sexta-feira, 15 de julho de 2011

As relações nipo-americanas - julho 1941




Relações nipo-americanas


“Para compreender outro problema internacional que afetava os Estados Unidos, precisamos voltar e traçar as relações nipo-americanas de 1939 a dezembro de 1941. Muitos americanos tinham seguido com aversão o avanço do imperialismo japonês na Ásia. Os Estados Unidos depositavam muitos interesses na China,  interesses em parte sentimentais e religiosos, em parte baseados em considerações comerciais e talvez num ponto de vista exagerado da importância do mercado chinês, e em parte com relação à posição das Filipinas. Em vista de todos esses fatos, não pode parecer estranho que a diplomacia americana fosse antagônica ao Japão. Não obstante, o governo procedia cautelosamente, sem querer, com certeza, provocar qualquer atrito com Tóquio. No início de 1938 ofereceu um empréstimo à China; reforçou suas forças no Pacífico e insistiu junto aos industriais americanos para que não exportassem aviões para o Japão. Em agosto de 1939, o governo americano denunciou o tratado comercial com o Japão e, depois do necessário intervalo de seis meses, o tratado foi declarado formalmente nulo. Em julho de 1940, a exportação de petróleo e de sucata de ferro foi restringida por força de uma licença especial do governo; uma semana depois foi proibida a exportação de gasolina de avião.


Entrementes, os japoneses continuavam a avançar. Na primeira fase da guerra Tóquio procedia cautelosamente, mas a queda da França encorajou os militaristas nipônicos a ocupar o norte da Indochina. Mais importante ainda, e na realidade ameaçadora, foi a assinatura de um pacto tripartide, no dia 27 de setembro de 1940, entre o Japão, a Alemanha e a Itália. Em sua fraseologia esse pacto era defensivo e só obrigava os signatários a entrar em guerra quando um deles fosse atacado. Mas reconhecia em termos claríssimos a 'liderança do Japão' no estabelecimento de uma 'nova ordem' na Ásia Oriental e, evidentemente, pretendia exercer pressão sobre os Estados Unidos. O pacto, naturalmente, causou indignação em Washington; o Governo Roosevelt revidou aumentando sua ajuda ao governo chinês do General Chiang Kai-shek terrivelmente pressionado.”
pp. 122-123 (grifos meus)


fonte: PERKINS, Dexter. A Época de Roosevelt. 1932 -1945. (The New Age od Fraklin Roosevelt. 1932 -1945. University of Chicago, 1957) trad. Edilson Alkimim Cunha. Rio de Janeiro, O Cruzeiro, 1967.




seleção por Leonardo de Magalhaens






O Japão e o Extremo Oriente


“No Extremo Oriente, faz tempo que os acontecimentos da guerra europeia criaram um vazio que o Japão se apressa em preencher. Na metade de 1940, nem paris nem Londres nem Haia estão em condições de defender suas possessões asiáticas. A ofensiva diplomática e militar desferida para constituir a 'grande área de domínio japonês', com a qual Tóquio pretende reduzir a influência das potências coloniais europeias, tem em vista diversos objetivos. E um deles, não o último em importância, é o de se apoderar dos enormes recursos naturais de muitos países da área do Pacífico.


O plano imperial japonês determina diversos setores de importância econômica e estratégica: as matérias-primas essenciais das Índias holandesas (a hoje Indonésia), a posição-chave da Indochina francesa (por cujos portos passam os suprimentos para a resistência chinesa e cuja área setentrional é ocupada pelos japoneses com o beneplácito de Vichy), a Malásia (a praça-forte de Cingapura é o sustentáculo do sistema de defesa britânico no Extremo Oriente), o corredor da Birmânia (para obter outra via de penetração na China), a passagem de Sião (hoje Tailândia) como retaguarda para um eventual ataque em Cingapura. Com essa concepção político-estratégica global – sancionada no pacto tripartite -, o Japão quer induzir Washington a um compromisso cujo fim imediato é o reconhecimento de sua hegemonia sobre a China. A atrevida política externa de Tóquio obtém consideráveis resultados: além das bases na Indochina francesa, o Japão obtém dos ingleses o fechamento da 'estrada da Birmânia' e a interrupção dos suprimentos à resistência chinesa, e consegue dos holandeses o abastecimento de petróleo, borracha e bauxita de suas Índias orientais. Últimas e não menos ambiciosas peças do jogo imperial japonês são as Filipinas, sobre as quais os americanos detêm um protetorado desde o final do século anterior.



[…]


A Pressão Americana


Em junho de 1941, Roosevelt imprime uma mudança de rota nos indecisos anseios estratégicos e na cautela política que inspiraram a conduta americana no Pacífico. Washington começa a exercer uma efetiva pressão econômica e financeira, congelando os bens japoneses nos Estados Unidos e instituindo um embargo petrolífero para estrangular a economia nipônica e intimando Tóquio a deixar a Indochina e a China, aceitando o princípio da 'porta aberta' em matéria de expansão colonial. O chamado 'lobby chinês' constitui um poderoso grupo de interesses em condições de influenciar a política externa americana e reclama de Roosevelt um aperto de parafuso mais incisivo para obrigar o Japão a se retirar dos territórios conquistados. Embora as negociações diplomáticas entre as duas potências que disputam o controle da Ásia oriental e do Pacífico prossigam até o fim de novembro de 1941, para ambas o desafio vai muito além de uma divisão diplomática da Ásia em distintas áreas de influência.

Para Tóquio – onde, com o aval do imperador Hirohito, o general Hideki Tojo substituiu no governo o moderado Fumimaro Konoye – não resta senão o choque frontal com os Estados Unidos.

Descartada toda hipótese de intervenção contra a União Soviética e de rescisão da aliança com Berlim como solicitado por Washington, o Japão acelera os preparativos para a ofensiva militar no Pacífico como último recurso para evitar o estrangulamento econômico e energético. Seu projeto de criação da 'esfera de coprosperidade na Ásia oriental', que deverá minar os domínios imperiais britânico e francês, entrou em rota de colisão com a potência econômica e militar americana.”


pp. 117-121

fonte: FIORANI, Flavio. História Ilustrada da II Guerra Mundial. Vol. 2. SP: Larousse, 2009.


seleção por Leonardo de Magalhaens

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mais sobre a máquina de guerra nipônica

(em italiano)

(english)


na Guerra Sino-Japonesa
(english)



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