A
Queda de Tobruk
Norte
da África, junho 1942
“Em
15 de junho [de 1942], o grande ambição de Rommel era capturar
Tobruk. Acontece que os britânicos hesitaram em lutar por ela, já
que suas defesas careciam do poderio de um ano atrás: o oficial do
Estado-Maior que pediu os planos do campo minado verificou que ele
estava terrivelmente ultrapassado, porque muitas minas haviam sido
retiradas para fortificar a Linha de Gazala. Não obstante, uma
guarnição predominantemente de infantaria, formada de
sul-africanos, indianos e britânicos, sem artilharia e com apenas
dois fracos batalhões de tanques, foi disposta para barrar as
pretensões de Rommel.
Embora
algumas
fortes
'guaritas'
britânicas
no
deserto,
apoiadas
por
blindados,
lhe
impedissem
a
aproximação
do
alvo
de
sua
arremetida,
ele
não
hesitou.
Sobretudo
no
moral,
o
AK
[Afrika
Korps]
e
os
italianos
lutaram
como
um
exército
invencível
ante
o
qual
os
britânicos
recuaram
em
confusão
para
o
Egito.
Varrendo
em
torno
do
perímetro
da
cidade
e
empurrando
tudo
à
sua
frente
(com
outras
perdas
importantes
de
tanques
dos
britânicos),
o
AK
completou
o
cerco
de
Tobruk
no
dia
18
e
a
90ª
Ligeira
ocupou
Bardia
no
dia
seguinte
– colocando
largo
território
deserto
entre
as
colunas
britânicas
mais
avançadas
e
o
porto
isolado.
Retirando
do
arquivo
os
planos
de
assalto
anteriores
à
'Operação
Cruzado',
o
Estado-Maior
do
Q-G
do
Panzerarmee
só
tinha
de
atualizá-los
– tarefa
facilitada
pelo
fato
de
ser
apanhada
no
setor
a
munição
acumulada
para
a
operação
de
novembro.
Rommel
deu
ordens
para
atacar
quando
o
anel
se
fechou
em
torno
de
Tobruk:
os
britânicos
não
receberiam
nem
aviso
nem
trégua.
Na
verdade,
a
rapidez
era
a
essência
do
plano;
não
haveria
movimento
para
as
áreas
de
reunião
antes
da
tarde
anterior
ao
ataque
e,
assim,
o
reconhecimento
e
os
preparativos
da
artilharia
foram
reduzidos
a
uma
fração
do
volume
normalmente
esperado
para
uma
operação
tão
importante.
Tendo
em
mente
que,
segundo
os
planos
originais,
a
captura
de
Tobruk
terminaria
a
'Operação
Teseu',
o
cuidado
que
Rommel
dispensou
aos
seus
blindados
nesse
momento
trai
a
intenção
estudada
de
continuar
as
operações
móveis
para
leste,
após
a
queda
de
Tobruk.
Resistindo
a
todas
as
sugestões
feitas
para
usar
blindados
na
limpeza
das
'guaritas'
britânicas
isoladas
entre
Tobruk
e
o
Egito,
e
insistindo
em
abrir
o
assalto
ao
perímetro
com
infantaria
e
engenharia,
apoiadas
por
bombardeio
intenso
– na
maior
parte
pela
Luftwaffe
– Rommel
conservou
seus
tanques
para
futuras
contingências.
[…]
Nenhuma
operação
de
guerra
sai
totalmente
de
acordo
com
os
planos,
mas
a
manutenção
do
impulso
dentro
de
uma
estrutura
de
tempo
planejada
pode
ser
imensamente
encorajadora
– e
o
AK
experimentou
isto
desde
o
início.
Formando-se
desimpedida
à
noite,
a
infantaria
avançou
lentamente
antes
que
a
Luftwaffe
fustigasse
as
posições
britânicas
fronteiras
próximo
do
amanhecer.
Menos
de
duas
horas
depois
– às
07:00h
– os
engenheiros
alemães
haviam
começado
a
encher
a
vala
enquanto
a
infantaria,
protegida
por
cortinas
de
fumaça,
se
infiltrava,
passando
de
trincheira
em
trincheira
e
limpando
o
terreno
no
caminho.
Quando
os
primeiros
tanques
da
15ª
Panzer
cruzaram
a
vala,
às
080
h,
eram
já
visíveis
os
sinais
de
vitória,
pois
a
resposta
britânica
não
tinha
nada
da
controlada
violência
do
ano
anterior
e
seu
fogo
de
artilharia
começou
a
cair
atrasado
e
longe
dos
alvos
– uma
deficiência
crítica
na
defesa.
Bastante
encorajado,
o
avanço
começou
a
engrossar,
na
vanguarda
o
General
Nehring,
parando
apenas
momentaneamente,
quando
baterias
inimigas
isoladas
entravam
em
ação
ou
quando
esquadrões
isolados
de
tanques
faziam
sua
contribuição.
Por
volta
das
14:00
h,
o
AK
dominava
a
Serra
de
Pilastrino,
de
onde
podia
bombardear
a
baía;
agora,
como
a
última
força
blindada
britânica
fora
destruída,
a
guarnição
estática
estava
à
mercê
de
um
inimigo
eminentemente
móvel.
Praticamente
não escapou nenhum defensor, pois o colapso fora tão rápido que
não houve tempo para planejar a fuga: as últimas tropas britânicas
depuseram armas n manhã de 22, embora a maioria o tivesse feito na
noite de 21. um italiano registrou o seguinte: 'Tudo aconteceu
depressa; fortificações, baía e cidade, tudo recapturado no espaço
de poucas horas. A grande massa de alvenaria e metal retorcido ainda
estava quente e palpitante, como um corpo imenso recém-morto...
Mas
o caos não impediu os alemães de colocar guardas nos armazéns …
havia pilhas de cerveja em lata, cabanas estourando com farinha
branca, cigarros, fumo e geleias; galões de uísque; quantidade
inestimável de toda sorte de comida em lata; e toneladas de roupa
cáqui...'
Mais
importantes
ainda,
como
o
Estado-Maior
de
Rommel
logo
descobriu,
eram
os
estoques
consideráveis
de
água
e,
sobretudo,
de
veículos
e
gasolina
que
haviam
escapado
à
destruição.
À
disposição
de
Rommel
estavam
os
elementos
para
o
passo
seguinte
– pois,
naturalmente,
antes
de
soarem
os
últimos
tiros
em
Tobruk,
Rommel
já
trabalhava
intensamente
para
convencer
o
Eixo
a
mudar
dua
estratégia.
Carregado
de
congratulações
e
de
propostas
para
redesenvolver
a
'Operação
Hércules'
[o
ataque
da
Ilha
de
Malta],
Kesselring
chegou
ao
QG
do
Panzerarmee
na
noite
de
21,
sendo
recebido
por
um
Rommel
vibrante,
que
insistia
em
não
se
desperdiçar
os
frutos
da
vitória
– não
haveria
tempo
a
perder
para
capturar
Malta,
se
uma
invasão
do
Egito
chegasse
ao
Canal
de
Suez
antes
que
os
britânicos
se
recuperassem.
Friamente,
Kesselring
observou
que,
sem
forte
apoio
aéreo,
um
avanço
como
este
falharia
– e
o
apoio
aéreo
fora
destinado
a
Malta
– que,
incidentalmente,
na
ausência
da
Luftwaffe,
empenhada
em
batalhas
terrestres,
estava
recomeçando
a
agir
ofensivamente
contra
as
rotas
marítimas.
Von
Mellenthin
diz:
'…
as
discussões
tornaram-se
por
demais
acaloradas'.
Os
dois
comandantes
não
chegaram
a
um
acordo
e
Rommel
despachou
um
oficial
de
ligação
pessoal
para
apresentar
seus
pontos
de
vista
a
Hitler
e
enviou
um
comunicado,
no
mesmo
sentido,
a
Mussolini.
No
dia
seguinte,
Rommel
soube
que
Hitler
o
promovera
a
Feldmarechal
[ou
Marechal-de-Campo],
e
celebrou
isto
mandando
o
AK
[Afrika
Korps]
para
a
fronteira
egípcia,
supondo
que
Hitler
daria
permissão
retroativa.
E
julgou
bem,
pois
Hilter
sempre
fora
indiferente
à
'Operação
Hércules',
temendo
que
a
força
de
assalto
italiana
fracasse
e
exigisse
mais
um
salvamento
pelo
Eixo,
pouco
depois
da
grande
ofensiva
desencadeada
contra
a
Rússia,
no
Cáucaso.
A
23
de
junho,
Rommel
penetrou
no
Egito,
com
a
permissão
dos
dois
ditadores,
que
também
decidiram
adiar
a
'Operação
Hércules'
até
setembro.
Isto
não
era
nenhum
Rubicão
– teoricamente,
ele
poderia
recuar
se
a
oposição
aumentasse.
À
frente,
uma
aturdida
força
britânica
entrincheirou-se
em
Mersa
Matruh,
onde
havia
estado
no
começo
da
Guerra
do
Deserto,
pois
seu
Comandante-Chefe
[Auchinleck]
não
acreditava
que
Rommel
tivesse
meios
para
chegar
ao
Cairo,
e
comentou:
'Não
há
nenhuma
posição
natural,
a
leste
de
Halfaya,
que
o
inimigo
possa
defender
com
êxito
contra
forças
superiores'.
Estaria
ele
mais
uma
vez
errado,
como
o
AK
demonstrara
com
tanta
frequência?”
pp.
83-85
fonte:
MACKSEY,
Kenneth.
Afrika
Korps
– Rommel
no
deserto.
Renes,
1974.
...
“Em
20 de junho de 1942, as tropas alemãs iniciaram o ataque decisivo ao
porto líbio de Tobruk, cuja importância era estratégica para o
avanço do Afrikakorps de Hitler. A batalha foi o ponto alto da
carreira de Rommel.
Às
5h20
da
manhã
de
20
de
junho
de
1942,
o
Afrikakorps
alemão
atacou
a
cidade
portuária
de
Tobruk,
na
Líbia.
Sob
o
comando
do
general
Erwin
Rommel,
uma
infantaria
e
duas
divisões
de
tanques,
apoiadas
pela
Força
Aérea
e
pelo
20º
Exército
italiano,
abriram
fogo.
Por
volta das 9 horas, os agressores atingiram o cruzamento da Via Balbia
com a estrada para El Adem, chamada King's Cross pelos ingleses. A
contraofensiva da 32ª brigada de tanques britânicos chegou tarde
demais. Com a tomada do King's Cross, às 13h30, a queda de Tobruk
estava praticamente selada.
A
resistência ainda continuou até o dia seguinte. Vinte e quatro
horas depois do primeiro tiro, os alemães chegaram ao porto. Um
correspondente de guerra narrou assim os acontecimentos: "São
5h10 da manhã. Começou o segundo dia da batalha por Tobruk e, a
verdade, ele prenuncia o fim da operação. A noite passada foi
iluminada pelos lança-chamas. Agora, aqui no porto de Tobruk,
ergue-se uma enorme coluna de fumaça, uma parede que se estende de
Leste a Oeste. A nuvem de fumaça sobe de um depósito de petróleo,
incendiado por soldados em fuga. Ela paira como um sinal de
infortúnio sobre a fortaleza".
…
Em
21
de
junho
de
1942,
o
premier
Churchill
estava
em
conversações
com
o
presidente
Roosevelt,
e
ficou
perplexo
com
a
Queda
de
Tobruk,
segundo
mostra
R.
Lewin,
em
“Churchill
– O
Lorde
da
Guerra”,
pp.
174-75,
“Entretanto,
21 de junho também foi o dia em que, sentado no seu estúdio,
Roosevelt entregou a Churchill a notícia sobre a queda de Tobruk. A
reação foi sintetizada de forma lapidar pelo Ministro da Guerra dos
Estados Unidos, Stimson, ao escrever que o golpe 'desviou a atenção
da reunião de Washington, da grande estratégia para o trabalho de
consertos imediatos'. Sem hesitar, Roosevelt formulou o pedido
memorável: desejava saber em que podia ser útil; Churchill
solicitou os carros de combate Sherman. Quando o dia chegou ao fim
Marshall comparecera a três reuniões, no mínimo, na Casa Branca e
trouxe o oferecimento de enviar para o Oriente Médio uma divisão
blindada totalmente equipada, embora isto implicasse em recolher
carros de combate de unidades que haviam acabado de recebê-los. 'É
um coisa horrível tirar a arma da mão de um soldado', disse ele a
Churchill, 'mas se a necessidade dos ingleses é tão grande assim,
ele receberão as armas'. [Aliás foi aí que se deu o aparecimento
de Patton no cenário anglo-americano, pois foi a ele que Marshall
deu a ordem para deixar a 2ª Divisão Blindada em condições de
embarcar para o Egito, acrescentando que não queria ouvir nenhuma
referência a corpo de exército. Na manhã seguinte Patton sugeriu,
jovialmente, que poderia ser enviada uma segunda divisão. Marshall
despachou Patton imediatamente para a Califórnia, onde ele refletiu
e chegou à conclusão que uma única divisão resolveria o problema.
Com isto, foi chamado de volta a Washington; Marshall costumava dizer
'que esta era a forma de lidar com Patton'.]
Enquanto
isto,
um
reexame
do
assunto
revelou
que
o
8º
Exército
seria
melhor
servido
com
material,
dispensando-se
a
remessa
de
pessoal.
Diante
disto,
Marshall
ofereceu-se
para
enviar
um
comboio
urgente
com
300
carros
de
combate
e
100
canhões
autopropulsados
de
105
mm.
A
chegada
deste
material
em
setembro
constituiu
um
fator
preponderante
em
Alamein.
Os
autores
ingleses
ainda
não
prestaram
o
tributo
devido
a
esta
transferência
de
material.
Tratou-se
de
um
gesto
extraordinário
não
só
da
parte
de
Roosevelt,
indivíduo
espontâneo
e
de
bom
coração,
como
da
parte
de
Marshall,
um
homem
frio
e
calculista.
Sim,
os
americanos
estavam
praticando
um
gesto
extraordinário
ao
fornecer
uma
tal
quantidade
de
equipamento,
numa
época
em
que
o
Exército
dos
Estados
Unidos
ainda
se
achava
em
situação
precária
e
quando,
segundo
uma
ótica
bastante
objetiva,
a
escassez
de
material
no
Pacífico
poderia
exigir
que
para
ali
fosse
a
prioridade
na
distribuição
dos
recursos
disponíveis.
Em
outro
sentido,
tratou-se
de
um
feito
extraordinário
da
parte
de
Churchill.
O
fato
de
obter
este
auxílio
com
tanta
rapidez,
exatamente
no
dia
em
que
ele
conseguira
destruir,
habilmente,
a
ambição
mais
acalentada
pelo
Ministério
da
Guerra
dos
Estados
Unidos
[aqui
trata-se
da
operação
Sledgehammer
em
1942],
constitui
um
episódio
sem
precedentes
na
história
das
alianças
militares.
Era
uma
manifestação
da
confiança
que
ele
inspirava
como
parceiro,
já
agora
consolidada
durante
alguns
meses,
e
que
sobrepujava
todos
os
sentimentos
a
cerca
de
sua
influência
maligna
ou
os
rumores
sub-reptícios
sobre
a
perfídia
de
Albion.
O
que
não
quer
dizer
que
tais
sentimentos
hajam
sido
anulados.
[...]”
pp.
174-75
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