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da imagem: http://www.combinedops.com/No%205%20Commando.htm
Campanha
da Birmânia
1943-1944
“[Major-General]
Wingate acompanhou [o Primeiro-Ministro Winston] Churchill
`’Conferência de Quebec’, em agosto de 1943, onde a estrutura de
comando das forças aliadas foi completamente reorganizada e o
Comando do Sudeste Asiático (SEAC) foi criado, tendo à frente um
comandante supremo. A escolha para o exercício do cargo recaiu na
pessoa do Vice-Almirante Lorde Louis Mountbatten, tendo sido vencida
a indicação dos americanos, que optavam por Wingate, pelos chefes
de Estado-Maior britânicos. [General] Stilwell foi nomeado
Subcomandante Supremo de Mountbatten, e um Estado-Maior
britânico-americano serviria sob o comando de ambos. Os comandos da
Índia e do Sudeste Asiático funcionariam separadamente. Todas as
forças de terra a leste de Calcutá ficariam sob o SEAC (South
East Asia Command),
e seriam formadas por elementos do 11º Grupo de Exércitos, sob o
General Sir George Giffard, da África Oriental. O 14º Exército,
agora comandado por [Tenente-General Sir
William] Slim, seria parte do 11º Grupo de Exércitos, e incluiria
as divisões que se encontravam no Arakan, as da área de Imphal e,
também, a projetada nova força Chindit,
quando esta entrasse na área de operações. Assim começou uma bem
sucedida parceria que durou quase dois anos, pois Giffard e Slim se
respeitavam e tinham um pelo outro muita simpatia.
A maneira óbvia de recapturar
a Birmânia e destruir as forças japonesas que a dominavam seria
tomar seu único porto, Rangum, sem o qual as forças nipônicas
‘definhariam’. Esta possibilidade fora abandonada, devido à
falta de barcaças de desembarque, de modo que os planos para 1944
giraram em torno do interesse americano na Birmânia – ou seja,
como a única rota por onde uma linha de abastecimento poderia chegar
à China e, assim, impedi-la de sair de todo da guerra.
Deste modo, a ‘Conferência
de Quebec’ decidiu que o objetivo principal da ofensiva na
Birmânia, em 1944, seria abrir uma estrada e um oleoduto em Ledo,
passando por Mogaung e Myitkyna, até Kunming. O oleoduto abasteceria
um grupo de bombardeiros americanos que atacariam alvos japoneses e
esquadrões de caça incumbidos de apoiar as forças chinesas no
continente. Uma área ao sul, que compreendia Indaw, seria defendida
pelos Aliados para proteger esta rota para a China. O 14º Exército
ajudaria, com uma ofensiva do Imphal para Indaw. Mas a figura central
do plano seria Wingate que, com uma força Chindit
ampliada, composta por seis brigadas de quatro batalhões cada uma,
deveria cortar e manter cortadas as comunicações entre o sul e as
forças japonesas que enfrentavam Stilwell na estrada de Ledo e os
chineses do rio Mekong, a leste, até o momento em que essa área
pudesse ser tomada por divisões regulares do IV Corpo.
Dessa forma, Slim se
limitaria, em 1944, a apoiar os Chindits,
enquanto os chineses treinados pelos americanos de Stilwell e os
exércitos chineses em Kunming fariam o avanço. Stilwell foi
colocado sob o comando de Slim nesta ofensiva, mas sendo também
subcomandante supremo, ele podia fazer o que bem quisesse. Uma razão
para que Slim recebesse papel tão limitado era que o Comando da
Índia, sob [General] Auchinleck, de tal forma exagerara as
dificuldades administrativas e de engenharia que o 14º Exército
encontraria na penetração da Birmânia pelo leste, que Churchill e
Roosevelt, com seus consultores, acharam que não poderiam obter
muita ação ofensiva do exército indiano. Auchinleck ainda não
compreendera os novos poderes, mobilidade e liberdade de ação que o
abastecimento aéreo oferecia.
Os japoneses, contudo, também
estavam pensando em ação ofensiva. A primeira operação Chindit
[em maio de 1943] mostrara-lhes que suas comunicações eram agora
vulneráveis a ataque pelas montanhas. Em junho de 1943, o comando
japonês na Birmânia realizou uma conferência para estudar a melhor
maneira de defender a Birmânia à luz das operações Chindits
daquele ano. Na conferência ficou decidido que o melhor modo de
frustrar a ofensiva britânica, da qual havia muitas indicações,
seria atacar e cortar as vulneráveis comunicações do IV Corpo, que
se evidenciavam como um cacho de uvas pendente do Dimapur, no vale do
Brahmaputra. Eles poderiam então voltar-se e destruir as três
divisões britânico-indianas baseadas na região Imphal – Kohima.
Primeiro fariam um ataque diversivo no Arakan, para afastar as
reservas do 14º Exército, para, a seguir, lançar seu ataque no
norte. Como resultado dessa conferência, o Exército de Área da
Birmânia também informou que um avanço para o centro de Assam
estava além da capacidade do exército, naquele momento.
Tóquio examinou todo o plano
do ponto de vista político e militar. Os japoneses haviam formado a
Liga Nacional Indiana e o Exército Nacional Indiano (ENI) e adotado
política agressiva para com a Índia, na esperança de reforçar o
formidável movimento de independência antibritânico, para que os
britânicos se vissem impossibilitados de usar a Índia como base de
operações. O Q-G imperial decidiu que faria dessa ofensiva (que
esperava pudesse compensar suas derrotas no Pacífico) um meio de
provocar mais distúrbios na Índia, através do ENI, que consistia
de cerca de uma brigada de soldados efetivos. Também reforçou a
Birmânia com mais duas divisões e uma brigada independente.
O 14º Exército, de Slim, foi
atraído para a campanha pela ofensiva nipônica. Os japoneses ainda
desprezavam os britânicos – forças indianas que, até então,
sempre puderam derrotar com forças inferiores. Desta vez eles
próprios estavam excessivamente estendidos, pois não compreendiam
todo o valor do abastecimento e apoio aéreos. Sem perceber que a
planície de Imphal era uma região adequada à ação de tanques,
eles avançaram praticamente sem blindados, num esforço por destruir
as forças britânicas de um só golpe. Também dependiam da captura
de suprimentos para se manterem, e suas linhas de comunicação eram
vulneráveis à penetração Chindit.
Slim estava preocupado
primeiramente com a ofensiva dos japoneses no Arakan e, depois, com o
ataque que dirigiam contra Imphal - Kohima. Seu objetivo seria
perseguir os derrotados japoneses Birmânia adentro, após ter
conseguido os objetivos Mogaung – Myitkyina e depois que o oleoduto
e a estrada para a China estivessem abertos.” pp. 60-61; 65-66
Forças
Japonesas
“Pelo
final de 1943, os japoneses tinham seis divisões na Birmânia (15ª,
18ª, 31ª, 33ª, 55ª e 56ª), com a 53ª Divisão por chegar.
Destas, a 55ª Divisão seria lançada numa ofensiva diversiva no
Arakan, e três divisões (15ª, 31ª e 33ª) iriam com o ENI atacar
Imphal e Kohima. Os japoneses também estavam preocupados com um
desembarque naval perto de Rangum, e colocaram suas brigadas de
reserva no sul da Birmânia, como precaução contra essa
possibilidade. Seus efetivos aéreos haviam sido consideravelmente
reduzidos pela retirada de unidades para reforçar as depauperadas
forças aéreas do Pacífico, passando os britânicos, diante disso,
a contar com efetiva superioridade aérea.
Para enfrentar este ataque de
duas pontas, feito com quatro divisões (uma no Arakan e três em
Imphal), Slim de início tinha, além da superioridade aérea, o XV
Corpo (5ª e 7ª Divisões indianas e a 87ª Divisão Oeste-Africana)
no Arakan e o IV Corpo (17ª, 20ª, 23ª Divisões indianas) na área
de Imphal, além da 26ª Divisão e da 254ª Brigada de Tanques na
reserva.
Slim também tinha, sob o
comando de Stilwell, três divisões chinesas (22ª, 30ª e 38ª) na
estrada de Ledo, no norte, e em 1944 teria as seis brigadas das
Forças Especiais (os Chindits)
disponíveis para ação ofensiva contra as comunicações japonesas.
Para completar o quadro, o
XXXIII Corpo (2ª britânica, 36ª indiana e 5ª Brigada de
paraquedistas) estava na reserva do 15º Grupo de Exércitos, com as
19ª e
25ª Divisões indianas, a 50ª Brigada de Tanques e a 3ª Brigada de
Serviços Especiais também disponível, como parte da reserva geral.
No leste da Birmânia, dois exércitos chineses estavam estacionados
no Salween.
Por conseguinte, Slim dispunha
de uma força formidável, mas encontrava dificuldades em aplicar
seus efetivos contra os japoneses devido à falta de boas estradas.
Os japoneses também tinham a vantagem inicial de estar em linhas
internas, atrás de um obstáculo maciço, de modo que podiam mover
facilmente divisões de um setor para outro, enquanto que os Aliados
tendiam a ficar retidos na periferia.
Mas, excluindo-se os chineses,
na frente de Salween, e incluindo as reservas mantidas no Ceilão, os
Aliados dispunham de 15 divisões, duas brigadas de tanques e cerca
de nove ou dez brigadas independentes para enfrentar no máximo sete
divisões japonesas e uma brigada mista na Birmânia.” p. 69
Fonte:
CALVERT, Michael. Campanha
da Birmânia.
Trad. Edmond Jorge. Rio de Janeiro: Renes, 1978.
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