A
Retirada do Afrika Korps
Após
a derrota na Segunda Batalha de El Alamein
1942-1943
“Rommel
[General alemão] não tinha dúvidas sobre a inevitabilidade da
retirada para a Linha Mareth,
onde esta fechava os caminhos de acesso à Tunísia pelo sul, pois
era evidente que Montgomery [General britânico] só para acumular
suprimentos suficientes par leva-lo até Tripoli. Em Mareth, com
forças intactas, Rommel tinha possibilidade de realizar uma defesa
prolongada, embora entre aquele local e Agheila, certas posições
talvez pudessem oferecer tréguas temporárias. Quanto ao AK [Afrika
Korps], as confabulações havidas entre seu
comandante e os Comandos Superiores não foram reveladas, embora os
boatos de que recursos estavam sendo despejados na Tunísia
provocassem comentários sardônicos. Tivessem eles sabido que Hitler
e Mussolini haviam decidido defender El Agheila por motivos puramente
políticos, sem considerar o inevitável sacrifício do AK, e sua
reação, sem dúvida, teria sido diferente.
Acontece
que Rommel ludibriou os políticos, à perigosa moda antiga e no
último minuto. A 11 de dezembro, o 8º Exército avançou para Mersa
Brega enviou poderosa força móvel para contornar o flanco do
deserto – sua meta era o Arco de Mármore (Marble
Arch), na retaguarda do AK. As lentas
divisões de infantaria não-motorizadas italianas já haviam sido
mandadas de volta (a despeito da ordem de imobilidade dada pelos
ditadores) de modo que a defesa era formada apenas de forças móveis.
No devido tempo, o reconhecimento aéreo comunicou a aproximação do
golpe na direção do Arco de mármore, o sinal, independente de
ordens contrárias, para o AK, duas divisões blindadas italianas e a
90ª Ligeira se movimentarem novamente, dirigindo-se para Buerat.
A
jornada foi extraordinária. Independente das exigências táticas,
as formações do Eixo que recuavam tinham de calcular todos os
movimentos em relação a cada litro de gasolina. As paradas eram
mais condicionadas pela escassez de combustível do que por
necessidade tática, embora muitas vezes tivesse sido melhor recuar
ou contra-atacar mais cedo, para aliviar parte da terrível crise.
Por conseguinte, o perigo aumentava a cada atraso verificado nas
partidas, e a coisa começava a ficar dispendiosa em homens e
máquinas, na corrida de último minuto para escapar às forças
blindadas e canhões britânicos que se avolumavam, vindos do deserto
aberto para bloquear os desfiladeiros na retaguarda. O bombardeio
incessante ameaçava fazer cair a confusão sobre os fugitivos. O
fato de terem chegado mais ou menos em ordem a Buerat, enquanto os
britânicos ‘limpavam’ um bolsão vazio perto de Nofilia, era
tanto resultado de sorte e nervos fortes como também da organização
adequada.
O
futuro do AK agora dependia da capacidade de Rommel de evitar as
mortíferas ordens de imobilidade.
A
21ª Panzer, já
guardando o flanco sul em Buerat, reuniu-se a 15ª Panzer
– marcando o reagrupamento temporário do AK – pois finalmente o
Alto-Comando chegara à conclusão de que não era mais possível
defender a Tripolitânia. Ficou acordado que a partida do grupo se
realizaria segundo a rapidez do avanço de Montgomery.
Não
é provável que a soldadesca do AK estivesse no conhecimento da ação
diplomática de retaguarda que seu comandante travava contra a
intransigência do Alto-Comando, enquanto eles defendiam essa
retaguarda aos ataques dos britânicos. Quando viam Rommel, a sua
atitude não deixava transparecer senão confiança. Além do mais,
as dificuldades que vinham enfrentando de modo algum afetavam o
prestígio do comandante, porque normalmente ele os safava e os
encorajava, fazendo-os observar que só raramente os britânicos os
seguiam. Agora, diante das novidades vindas da Tunísia, muitos dos
soldados em Buerat partiram imediatamente para ocupar as defesas
próximo de Mareth. Portanto, a marcha à ré dos italianos na
direção de Tarhuna e a retirada da 21ª Panzer, a 13 de janeiro,
para Gabes, militarmente faziam sentido – mais ainda porque os
primeiros indícios de um ataque anglo-americano contra Mareth, vindo
do norte, já tinham sido observados.
A
redução do AK na Tripolitânia demonstrou, melhor do que qualquer
outra coisa, que Rommel abandonara todas as operações ofensivas
ali: assim, quando o 8º Exército reiniciou seu avanço, a 15 de
janeiro, foi para ser envolvido num mar de minas colocadas por um
inimigo que atirava e corria, e por um AK formado da 15ª Panzer
(com apenas 36 tanques), a 90ª Ligeira, a 164ª Divisão e a Brigada
Ramcke. Cada vez mais rápida, a retirada prosseguia, com uma ligeira
pausa em Tarhuna e sem qualquer parada em Trípoli. Não obstante, o
progresso britânico demonstrava o cauteloso respeito ao ferrão da
cauda do AK. O avanço se fazia com cautela e por etapas, sempre
tenso, à espera da resposta que, como acontecera em Buerat, podia
destruir repentinamente doze tanques, com perda de apenas duas
máquinas alemãs.
A
22 de janeiro, o AK despediu-se de Trípoli, dirigindo-se para a
Tunísia e para a Linha Mareth, esperançoso de ali encontrar meios
para montar razoável defesa, uma vez que o extenuante esforço
Aliado no norte da Tunísia, contra os reforços recebidos pelos
germânicos, diminuía já a força de seus golpes. Teoricamente, a
Linha Mareth,
construída pelos franceses, contra os italianos, antes da guerra, e
apoiada em obstáculos profundos, com um flanco sul supostamente
incontornável, prometia ser uma posição sólida. O melhor de tudo
é que ela oferecia uma possibilidade de ser defendida com
infantaria, enquanto as tropas móveis descansavam e se preparavam
para operações ofensivas.
Para
Rommel, porém, a velha posição francesa parecia mal situada e
altamente vulnerável ao flanqueio. Preferia algo mais forte, mais ao
norte e alinhado com Wadi Akarit. mas seu prestígio pessoal fora
abalado, e a saúde começava a declinar. na Alemanha, seus
superiores não o perdoavam por haver descumprido a ordem de não
recuar. a 26 de janeiro, ele soube que seria substituído por um
italiano, o General messe. sua preocupação era para com aqueles que
por tanto tempo o seguiriam. "Eles me eram muito caros”,
escreveu.”
pp.
123, 126-27
fonte:
MACKSEY, Kenneth. Afrika Korps - Rommel no
deserto. Rio de Janeiro: Renes, 1974.
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