fontes das imagens:
http://www.alu.army.mil/alog/issues/JulAug12/70_Years_transportation_Corps.html
e http://www.iwm.org.uk/collections/item/object/205086881
Preâmbulos
do Dia D
Defesas
alemãs contra a invasão dos Aliados
“[O Marechal de campo ] Rommel
aproveitava vantajosamente cada técnica nova ou avanço recente.
Onde ele tinha poucos canhões, posicionava baterias de
lança-foguetes ou morteiros. Em um lugar, ele chegara a instalar
tanques robôs em miniatura denominados 'golias'. Esses dispositivos,
capazes de transportar mais de meia tonelada de explosivos, podiam
ser guiados por controle remoto a partir das fortificações e descer
às praias, onde eram detonados entre os soldados ou entre os
lanchões de desembarque.
Praticamente a única coisa que faltava no
arsenal de armas medievais reunido por Rommel eram caldeirões de
chumbo derretido para derramar sobre os atacantes – e, de certo
modo, ele tinha o equivalente moderno: lança-chamas automáticos. Em
certas posições ao longo da frente, teias de tubos partiam de
tanques de querosene camuflados até atingir os caminhos cobertos de
relva na entrada das praias. Bastava apertar um botão para que o
avanço dos soldados fosse instantaneamente engolido pelas chamas.
Rommel tampouco esquecera a ameaça de
paraquedistas ou de tropas aerotransportadas por planadores. Por trás
da linha de fortificações, todas as zonas mais baixas foram
inundadas e, em cada campo aberto dentro de um âmbito de doze ou
treze quilômetros a partir das margens do Canal [da Mancha], foram
enfiadas estacas pontiagudas ligadas a explosivos. Arames para fazer
tropeçar os soldados foram estendidos entre as estacas. Ao serem
tocados, faziam automaticamente explodir minas antipessoais ou obuses
ativados.
Rommel organizara uma sangrenta festa de
recepção para as tropas aliadas. Nunca na história das guerras
modernas um conjunto de defesas mais poderoso ou mortal tinha sido
preparado para uma força invasora. Entretanto, mesmo assim, Rommel
não estava contente. Ele queria mais casamatas, mais obstáculos nas
praias, mais minas, mais canhões, mais tropas. Acima de tudo, ele
queria as maciças divisões
panzer que estavam estacionadas
como reserva em pontos distantes da costa. […] pp. 34-35
Eisenhower comanda as forças invasoras
“A partir desse reboque, [o general
Dwight] Eisenhower comandava quase três milhões de soldados
aliados. Mais de metade de seu imenso comando era composta por
americanos: cerca de um milhão e setecentos mil soldados,
marinheiros, aviadores e guardas costeiros. As forças conjuntas
britânicas e canadenses totalizavam cerca de um milhão e, além
disso, havia os combatentes franceses e contingentes poloneses,
tchecos, belgas, noruegueses e holandeses. Nunca antes um americano
tinha comandado tantos homens de tantas nacionalidades ou suportado
uma carga de responsabilidades tão impressionante.
[…]
Quatro meses antes, na diretiva que o [i.
e. Eisenhower] nomeava comandante supremo, os chefes do Estado-Maior
Conjunto de Washington haviam explicitado sua missão em um único,
mas expressivo, parágrafo. A redação era a seguinte: 'O senhor
deverá entrar no continente da Europa e, em conjunção com os
comandantes das demais nações Unidas, assumir as operações
destinadas a atingir o coração da Alemanha e a destruição de suas
forças armadas...'
Nessa única sentença se encontravam o
alvo e propósito do ataque. Mas para o mundo inteiro dos Aliados,
isso deveria ser muito mais do que uma operação militar. O próprio
Eisenhower descrevia sua missão como 'uma grande cruzada' -uma
cruzada que deveria acabar de uma vez por todas com a monstruosa
tirania que tinha lançado o mundo inteiro em sua guerra mais
sangrenta, estraçalhando um continente e colocado mais de trezentos
milhões de pessoas em regime de escravidão. (De fato, nessa época
ninguém podia sequer imaginar a extensão total da barbárie nazista
que havia inundado a Europa – os milhões que tinham desaparecido
nas câmaras de gás e nas fornalhas dos crematórios assépticos de
Heinrich Himmler [chefe da Gestapo
e das SS]
, os milhões que tinham sido arrebatados em seus próprios países e
submetidos a trabalho escravo, uma tremenda percentagem dos quais
jamais retornaria, os outros milhões que tinham sido torturados até
a morte, executados como reféns, ou exterminados pelo simples
expediente de deixá-los morrer de fome.) O propósito inalterável
da grande cruzada não era simplesmente vencer a guerra, mas destruir
o nazismo e terminar uma era de selvageria sem paralelo em momento
algum da história mundial.
Mas primeiro a invasão tinha de ser
realizada com sucesso. Se falhasse, a derrota final da Alemanha
poderia ainda levar anos.” [pp. 63-66]
Arsenal preparado para a invasão
“Por volta do mês de maio [de 1944], a
Inglaterra meridional parecia um imenso arsenal. Escondidas nas
florestas, pilhas de munição formavam verdadeiras montanhas.
Distribuídos ao longo das charnecas, parachoques contra parachoques,
havia tanques, caminhões com lagartas, carros blindados, caminhões
militares padronizados, jipes e ambulâncias – mais de cinquenta
mil veículos de transporte terrestre. Através dos campos, viam-se
longas linhas de morteiros e canhões antiaéreos, grande quantidade
de material pré-fabricado, desde tendas de campanha Nissen
até coberturas para faixas de pouso e imensos estoques de
equipamento destinado a movimentar grandes volumes de terra, desde
bulldozers
até escavadeiras. Nos depósitos centrais, havia imensas quantidades
de comida, roupas e suprimentos médicos, desde pílulas contra enjoo
até 124 mil leitos de hospital. Mas a visão mais assombrosa de
todas eram os vales cheios de longas filas de material de transporte
ferroviário: quase mil locomotivas novas em folha, quase vinte mil
carros-tanque e vagões de transporte de carga que seriam usados para
substituir o equipamento francês espatifado durante os combates,
depois que as cabeças-de-ponte nas praias tivessem sido conquistadas
e consolidadas.” p. 68
fonte: RYAN, Cornelius. O
Mais Longo dos Dias. [The
Longest Day, 1959] trad. William Lagos. Porto Alegre: L&PM, 2008.
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