sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Retirada do Afrika Korps para a Tunísia




Retirada do Afrika Korps para a Tunísia

janeiro - fevereiro 1943


A Batalha do Passo de Kasserine


As forças anglo-norte-americanas desembarcadas na Argélia e Marrocos haviam penetrado em Tunis entre novembro e decembro de 1942, com a ideia de tomar o norte do país antes que as forças do Eixo conseguissem se estabelecer e antes que Rommel voltasse de sua expedição ao Egito. Depois de fracassar no intento, os Aliados dirigiram seus esforços a tentativa de cortar a retirada até Tunis que o exército alemão se havia obrigado a empreender desde seu desastre na Batalha de El Alamein, empurrado pelo exército britânico de Bernard Montgomery.
Em 23 de janeiro de 1943, o VIII Exército Britânico de Montgomery tomou Trípoli, a capital da Líbia italiana e principal base de suprimentos de Rommel. O marechal alemão já se queixara sobre esta possibilidade e havia estabelecido na cidade de Tunis sua base de suprimentos, com a ideia de usar a Linha Mareth no sudeste do país para bloquear os britânicos. Pelo oeste se encontrava a ameaça dos britânicos e norte-americanos, que em começo de 1943 haviam consolidado suas bases na Argelia e estendido suas forças ao longo da cordilheira de Atlas. Em recentes avanços as tropas aliadas haviam cruzado a cordilheira e estabelecido uma base de operações em Faid, ao pé das montanhas. O que deixou uma excelente posição para empurrar para a costa [do mar Mediterrâneo] as forças de Rommel no sul da Tunísia e cortar sua linha de suprimentos.”
fonte: Wikipedia (esp) (trad.: LdeM)


A retaguarda do Panzerarmee avançou para a Tunísia a 13 de fevereiro, lançando uma linha de pontos avançados para conter o 8º Exército [britânico] em Medenine. Pela área situada ao sul de Gafsa responsabilizou-se o 1º Exército italiano, com seu novo comandante, General Messe, cuja investidura no cargo não se deu imediatamente porque Rommel conseguiu adiar a sua partida. Do AK original restava apenas uma enfraquecida 15ª Divisão Panzer, embora as 90ª e 164ª Divisões alemãs sustentassem a grande quantidade de abaladas formações italianas que enchiam a Linha Mareth.


Ao norte de Gafsa, o 5º Exército Panzer do Coronel-General von Arnim estabilizara sua frente desde Faid, passando por Fondouk e Medjez el Bab, até o mar, perto do cabo Serrat. De acordo com seu temperamento, von Arnim planejava uma operação defensivo-ofensiva contra os americanos entre Faid e Gafsa para obter posições defensivas mais favoráveis. De importância secundária era a destruição de forças na área de Tebessa, embora ele considerasse improvável que suas duas divisões Panzer, a 10ª e 21º (ambas já bem fortes em número de blindados, porque a segunda havia recebido reforços bem rápidos), pudessem cumprir essa missão.


[…]


Arnim conseguiu mais ou menos o que queria e mandou seu representante – General Ziegler – comandar as 10ª e 21ª Panzer no avanço principal contra a 1ª Divisão Blindada dos EUA, através de Faid, até Sbeitla (iniciado a 14 de fevereiro de 1943), enquanto Rommel oferecia o chamado 'Grupo de Assalto Afrika Korps', sob o comando do General Buelowius, para operar contra Gafsa, em direção de Kasserine. Mas esse destacamento era tão fraco (seu elemento de ataque era formado de apenas 26 tanques Mark III e IV, do 8º Regimento Panzer, e de 23 M.13 italianos, da Divisão Centauro), que na realidade não passava de pouco mais de uma guarda de flanco para Ziegler. Mas sua diretiva propunha a exploração até Tebessa, assim que Ziegler pudesse transferir a 21ª Panzer depois de completada sua tarefa inicial. De qualquer modo, teoricamente Rommel havia alcançado a possibilidade de reunificar o Afrika Korps e desfechar profundo golpe estratégico.


Mas, nem Ziegler nem von Arnim conseguiam imitar o grande estilo de Rommel, em que pese à necessidade da obtenção de uma vitória, logo após o desastre de Stalingrado, para recuperar prestígio. Naturalmente, ninguém sequer sonhava pudesse a inexperiência os americanos permitir às duas Divisões Panzer, a 10ª e a 21ª, convergindo de duas direções, envolver a sua 1ª Divisão Blindada e inflingir-lhe derrota. Ao anoitecer do dia 17, dois terços da força americana haviam sido virtualmente eliminados, Ziegler estava às portas de Sbeitla e o 'Grupo de Assalto Afrika Korps', vendo que os americanos haviam recuado de Gafsa na noite do dia 14, partira para Thélepté em febril perseguição.


Esta vitória tática de imediato ofereceu a possibilidade de uma decisão estratégica. Com a força blindada americana destruída e com os blindados britânicos do 1º Exército em processo de renovação com tanques Sherman, só forças esparsas poderiam interferir numa incursão concentrada e profunda na retaguarda, passando por Tebessa, talvez indo bem para o norte, até a importante base de apoio em Bone. Tampouco o 8º Exército britânico podia intervir a tempo, pois o porto de Trípoli não fora totalmente recuperado e as forças leves que estavam em Medenine careciam de efetivos ou de provisões suficientes para uma ofensiva, embora Montgomery tentasse tudo o que podia para simulá-la.


Se os alemães tivessem criado, nesta oportunidade, um comando unificado, o AK, com a 21ª Panzer novamente junto dele – e talvez também com a 10ª Panzer – poderia ter arrastado tudo à sua frente. O fato de não tê-lo feito foi resultado da estreiteza do ponto de vista, em grande parte defensivo, de von Arnim, do confuso trato tático de Ziegler e da falta de consideração por Rommel, da parte do Comando-Supremo. Concentrando-se unicamente na operação original de destruição de forças inimigas, von Arnim disse a Ziegler que destruísse os depósitos Aliados em Sbeitla e depois desfechasse um golpe mais ao norte, por Fondouk – levando a 21ª Panzer para uma luta renhida em Sbeitla e mandando a 10ª Panzer num empreendimento absurdo, pois os Aliados já se haviam retirado de Fondouk.
[…]


O antigo ajudante-de-ordens de Rommel, Tenente Schmidt, certa feita declarou que Rommel não era nem gênio nem super-homem – mas era dotado de grande imaginação e profunda compreensão da capacidade do Afrika Korps. Infelizmente para ele, sua percepção não-convencional e mais ampla assombrava amigos e inimigos, e de Halder a Kesselring e de Wavell a Alexander, todos se viam aturdidos com os golpes de Rommel. […]


Naturalmente, ninguém pode dizer qual tria sido o impacto do plano maior de Rommel, se ele tivesse conseguido o que queria e levado sua velha 21ª Panzer juntamente com o 'Grupo de Assalto Afrika Korps', apoiados pela 10ª Panzer. Possivelmente, o efeito psicológico sobre o exército anglo-americano teria sido decisivo : também é possível que eles se vissem obrigados a recuar para a Argélia – caso em que suas perdas em material seriam enormes.”
pp. 129; 132


fonte: MACKSEY, Kenneth. Afrika Korps - Rommel no deserto. Rio de Janeiro: Renes, 1974.


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seleção : LdeM


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