Batalha
de
Stalingrado
- 1942
Combates
nas ruínas da cidade
fonte:
BEEVOR,
Antony.
Stalingrado.
O
Cerco
Fatal.
Trad.
Alda
Porto.
Record,
2005.
Cap.
9
–A
Cidade
Fatídica
“Os
ataques
russos
nesse
ponto
[setembro
1942]
talvez
tenham
sido
espantosamente
dispendiosos
e
incompetentes,
mas
não
se
podia
ter
a
menor
dúvida
da
ferrenha
determinação
soviética
de
defender
Stalingrado
a
qualquer
custo.
[…]
Desde
a
queda
de
Rostov,
qualquer
meio
de
despertar
a
resistência
tornara-se
permissível.
Uma
imagem
do
Stalinskoe
znamia,
jornal
da
Frente
de
Stalingrado,
mostrava
em
8
de
setembro
uma
moça
assustada
com
os
braços
e
pernas
amarrados.
'E
se
sua
amada
for
amarrada
assim
pelos
fascistas?',
perguntava
a
legenda.
'Primeiro
eles
vão
estuprá-la
insolentemente,
depois
atirá-la
debaixo
de
um
tanque.
Avance,
guerreiro.
Atire
no
inimigo.
O
seu
dever
é
impedir
que
o
violador
estupre
a
sua
namorada.'
Esse
tipo
de
propaganda
– quase
uma
repetição
do
tema
do
poema
'Mate-o!',
de
Konstantin
Simonov
– era
sem
a
menor
dúvida
brutal,
mas
seu
simbolismo
refletia
intimamente
o
clima
da
época.
O
poema
'Odeio',
de
Surkov,
era
igualmente
feroz.
A
violação
alemã
da
Pátria
só
podia
ser
eliminada
com
vingança
de
sangue.
[...]”
(nota
do
autor:
“Não
a
há
a
menor
dúvida
de
que
a
propaganda
de
'violação'
no
final
do
verão
de
1942
contribuiu
significativamente
para
o
estupro
em
massa
cometido
pela
Exército
Vermelho
em
seu
avanço
dentro
de
território
alemão
em
fins
de
1944
e
1945.”
)
(p.
151)
“Na
manhã
seguinte
(12
setembro),
o
general
Chuikov
recebeu
uma
convocação
ao
novo
quartel-general,
em
Iami,
do
conselho
militar
conjunto
para
as
Frentes
de
Stalingrado
e
Sudoeste.
Ele
levou
o
dia
todo
e
parte
da
noite
para
atravessar
o
Volga
e
encontrar
o
local.
O
brilho
dos
prédios
em
chamas
em
Stalingrado
era
tão
forte
que,
mesmo
na
margem
oriental
do
largo
rio,
não
houve
a
menor
necessidade
de
acender
os
faróis
do
seu
jipe
do
Lend-Lease
[armamento
norte-americano
recebido
pelos
soviéticos].
Quando
Chuikov
acabou
encontrando
Ieremenko
e
Kruchov
na
manhã
seguinte,
eles
relataram
a
situação.
Os
alemães
estavam
dispostos
a
tomar
a
cidade
a
qualquer
preço.
Não
poderia
haver
rendição.
Não
havia
nenhum
lugar
para
onde
se
retirar.
Chuikov
fora
proposto
como
o
novo
comandante
de
exército
em
Stalingrado.”
(pp.
153-54)
“Naquele
estágio,
o
62º
Exército
reduzira-se
a
uns
20
mil
homens.
Haviam
restado
menos
de
sessenta
tanques.
Muitos
só
serviam
para
ponto
de
fogo
imóveis.
Chuikov,
contudo,
tinha
cerca
de
700
morteiros
e
canhões,
e
quis
que
toda
a
artilharia
mais
pesada
fosse
retirada
para
a
margem
oriental.
Sua
principal
preocupação
era
reduzir
o
efeito
da
esmagadora
superioridade
aérea
da
Luftwaffe.
Já
percebera
a
relutância
das
tropas
alemãs
em
envolver-se
em
combate
de
muito
perto,
sobretudo
nas
horas
de
escuridão.
Para
extenuá-los,
'era
necessário
fazer
todo
alemão
sentir
que
vivia
sob
a
boca
de
uma
arma
russa'.
(p.
155)
“Embora
os
alemães
fizessem
progressos
na
periferia
ocidental
da
cidade,
capturando
o
pequeno
campo
de
aviação
e
quartéis,
as
tentativas
de
castigar
no
saliente
norte
revelaram-se
malsucedidas.
O
combate
foi
muito
mais
duro
que
o
esperado.
Muitos
compreenderam
em
privado
que
bem
poderiam
vir
a
passar
o
inverno
em
Stalingrado.
(...)
A
notícia
do
avanço
da
71ª
Divisão
de
Infantaria
ao
centro
de
Stalingrado,
logo
ao
norte
do
Tsaritsa,
foi
aclamada
com
arrebatada
exultação
no
quartel-general
do
Führer.
A
mesma
informação
chegou
naquela
noite
ao
Kremlin.
Stalin
discutia
a
possibilidade
de
um
grande
contragolpe
estratégico
em
Stalingrado
com
Jukov
e
Vasilevski,
quando
Poskrebishev,
chefe
do
seu
secretariado,
entrou
para
dizer
que
Ieremenko
estava
ao
telefone.
Após
falar
com
ele,
Stalin
transmitiu
a
notícia
aos
dois
generais.”
(p.
157)
“A
295
ª
Divisão
de
Infantaria
alemã
entrou
combatendo
até
a
encosta
oposta
do
Mamaev
Kurgan,
contudo
a
ameaça
mais
imediata
à
sobrevivência
de
Stalingrado
veio
justamente
pelo
sul.
'As
duas
divisões
[71ª
e
76ª]
conseguiram
avançar',
dizia
um
comunicado
demasiado
otimista,
'com
um
ataque
em
cunha,
chegando
à
estação
central
ao
meio-dia,
e
às
3:15h
da
tarde,
após
a
apreensão
da
usina
hidrelétrica,
chegaram
à
margem
do
Volga!'
Na
verdade,
a
principal
estação
mudou
de
mãos
três
vezes
em
duas
horas
durante
a
manhã
e
foi
retomada
à
tarde
por
um
batalhão
de
fuzileiros
do
NKVD.”
(p.
158)
“(...)
Um
batalhão
do
42º
Regimento
da
Guarda
à
esquerda
juntou-se
às
tropas
do
NKVD
e
juntos
rechaçaram
o
inimigo
até
a
área
em
volta
da
estação
principal.
O
39º
Regimento
da
Guarda
à
direita
atacou
em
direção
a
uma
grande
fábrica
de
tijolos
vermelhos
(conservada
furada
de
balas
como
memorial
até
hoje),
que
desimpediram
num
implacável
corpo-a-corpo
com
o
inimigo.
Quando
chegou
a
segunda
leva,
o
regimento
reforçado
avançou
pelo
trilho
ferroviário
que
percorria
a
base
do
Mamaev
Kurgan.
A
13ª
Divisão
da
Guarda
de
Fuzileiros
sofreu
30
por
cento
de
baixas
nas
primeiras
vinte
e
quatro
horas,
mas
a
margem
do
rio
fora
salva.
Os
poucos
sobreviventes
(apenas
320
homens
dos
10
mil
originais
continuavam
vivos
ao
término
da
batalha
de
Stalingrado)
juraram
que
sua
determinação
'fluía
de
Rodimtsev'.
Seguindo
exemplo
dele,
também
fizeram
a
promessa
– Não
há
lugar
para
nós
do
outro
lado
do
Volga.”
(pp.
162-63)
“A
estação
principal,
após
mudar
de
mãos
quinze
vezes
em
cinco
dias,
terminou
tendo
os
alemães
como
ocupantes
das
ruínas.
Rodimtsev,
de
acordo
com
a
política
de
Chuikov,
ordenou
que
a
linha
da
frente
ficasse
sempre
a
quinze
metros
dos
alemães,
para
dificultar
sua
artilharia
e
a
aviação.
Os
homens
de
sua
divisão
sentiam
um
orgulho
especial
pela
pontaria
certeira.
'Cada
soldado
da
Guarda
disparava
como
um
franco-atirador
com
mira
telescópica'
e
por
isso
'obrigava
os
alemães
a
rastejar,
não
andar.'
Os
soldados
alemães,
com
olhos
injetados
de
exaustão
do
intenso
combate
e
pranteando
mais
camaradas
do
que
jamais
imaginaram,
haviam
perdido
o
estado
de
espírito
triunfalista
de
apenas
uma
semana
antes.
Tudo
parecia
transtornadamente
diferente.
Acharam
o
fogo
de
artilharia
numa
cidade
muito
mais
assustador.
A
própria
explosão
de
granadas
não
era
o
único
perigo.
Sempre
que
um
prédio
alto
era
atingido,
estilhaços
de
granada
e
caliça
caíam
em
abundância
de
cima.
O
Landser
[infantaria
alemã]
já
começara
a
perder
a
noção
de
tempo
naquele
mundo
alienígena,
com
sua
paisagem
destruída
de
ruínas
e
escombros,
mesmo
a
luz
do
meio-dia
tinha
um
tom
estranho,
fantasmagórico,
desprendido
da
constante
cerração
de
poeira.”
(p.
169)
“Uma
renovada
tentativa
dos
três
exércitos
soviéticos
na
frente
norte
para
atacar
o
flanco
esquerdo
do
Sexto
Exército
malogrou
em
18
de
setembro.
O
rápido
deslocamento
das
tropas
de
esquadrões
da
Luftwaffe
contra
a
ameaça,
combinado
com
contra-ataques
do
XIV
Corpo
de
panzers,
acabou
sendo
muito
mais
eficaz
na
estepe
descampada.
Uma
segunda
tentativa
fracassou
no
dia
seguinte.
Os
três
exércitos
conseguiram
apenas,
a
grande
custo,
poupar
o
62º
Exército
de
ataque
da
Luftwaffe
por
menos
de
dois
dias”
(pp.
170-71)
Nas
ruínas
da
cidade a
Blitzkrieg
torna-se
Rattenkrieg
“Para
os
exércitos
alemão,
romeno
e
russo
no
flanco
sul,
a
batalha
na
estepe
era
em
essência
igual
à
Primeira
Guerra
Mundial,
apenas
com
armas
melhores
e
o
ocasional
aparecimento
de
aviões
modernos.
Para
as
formações
blindadas
nos
dois
flancos,
as
planícies
estorricadas
pelo
sol,
sobre
as
quais
eles
haviam
atacado
como
navios
de
guerra
a
pleno
vapor
poucas
semanas
antes,
agora
lhes
pareciam
profundamente
deprimentes.
A
ausência
de
árvores
e
montanhas
fazia
os
alemães
e
austríacos
sentirem
saudades
de
casa.
As
chuvas
da
rasputitsa
originavam
condições
miseráveis.
[…]
Os
combates
na
própria
Stalingrado
não
poderia
ter
sido
mais
diferente.
Representava
uma
nova
forma
de
guerra,
concentrada
nas
ruínas
da
vida
civil.
Os
detritos
de
guerra
– tanques
destruídos
pelo
fogo,
cápsulas
de
granadas,
instalações
elétricas
de
telégrafo
e
sinalização
e
caixas
de
granadas
– misturavam-se
com
os
destroços
de
casas
de
família
– camas
de
ferro,
abajures
e
utensílios
domésticos.
[…]
Os
soldados
da
infantaria
alemã
detestavam
lutar
de
casa
em
casa.
Consideravam
esse
combate
a
tão
próxima
distância
uns
dos
outros,
que
violava
os
limites
e
as
dimensões
militares
convencionais,
desorientador
em
termos
psicológicos.
Durante
a
última
fase
das
batalhas
de
setembro,
os
dois
lados
haviam-se
engalfinhado
para
ocupar
uma
grande
depósito
na
margem
do
Volga,
perto
da
boca
do
Tsaritsa,
que
tinha
quatro
andares
voltados
para
o
rio
e
três
para
a
costa.
[…]
Os
generais
alemães
parecem
não
ter
imaginado
o
que
aguardava
suas
divisões
na
cidade
em
ruínas.
Perderam
as
grandes
vantagens
da
Blitzkrieg
[guerra
relâmpago]
e
foram
em
muitos
aspectos
lançados
de
volta
ás
técnicas
da
Primeira
Guerra
Mundial,
embora
seus
teóricos
militares
houvessem
afirmado
que
a
guerra
de
trincheira
fora
'uma
aberração
da
arte
marcial'.
O
Sexto
Exército
[comandado
por
Von
Paulus],
por
exemplo,
viu-se
tendo
de
reagir
às
táticas
soviéticas
reinventando
'ataques
em
cunha',
introduzidos
em
janeiro
de
1918:
grupos
de
tropas
de
assalto
de
dez
homens
armados
com
uma
metralhadora,
morteiros
leves
e
lança-chamas
para
desobstruir
casamatas,
porões
e
esgotos.
À
sua
maneira,
o
combate
em
Stalingrado
foi
ainda
mais
apavorante
do
que
o
massacre
impessoal
em
Verdun.
O
combate
à
queima-roupa
nos
prédios
em
ruínas,
casamatas,
porões
e
esgotos
foi
logo
apelidado
de
'Rattenkrieg'
[guerra
dos
ratos]
pelos
soldados
alemães.
Proporcionava
uma
intimidade
selvagem,
estarrecedora
para
seus
generais,
que
sentiam
estar
perdendo
rapidamente
o
controle
dos
acontecimentos.
[...]”
(pp.
175-77)
fonte:
BEEVOR,
Antony.
Stalingrado.
O
Cerco
Fatal.
Trad.
Alda
Porto.
Record,
2005.
seleção
/
notas
by
LdeM
more
info
A
Batalha
de
Verdun
(França,
fevereiro
– dezembro
/
1916)
Oficiais
soviéticos:
Chuikov
/
Ieremenko
/
Kruchov
/
Rodimtsev
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de
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soviética
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a
Batalha
de
Stalingrado
na
Cultura
poesia
filmes
Stalingrad
/
1993
Enemy
at
the
Gates
/
2001
fotos
de
Volgograd
atual
monumento
em
Mamaev
Kurgan
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