Itália
anuncia o Armistício
setembro
1943
Armistício
com a Itália
e
Desembarque em Salerno
Em
8 de setembro de 1943, após 1.184 dias de guerra, a Itália seria o
palco
de
acontecimentos importantes. O fascismo caíra havia 45 dias e, cinco
dias
antes, após conquistar a Sicília, os Aliados pisaram no continente,
na
Calábria
No
mesmo dia 8, Salerno foi novamente bombardeada. A cidade tornara-se,
naqueles últimos dias, o principal alvo dos bombardeiros aliados. Os
ataques ocorriam diariamente, de modo que só o que restava de
Salerno eram ruínas. Os habitantes da cidade viviam em túneis e
abrigos, sofrendo com a fome e o medo.
No
final da tarde, a voz do marechal Pietro Badoglio, transmitida pelo
rádio, invadiu as ruas da cidade, anunciando o armistício entre a
Itália e os Aliados. Muitos pensaram que esse acordo significava
que a guerra tinha acabado e prepararam-se para demonstrar sua
alegria nas ruas da cidade. A felicidade da manifestação durou
pouco, pois uma grande frota naval apareceu no horizonte e apontou
ameaçadoramente em direção ao golfo de Salerno. O medo e o terror
voltaram a tomar conta dos moradores da cidade, que haviam nutrido
uma vã esperança, e eles retornaram apressadamente para seus
abrigos.
O
desembarque, que se seguiu ao anúncio do armistício, mal foi notado
pelos italianos, mas, sem dúvida, foi um acontecimento de enorme
importância. Sua falta de coordenação, no entanto, impediu um
sucesso ainda maior, o que, talvez, poderia ter colocado ponto final
na guerra muito cedo. No entanto, a ação não foi tão
bem-sucedida.
Embora
tomados de surpresa, os alemães tiveram tempo suficiente para reagir
e, por pouco, não repeliram as forças aliadas para o mar.
Os
Aliados pensavam que, com a saída dos italianos da guerra, o
desembarque seria praticamente uma brincadeira. E isso teria
realmente ocorrido se os italianos tivessem neutralizado as tropas
alemãs terrestres presentes na área. Entretanto, o Exército
italiano estava longe de estar preparado para essa tarefa. Além
disso, a partir de 25 de julho, as unidades alemãs tinham começado
a chegar em massa na Itália. Embora [o ditador Adolf] Hitler tivesse
cancelado a operação Alarico (a ocupação militar da
Itália), não abriu mão, até então, de enviar um número
significativo de tropas para garantir, pelo menos, o controle do vale
do Pó e das cidades industriais do norte da Itália, como Milão
[Milano] e Turim [Torino], diante da iminente capitulação italiana.
Assim, em poucos dias, a situação militar na Itália mudou
radicalmente. Encontravam-se no país 18 divisões alemãs, divididas
em dois grupos de exército. Ao norte, estava o Grupo de Exércitos
B, comandado pelo marechal Erwin Rommel, encarregado de vigiar os
italianos e desarmá-los em caso de capitulação; ao sul, o comando
estava a cargo do marechal Albert Kesselring, que deveria impedir
qualquer tentativa de invasão aliada. Dois chefes, dois exércitos –
'dois galos no mesmo galinheiro', pode-se dizer. Tudo favorecia uma
discussão interna. Essas desavenças entre generais enfraqueciam
consideravelmente a preparação alemã.
Os
alemães já esperavam o desembarque dos Aliados. Mas eles não
tinham ideia do local onde ocorreria. Consideravam várias
possibilidades: um desembarque nas praias da região da Apúlia, ou
na área de Nápoles, ou mesmo em Roma ou, por último, mais ao
norte, entre Grosseto e la Spezia. O que os alemães sabiam era que
suas chances de manter o controle da parte sul da Itália, no caso de
um desembarque aliado, eram quase nulas. Dessa forma, investiram na
construção de uma linha de contenção, a Linha Gótica, que
dependeria diretamente do marechal Rommel. Os homens de Kesselring já
eram considerados perdidos, mesmo antes do início dos combates.
[…]
“Finalmente,
as condições dos Aliados impuseram-se. Resignados, os italianos
aceitaram a rendição incondicional. Antes de assinar o armistício
(em Cassibile, em 3 de setembro de 1943), o general Castellano
insistiu para que o anúncio do armistício coincidisse com um
desembarque na península italiana. A intervenção aliada seria
necessária para impedir que o Exército alemão ocupasse a Itália.
Os Aliados, no entanto, mantiveram seus planos em segredo para os
italianos. O desembarque em Salerno foi uma consequência direta da
rendição italiana ou teria ocorrido mesmo se a Itália tivesse
continuado a luta ao lado da Alemanha?
Segundo
Catellano, a operação foi mantida em segredo pelos Aliados até o
último momento. Os italianos que negociaram a rendição em Salerno
nunca souberam desses planos. Mas o desembarque foi decidido antes
que a Itália aceitasse a rendição. O plano vinha sendo estudado
havia bastante tempo. Os soldados que desembarcaram nas praias de
Salerno não sabiam nada sobre a rendição italiana. Pode-se dizer
que o desembarque seria realizado mesmo que a Itália não se
rendesse incondicionalmente. Os planos dos Aliados seguiam, portanto,
seu ritmo próprio. Nem eles, nem os alemães dependiam dos italianos
para seus planos.
Por
parte dos alemães, a resposta para a rendição italiana foi
imediata. A operação Eixo foi lançada com a firme intenção de
desarmar as tropas italianas rapidamente. O objetivo era tomar o
controle não apenas do vale do Pó, mas de toda a península.
[…]
“Do
lado alemão, seis divisões estavam sobre o terreno, perfeitamente
situadas ao longo da costa oeste da Itália, posicionadas em áreas
que poderiam servir para que os Aliados desembarcassem tropas,
especialmente área entre Roma e a ponta da 'bota' italiana. Entre
essas unidades, encontravam-se a Divisão Blindada Hermann Göring,
as 26ª e 16ª Divisões Panzers, as 15ª e 29ª Divisões
Panzers de Granadeiros e, finalmente, a 2ª Divisão de
Paraquedistas. Heinrich von Vietinghoff, comandante do 10º Exército
alemão, posicionou a 16ª Divisão Panzer estrategicamente
nas colinas ao redor da planície de Salerno.
Na
manhã do dia 8 de setembro, uma grande frota de desembarque
comandada pelo general norte-americano Mark Clark, que não tinha
experiência em operações anfíbias dessa envergadura, partiu dos
portos da Sicília e da Argélia em direção ao golfo de Salerno. O
5º Exército de Clark zarpou de Argel, Orã e Palermo, e as divisões
britânicas o fizeram a partir de Bizerte e Trípoli. No total,
somavam 586 navios (entre eles, 333 lanchas de desembarque), sob o
comando do vice-almirante norte-americano Kent Hewitt, com 22 mil
veículos, assim como 55 mil soldados britânicos e norte-americanos
a bordo, que precederiam outros cerca de 115 mil, que chegariam em
ondas de desembarque subsequentes. A presença de um comboio aliado
de tamanha proporção não passou despercebida pela Luftwaffe,
que localizou as unidades navais que transportavam a 36ª Divisão
norte-americana pouco depois que esta zarpou do porto de Orã, em 5
de setembro, por volta das 17 horas. O mesmo ocorreu com as
embarcações da 46ª Divisão de Infantaria britânica, que saiu do
porto de Bizerte. No dia 8, elas foram alvo de dois ataques
realizados por aviões alemães.
[…]
Durante
todo o tempo em que a frota aliada esteve nas proximidades da costa
de Salerno, a Luftwaffe atacou-a usando bombas guiadas por
rádio, lançadas por aeronaves Do-127. Assim, no dia 13, o cruzador
Uganda foi danificado, enquanto apoiava as forças terrestres com seu
fogo. No dia 16, depois que o Warspite realizou seu trabalho
de apoio, foi atingido por três bombas guiadas alemãs. Teve de ser
rebocado para malta, após sofrer sérios danos.
[…]
E
a tarefa que aguardava os Aliados não era pequena: eles iriam
realizar o primeiro grande desembarque em solo europeu. No entanto,
os soldados que se dirigiam para as praias a bordo da frota aliada
não sabiam nada sobre as conversações entre italianos e Aliados. A
libertação de grande parte da Itália dependia, em grande medida,
do sucesso do desembarque nas praias. Eles estavam convencidos de que
a resistência de alemães e italianos seria obstinada. Mal podiam
imaginar que, naquele momento, a Itália tinha deixado de pertencer
ao grupo de parceiros da Alemanha, e que, em seu discurso no rádio,
Badoglio iria recomendar que os italianos não combatessem contra
britânicos e norte-americanos. A notícia foi divulgada rapidamente.
Às 19h20 de 8 de setembro, quando os navios se aproximavam da costa
de Salerno, anunciou-se que o governo italiano tinha assinado a
rendição incondicional.” pp. 83-89, 91-92
fonte:
Coleção 70º aniversário da 2ª Guerra Mundial, v. 19. São
Paulo: Abril Coleções, 2009. trad. Fernanda Teixeira Ribeiro e
Mario Miguel Fernandez Escaleira.
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