
milênios, e o sangue dos Macabeus recomeçou a circular em suas
veias.
Lutaram
como leões. Com armas improvisadas ou obsoletas enfrentaram os
tanques. Com facas enfrentavam as metralhadoras. Com barras de ferro
os lança-chamas. Mas não se rendiam. Defendiam prédio por prédio.
Transformavam cada pavimento num campo de batalha.
Os
aviões da Luftwaffe despejavam bombas incendiárias e os
tanques com lança-chamas transformavam o Gueto num mar de fogo. Mas
eles não se rendiam...
Lutaram
enquanto prédio por prédio era queimado. Entre o fogo, corriam de
um para o outro pavimento e quando não tinham maus para onde ir
pulavam morrendo esmagados nas calçadas, para não render-se aos
seus inimigos.
Com
o seu sangue escreveram a história.
Com
a sua luta contribuíram para uma vida melhor de um povo, tanto dos
sobreviventes na Europa, como daqueles que estavam longe das
atrocidades. Deram o exemplo, com a sua coragem, o seu heroísmo, a
sua morte …
[Heróis
do Levante do Gueto]
Abram
Szajdmil (1904-1943), um dos líderes do levante. Tombou em 22 de
abril de 1943.
Michel
Klepfisz (1913-1943) morto em 20-4-43
Jakub
Prasskier, líder de uma unidade da Juventude Sionista que
lutou no Gueto. Tombou em 1943.
Michel
Rozenfeld (1916-1943) lutou no levante, um dos poucos que
conseguiram escapar para lutar ao lado dos partizanos. Tombou nas
florestas em agosto de 1943
Mordechai
Anielewicz (1919-1943) – Líder, durante o levante do Gueto de
Varsóvia. E 1939, preso pelos soviéticos, por organizar a emigração
dos judeus à palestina. Após a sua libertação, em 1940,
dirigiu-se para a parte da Polônia ocupada pelos alemães, a fim de
organizar a resistência. Comandante supremo dos combatentes do Gueto
de Varsóvia em 1942. morto durante o combate.
…
28
dias durou a luta no Gueto.
Um
dia a mais do que a Polônia resistiu ao ser invadida.
Uma
semana a menos do que, a Holanda, Bélgica, Luxemburgo e França
resistiram a 'blitz' nazista (10-5-1940 – 14-6-1940).
28
dias de luta sem prisioneiros; sem Convenção de Genebra, sem
aliados.
Conforme
o relatório do General Jurgen Stroop, comandante da SS, da Wehrmacht
e blindados, incumbido de sufocar o Levante, os alemães tiveram 300
baixas, entre mortos e feridos.
Um
número insignificante, comparando-se com 56.065 judeus mortos no
Levante.
Em
números, insignificante, mas em heroísmo, um prestígio
extraordinário.
O
Levante do Gueto de Varsóvia foi o primeiro Levante armado em toda a
Europa ocupada. Outros levantes ocorreram, mas muito depois.
Ocorreram quando as forças nazistas, batidas, estavam em retirada.
A
revolta do Gueto de Varsóvia ocorreu no auge do poderio nazista e
quem sabe que, se a mesma rebelião fosse feita, não pelos judeus,
mas por outros povos escravizados, não se propagaria por outras
nações subjugadas por Hitler?...
Quem
sabe, se durante o Levante, os poloneses não tivessem ficado inertes
e como simples espectadores, a história não tomaria outro rumo?
Uma
centena de judeus escapou pelos esgotos e formou, nas florestas,
grupos de guerrilheiros que continuaram lutando. Alguns tombaram, mas
outros se salvaram e puderam contar, relatar a luta heroica, a luta
solidária, desesperada, magnífica, de um punhado de rapazes e
moças, autênticos de um povo, que nunca sonharam em ser heróis,
mas tornaram-se heróis. Pelas suas qualidades extraordinárias, suas
proezas, suas virtudes e coragem, ficarão na história, como um
símbolo do sofrimento e holocausto do povo judaico.” pp. 101-107
fonte:
ABRAHAM, Ben. Holocausto. São Paulo, WG Comunicações e
Produções, 1976.
seleção:
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