Operação
Tocha
(Operation
Torch)
novembro
1942
A
necessidade de uma 'segunda frente'
Com
as forças alemãs atacando em Stalingrado e rumo ao Cáucaso, além
da fronteira do Egito, em máxima expansão das forças do Eixo (seja
Europa, seja sudeste asiático e Pacífico), os aliados britânico e
norte-americano juntaram experiência e abundância industrial para
abrirem um novo 'front', agora na África do Norte, mas
exatamente no Marrocos, Argélia e Tunísia, para onde seriam
empurradas as forças do Afrika Korps em retirada, depois da
Segunda Batalha de El Alamein.
Os
militares britânicos achavam prematura uma invasão da Europa
através do Canal da Mancha (como esperavam os russos e os povos
subjugados), assim entraram em uma cordo com os norte-americanos para
invadirem áreas que se encontravam sob controle da França de Vichy
(por sua vez sob vigilância dos alemães). A operação de
desembarque nas costa africanas em novembro de 1942 recebeu o
codinome de Torch (Tocha), e iniciou-se no dia 08, com
a Força-Tarefa ocidental (EUA, sob comando do general Patton)
atacando em Casablanca, Safi e Porto Lyautey (Marrocos); com a
Força-Tarefa central (Grã-Bretanha, sob comando do general
Fredendall) desembarcando junto a Oran (Argélia), enquanto a
Força-Tarefa Oriental (Grã-Bretanha, sob comando do general
Ryder) atacava em Argel e Bougie.
Para
melhor realizar os desembarques, os Aliados precisavam evitar
conflitos com os franceses colaboracionistas, que poderiam resistir –
assim não apenas os alemães e italianos eram os inimigos. Três
autoridades francesas procuravam se impor: o resistente general De
Gaulle , o oportunista general Giraud e o astuto colaboracionista
almirante Darlan. Sabiam todos que Churchill, primeiro-ministro
britânico já dera amplo apoio ao general De Gaulle, assim os
norte-americanos precisavam neutralizar os demais arrivistas.
“A
planejada 'Operação Tocha' visava a eliminar os exércitos do Eixo
de toda a África do Norte. As principais forças do Eixo estavam na
Líbia e, sob o comando de Rommel, no Egito. Mas, a distância dos
Estados Unidos e Grã-Bretanha para a Líbia e Egito era considerada
demasiado grande para que pudessem os dois grandes aliados pensar num
ataque imediato pelo mar. A Tunísia , além da distância,
apresentava, como sugestão de complicações, o ponto sensível do
Marrocos Espanhol e a proximidade com a Sardenha, Sicília e Itália
Meridional.
Assim,
os Aliados desembarcariam no Marrocos, sobretudo para garantir as
rotas marítimas diretas para os Estados Unidos, e na Argélia, de
onde tentariam avançar rapidamente para leste, penetrando na Tunísia
e, desse modo, ameaçar Rommel na Líbia.
(…)
“Embora
não houvesse nenhuma ligação direta entre as forças que
participariam da 'Operação Tocha' e os britânicos que no Egito
enfrentavam o exército ítalo-germânico de Rommel, os britânicos
atacaram El Alamein a 23 de outubro. O General Alexander, comandante
das forças britânicas no Oriente Médio, e o General Montgomery,
que, sob, Alexander, comandava o 8º Exército britânico, obrigaram
as tropas de Rommel a recuar do Egito. Pressionando sobre Rommel,
eles o forçaram a uma retirada pelos 2.400 km de largura da Líbia,
em busca de um ponto onde pudesse estabelecer uma linha defensiva e
estabilizar sua frente.
Se
Montgomery perseguisse Rommel bem de perto e o mantivesse em fuga,
obrigando, desse modo, as forças do Eixo a entrar na 'Linha
Mareth' ao longo da fronteira Líbia – Tunísia, e se as tropas
de Eisenhower fossem bem sucedidas nos desembarques e rapidamente
ganhassem a Tunísia, Rommel cairia numa armadilha.
(…)
“A
8 de novembro, a despeito da resistência, valente mas inútil, dos
defensores franceses, mais de 100.000 soldados americanos e
britânicos desembarcaram nas costas da África Noroeste Francesa. Os
oficiais franceses que eram simpáticos aos Aliados não puderam
executar as tarefas de que se haviam encarregado, e uma sucessão de
erros ameaçava fazer prolongar-se o combate entre franceses e
Aliados.
(…)
A 9 de novembro, Eisenhower mandou Clark a Argel para oferecer a
Darlan o mesmo que propusera a Giraud. Clark pressionou enormemente
Darlan e, a despeito da insistência de Pétain quanto ao cumprimento
das cláusulas do armistício de 1940 – que obrigavam a que
houvesse reação aos invasores – Darlan ordenou o cessar-fogo.
Entrementes,
alemães e italianos desembarcavam, de aviões, tropas em Bizerta e
Túnis e estabeleciam uma cabeça-de-ponte na Tunísia. Os franceses
não os combateram.
A
11 de novembro, enquanto Darlan assumia o comando na África Noroeste
Francesa e mandava sustar a resistência contra os Aliados, as forças
de Hitler dominaram toda a França Metropolitana.
Com
Darlan garantindo a segurança dos Aliados no Marrocos e na Argélia,
Eisenhower desviou para a Tunísia as forças que se dirigiam para a
parte mais oriental da Argélia, ordenando também que a reserva
flutuante da Força-Tarefa leste, parte da 78ª Divisão britânica,
fosse desembarcada em Bougie, a cerca de 160 km a leste de Argel,
para ficar mais próxima do objetivo final, o porto de Túnis.
(…)
Naquele dia (13 de novembro), Darlan já na qualidade de Alto
Comissário, assumiu a responsabilidade do exercício do poder civil
na África do Norte Francesa. Giraud tornou-se Comandante-Chefe das
forças militares francesas.
(…)
Darlan garantiu aos Aliados a cooperação dos franceses, num
trabalho que tanta publicidade adversa recebeu na Grã-Bretanha e
nos Estados Unidos. Darlan era considerado colaboracionista dos
alemães, um fascista, um inimigo. 'Como é que Eisenhower pôde
fazer acordo com os inimigos dos Aliados?' Trabalhar com Darlan
parecia um atentado aos ideais contido na Carta do Atlântico, às
Quatro Liberdades que, segundo Churchill e Roosevelt haviam
anunciado, eram os grandes objetivos da guerra, às metas que os
aliados transformaram numa cruzada contra o mal representado pelo
Eixo.
O
que motivou Eisenhower foi a necessidade militar. Suas forças eram
incapazes de ocupar toda a África Noroeste Francesa e, ao mesmo
tempo, expulsar as forças do Eixo da Tunísia.
(…)
O
tumulto político que nos Estados Unidos e Grã-Bretanha se seguiu à
negociação com Darlan e a dúvida quanto à sua política militar
pesaram fortemente sobre Eisenhower, que sofreu enorme tensão. Cerca
de 1.800 soldados americanos haviam morrido durante os três dias dos
desembarques, ao passo que o número de baixas previsto no
planejamento montava a mais ou menos 18.000 – dez vezes mais. Pelo
menos teoricamente, a negociação com Darlan, que resultou na
supressão da resistência, poupou vidas.”
pp.
22-23; 25-29
Fonte:
BLUMENSON, Martin. Eisenhower. Rio de Janeiro: Rennes, 1976
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Eisenhower
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Darlan
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Política
– Darlan – França de Vichy
Afundamento
da frota francesa
no
porto de Toulon - 27 novembro 1942
tanques-blindados
aliados
Operação
Tocha
/
Torch
Operation Torch
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