Fonte
da imagem: http://en.wikipedia.org/wiki/Quebec_Conference,_1943
Negociações
entre os Aliados
Conferências
de 1943
De
Quebec a Teerã
Campanha
na Itália e nos Balcãs
Campanha
no Sudeste Asiático
“As
principais divergências a respeito da política para a Europa foram
solucionadas pelos próprios Chefes do Estado-maior Conjunto durante
reuniões reservadas; nas sessões plenárias de Quadrant
[Conferência em Quebec, 17 a 24 agosto], quando Churchill e
Roosevelt tratavam dos assuntos em companhia dos respectivos
assessores, a Birmânia e o Pacífico dominavam os debates. Quebec
produziu decisões definitivas sobre uma variedade ampla de assuntos,
- desde os desembarques na Normandia até Tube Alloys [projeto
para a bomba atômica] – mas o que não teve solução foi
exatamente a estratégia em relação ao Japão. Portanto, era
indispensável que os ingleses entrassem na discussão deste assunto
delicado e controvertido não só com um espírito de harmonia, igual
ao que existia entre Churchill e seus Chefes de Estado-Maior, mas
também com ideias precisas sobre o que poderia ser feito sem ofender
os americanos, e que até mesmo pudesse ser aprovado por eles.
Para
os Estados unidos a Birmânia e a posse efetiva da Índia só tinham
importância enquanto pudessem se constituir em rotas e bases de
suprimentos para a China; entretanto, para eles este fato implicava
na remoção do bloco japonês entre Rangum e a estrada da Birmânia.
Para os Chefes de Estado-Maior ingleses a política ideal era
diferente. Achava-se sintetizada em uma nota redigida pelos seus
planejadores: 'a estratégia correta, e aquela que apressaria o fim
da guerra, impõe que a conquista de Cingapura e do norte de Sumatra
precede à conquista da Birmânia'.
[…]
Sumatra continuava a ser um sonho do Primeiro-Ministro [Churchill].
Entretanto, perceberam que seria fatal chegar a Quebec com as mãos
vazias. Foi daí que surgiu a ideia, depois de amplos debates com
Wingate [Major-General Orde Wingate, em operação na Birmânia] a
bordo do Queen Mary, de realizar uma grande operação com os
Grupos de Penetração Profunda, na próxima estação seca, com a
finalidade de dominar o norte da Birmânia, efetuar a ligação com
Stillwell [General Joseph Stilwell, do Exércitos dos EUA, em
operação no Sudeste Asiático] e os chineses e, desta forma,
proteger e ampliar as rotas terrestres e aéreas para os exércitos
de Chiang Kai-shek.
[…]
“Assim,
em sentido geral, a estratégia na Birmânia continuou a ser um
futuro indefinido para os ingleses. Na realidade, foram os japoneses
que criaram a possibilidade da própria derrota, ao tomarem uma
iniciativa equivocada em 1944. Todavia, para que chegassem àquela
iniciativa, e para a vitória final contra o Japão, Churchill teve
que impor sua vontade em dois temas importantes durante Quadrant.
O primeiro dizia respeito ao problema de um Comandante Supremo. O
Primeiro-Ministro e os Chefes de Estado-Maior estavam ansiosos pela
nomeação de um plenipotenciário, por analogia com Eisenhower no
Mediterrâneo – mas com duas diferenças: deveria ser um inglês e,
ao contrário de Eisenhower, ficar subordinado aos Chefes de
Estado-Maior ingleses e não aos Chefes do Estado-Maior ingleses e
não aos Chefes do Estado-Maior Conjunto.” pp. 247-249
“Para
quem quer que viesse a assumir finalmente o comando de Overlord
haveria, pelo menos, um plano pronto, aprovado em Whitehall e em
Washington. Convém recordar que na última conferência de cúpula,
em maio, o General Morgan (Cossac) recebeu instrução para
apresentar aos chefes do Estado-Maior Conjunto, até 1º de agosto,
as propostas de plano para uma invasão aliada da Europa. Entre as
intenções dos ingleses estava a de ter estas propostas em mãos de
Churchill e seus assessores a bordo do Queen Mary, durante a
viagem para Quebec. […]
“Evidentemente
Jupiter, uma invasão da Noruega, era uma obsessão do
Primeiro-Ministro. Os Chefes do Estado-Maior Conjunto foram
condescendentes com ele ao permitirem que Jupiter ficasse
registrada na ata, mas é claro que ninguém levou o assunto a sério;
e com razão. De muito maior importância foi o fracasso dos Chefes
de Estado-Maior ingleses – e de Churchill – ao deixarem de
perceber imediatamente a significação completa de uma proposta
americana, no sentido de que os desembarques no norte da França
fossem complementados com desembarques no sul daquele país – o
embrião de Anvil, operação que manteve os aliados em franca
controvérsia durante os meses seguintes. O fato da vulnerabilidade
da proposta não haver sido exposta imediatamente pode ser
considerado como decorrência de um outro fato: em Quebec, todas as
discussões que envolveram o teatro de operações do sul foram
dominadas por um aspecto de maior destaque, isto é, pela tentativa
inglesa de fazer os americanos compreenderam que uma política de
avanço pelo Mediterrâneo contribuiria diretamente para o sucesso de
Overlord [invasão da Normandia] e não deveria ser
considerada como diversionária.
[…]
“O
efeito consistiu na aceitação de uma certa latitude para o
aproveitamento da derrota da Itália, ao invés de se estabelecer uma
pausa nas operações aliadas no teatro do Mediterrâneo, cuja
iminência manteve Churchill em Washington, mesmo depois de encerrada
a conferência; sim, porque ele percebeu que o assunto teria que ser
resolvido através de negociações dia a dia, ou até hora a hora,
entre ele e o Presidente. Isto proporcionou-lhe também uma
experiência ímpar: a comprovação daquele sentimento de unidade
anglo-americana, o qual escora todas as rachaduras superficiais da
estrutura. No fim da sua estada, no dia 11 de setembro, Roosevelt
saiu de Washington e deixou a Casa Branca à disposição do
Primeiro-Ministro. Churchill realizou ali uma reunião final entre os
chefes das forças armadas americanas e representantes dos Chefes de
Estado-maior ingleses. 'É pra mim uma honra presidir esta reunião
de Chefes do Estado-Maior Conjunto e de autoridades americanas e
inglesas na sala de reuniões da Casa Branca e isto parece constituir
um acontecimento na história das relações anglo-americanas.
Todavia,
a ópera bufa da rendição italiana nada mais foi do que um
interlúdio tragicômico cuja conclusão assinalou o início do
último ato do drama mundial da guerra. Agora tudo se aproximava de
um dénouement. As políticas traçadas em Quebec seriam
alteradas e ampliadas, mas não seriam radicalmente deturpadas. Os
alemães estavam recuando no sul da União Soviética a fim de
liberar mais divisões para a Itália e para os Balcãs. Kharkov foi
reconquistada; logo depois, Taganrog. Assim, o telegrama de Stalin a
Roosevelt e Churchill, datado de 14 de setembro, era inusitadamente
otimista e amistoso:
'Congratulo-me
com os senhores pelos novos sucessos, particularmente com o
desembarque em Nápoles. Não há dúvida de que o desembarque bem
sucedido em Nápoles e a ruptura entre a Itália e a Alemanha
constituirá mais um golpe contra a Alemanha hitlerista e facilitará
consideravelmente as ações dos exércitos soviéticos na frente
germano-soviética. Por ora a ofensiva das unidades soviéticas
desenvolve-se com sucesso. Acho que estaremos em condições de
alcançar novas vitórias dentro de duas ou três semanas. É
possível que reconquistemos Novorossisk nos próximos dias.'
Nos
Balcãs, Tito aproveitou a oportunidade com rapidez. No fim de
outubro já melhorara consideravelmente a sua situação, desarmando
ou recrutando divisões italianas, ocupando as vias de acesso a
Trieste e cercando Zagreb, deslocando-se para Split e para as ilhas
Dálmatas; de acordo com os dados enviados pelo General-de-Brigada
Fitzroy Macleau, Tito já dispunha de 26 divisões, com cerca de
220.000 homens, e dominava a melhor parte da Iugoslávia. Já se
podiam discernir no pacífico as rotas ao longo das quais os
americanos avançariam, uma vez que a criação, no dia 5 de agosto,
de uma nova Força do Pacífico Central, sob o comando do Almirante
Nimitz, significava que haveriam duas grande linhas centrais, no
futuro; uma comandada por MacArthur, desdobrando-se pelo arquipélago
de Bismarck e Nova Guiné e outra, comandada por Nimitz,
desdobrando-se pelas ilhas Gilbert, Marshall e Carolinas. Os navios
para essas operações haviam sido incluídos no programa de
construção naval de 1940 e, desde então, vinham sendo regularmente
incorporados à Marinha; em fins de 1943 estavam prontos nada menos
do que 50 navios-aeródromos [i.e. Porta-aviões]. Além do mais, na
Birmânia, os japoneses já estavam elaborando o plano da campanha
que haveria de conduzi-los ao desastre.” pp. 252-255
Fonte:
LEWIN, Ronald. Churchill – O Lorde da Guerra. Trad. Cel.
Álvaro Galvão. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1979.
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Alloys
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Wingate
Joseph
Stillwell
Dwight
Eisenhower
Campanha
na Birmânia 1942-1945
Tropas
no Sudeste Asiático
Os
Chindits
Os
Tigres Voadores
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