Estados Unidos 1942-43
A
Vida
na
Frente
Interna
“A
II
guerra
Mundial
malbaratou
vidas
e
riquezas
humanas
numa
escala
prodigiosa.
Os
custos
da
guerra
para
os
Estados
Unidos
não
foram
grandes
em
comparação
com
os
de
países
que
sofreram
a
luta
em
seu
próprio
solo,
mas
foram
terríveis
por
qualquer
outro
padrão.
Cerca de 322.000 americanos foram mortos, 800.000 feridos ou
desaparecidos em combate; 288 bilhões de dólares tinham sido
gastos na guerra até 1945 e os custos finais foram calculados pelo
Governo em 644 bilhões. Um incalculável tesouro em recursos –
metais escassos, petróleo, carvão, produtos químicos, reservas
florestais, fertilidade do solo – fora espalhado de uma ponta à
outra da Europa ou jazia disperso no fundo dos mares. Em virtude
desses custos e de um futuro incerto em que a derrota militar era uma
clara possibilidade, o estado de espírito americano durante a guerra
incluía elementos de angústia e melancolia que lembravam 1932. os
americanos pretendiam ganhar a guerra, mas não alimentavam as
esperanças utópicas, a exaltação e a confiança jactanciosa de
1917-1918. embora o perigo de ataque inimigo ao continente americano
diminuísse, depois dos alarmas costeiros do começo de 1942, muito
do que teve de ser suportado na frente interna era deveras
desagradável. O racionamento começou em 1942, quando o açúcar,
depois o café, depois a carne, os enlatados e os sapatos se
converteram em artigos de luxo. Borracha e gasolina foram racionadas
em 1943, obrigando as pessoas a abandonar uma de suas principais
fontes de prazer e diversão: o passeio de automóvel à noite ou aos
domingos. Com 12 milhões de homens afastados de seus lares pelo
serviço nas Forças Armadas, casais jovens foram separados e noivos
tiveram de adiar o casamento. A guerra desintegrou a vida familiar,
não só através de mortos e prolongadas separações para serviço
no ultramar, mas também por ter atraído as mães para a força de
trabalho, muitas vezes nos congestionados e estranhos ambientes dos
novos centros da indústria bélica, com Mobile, Norfolk, San Diego e
Detroit. Era corrente ver crianças em idade pré-escolar
perambulando ociosas durante horas, muitas vezes metidas em cinemas,
enquanto as mães trabalhavam. A delinquência juvenil iniciou seu
constante recrudescimento a partir dos anos da guerra. […]
O
estado de ânimo angustiado e taciturno apropriado a uma época de
perigo e sacrifício era compensado por um novo dinamismo, na medida
em que todas as energias da nação, sufocadas desde 1929 pelas
misteriosas forças da Depressão, foram mobilizadas num grande
esforço nacional. De súbito havia empregos de novo, empregos não
apenas para os jovens , mas oportunidades para as pessoas mais
velhas, os negros, as mulheres, os cegos e até ex-presidiários
ganharem dinheiro. Sete milhões de desempregados, assim como quase
quatro milhões de jovens que nunca tinham trabalhado; encontraram
emprego na indústria da guerra. A palavra de oportunidade econômica
percorria o país, atingindo a mais remotas áreas rurais e
montanhosas. As pessoas puseram-se em marcha, 27 milhões em quatro
anos, apanhando trens e ônibus em busca de trabalho permanente.
Trinta e cinco Estados perderam população durante a guerra, ao
passo que treze conheceram um crescimento populacional desordenado e
tumultuoso. […]
Assim,
a guerra trouxe emprego para gente que procurava desesperadamente
uma oportunidade de trabalho e, na realidade, produziu um padrão de
vida mais alto do que na década de 1930, apesar do desvio de
recursos para fins militares. Economicamente, a América era um lugar
próspero e dinâmico nos anos seguintes a Pearl
Harbor e,
embora o florescente quadro apresentado por empregos e lucros não
pudesse superar inteiramente a melancolia causada pelas listas de
baixas e o perigo nacional iminente, o certo é que projetou na
voragem da cultura de guerra uma certa influência otimista e
eufórica. […] Era um tempo sério para os Estados Unidos e um
tempo de horizontes e prazeres em expansão. Apesar da sombria
presença do perigo militar, os anos de guerra são talvez recordados
mais agradavelmente pelo povo americano do que os anos de vacas
magras da Depressão.”
pp.
461-63
fonte:
GRAHAM
Jr,
Ottis
L.
Anos
de
Crise.
In:
O
Século
Inacabado.
The
Unfinished
Century.
America
since
1900,
1976.
...
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