quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

FEB - formação da força expedicionária






FEB

1943 / 1944


Arregimentação (e capacitando) homens

         “A FEB já existia no papel. Faltava agora cumprir a gigantesca tarefa de preencher as fileiras com homens capacitados. Seria necessário multiplicar por três cada um dos setores previstos na composição de uma divisão, e o alistamento e a seleção de pessoal deveriam entregar ao menos 75 mil homens aptos a ocupar as novas funções. Desse total, mais da metade deveria estar apta para entrar em combate. O contingente das Forças Armadas Brasileiras nessa época beirava os setenta mil homens, o que significava, no mínimo, dobrar a quantidade do efetivo apenas para realizar planos iniciais de formação da FEB. Dificilmente a meta seria cumprida apenas com o voluntariado, e o alistamento obrigatório dos reservistas estava previsto.

         O ministro da Guerra, general Dutra, procurava entre os militares de alta patente quem fosse mais capacitado para o comando da FEB, mas, aparentemente, ninguém se mostrou disposto a encarar tamanho desafio, já que todos recusavam o convite feito pelo chefe militar. Em agosto de 1943, o general João Batista Mascarenhas de Moraes aceitou o comando de uma das três divisões de infantaria previstas inicialmente para compor a FEB. Esse militar da ativa era comandante da Artilharia e estava servindo na 7ª Região Militar, sediada em Recife.

         Mascarenhas sempre esteve ao lado do governo constituído, durante as revoluções dos anos 1930, quando confrontou Vargas em duas ocasiões. Com isso, foi preso, e depois liberado  para reassumir seu posto. Entretanto, depois de lutar contra o levante comunista de 1935, ganhou a confiança do presidente. Foi enviado aos Estados unidos para o curso preparatório na Escola de Comando e Estado-Maior de Fort Leavenworth, no estado de Kansas, para onde posteriormente foram mandados 259 militares brasileiros, até fins de 1944. Era um homem reservado, conhecido pela sua personalidade introspectiva, mas cujas qualidades de comando e administração seriam de enorme importância ao longo do seu papel na liderança da FEB.

         Da teoria à prática, os militares brasileiros prosseguiam no processo de estruturação da FEB. Os equipamentos militares americanos que chegavam ao Brasil por conta do Tratado de Empréstimo e Arrendamento custaram mais de 350 milhões de dólares, uma fração do preço real, que teve o prazo de pagamento facilitado. As divisões, uma vez treinadas, receberiam o equipamento funcional assim que chegassem ao teatro de operações determinado.

         Depois de vencidas as barreiras políticas para a entrada de uma força brasileira no front de combate, o alto-comando Aliado escolheu o teatro de operações do mediterrâneo para receber o contingente brasileiro. Em novembro de 1943, uma comissão militar chefiada pelo general Mascarenhas foi enviada à Itália e à África para observação daqueles cenários de guerra. Antes de sua volta ao Brasil, o general Mascarenhas foi nomeado comandante da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária.”

pp. 106-107



Tirando o atraso

         “As dificuldades para a formação e o treinamento da FEB continuaram. Os americanos alegavam não dispor de armamentos suficientes para o Brasil, uma vez que, além de fornecer armas para vários países aliados, ainda precisavam reequipar seu próprio exército, que estava lutando em várias frentes. Os ingleses se opunham ao envio de uma força brasileira para o teatro de operações do Mediterrâneo, onde mais de vinte nacionalidades estavam engajadas em operações de combate.

         Tanto o general Harold Alexander – comandante do VIII Exército inglês – quanto Winston Churchill não viam com bons olhos mais uma tropa estrangeira adentrando aquele estágio da luta, o que poderia aumentar ainda mais os desafios estratégicos e logísticos já existentes. Foi preciso a insistência de Roosevelt para convencer Churchill sobre a importância política de os americanos cumprirem a promessa de que os brasileiros lutariam.

         Com a redução do efetivo esperado para compor o corpo expedicionário, já que se provou impossível convocar cem mil homens para três divisões, ficou definido que a FEB teria apenas uma divisão, formada por cerca de 25 mil homens.  Dos três centros de treinamento militar previstos, apenas o do Rio de Janeiro foi efetivado. Estava em andamento a total reforma na estrutura militar vigente, com a adaptação do Exército brasileiro para o modelo americano.

[…]

pp. 109-110


fonte: BARONE, João. 1942: O Brasil e sua guerra desconhecida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013.


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