Relações
do
Papado
com
o
Nazismo
– continuação
1
fonte:
CORNWELL,
John.
O
Papa
de
Hitler
– A
História
Secreta
de
Pio
XII.
(Hitler's Pope: the
secret history of Pius XII.
1999) Trad. A . B. Pinheiro de Lemos. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2000
Vaticano
e
regimes
de
direita
“Pio
XI
e
Pacelli
[
futuro
Pio
XII
]
compreenderam
que
não
poderia
haver
nenhuma
conciliação
com
o
comunismo,
em
qualquer
lugar
do
mundo.
Era
diferente
no
caso
dos
movimentos
e
regime
s
totalitários
de
direita.
Na
Itália
,
a
Santa
Sé
assinara
um
pacto
com
Mussolini
em
fevereiro
de
1929,
prenunciando
o
acordo
de
Pacelli
com
Hitler,
em
1933.
negociado
e
elaborado
pelo
irmão
de
Pacelli,
Francesco,
e
seu
antecessor
na
secretaria
de
Estado,
Pietro
Gasparri,
o
acordo
encerrava,
pelo
menos
por
algum
tempo,
os
antagonismos
que
existiam
entre
a
Santa
Sé
e
a
Itália
desde
1870.
Segundo
os
termos
do
Tratado
de
Latrão,
o
catolicismo
romano
tornava-se
a
única
religião
reconhecida
no
país.
Num
ponto
crucial,
o
acordo
reconhecia
o
direito
de
a
Santa
Sé
impor
dentro
da
Itália
o
Código
de
Direito
Canônico.
[…]
Nas
eleições
em
março,
depois
do
Tratado
de
Latrão,
os
padres
por
toda
a
Itália
foram
estimulados
pelo
Vaticano
a
apoiar
os
fascistas.
O
papa
falou
de
Mussolini
como
'
um
homem
enviado
pela
Providência'.
No
lugar
do
catolicismo
político
na
Itália,
a
Santa
sé
teve
permissão,
pelo
artigo
43,
para
encorajar
o
movimento
conhecido
como
Ação
Católica,
uma
forma
anêmica
de
mobilização
popular.,
dominada
pelos
clérigos
e
descrita
por
Pio
XI
como
'
participação
organizada
da
laicidade
no
apostolado
hierárquico
da
igreja,
transcendendo
a
política
partidária'.
[…]
Na
Alemanha,
no
final
da
década
de
1920,
muito
antes
da
Concordata
do
Reich,
Pacelli
também
promovera
a
Ação
Católica,
anunciando
sua
instituição
numa
concentração
eucarística
em
Magdeburgo,
em
1928.
como
já
ressaltamos,
a
aversão
de
Pacelli
ao
catolicismo
político
– datando
da
era
Pio
X
e
das
turbulentas
relações
Igreja-Estado
na
França
– era
profunda,
embora
nessa
ocasião
estivesse
abafada.
Seu
interesse
pelo
Partido
do
Centro
e
por
quaisquer
católicos
no
governo
da
Alemanha,
como
se
tornou
cada
vez
mais
patente,
baseava-se
à
medida
que
podia
usá-los
como
instrumentos
de
negociação
para
obter
uma
Concordata
do
Reich
em
termos
favoráveis
à
Santa
Sé.
O
Tratado
de
Latrão,
elaborado
e
negociado
por
seu
irmão
mais
velho,
Francesco,
com
todos
os
seus
dispositivos
para
reprimir
o
catolicismo
social
e
político,
continha
tudo
o
que
Pacelli
ansiava
para
uma
Concordata
do
Reich.
Ironicamente
– e
também
um
sinistro
presságio
-
,
uma
figura
fundamental
na
política
alemã
que
sentiu
uma
satisfação
similar
pela
assinatura
do
Tratado
de
Latrão,
e
que
acalentava
a
esperança
de
um
acordo
idêntico
para
seu
futuro
regime,
foi
Adolf
Hitler.
Poucos
dias
depois
da
assinatura
do
Tratado
de
Latrão,
Hitler
escreveu
um
artigo
para
o
Völkischer
Beobachter,
publicado
em
22
de
fevereiro
de
1929,
aplaudindo
o
acordo.
{…}
Apesar
das
confiantes
declarações
de
Hitler,
o
Vaticano
não
era
absolutamente
favorável
ao
Partido
nazista.
A
Santa
Sé
não
endossava
o
racismo
implícito
ou
explícito
do
nacional-socialismo.
Alertava
para
o
seu
potencial
de
instituir
um
credo
idólatra,
baseado
em
fantasias
pagãs
e
um
história
folclórica
espúria.
Mas
também
era
verdade
que
o
Vaticano,
desde
os
dias
de
Pio
Nono,
encorajava
a
desconfiança
da
democracia
social,
como
precursora
do
socialismo
e
depois
do
comunismo.
Por
isso,
a
avaliação
pragmática
do
Vaticano
sobre
qualquer
partido
politico
era
influenciada
por
sua
posição
em
relação
à
ameaça
comunista.
[...]”
“Depois
de
1930,
quando
o
Partido
do
Centro
na
Alemanha
tinha
mais
necessidade
do
que
nunca
de
criar
estabilidade,
pela
colaboração
com
os
social
democratas,
Pacelli
pressionou
sua
liderança
para
rejeitar
os
socialistas
e
cortejar
os
nacional-socialistas.
Como
os
nacional-socialistas
haviam
declarado
guerra
aberta
ao
socialismo
e
ao
comunismo,
Pio
XI
e
Pacelli
sentiam-se
propensos
a
estudar
as
vantagens
de
uma
aliança
temporária
e
tática
com
Hitler.
Era
uma
circunstância
que
Hitler
trataria
de
aproveitar
ao
máximo,
quando
chegasse
o
momento
oportuno.
Logo
se
tornará
evidente
até
que
ponto
essa
aliança
em
potencial
com
o
demônio
do
nazismo
foi
decorrente
dos
receios
pelo
futuro
da
Igreja
na
Alemanha,
e
até
que
ponto
foi
uma
tática
para
promover
os
objetivos
do
poder
papal.”
(pp.
130-32;
133)
“Para
Papen
[Franz
von
P.,
1879-1969,
o
chanceler
alemão
em
1932],
no
entanto,
sendo
um
homem
de
direita,
uma
coalização
com
Hitler
parecia
ser
a
melhor
perspectiva
para
a
sobrevivência
de
seu
governo.
Uma
coalização
que
incluísse
os
nacional-socialistas
também
atraía
Pacelli
em
Roma,
embora
por
razões
diferentes.
Mais
uma
vez,
ele
tentava
vender
a
ideia
de
uma
coalização
para
bloquear
os
socialistas
e
impedir
a
bolchevização
da
Alemanha.
[…]
Hitler,
no
entanto,
jogava
por
apostas
mais
altas,
recusando-se
a
aceitar
qualquer
coisa
menos
que
o
controle
total.
Queria
a
chancelaria
e
os
postos
principais
do
gabinete
para
seu
partido.
Hindenburg
[Paul
von
H.,
Presidente
da
República
de
Weimar,
1925-34],
porém,
ainda
hesitava,
censurando
Hitler
por
seu
desprezo
à
Constituição.”
p.
145
“Só
um
ditador
poderia
conceder
a
Pacelli
o
tipo
de
concordata
que
ele
queria.
Só
um
ditador
com
a
astúcia
de
Hitler
poderia
perceber
a
concordata
como
um
meio
de
enfraquecer
a
Igreja
católica
na
Alemanha.
Depois
que
tudo
acabou
– quando
Pacelli
e
Hitler
chegaram
a
seu
fatídico
acordo
em
julho
de
1933
-,
os
dois
expressaram
em
separado
suas
ideias
sobre
o
significado
do
tratado.
A
distância
entre
seus
objetivos
era
extraordinária.”
(p.
147)
Explica-se:
o
líder
nazista
apresentava
o
acordo
como
uma
aprovação
do
Vaticano
ao
governo
direitista
acusado
de
neopagão,
enquanto
o
futuro
papa
lembrava
que
o
acordo,
na
verdade,
mostrava
a
provação
do
nacional-socialismo
ao
Direito
Canônico
da
Santa
Sé.
Cada
um
considerava
o
seu
próprio
lado
como
vencedor.
Cada
um
usava
o
outro
para
um
objetivo.
Então
“os
objetivos
em
dramático
contraste
de
Pacelli
e
Hitler
foram
o
trágico
contexto
das
negociações
da
concordata,
conduzidas
em
grande
sigilo
por
cima
das
cabeças
do
episcopado
e
da
liderança
católica
leiga,
ao
longo
de
seis
meses,
enquanto
Hitler
assumia
o
poder.”
(p.
148)
fonte:
CORNWELL,
John.
O
Papa
de
Hitler
– A
História
Secreta
de
Pio
XII.
(Hitler's Pope: the
secret history of Pius XII.
1999) Trad. A . B. Pinheiro de Lemos. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2000
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