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Nuncio Cesare Orsenigo and Foreign Minister Ribbentrop
fonte
da imagem:
http://paulonpius.blogspot.com.br/2010/07/hubert-wolf-and-asv.html
Relações
do Papado com o
Nazismo – continuação 4
fonte:
CORNWELL, John. O Papa de
Hitler – A História
Secreta de Pio XII.
“O
objetivo de Pacelli era claro desde o início. Não haveria mais
tentativas de censurar e advertir os nazistas e fascistas. A política
de apaziguamento, que ele caracterizou numa frase que ressoaria ao
longo dos anos de guerra – 'o papa está trabalhando pela paz' –
haveria de dominar a imagem pública das iniciativas do Vaticano. […]
Elevado,
pontifical, o sermão [ a primeira homilia oficial como papa, em 9 de
abril (1939)], não se aventurou além de abstrações e chavões.
Dois dias antes, na sexta-feira santa, Mussolini invadira a Albânia,
numa manobra para fortalecer o poderio italiano e prevenir as ameaças
potenciais alemãs aos Balcãs. Pacelli não emitiu uma única
palavra de protesto ou apoio. Seria isto um sinal da mais rigorosa
neutralidade?
Apenas
uma semana depois, numa transmissão da Rádio Vaticano para os
fiéis espanhóis, Pacelli revelou como podia ser faccioso ao
enaltecer Franco. Num discurso para os bispos espanhóis, ele
convocou-os para se unirem numa 'política de promoção da paz', de
acordo com 'os princípios ensinados pela Igreja e proclamados com
tanta nobreza pelo generalíssimo: ou seja, justiça para o crime e
benevolente generosidade para aqueles que foram induzidos ao erro'.
Ele acrescentou, falando como 'um Pai', que tinha pena dos que foram
'desencaminhados por uma propaganda mentirosa e distorcida'. Duas
semanas antes, ele enviara um telegrama de congratulações a Franco
pela 'vitória católica' da Espanha. Fora uma vitória que custara
meio milhão de vidas e ainda custaria muito mais.” pp. 253-54
Vésperas
da Segunda Grande Guerra
“A
Inglaterra e a França avaliaram a sugestão de Pacelli para uma
conferência de paz, durante a primeira semana de maio de 1939.
apesar do sigilo do projeto, informações a respeito começaram a
surgir na imprensa de paris, de Londres e até de um lugar tão
distante quanto a nova Zelândia. Abruptamente, no dia 10 de maio,
Pacelli retirou-se das negociações e o plano foi abandonado . A
secretaria de Estado explicou o afastamento do papa aos núncios com
a alegação de que não havia mais qualquer perigo de guerra.
Segundo o historiador Owen Chadwick, foi Mussolini quem fez naufragar
a ideia de uma conferência de paz, porque não queri encarar a
França – com a qual o Duce tinha desavenças por causa de
disputas territoriais na África do Norte – na presença da
Inglaterra, Alemanha e Polônia. Em vez disso, Mussolini juntou-se a
Ribbentrop na declaração de que as tensões internacionais haviam
sido reduzidas. Em 7 de maio, os dois discutiram as preliminares para
o 'Pacto de Aço', unindo a Itália e Alemanha para um beligerância
conjunta. O acordo foi assinado em Berlim, em 22 de maio.
Ainda
assim, Pacelli não desistiu do apaziguamento. Embora bastante
abalado pelo pacto entre Mussolini e Hitler, em 4 de junho ele
informou a Osborne, o ministro britânico no Vaticano, que estava
disposto a agir sozinho como mediador para superar as divergências
entre a Alemanha e a Polônia.” (pp. 259-60)
“[...]
No verão, os rumores de que Pacelli pressionaria os poloneses a
fazerem concessões à Alemanha eram tão abundantes nos círculos
diplomáticos europeus que Maglione [Luigi M., secretário de Estado
da Santa Sé] sentiu-se compelido a divulgar uma negativa. […]
Maglioni acrescentou que tinha garantias de que a Alemanha não
atacaria a Polônia; sua única base para dizer isto, no entanto, era
o próprio Hitler e o ministro do Exterior de Mussolini, conde Ciano.
E
22 de agosto, já era do conhecimento comum que a Alemanha estava
prestes a assinar seu pacto com a Rússia: a guerra parecia
inevitável. Poderia o papa, no último instante, usar sua influência
e apelar para a razão? Sem dúvida, pensando no valor de propaganda,
Halifax [ Lord H., diplomata britânico] assediou o papa, por meio de
Osborne, a fazer uma pelo pelo rádio, condenando a violência e
recomendando a paz. [...]” (p. 261)
Começa
a Segunda Guerra Mundial
Em
1º de setembro de 1939 as tropas alemãs invadem a Polônia e ocupam
o corredor polonês, a Pomerânia e a Silésia, e logo alcançam a
capital Varsóvia. Em 17 de setembro são as tropas soviéticas que
avançam e ocupam a parte leste.
“A
agonia da Polônia estava apenas começando. No final da guerra, além
da transferência de populações inteiras, fome e repressão, cerca
de seis milhões de pessoas morreriam ou sofreriam lesões físicas.
Ao longo do mês de setembro, enquanto ponderava sobre as notícias
assustadoras que chegavam da Polônia, com sua população de 35
milhões de almas, a maioria de católicos, Pacelli permaneceu em
silêncio. O papa mantinha uma posição de neutralidade na esperança
de poder exercer no futuro alguma influência como um
supernegociador? Sentia-se preocupado com o impacto retaliatório que
um protesto poderia provocar contra as populações católicas da
Alemanha e da Polônia? Para os poloneses, não havia nada pior que
Hitler pudesse lhes infligir. Para os britânicos e franceses , a
falta de uma condenação categórica era desconcertante. O
embaixador polonês no Vaticano sentia-se tão frustrado e tão
determinado a fazer com que a Polônia usasse os serviços da Santa
Fé para anunciar ao mundo o que acontecia em seu país, que
persuadiu seu governo a enviar a Roma o primaz polonês, cardeal
August Hlond. Ele chegou em 21 de setembro e foi recebido
cordialmente por Pacelli. Mesmo assim, o pontífice recusou-se a
falar em defesa da Polônia.” (p. 263)
“[...]
Dois dias depois, Pacelli recebeu um grupo de peregrinos poloneses,
levados pelo cardeal Hlond. Falou com emoção, dizendo que previa a
ressurreição do país, que se ergueria tal como Lázaro, que
ressuscitara dos mortos.
Não
era suficiente. Os peregrinos poloneses esperavam uma veemente
condenação à Alemanha e à Rússia. Ficaram amargurados. Seu
desapontamento ressoou clamoroso por Roma. [...” (p. 264)
Resistências
contra o hitlerismo em expansão
“Foi
então que ocorreu algo extraordinário, no mais profundo sigilo,
revelando que a motivação de Pacelli na maneira equívoca com que
reagiu à agressão nazista na Polônia não era ditada nem por
covardia nem por simpatia a Hitler. Em novembro de 1939, Pacelli
envolveu-se, de uma forma central e perigosa, no que foi
provavelmente a conspiração mais viável para depor Hitler durante
a guerra. “ (p. 266)
Aqui
o autor Cornwell se refere àqueles conspiradores que se celebrizaram
em julho de 1944, com o Complô dos militares contra os líderes
nazistas, com o desfecho da Operação Valquíria. Hans Oster
e o general Ludwig Beck são citados. Os militares antinazistas
solicitavam às potências ocidentais democráticas um apoio durante
uma possível guerra civil quando a Alemanha seria uma nação
vulnerável. Os alemães temiam um desmembramento da nação caso
houvesse uma invasão franco-britânica. Pacelli pretendia agir junto
aos líderes ocidentais no sentido de garantir uma 'paz honrosa'. Já
em final de 1939 alguns envolvidos na conspiração conseguiam
contatos entre agentes britânicos e membros do clero alemão.
As
hesitações de Pacelli – ciente dos perigos de uma ação tão
ousada – se estenderam até início de 1940, quando as tropas
alemãs se preparavam para invadir a Escandinávia, e depois os
Países Baixos (Holanda), Bélgica e França. Enquanto isso, o
embaixador alemão nazista Ribbentrop fez uma visita ao Papa em Roma
(11 de março) mais como uma forma de propaganda (a iludir os
católicos alemães e desanimar o clero polonês). Pacelli precisaria
se ariscar mais para apoiar os conspiradores – e evitar o avanço
alemão para o ocidente europeu. Quando os fascistas italianos
mostraram-se dispostos a entrarem na guerra, o papa tentou deter o
Duce, elogiando sempre as 'iniciativas de paz'. Os fascistas
'linha dura' não hesitaram em reprimir a imprensa independente do
Vaticano. Mussolini, então, ficou do lado dos alemães contra o
papa.
Pacelli
evitava irritar os nazi-fascistas e ao mesmo tempo desagradava os
ocidentais democratas que esperavam condenações explícitas das
brutalidades do Eixo em avanço nos campos de batalha e bombardeio de
cidades. Ao irritar os fascistas, o papa passou a viver como um
prisioneiro no Vaticano – incapaz de uma ação eficaz contra a
guerra. Justo ele que se dizia um mensageiro da paz. A santa Sé
estava sitiada, um território dentro do novo império italiano
sonhado pelos fascistas. O que Pacelli mais temia era um bombardeio
sobre a cidade de Roma – e assim a destruição de um patrimônio
monumental insubstituível da 'Cidade Eterna' . “Para seus
críticos, em outras palavras, ele [papa Pio XII] parecia pôr a
preservação de Roma acima de todas as outras cidades da Europa
enfrentando os horrores da blitzkrieg, deportações, torturas
e até a Solução final. A questão do bombardeios de Roma,
portanto, proporcionou credibilidade às acusações do silêncio
culpado e da inércia de Pacelli em outros problemas durante a
guerra.” (p. 277)
Pacelli
fazia repetidos pedidos para que a 'cidade sagrada' de Roma fosse
declarada 'cidade aberta', e os centros de governo e depósitos de
armamentos dos exércitos fascistas fossem retirados da cidade. O que
não resultou em sucesso. A guerra se prolongava e a qualquer momento
a capital italiana poderia ser bombardeada por britânicos (e depois
norte-americanos).
Nacionalistas
croatas e o clero católico
Quando
as forças alemãs invadiram os Balcãs – para apoiar os fascistas
italianos em seus insucessos – os direitistas-racistas
nacionalistas católicos do grupo croata Ustashe receberam
apoio para a 'independência' da Croácia, iniciando para isso uma
verdadeira campanha de 'limpeza étnica' contra os sérvios, os
ortodoxos, os ciganos e judeus. As atrocidades croatas contra os
sérvios foram estarrecedoras – assim como os crimes genocidas dos
sérvios contra os bósnios e albaneses (entre 1992-1999), que
revelam ódios étnicos ocultados durante o governo socialista de
Tito (Josip Broz, 1892-1980).
“Demoraria
algum tempo para que a Santa Sé soubesse das atrocidades. Mas os
detalhes do massacre dos sérvios e da virtual eliminação dos
judeus e ciganos eram conhecidos desde o início pelo clero e pelo
episcopado católico croata. Na verdade, o clero muitas vezes teve
uma participação destacada.
A
contagem final quase desafia a credibilidade. Pelos cálculos
confiáveis mais recentes, 487.000 sérvios ortodoxos e 27.000
ciganos foram massacrados entre 1941 e 1945 no Estado Independente da
Croácia. Além disso, cerca de 30.000 de uma população de 45.000
judeus foram mortos: de 20.000 a 25.000 nos campos de extermínio do
Ustashe e outros 7.000 deportados para as câmaras de gás. Como foi
possível que, apesar do relacionamento de poder autoritário entre o
papado e a Igreja local – um relacionamento de poder que Pacelli se
empenhara em consolidar - , não houvesse nenhuma tentativa do
Vaticano para impedir as matanças, as conversões forçadas, a
apropriação de bens ortodoxos? Como foi possível, quando as
atrocidades se tornaram do conhecimento de todos no Vaticano, como
vamos demonstrar, que Pacelli não dissociasse no mesmo instante a
Santa Sé das ações do Ustashe, condenando os criminosos?” (pp.
285-86)
Cumplicidade
do clero e do papado com os fascistas, os nazistas, os falangistas
(Espanha), o Ustashe (Croácia) mostra um outro lado da pregação de
'amor ao próximo', esvaziada diante das atrocidades. Crimes de
guerra dos quais foram acusados os bolcheviques (soviéticos) e os
anarquistas, em grande campanha de anti-propaganda do Vaticano. É
inegável que os crimes de esquerdistas foram repulsivos, mas os
crimes dos direitistas e pró-direitistas (os nacionalistas) foram
terríveis , chocantes, mas nunca realmente denunciados e repudiados
pelo Papa que se alegava ser o 'apóstolo da paz'.
fonte:
CORNWELL, John. O Papa de
Hitler – A História
Secreta de Pio XII.
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/ comentários : LdeM
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Invasão
da Albânia
07
abril 1939
o
Pacto de Aço
22
maio 1939
Operação
Valquíria
Atentado
de 20 de julho de 1944
sobre
as barbáries do Ustashe
(e
o envolvimento do clero católico)
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