terça-feira, 5 de junho de 2012

Batalha de Midway - junho 1942



Batalha de Midway

junho 1942


As modernas batalhas navais se tornaram confrontos com navios à enormes distâncias. Navios que se bombardeiam ou sofrem bombardeio de aviões de bases próximas ou de navios-aérodromos (os porta-aviões). Assim foi na Batalha do Mar de Corais – maio de 1942 – com as esquadras distantes centenas de quilômetros uma da outra, vitimadas por aviões torpedeiros ou caças de mergulho.

Navios são atingidos, mas também dezenas de aviões de cada lado. Os inimigos procuram causar o maior grau de dano ao outro, sem ser igualmente atingido. Quem tem mais aviões já tem vantagem. Não é o tamanho da esquadra que importa, mas a autonomia de voo dos aviões, e quanto mais aviões maior a vantagem.

A Batalha de Midway mostra o quanto os porta-aviões mudaram a dinâmica das batalhas navais. A concentração de navios pode ser um erro ao atrair um número de aviões inimigos capazes de abater toda uma esquadra. O modus operandis estratégico está em manter o outro o mais distante e ao mesmo tempo disponibilizar o maior número de aviões.


Cinco Minutos em Midway


Apesar da interrupção do combate no mar de Corais, os japoneses mantêm a iniciativa. Yamamoto decide concentrar sua frota no atol de Midway, 1.600 km a oeste de Pearl Harboruma cabeça-de-ponte ideal para uma ofensiva contra as costas americanas do Pacífico -, e confundir os planos dos americanos com um ataque aleatório às ilhas Aleutas. A maior concentração de navios de guerra jamais vista no Pacífico está dividida em três distintas unidades de combate. Na primeira linha os porta-aviões, seguidos a 300 milhas pelos couraçados e, por último, pelo conjunto dos navios de transporte que teria realizado a manobra sobre as Aleutas.

Nessa ocasião também a decifração das mensagens japonesas oferecerá aos americanos uma vantagem decisiva. Conhecendo os planos adversários, o almirante Chester W. Nimitzcomandante-em-chefe da frota do Pacíficonão cai na armadilha preparada por Yamamoto e envia as Task Forces 16 e 17 para Midway. Em 4 de junho começa a mais memorável batalha aeronaval do conflito, que dura três dias. A superioridade nipônica (11 couraçados, oito porta-aviões, 22 cruzadores, 65 destroieres e 21 submarinos contra somente três porta-aviões, oito cruzadores e 17 destroieres americanos) é, contudo, pulverizada pela eficácia dos sistemas americanos de reconhecimento aéreo.

A esquadra americana se distribuipor ordem de Nimitzmuito maus a norte de Midway, de modo a ficar fora do raio de ação dos aviões de reconhecimento japoneses. Antes mesmo de iniciar a batalha, o fator surpresa com que contam os japoneses para o bombardeio aéreo da base americana de Midway desapareceu.

Os cálculos de Yamamoto se revelam errados: os americanos não dispersam sua frota, e o potencial bélico aquartelado no aeroporto de Midway será muito superior ao que previa o almirantado japonês. No decorrer de uma batalha em que os japoneses não dispõem do radar, e na qual foi imposto o mais absoluto silêncio do rádio a toda a frota, os potentes couraçados nipônicosa bordo de um dos quais está o próprio Yamamotonunca entrarão em ação. Apesar de todas as expectativas, são os porta-aviões sob comando do vice-almirante Chuiki Nagumo que sofrem um ataque de surpresa pelos aerotorpedeiros americanos. Em apenas cinco minutosentre 10h25 e 10h30 do dia 4 de junho de 1942a sorte do conflito no Pacífico é irremediavelmente invertida em favor dos Estados Unidos.

Após a conclusão de uma batalha de três dias, os americanos não se dão conta de quão esmagadora foi sua vitória. Os japoneses perdem 3.500 homens (entre os quais muitos exímios pilotos), quatro porta-aviões (Akagi, Kaga, Soryu e Hiryu), um cruzador e 332 aviões; os americanos, cerca de 300 homens, um porta-aviões (Yorktown), um destroier e 150 aviões. Os erros táticos cometidos pelos comandos japoneses são também consequência da excessiva confiança em sua capacidade militar. Sobre o desastre de Midway é mantido no Japão o mais absoluto sigilo. Aos sobreviventes que voltaram pra casa é proibido qualquer contato com as famílias. O xeque-mate japonês em Midway indica a mais repentina e dramática inversão de forças no conflito mundial e apaga com um único golpe o sonho australiano do Japão, que em setembro deverá abandonar a Nova Guiné.

Seis meses após Pearl Harbor termina a sensacional sequência de vitórias navais e terrestres nipônicas. Doravante a Marinha imperial perderá toda capacidade de iniciativa no Pacífico e a guerra naval será marcada pela sucessão de ataques americanos e das encarniçadas operações de contenção com que Tóquio procurará deter o inexorável avanço da máquina industrial e militar dos Estados Unidos.pp. 170-171; 173


fonte: FIORANI, Flavio. História Ilustrada da II Guerra Mundial. Volume 2. Larousse, 2009 . trad. Ciro Mioranza



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