1944
Preparações
da Operação Overlord
“A
escolha de Eisenhower foi debatida e decidida no transcurso da
conferência realizada no Cairo. Churchill, quando Roosevelt lhe
falou no nome do general americano, disse-lhe que ficaria encantado
em ter Eisenhower no comando. Quando os dois líderes se reuniram com
Stálin em Yalta, Roosevelt comunicou ao russo que Eisenhower
comandaria a operação.
Depois
das conferências do Cairo e de Yalta, Roosevelt parou em Túnis, na
volta a Washington. Eisenhower voou de Argel para avistar-se com ele.
No carro em que se deslocavam do aeroporto para a cidade, Roosevelt
disse-lhe displicentemente: 'Bem, Ike, você vai comandar a
'Overlord'.
Eisenhower
ficou realmente surpreso, pois esperava que Marshall comandasse a
invasão.
Na
realidade, não havia medida mais lógica do que a indicação de
Eisenhower para a tarefa. Em termos de experiência e capacidade
demonstrada, bem como em termos de resultados obtidos, ninguém
melhor que ele para dirigir tão grande e tão complexo esforço.
Eisenhower
fora muito longe, no ano e meio de comando, desde que fora nomeado
com certa apreensão, para conduzir a Operação Tocha.
Para
ajudá-lo a realizar a invasão e a campanha do noroeste europeu,
Eisenhower criou o Q-G Supremo da Força Expedicionária Aliada
(SHAEF), que era muito parecido, na forma, ao QGFA, de estrutura
basicamente americana, mas com seções de equipes anglo-americanas
integradas.
Bedell
Smith acompanhou Eisenhower, para chefiar o Estado-Maior do general;
Tedder foi nomeado Subcomandante Supremo aliado; Carl Spaatz dirigia
os bombardeiros estratégicos aliados; Bradley estava no comando do
1º Exército americano e também do 1º Grupo de Exército
americano. Patton comandaria o 3º Exército americano. Embora
Eisenhower planejasse entregar a Alexander o comando das tropas de
terra britânicas, Churchill preferiu deixá-lo no Mediterrâneo,
indicando Montgomery para o cargo.
Encerrando
a lista dos elementos de cúpula da grande invasão vinham Sir
Trafford Leigh-Mallory, que dirigiria as Forças Aéreas
Expedicionárias Aliadas, incumbidas de debilitar as defesas
inimigas, Sir Henry Ramsay, comandante naval aliado, responsável
pelo transporte dos soldados pelo Canal e que os apoiaria quando
desembarcassem.
Para
substituto eventual de Eisenhower, Churchill nomeou H. Maitland
Wilson, que comandara os britânicos no Oriente Médio. Para comandar
os contigentes americanos no Mediterrâneo, na qualidade de oficial
mais graduado daquela área, foi indicado o americano Jacob L.
Devers, que voou de Londres para Argel, a fim de dirigir a
concentração americana para a Overlord.
A
grande tarefa, na execução da Overlord, eram a colocação de
tropas em terra e o reforço adequado dessas tropas, para o avanço
subsequente na direção da Alemanha. O Passo de Calais, do outro
lado do Canal, em sua parte mais estreita, era o local óbvio para os
desembarques; perto de Antuérpia, um dos grandes portos da Europa,
ele se abria para o caminho mais direto para a Alemanha. Mas as
defesas alemãs eram naturalmente mais poderosas no Passo de Calais,
onde, segundo supunham os germânicos, seria feito o ataque.
Para
frustrar a expectativa deles, os Aliados desembarcariam na Normandia,
na costa da Baía do Sena. Depois de tomarem a península de
Cotentin, que lhes daria o porto de Cherburgo, os Aliados se
deslocariam de Caen pela planície de Falaise, que lhes ofereceria
terreno plano para aeródromos, e depois diretamente para Paris. […]
Depois
de passar as duas primeiras semanas de janeiro de 1944 nos Estados
unidos, Eisenhower foi para Londres e estudou o plano COSSAC
detalhadamente. A leitura do plano da Operação Overlord, de
autoria de Morgan, convenceu-o, e a Montgomery e Smith, de que o
ataque inicial teria de ser bem mais amplo e mais forte. Três
divisões, as quais Morgan fora limitado, devido à escassez de
barcaças de desembarque, eram insuficientes, na opinião de
Eisenhower, para assegurar o êxito.
A
fim de obter mais barcaças de desembarque, o Dia D foi adiado
de princípios de maio para 5 de junho. Isto daria aos fabricantes
americanos e britânicos mais tempo para produzir os vasos
necessários. Além disso, como os desembarques de Anzio estivessem
preparados e exigissem a retenção de barcaças de desembarque no
Mediterrâneo, foi sugerido o cancelamento da invasão do sul da
França, a chamada Operação Bigorna [Anvil].
[…]
Churchill
insistiu em Anzio. Como Eisenhower continuasse favorável à Bigorna,
estabeleceu-se um meio-termo. Os desembarques no sul da França foram
adiados. Em lugar de ocorrerem simultaneamente com a Overlord,
a Bigorna seria desencadeada depois que os Aliados tomassem
Roma. Então as barcaças e navios de desembarque seriam usados par
deslocar algumas forças da Itália para o sul da França.” [pp.
86 e 88]
fonte:
BLUMENSON, Martin. Eisenhower. Trad. Edmond Jorge. Rio de
Janeiro: Renes, 1976.
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