quinta-feira, 7 de julho de 2011

Objetivos da Operação Barbarossa - 1941



Os Objetivos da Operação Barbarossa


“A operação Barba-Roxa (do apelido de Frederico I, imperador alemão do século XII) deve sancionar – segundo os ditames de Hitler – a posição de 'predomínio mundial do Reich', uma vez conquistado o controle do espaço europeu oriental. Contrariamente à campanha da França, a União Soviética deve ser conquistada com a mesma crueldade das guerras medievais e não apenas batida militarmente. Hitler enquadra a invasão de junho de 1941 no âmbito desse projeto de dominação continental com a qual pretende estender as fronteiras do Reich do Atlântico aos Urais. É o salto de qualidade próprio dessa 'guerra total' que tem a finalidade de destruir qualquer potência militar a leste da Alemanha e realizar a 'solução final da questão judaica na Europa'.


Dez semanas são o espaço de tempo julgado necessário pelos estrategistas alemães para aniquilar o aparato militar soviético com a guerra-relâmpago. Os objetivos militares são indissoluvelmente ligados aos políticos: garantir ao Terceiro Reich o controle total da Europa e obrigar, portanto, a Grã-Bretanha ao armistício antes do ingresso – julgado praticamente inevitável – do inimigo principal no conflito: os Estados Unidos. Hitler propõe a Tóquio atacar a União Soviética no âmbito de uma aliança global, sem obter resultado algum.


O ministro do Exterior Josuke Matsuoka, que até então conduzira as negociações com o Eixo, foi destituído em julho de 1941, e o Japão então dá prioridade à expansão no Sudeste Asiático (a 'esfera de bem-estar da grande Ásia oriental'), que implica o conflito com os Estados Unidos e, por conseguinte, opta por cobrir as próprias costas com a neutralidade para com a União Soviética.


Blitzkrieg no Oriente


Antes da invasão, Hitler declarou que a guerra com a União Soviética era uma 'guerra ideológica e de diferenças raciais'. O objetivo do ultimato era a sujeição dos povos eslavos e sua destruição como entidade política com um Estado próprio, a conquista dos grandes territórios do Leste e a abertura do 'espaço vital' aos colonos alemães. A germanização dos territórios do leste do Reich é resultado de uma concepção ideológico-racial que pretende transformar a Rússia europeia em colônia alemã e eliminar populações inteiras, identidades nacionais e comunidades raciais. O continente será germanizado com a prática do terror e o extermínio dos judeus dos territórios soviéticos ocupados e da Europa oriental.


A operação Barba-Roxa é o ponto de virada do conflito não só em termos estratégicos e militares: com a guerra no leste, é desconsiderado qualquer princípio humanitário e cancelada qualquer norma do direito internacional. Nenhum direito será reconhecido às populações submetidas, nenhuma convenção internacional ou lei de guerra será respeitada e toda a riqueza dos territórios conquistados será destinada às exigências da máquina produtiva alemã. O Terceiro Reich não tem intenção alguma de 'libertar' as populações locais (a despeito do que pensam aqueles que no Báltico e na Ucrânia esperam livrar-se dos soviéticos). Se as batalhas são conduzidas com uma impiedade nunca vista antes no decorrer do conflito, o extermínio em massa que começou desde os primeiros dias da invasão, o massacre dos prisioneiros russos e o sistemático extermínio dos judeus por parte das SS de Heinrich Himmler (que no fim de 1941 já fez meio milhão de vítimas), o assassinato dos comissários políticos e dos dirigentes comunistas são testemunhas de uma concepção que considera a guerra como um sistemático instrumento profilático no choque entre povos e raças.


Longe de ser uma exigência de natureza militar, o genocídio está estreitamente ligado à ideologia de guerra nazista. Uma 'guerra total', da qual nenhum civil deve escapar e que reduz a um campo de ruínas as aéreas cuja germanização a Wehrmacht deve garantir. No fim do conflito, somente na União Soviética, o resultado desse plano se traduz em cifras espantosas: as perdas totais atingem 20 milhões de pessoas.”

(pp. 106, 108-109)


fonte: FIORANI, Flavio. História Ilustrada da II Guerra Mundial. Vol. 2. SP: Larousse, 2009.



...


Hitler invade a Rússia

(Cap. XV de “O Outro Lado da Colina”)


“No que diz respeito aos motivos de Hitler para a invasão, um esclarecimento maior foi dado mais tarde por Warlimont, que, estando no Comando Supremo da Wehrmacht, encontrava-se mais intimamente ligado à linha do raciocínio de Hitler durante os meses em que esse raciocínio fora canalizado para uma decisão definitiva.


'A resposta à pergunta por que Hitler invadiu a Rússia, é , creio eu, que ele encontrava-se exatamente na mesma situação de Napoleão. Ambos consideravam a Grã-Bretanha como seu mais forte e perigoso adversário. Ambos não puderam se convencer da necessidade de vencer a Inglaterra invadindo as ilhas britânicas. Ambos acreditavam, contudo, que os ingleses poderiam ser forçados a entrar em acordo com a potência europeia dominante, se não tivesse mais possibilidade de contar com um aliado bem armado no continente. Ambos suspeitavam que a Rússia torna-se-ia aliada da Grã-Bretanha. Ambos reconheceram que esse perigo cresceria gradualmente à medida que a guerra se prolongasse. Ambos estavam convencidos de que a potência central (Alemanha) não podia permitir que as potências periféricas (Grã-Bretanha e Rússia) esperassem pelo momento mais favorável para dominarem juntas o coração do continente. Assim sendo, tanto Napoleão quanto Hitler eram de opinião que tinham de atacar oportunamente – estando, cônscios ou não, em uma posição de defesa estratégica.'


[…]


Pode-se observar na narrativa de Warlimont que a tendência de subestimar a força russa não se restringia a Hitler, e tampouco ao seu grupo mais chegado – ao contrário do que Kleist dissera (o próprio Kleist, vim a descobrir, inclinava-se sempre a valorizar mais o Exército Vermelho do que seus pares). O estado-maior pode não ter subestimado as dificuldades de uma campanha na Rússia, mas certamente avaliou por baixo o número de divisões que os russos poderiam trazer para lutar com os alemães. É muito significativo um registro no diário de Halder depois que a campanha já se desenrolava há dois meses: 'Nós subestimamos a Rússia: calculávamos 200 divisões, mas agora já tínhamos identificado 360.'


Embora o Serviço de Informações Alemão subestimasse as forças russas, o que realmente divulgava era motivo de apreensão: haveria o perigo iminente de um ataque russo. A concentração de divisões na fronteira ocidental e na Polônia ocupada continuou aumentando firmemente durante a primeira metade de 1941, e em maio atingia o dobro do número anterior ao início da guerra com a Polônia. A concentração da força aérea e a expansão dos campos de pouso também foram muito marcantes. Tudo isto serviu para fomentar os receios de Hitler. Quando ele falava com seus generais e outras pessoas a respeito da possibilidade de um ataque russo ainda antes do verão, havia poucas dúvidas de que estivesse expressando receios que realmente sentisse, e que muitos dos seus assessores compartilhavam. Isto não significa obrigatoriamente que tais receios fossem corretos – os alemães sempre tiveram a tendência de supervalorizar a reação natural que as medidas que eles mesmos tomavam causavam em outros povos, e isto era particularmente verdadeiro no caso de Hitler. Por outro lado, é compreensível que com os efetivos russos na zona da fronteira aumentando a cada relatório, Hitler sentisse que o tempo estava ficando curto.


Mesmo assim, é espantoso que Hitler tenha invadido a Rússia sabendo que suas forças seriam inferiores à do inimigo, e que seriam cada vez mais inferiores se a campanha se prolongasse. Só isso fazia da invasão uma jogada sem precedente na história moderna. Quando o plano de Hitler fora mostrado aos governos em fevereiro, eles se sentiram perturbados com as estimativas feitas por Halder dos efetivos de um e outro lado. Pois até mesmo nos números germânicos o Exército Vermelho tinha o equivalente a 155 divisões na Rússia Ocidental, enquanto que as forças atacantes chegavam tão somente a 121. (Na verdade essa estimativa de forças imediatamente disponíveis foi ultrapassada.) A convicção de que as tropas alemãs eram 'muito superiores em qualidade' não bastavam para acalmar seus receios.”


(pp. 216; 218-19)



fonte: HART, B. H. Liddell. O Outro Lado da Colina. RJ, Biblioteca do Exército, 1980. (The Other Side of the Hill, trad. Cel. Art. QEMA Luiz Paulo Macedo Carvalho e Cel. Inf. QEMA Haroldo Carvalho Neto)



Julho de 1941 na Rússia / Ucrânia

Batalha de Smolensk – 6 de julho – 5 de agosto 1941

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