segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A Vida na Frente Interna - EUA 1942-43



Estados Unidos 1942-43


A Vida na Frente Interna


A II guerra Mundial malbaratou vidas e riquezas humanas numa escala prodigiosa. Os custos da guerra para os Estados Unidos não foram grandes em comparação com os de países que sofreram a luta em seu próprio solo, mas foram terríveis por qualquer outro padrão. Cerca de 322.000 americanos foram mortos, 800.000 feridos ou desaparecidos em combate; 288 bilhões de dólares tinham sido gastos na guerra até 1945 e os custos finais foram calculados pelo Governo em 644 bilhões. Um incalculável tesouro em recursos – metais escassos, petróleo, carvão, produtos químicos, reservas florestais, fertilidade do solo – fora espalhado de uma ponta à outra da Europa ou jazia disperso no fundo dos mares. Em virtude desses custos e de um futuro incerto em que a derrota militar era uma clara possibilidade, o estado de espírito americano durante a guerra incluía elementos de angústia e melancolia que lembravam 1932. os americanos pretendiam ganhar a guerra, mas não alimentavam as esperanças utópicas, a exaltação e a confiança jactanciosa de 1917-1918. embora o perigo de ataque inimigo ao continente americano diminuísse, depois dos alarmas costeiros do começo de 1942, muito do que teve de ser suportado na frente interna era deveras desagradável. O racionamento começou em 1942, quando o açúcar, depois o café, depois a carne, os enlatados e os sapatos se converteram em artigos de luxo. Borracha e gasolina foram racionadas em 1943, obrigando as pessoas a abandonar uma de suas principais fontes de prazer e diversão: o passeio de automóvel à noite ou aos domingos. Com 12 milhões de homens afastados de seus lares pelo serviço nas Forças Armadas, casais jovens foram separados e noivos tiveram de adiar o casamento. A guerra desintegrou a vida familiar, não só através de mortos e prolongadas separações para serviço no ultramar, mas também por ter atraído as mães para a força de trabalho, muitas vezes nos congestionados e estranhos ambientes dos novos centros da indústria bélica, com Mobile, Norfolk, San Diego e Detroit. Era corrente ver crianças em idade pré-escolar perambulando ociosas durante horas, muitas vezes metidas em cinemas, enquanto as mães trabalhavam. A delinquência juvenil iniciou seu constante recrudescimento a partir dos anos da guerra. […]

O estado de ânimo angustiado e taciturno apropriado a uma época de perigo e sacrifício era compensado por um novo dinamismo, na medida em que todas as energias da nação, sufocadas desde 1929 pelas misteriosas forças da Depressão, foram mobilizadas num grande esforço nacional. De súbito havia empregos de novo, empregos não apenas para os jovens , mas oportunidades para as pessoas mais velhas, os negros, as mulheres, os cegos e até ex-presidiários ganharem dinheiro. Sete milhões de desempregados, assim como quase quatro milhões de jovens que nunca tinham trabalhado; encontraram emprego na indústria da guerra. A palavra de oportunidade econômica percorria o país, atingindo a mais remotas áreas rurais e montanhosas. As pessoas puseram-se em marcha, 27 milhões em quatro anos, apanhando trens e ônibus em busca de trabalho permanente. Trinta e cinco Estados perderam população durante a guerra, ao passo que treze conheceram um crescimento populacional desordenado e tumultuoso. […]

Assim, a guerra trouxe emprego para gente que procurava desesperadamente uma oportunidade de trabalho e, na realidade, produziu um padrão de vida mais alto do que na década de 1930, apesar do desvio de recursos para fins militares. Economicamente, a América era um lugar próspero e dinâmico nos anos seguintes a Pearl Harbor e, embora o florescente quadro apresentado por empregos e lucros não pudesse superar inteiramente a melancolia causada pelas listas de baixas e o perigo nacional iminente, o certo é que projetou na voragem da cultura de guerra uma certa influência otimista e eufórica. […] Era um tempo sério para os Estados Unidos e um tempo de horizontes e prazeres em expansão. Apesar da sombria presença do perigo militar, os anos de guerra são talvez recordados mais agradavelmente pelo povo americano do que os anos de vacas magras da Depressão.”

pp. 461-63


fonte: GRAHAM Jr, Ottis L. Anos de Crise. In: O Século Inacabado. The Unfinished Century. America since 1900, 1976.


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