quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Afrika Korps - conflito no norte da África - 1941





Afrika Korps


Conflito no Norte da África


Outubro / Novembro 1941


fonte: LEWIN, Ronald. Churchill – O Lorde da Guerra.
(trad. Cel. Álvaro Galvão) RJ : Biblioteca do Exército, 1979.

            Enquanto o líder alemão Hitler se preocupa com as batalhas nas estepes da Rússia, o líder britânico Churchill está atento aos movimentos de avanço e recuo nas areias escaldantes do norte da África, onde os exércitos aliados (britânicos, australianos, franceses livres, poloneses, etc) enfrentavam as forças do Eixo – italianos e alemães, tendo o Afrika Korps de Rommel na vanguarda,


“Wavell enganou-se totalmente a respeito da potencialidade de Rommel. O mesmo ocorreu com Hitler. Em face dos dados disponíveis e levando em conta as dificuldades logísticas, Wavell estimou que, na África, o Eixo não tinha nem o poder, nem a capacidade para desencadear e manter uma progressão para leste. 'Não acho', escreveu, 'que ele tentará reconquistar Bengazi com o efetivo de que dispõe'. Nem era esta a intenção do Fueher. Foi Rommel quem percebeu a fraqueza da Força do Deserto Ocidental e foi a habilidade imprevisível de Rommel para manobrar no deserto que, já por volta de 11 de abril, empurrou os ingleses de volta para a fronteira do Egito e cercou uma pequena guarnição em Tobruk. Rommel foi franco ao se referir ao que estava fazendo. 'Os nossos superiores em Tripoli, Roma e talvez Berlim vão ficar aflitos', escreveu no dia 3 de abril. 'Arrisquei, contrariando todas as ordens e instruções, porque a oportunidade parecia favorável...'

Todavia, entre o princípio de abril e meados de junho, quando a situação no deserto estabilizou-se temporariamente, depois do fracasso da operação Battleaxe de Wavell, era Churchill quem continuava aflito – não porque seus comandantes estivessem atacando e sim porque, na opinião do Primeiro-Ministro, não estavam sendo suficientemente agressivos. Churchill diagnosticou três necessidades: cortar os suprimentos de Rommel, reforçar Wavell com blindados e, então, destruir o Eixo na África do Norte. Por entre todas as suas outras preocupações – a blitz [o bombardeio de Londres e outras cidades inglesas], o Atlântico, a desintegração dos Balcãs – Churchill ergueu-se com a energia violenta de um animal ferido; com uma raiva tão feroz que, por vezes, cegava- o para a realidade dos fatos. Ele sempre se limitara a exprobar seus comandantes que não se aproximavam da frente e assumiam a direção da luta; agora, ele próprio comandaria. Ele percebeu que tudo dependia de uma concentração implacável do esforço no ponto chave: o deserto. […]


Todavia, Churchill não podia assumir o comando na linha de frente, e o que era óbvio para ele na sala de operações em Whitehall poderia parecer totalmente diferente para o comandante no campo de batalha. Portanto, no seu primeiro livro, Churchill estava redondamente errado. Rommel só poderia sobreviver se recebesse suprimentos. Haveria alguma coisa mais lógica do que negar-lhe a utilização do porto de Trípoli?

pp. 91-92; 93


            A Ofensiva britânica em junho 1941 tem por codinome Operação Battleaxe (ou 'Machado de Guerra', ou ainda, 'Acha de Arma') comandada por Sir Archibald Wavell, com grande acúmulo de tropas e material, mas sem prever os passos de Rommel, revelou-se um fracasso da ofensiva aliada, ainda que aliviando momentaneamente o Cerco de Tobruk – abril – nov 1941

            Churchill mais do que frustrado, irado, ordena a substituição do comandante. Sai Sir Wavell e entra Claude Auchinleck – que antes substituíra Wavell na Índia em 1940.


            Mais detalhes sobre a Operação Battleaxe, na série Segunda Guerra Mundial, da Ed. Codex, 1965.


“Os preparativos da ação tiveram que ser realizados em poucos dias. O General Creagh, chefe da 7a Divisão, recebeu a 29 de maio a ordem de manter a prontidão de suas forças para iniciar o ataque a 10 de junho. A seu pedido, a data foi transferida para 15 de junho. Surgiram, aliás, graves inconvenientes com os novos tanques Crusader que, depois de percorrer poucos quilômetros, sofriam uma série de desarranjos mecânicos. O ataque apresentou assim, desde o início, perspectivas sumamente desfavoráveis.
Rommel, nesse meio tempo, já estava a par da iminente ofensiva, pois seus aviões de reconhecimento haviam descoberto a concentração crescente de forças britânicas na fronteira. Distribuiu, então, suas forças blindadas, em profundidade, para fazer frente ao ataque. A 15a Divisão Panzer colocou-se na retaguarda do desfiladeiro de Halfaya, e a 5a Divisão leve manteve-se ao sul de Tobruk para atuar como reserva. Na noite de 14 de junho foi dado o alarma às unidades alemães e italianas.
Às 4 da manhã do dia seguinte, os britânicos iniciaram a sua ofensiva. A operação Battleaxe estava em marcha. Os ataques britânicos no desfiladeiro de Halfaya esfacelaram-se contra a denodada resistência das tropas alemães e italianas, comandadas pelo Capitão da reserva Bach. Entrincheirados nos agrestes contrafortes, os homens de Bach abriram um fogo mortífero com suas metralhadoras e peças de artilharia sobre as colunas dos infantes hindus e britânicos, e conseguiram, também, destruir numerosos tanques e veículos blindados. O fracasso dos ingleses em Halfaya decidiu o curso da batalha, pois permitiu a Rommel concentrar a totalidade de suas forças blindadas, e lançá-las num movimento envolvente sobre o flanco da 7a Divisão blindada que havia conseguido avançar profundamente para o norte. Sustentando violentos combates, no transcurso dos quais perderam numerosos tanques, os ingleses se retiraram aceleradamente, e escaparam à armadilha. A 18 de junho, a luta chegou ao fim com a derrota total das forças de Wavell.

O fracasso da ofensiva na qual Churchill havia depositado tantas esperanças não alterou sua resolução de obter, a curto prazo, a destruição das forças de Rommel. No dia 21 de junho enviou uma mensagem a Wavell comunicando que havia resolvido substituí-lo no comando pelo General Sir Claude Auchinleck, nesse momento comandante-em-chefe das forças britânicas na Índia. Ao novo chefe, Churchill determinou preparar sem demora a ofensiva decisiva contra as forças do Eixo.”

                                           Fonte: Segunda Guerra Mundial. Ed. Codex.



            Mas qual foi exatamente a 'vitória' das tropas de Rommel? Qual o resultado para a imagem guerreira do general alemão apelidado “Raposa do Deserto”? Vejamos a versão de Kenneth Macksey (Renes, 1974)

“Recuando de Capuzzo e descendo a escarpa, vieram os veículos e a infantaria da 4ª Divisão Indiana, enquanto a 15ª Panzer e a 5 ª Ligeira tentavam romper a tenaz resistência do punhado de tanques Matilda. Porém, uma vez mais a poderosa blindagem dos tanques britânicos manteve os Panzer a distância e a habilidade dos seus chefes subalternos superou a dos adversários alemães quando estes ficaram sem o apoio dos seus canhões de 88 mm. As forças combateram durante seis, às vezes chegando à distância de tiro a queima-roupa e com os alemães presos aos flancos britânicos mas sem os obrigar a se desviarem e envolvê-los numa armadilha.

Parece impossível que Rommel soubesse dessa reserva por parte dos seus regimentos Panzer, pois quando eles chegaram a Halfaya, no final da tarde, Rommel acreditava que o grosso dos britânicos estava detido nas armadilhas do norte, perto de Capuzzo, e não a salvo no Egito, ao sul. Não obstante, o AK obtivera uma vitória decisiva – 25 dos seus tanques totalmente destruídos contra 87 britânicos (muitos apenas enguiçados) é apenas um pingo do total.

Na verdade, a 'Operação Acha-de-Arma' marcou um momento decisivo na Guerra do Deserto: aliás, ela precedeu o ponto fundamental de toda a guerra – a invasão alemã da Rússia, a 22 de junho – em menos de uma semana. Mas no contexto local, o AK fez muito mais do que derrotar outra força britânica – ele deu à luz o que sempre estivera em gestação, a lenda da invencibilidade de Rommel galvanizada no espírito dos soldados britânicos, cujas convicções se confirmaram quando Wavell, Beresford-Peirse e o comandante da 7 ª Divisão Blindada foram destituídos dos seus postos, assim que terminada a batalha. Depois da 'Operação Acha-de-Armas', tanto britânicos quanto germânicos passaram a ter grande respeito pelo comandante alemão, e, embora o Afrika Korps praticamente não se considerasse superior em equipamento aos britânicos (o tratamento que os Matilda lhe dispensaram deixava isso claro), ele sabia ter um trunfo em Rommel, cuja pessoa passara a valer mais que uma divisão.”

pp. 38-39


Fonte: MACKSEY, Kenneth. Afrika Korps – Rommel no deserto . (trad. N. Japour) Rio de Janeiro: Renes, 1974





mais info


sobre Wavell, Auchinleck, Cunningham






            Em novembro,  outra ofensiva aliada – Operação Crusader - com o 8º Exército sob comando do Gal. A . Cunningham, que alcança uma relativa vitória aliada, com a retirada das tropas alemãs e italianas para posições na retaguarda. (Contudo, veremos, em janeiro de 1942, Rommel ataca de novo)



“Os dois Exércitos do Deserto dedicaram-se inteiramente à reorganização durante os meses de verão e outono. O General Auchinleck substituiu Wavell no comando, e a Força Britânica do Deserto Ocidental (ou XIII Corpo, como passara a ser recentemente chamada) transformou-se no 8º Exército, sob o comando do General Cunningham, compreendendo dois Corpos – XIII e XXX. Grandes carregamentos de homens e materiais chegaram à base de Suez, transportados pela longa rota em torno do Cabo da Boa Esperança, vindos da Grâ-Bretanha e dos Estados Unidos. O moral britânico elevou-se diante deste demonstração de boa vontade e apoio total. Rommel não recebeu nenhum reforço considerável nem qualquer encorajamento do seu Alto-Comando, que tinha a atenção voltada para as batalhas da Rússia e porque não queria mexer em casa de marimbondos na África – cujo território não tinha lá muita significação para ele.”

...

“Como as forças blindadas dominavam no deserto, mesmo quando canhões antitanques  venciam os tanques adversários e causavam mais baixas do que os combates entre tanques, a presença de forças blindadas no deserto assumia importância semelhante a de uma frota naval ancorada, ou em alto-mar: a ameaça latente e a imprevisibilidade do 'quando' e do 'onde' poderiam desfechar seu ataque. O objetivo de uma batalha de blindados podia depender da capacidade dos adversários de preservar a existência dos seus blindados e, neste aspecto, a manutenção, recuperação e reparo de máquinas enguiçadas assumiam importância fundamental. Ao contrário da vitória no mar, onde os derrotados podiam ser postos a pique sem deixar vestígios, a vitória em terra deixava o campo de batalha nas mãos dos vencedores, dando-lhe a opção de recuperar seu próprio equipamento atingido e de destruir ou levar consigo o do inimigo. Isto assumiu uma importância até então desconhecida, pois como as perdas por enguiço provocavam quedas em efetivos de tanques quase iguais às causadas pela destruição por ação inimiga, a ocupação do campo de batalha imediatamente após a ação, pelos serviços de recuperação, se tornava um ponto tático importante. E os alemães eram superiores aos britânicos nesse tipo de atividade.


“Reduzida aos seus mínimos essenciais, a moderna guerra motorizada pode ter um ou dois objetivos reunidos num grande plano, se o conhecimento e a imaginação se combinam no ápice de comando. Pode haver uma batalha de atrito, homem vencendo homem e máquina destruindo máquina, até que o mais forte sobreviva para ver um campo de batalha coalhado de destroços – ou pode haver um ataque contra o cérebro ou o coração inimigo, que paralisa qualquer ação ulterior. Os teóricos anseiam pelo segundo – os pragmáticos tendem para o primeiro, mas aceitam como prêmio tudo o que se possa obter por um golpe psicológico.”

pp. 43-44


Fonte: MACKSEY, Kenneth. Afrika Korps – Rommel no deserto . Rio de Janeiro: Renes, 1974



images do Afrika Korps



videos


Homenagem ao General Rommel

Cerco de Tobruk
(propaganda nazista)

video (italiano)


filmes

 Tobruk (1967)

Tobruk (2008)


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