terça-feira, 22 de abril de 2014

1944 Preparações da Operação Overlord






1944


Preparações da Operação Overlord


“A escolha de Eisenhower foi debatida e decidida no transcurso da conferência realizada no Cairo. Churchill, quando Roosevelt lhe falou no nome do general americano, disse-lhe que ficaria encantado em ter Eisenhower no comando. Quando os dois líderes se reuniram com Stálin em Yalta, Roosevelt comunicou ao russo que Eisenhower comandaria a operação.

Depois das conferências do Cairo e de Yalta, Roosevelt parou em Túnis, na volta a Washington. Eisenhower voou de Argel para avistar-se com ele. No carro em que se deslocavam do aeroporto para a cidade, Roosevelt disse-lhe displicentemente: 'Bem, Ike, você vai comandar a 'Overlord'.

Eisenhower ficou realmente surpreso, pois esperava que Marshall comandasse a invasão.

Na realidade, não havia medida mais lógica do que a indicação de Eisenhower para a tarefa. Em termos de experiência e capacidade demonstrada, bem como em termos de resultados obtidos, ninguém melhor que ele para dirigir tão grande e tão complexo esforço.

Eisenhower fora muito longe, no ano e meio de comando, desde que fora nomeado com certa apreensão, para conduzir a Operação Tocha.

Para ajudá-lo a realizar a invasão e a campanha do noroeste europeu, Eisenhower criou o Q-G Supremo da Força Expedicionária Aliada (SHAEF), que era muito parecido, na forma, ao QGFA, de estrutura basicamente americana, mas com seções de equipes anglo-americanas integradas.

Bedell Smith acompanhou Eisenhower, para chefiar o Estado-Maior do general; Tedder foi nomeado Subcomandante Supremo aliado; Carl Spaatz dirigia os bombardeiros estratégicos aliados; Bradley estava no comando do 1º Exército americano e também do 1º Grupo de Exército americano. Patton comandaria o 3º Exército americano. Embora Eisenhower planejasse entregar a Alexander o comando das tropas de terra britânicas, Churchill preferiu deixá-lo no Mediterrâneo, indicando Montgomery para o cargo.

Encerrando a lista dos elementos de cúpula da grande invasão vinham Sir Trafford Leigh-Mallory, que dirigiria as Forças Aéreas Expedicionárias Aliadas, incumbidas de debilitar as defesas inimigas, Sir Henry Ramsay, comandante naval aliado, responsável pelo transporte dos soldados pelo Canal e que os apoiaria quando desembarcassem.

Para substituto eventual de Eisenhower, Churchill nomeou H. Maitland Wilson, que comandara os britânicos no Oriente Médio. Para comandar os contigentes americanos no Mediterrâneo, na qualidade de oficial mais graduado daquela área, foi indicado o americano Jacob L. Devers, que voou de Londres para Argel, a fim de dirigir a concentração americana para a Overlord.


A grande tarefa, na execução da Overlord, eram a colocação de tropas em terra e o reforço adequado dessas tropas, para o avanço subsequente na direção da Alemanha. O Passo de Calais, do outro lado do Canal, em sua parte mais estreita, era o local óbvio para os desembarques; perto de Antuérpia, um dos grandes portos da Europa, ele se abria para o caminho mais direto para a Alemanha. Mas as defesas alemãs eram naturalmente mais poderosas no Passo de Calais, onde, segundo supunham os germânicos, seria feito o ataque.

Para frustrar a expectativa deles, os Aliados desembarcariam na Normandia, na costa da Baía do Sena. Depois de tomarem a península de Cotentin, que lhes daria o porto de Cherburgo, os Aliados se deslocariam de Caen pela planície de Falaise, que lhes ofereceria terreno plano para aeródromos, e depois diretamente para Paris. […]


Depois de passar as duas primeiras semanas de janeiro de 1944 nos Estados unidos, Eisenhower foi para Londres e estudou o plano COSSAC detalhadamente. A leitura do plano da Operação Overlord, de autoria de Morgan, convenceu-o, e a Montgomery e Smith, de que o ataque inicial teria de ser bem mais amplo e mais forte. Três divisões, as quais Morgan fora limitado, devido à escassez de barcaças de desembarque, eram insuficientes, na opinião de Eisenhower, para assegurar o êxito.

A fim de obter mais barcaças de desembarque, o Dia D foi adiado de princípios de maio para 5 de junho. Isto daria aos fabricantes americanos e britânicos mais tempo para produzir os vasos necessários. Além disso, como os desembarques de Anzio estivessem preparados e exigissem a retenção de barcaças de desembarque no Mediterrâneo, foi sugerido o cancelamento da invasão do sul da França, a chamada Operação Bigorna [Anvil].


[…]


Churchill insistiu em Anzio. Como Eisenhower continuasse favorável à Bigorna, estabeleceu-se um meio-termo. Os desembarques no sul da França foram adiados. Em lugar de ocorrerem simultaneamente com a Overlord, a Bigorna seria desencadeada depois que os Aliados tomassem Roma. Então as barcaças e navios de desembarque seriam usados par deslocar algumas forças da Itália para o sul da França.” [pp. 86 e 88]


fonte: BLUMENSON, Martin. Eisenhower. Trad. Edmond Jorge. Rio de Janeiro: Renes, 1976.



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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Burma 1944 - Batalhas de Imphal e Kohima





IMPHAL E KOHIMA

Vitória do Exército Esquecido


Março de 1944: com base no pensamento que o ataque é geralmente
a melhor forma de defesa, o 15º Exército japonês ataca em Burma


Os eventos que levaram à batalha por Kohima começaram na noite de 7 de março de 1944, quando o Tenente-General Renya Mutaguchi, que comandava o 15º Exército japonês, lançou a Operação U-go, enviando suas divisões pelo rio Chindwin em um ataque batizado de 'A Marcha para Deli'. Na primeira fase estariam as conquistas de grandes armazéns e centros de administração que os ingleses tinham construído Imphal.


Ataques diversionários foram lançados ao sul de Imphal, mas, além do ataque principal ao almoxarifado militar, o passo mais importante foi o deslocamento da 31ª Divisão, do Tenente-General Sato, que cruzou o Chindwin em 15 de março e seguiu para o pequeno povoado de Kohima na vila Naga, com um espaço aberto no qual o destacamento de tropas armadas treinaram, um campo de reforços onde soldados que retornavam de licença ou deixavam o hospital esperavam a próxima ação, o bangalô do comissário local com um jardim no terraço e uma quadra de tênis e sua posição tática vital no comando da única estrada pela qual os reforços ingleses podiam seguir para Imphal vindos do fim da ferrovia de Manipur.



Defesa Britânica Rápida


Eles enfrentaram um perímetro de defesa rapidamente organizado com cerca de 1.500 homens, a maioria do 4º Royal West Kents, acrescidos de homens da força para-militar indiana Assam Rifles (recuando de posições avançadas de onde observavam e tentavam atrasar o avanço de Sato) e os extraordinariamente corajosos aldeões de Naga. Uma formação vital inglesa, a qual os primeiros invasores japoneses desconheciam, era uma bateria de metralhadoras de 94 mm localizada no lado oposto de uma montanha em Jotsoma, a 3,2 km do oeste de Kohima, formada por atiradores da 161ª Brigada Indiana.


Em questão de horas, os japoneses do 58º Regimento receberam provas da ferocidade do grupo – e, o Royal West Kents, da teimosia dos adversários. Os japoneses varreram Kohima da vila Naga à montanha Jail e, na noite de 6 de abril, conseguiram conquistar mais dois locais dentro do perímetro de defesa, conhecidos como D.I. S. e F.S.D. Mas as unidades de ataque foram aniquiladas na manhã seguinte pelo contra-ataque dos Royal West Kents.


No entanto, a essa altura, mais e mais membros dos 12.000 homens da infantaria de Sato e seus atiradores estavam chegando, e o próprio comandante estava confiante que em 48 horas venceria. Sete dias depois, sua confiança estava abalada. Na noite de 13 de abril, ataques em massa de grupos de soldados foram parados pela teimosa infantaria de defesa, ajudada pela mira incrivelmente acurada dos atiradores de Jotsoma. Eles conseguiram desfazer as formações japonesas, deram cobertura para os grupos de defesa e saquearam os sobreviventes assim que receberam ordens de voltar.


No dia seguinte, reforços para os aflitos ingleses chegaram a Jotsoma e começaram a planejar abrir caminho com explosões pelos últimos 3,2 km. Isso se mostrou extremamente difícil. O atraso necessário de 24 horas foi quase fatal, pois, durante aquela noite, os japoneses tinham explodido a localidade F.S.D. Com todas as bombas e morteiros que tinham; o perímetro de defesa começou a se desintegrar, e as posições em F.S.D. E na sua vizinha Kukri Piquet foram perdidas. Mas, às 08hs do dia 18 de abril, os ingleses em Jotsoma e nos arredores responderam com um bombardeio devastador à altura e, sob essa proteção, conseguiram aliviar a guarnição original.


A batalha, no entanto, ainda não tinha acabado. No lado britânico, brigadas da 2ª divisão avançavam pela estrada de Dimapur, enquanto, no lado japonês, mais e mais membros da 31ª Divisão de Sato eram posicionados. Como não havia espaço físico para as duas divisões (inglesa e japonesa) operarem na área de Kohima, ações para encurralar o inimigo foram tentadas pelos dois lados no entorno de Kohima. A situação era tal que uma taxa de avanço de 1,6 km por dia sem nenhuma oposição inimiga era aceita como média. Quando em 27 de abril, uma chuva torrencial começou a cair, o avanço se tornou quase impossível, e problemas como diarreia e disenteria causaram mais baixa do que armas e bombas.


Durante todo tempo esse, na parte central da cadeia de montanhas de Kohima, o núcleo da batalha continuava em combate. Os Durhams enfrentaram um ataque na montanha Garrison que custou a Sato tantas baixas que ele ordenou que não fossem mais realizados ataques noturnos e enviou uma mensagem dura para Mutaguchi reclamando do tempo que ele demorava para conquistar Imphal e da total falta de apoio e de abastecimento em Kohima.”
pp. 218-219



fonte: BISHOP, Chris & McNAB, Chris. II Guerra Mundial: campanhas dia a dia. Vol. 3 - A Guerra no pacífico 1942-1945. trad. Tatiana Napoli. São Paulo: Ed. Escala, 2009.


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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Campanhas dos Aliados - início de 1944







Preocupações dos Aliados no início de 1944


Preparativos para o Dia D


“O engajamento em Anzio [porto da Itália, alvo da Operation Shingle] , principalmente o atraso imprevisto na execução da ampliação da cabeça de praia, teve várias consequências; [Winston ] Churchill [primeiro-ministro britânico] viu-se obrigado a aceitar o cancelamento ou a preterição de projetos, alguns dos quais lhe eram caros. Esvaiu-se qualquer esperança tênue de realizar uma ação contra Rhodes; em princípios de fevereiro os Chefes de Estado-maior comunicaram 'o abandono de qualquer esforço para trazer a Turquia para a guerra o mais breve possível.' No Extremo Oriente frustraram-se os planos que Mountbatten elaborara para Pigstick, uma operação anfíbia de escala menor do que a ambiciosa operação Buccaneer. No dia 28 de dezembro, quando recebeu o 'tudo azul' de Roosevelt para a operação contra Anzio, Churchill enviou um telegrama para Londres: 'Concordo que deveria ser Pigstuck [porco enterrado], ao invés de Pigstick [mata porco].' O mais importante de tudo foi que os impasses em Monte Cassino e na operação Shingle criaram necessidades tão grandes de reforços, e consequentemente de navios, - em fevereiro previu-se para os dois meses seguintes uma movimentação de 276.000 homens e 34.000 viaturas – que o General Wilson, Comandante-Chefe do teatro de operações do Mediterrâneo, informou aos Chefes de Estado-maior, no dia 22 de fevereiro: 'Opino pelo cancelamento de Anvil.'


Afinal, aí estava algo que Churchill poderia aprovar. Durante o período de convalescença, em Marrakesh, o Primeiro-ministro recebeu Montgomery, em viagem para a Inglaterra a fim de assumir sua função em Overlord. Na véspera do Ano Novo [de 1944] Churchill entregou-lhe o plano Cossac, a respeito do qual Eisenhower já manifestara seu desagrado a Montgmorey. O general examinou o plano durante a noite e comunicou a Churchill, pela manhã: 'A minha primeira impressão é que o presente plano é impraticável.' Na realidade, os dois comandantes que haveriam de travar as batalhas concretamente tinham chegado a uma conclusão igual a de Churchill, ao examinar pela primeira vez as propostas de Morgan na época da conferência de Quebec: era preciso ampliar a frente do assalto e aumentar o valor da força de desembarque. Os Chefes de Estado-Maior ingleses também sentiam dúvidas a respeito do plano. Mas a ampliação da frente e as divisões a serem adicionadas implicavam em mais embarcações de desembarque, mais navios cargueiros, mais navios de guerra e mais aviões. E de que forma poderiam ser obtidos, em janeiro de 1944, a não ser cancelando ou preterindo Anvil e desmarcando a data de Overlord, já firmemente prometida a Stalin para maio?


Quando Churchill regressou a Londres já encontrou o trabalho adiantado. Uma revisão do plano Overlord original, realizada pelo próprio Cossac e pelos chefes de Estado-Maior sob a inspiração de Montgomery, confirmou as novas necessidades. No dia 10 de janeiro Montgomery solicitou a Eisenhower 'que entrasse na briga e obtivesse aquilo que se desejava'. Em 23 de janeiro o Comandante Supremo (que sempre fora favorável a Anvil) estava tão convencido da nova realidade que enviou telegrama aos Chefes do Estado-Maior Conjunto, órgão ao qual era subordinado, comunicando que o plano Overlord deveria ser ampliado, que Anvil, reduzido em suas proporções, deveria ser conservado a título de ameaça para o inimigo e que, se necessário, a operação Overlord deveria ser adiada por um mês. (Nesta altura dos acontecimentos, só Churchill pareceu compreender que dois elementos vitais, lua e maré, forçavam o adiamento por prazo igual a um mês.)

[…]

“Enquanto isto, arrastava-se a luta difícil e indecisa em Anzio e nas montanhas italianas, sem oferecer esperanças nem de um sucesso em curto prazo, nem de uma consequente diminuição das necessidades em homens e navios. Simplesmente não havia o suficiente para todos. Todavia, no dia 24 de março, após a segunda solicitação do General Wilson, os americanos afinal concordam em adiar Anvil para julho e transferir do teatro de operações do Mediterrâneo as embarcações de assalto solicitadas por Overlord. Ora, esses desentendimentos entre os aliados nada significavam se comparados com o que acontecia entre os ingleses. No dia 4 de março o General Ismay, o leal e astuto chefe do estado-maior de Churchill, escreveu-lhe anunciando que:

'… deparamo-nos com toda a certeza com um choque de opinião entre o Gabinete de Guerra e seus assessores militares; não se pode descartar a possibilidade de alguns assessores solicitarem demissão. Na atual conjuntura uma divergência desse vulto, indesejável em qualquer ocasião, configuraria uma catástrofe. Todos consideram Overlord uma operação bastante arriscada. É preciso proporcionar a ela todas as oportunidades de sucesso.'


Quando Ismay escreveu 'o Gabinete de Guerra', evidentemente estava querendo dizer 'o Primeiro-ministro'. Relembrando 1940, o charuto, o 'V' feito com os dedos, as mensagens radiofônicas vibrantes, o cidadão comum não poderia imaginar quão perigosamente perto do rompimento estavam as relações entre o Primeiro-Ministro e seus Chefes de Estado-Maior, e isto apenas três meses antes do Dia D, acontecimento que coroaria o desempenho de Churchill como Grande Comandante.”
pp. 275-278


fonte: LEWIN, Ronald. Churchill – O Lorde da Guerra. Trad. Cel. Álvaro Galvão. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1979.



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Operation Shingle – Battle of Anzio – janeiro 1944




Batalha em Monte Cassino – Itália, janeiro – maio 1944



Operation Culverin – planejada para a Sumatra



Operation Overlord – Battle of Normandy – junho 1944



Operation Dragoon – ou Anvil - sul da França – agosto 1944




História do COSSAC