segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Libertação do Campo de Extermínio Auschwitz-Birkenau








Solução Final

Libertação do Campo de Extermínio Auschwitz-Birkenau

janeiro 2015

O Sistema dos Campos de Concentração

       “O campo de Dachau, construído em 1933 nos arredores de Munique, é o primeiro de uma longa lista de campos de concentração para os quais são deportados opositores políticos e elementos 'antissociais', sem qualquer intervenção das autoridades judiciárias. Depois da eclosão da guerra, a polícia secreta de Estado (Geheime Staatspolizei, abreviada para Gestapo), a polícia criminal do Reich (Kripo), os órgãos de segurança do Partido Nazista (Sicherheitsdienst, abreviado para SD), aos quais vai se juntar a polícia militar (Feldgendarmerie), deportam dos territórios ocupados da Polônia e da Rússia dezenas de milhares de pessoas para os campos de concentração. São homens, mulheres e crianças coagidos aos trabalhos forçados em condições que equivalem a uma condenação à morte.

      Ao campo de Dachau seguem-se os de Sachsenhausen, Buchenwald, Flossenbürg, Mauthausen (nas redondezas da cidade austríaca de Linz) e o exclusivamente feminino de Ravensbruck. Seguir-se-á a construção, entre outros , de Chelmno, Belzec, Sobibor, Treblinka e Maidanek, verdadeiros campos de extermínio.

      As diversas categorias de detidos são assinaladas por distintivos de cores diferentes (vermelho para os políticos, rosa para os homossexuais, verde para os prisioneiros comuns, lilás para as Testemunhas de Jeová, preto para os antissociais, amarelo para os judeus). A população dos campos sofre um espantoso incremento com a chegada de prisioneiros de guerra e de núcleos de população dos territórios do Leste. Em 1942 a gestão dos campos passa para as mãos das SS, que se encarregam de organizar o trabalho forçado dos internados. Nas proximidades dos campos surgem muitas vezes fábricas (como a IG Farben, perto de Auschwitz), cuja produção é destinadas a usos bélicos.

       Depois da Conferência de Wannsee [perto de Berlim, em 20 de janeiro de 1942, onde a hierarquia nazista decidiu a 'solução final'],o extermínio dos judeus se torna uma prática sistemática. Precedida pelo decreto 'noite e nevoeiro' [Nacht und Nebel] (expressão em código que quer dizer 'em total segredo'), que em 1941 dispôs a transferência de todos os suspeitos para os campos de concentração, a política de aniquilamento racial registra um salto à frente com a construção de campos de extermínio na Europa do Leste, onde as câmaras de gás e os fornos crematórios são os instrumentos do extermínio em massa dos prisioneiros (judeus e não-judeus) julgados inaptos para o trabalho forçado. Calcula-se que o número de judeus mortos nos campos nazistas atinja cerca de seis milhões, enquanto chegam a cerca de 20 milhões as pessoas que, entre 1936 e 1945, são deportadas para os campos de concentração e de extermínio.

       Centenas de milhares de pessoas, alemães e do Leste europeu, com vários níveis de responsabilidade (transportes, administração, vigilância), foram envolvidas nessa gigantesca obra de eliminação das 'raças inferiores'. Aos seis milhões de judeus devem ser acrescentados 3,5 milhões de prisioneiros soviéticos, cerca de um milhão de detidos nos campos de concentração, cerca de 240.000 ciganos e não menos de 70.000 doentes mentais, objeto de eutanásia.”


O Símbolo do Genocídio

       “Em 1940, entra em funcionamento na Silésia (sul da Polônia) o mais extenso e eficiente campo de extermínio, que se tornou o próprio símbolo do genocídio: Auschwitz-Birkenau. Ele se transforma em pouco tempo em uma extensão do moderno sistema de produção industrial, no qual são empregados milhões de seres humanos como matéria-prima cujo fim é a morte por privações ou nas câmaras de gás. Nele coexistem os trabalhos forçados e o extermínio em massa planejado. É a única alternativa que aguarda os internados que chegam nos vagões de carga.

       O complexo do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau é composto de três campos diversos. O primeiro é o principal (Auschwitz I), onde foram instalados uma câmara de gás e um forno crematório para a matança de prisioneiros russos e doentes terminais. O segundo é o de Birkenau (Auschwitz II, a dois quilômetros do campo principal), onde se pratica o extermínio em massa dos judeus e dos ciganos, subdivido em dois bunkers, nos quais funcionam até janeiro de 1945 uma dezena de câmaras de gás de cerca de 240m2 cada uma, onde os internados são asfixiados com o Zyklon B, vendido como pesticida. Birkenau dispõe, além disso, de quatro fornos crematórios.

        A seis quilômetros dele está o complexo industrial (Auschwitz III) da IG Farben (na localidade de Monowitz), onde a mão de obra escrava produz metanol e borracha sintética. O comandante do campo Rudolf Hess coordena a seleção dos judeus deportados para o local de todos os cantos da Europa (Polônia, França, Holanda, Grécia, Alemanha, Itália, Noruega, Iugoslávia, Hungria, Bélgica, além dos guetos dos territórios ocupados pela Wehrmacht) e a organização do trabalho e dos procedimentos de extermínio executados pelas SS. Os presos aptos para o trabalho vivem em condições amedrontadoras: amontoados em barracos, acometidos de doenças infecciosas, em condições higiênicas espantosas e com rações alimentares de fome.

        Em 1943, Birkenau atinge sua ocupação máxima: 200.000 internados. Descoberto em janeiro de 1945 pelo Exército Vermelho em seu avanço sobre a Alemanha, o campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau deu a morte a cerca de dois milhões de pessoas.

       Os mais recentes estudos sobre o funcionamento dessa organização para o extermínio em massa liberaram definitivamente o campo das tentativas de 'revisionistas' de redimensionar ou até mesmo de negar a existência dessa gigantesca máquina de morte, com a qual o regime nazista procurou exterminar um povo inteiro por motivos raciais. Auschwitz fica como uma admoestação para a memória de todas as consciências do mundo civil.”
pp. 139-142

Fonte: FIORANI, Flavio. História Ilustrada da II Guerra Mundial. Volume 2. São Paulo: Larousse, 2009.




Os Russos às portas da Prússia Oriental

      “Na Hungria, o Exército Vermelho teve muito trabalho para abrir uma brecha para chegar a Budapeste (cuja população está reduzida à miséria), onde a encarniçada resistência alemã só cessou nos primeiros dias de fevereiro de 1945, depois de dois meses de ásperos combates.

       No front do mar Báltico e de Leningrado, é coroada de sucesso a manobra com a qual os soviéticos conseguem isolar o grupo de exércitos Norte alemão, obrigado a abandonar a Estônia e sob a ameaça de ser esmagado em um enorme bolsão às margens do Báltico. Logo depois, ante o impetuoso avanço do segundo front bielo-russo de Rokossovsky, as portas da Prússia oriental se abriram, enquanto Stálin [comandante soviético] ordenou aos outros dois fronts – o ucraniano de Koniev e o bielo-russo de Zukov, que possuem quase um terço de toda a infantaria soviética e metade do total dos tanques do Exército Vermelho – preparar a grande ofensiva que deverá conduzir a Berlim.

       No dia 21 de janeiro de 1945 Rokossovsky ocupa Tannenberg, onde em 1914 os exércitos prussianos tinham vencido as tropas do czar [imperador russo antes da Revolução de 1917]. Os contingentes alemães na Prússia oriental se entrincheiraram em Konigsberg, cercada pelos soviéticos. Com uma série de terríveis golpes que têm o objetivo de aniquilar o inimigo, Koniev marchou para Breslávia, Cracóvia e para a região industrial da Silésia.

          No dia 27 de janeiro os russos entraram no campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau. Com um intenso e aterrador bombardeio a partir da cabeça-de-ponte soviética às margens do Vístula, ao sul de Varsóvia [Warsaw], Zukov abriu a ofensiva que em poucos dias levaria à libertação da capital polonesa.”
pp. 254 e 256

Fonte: FIORANI, Flavio. História Ilustrada da II Guerra Mundial. Volume 3. São Paulo: Larousse, 2009.



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