FEB
1943 / 1944
Arregimentação (e
capacitando) homens
“A
FEB já existia no papel. Faltava agora cumprir a gigantesca tarefa de preencher
as fileiras com homens capacitados. Seria necessário multiplicar por três cada
um dos setores previstos na composição de uma divisão, e o alistamento e a
seleção de pessoal deveriam entregar ao menos 75 mil homens aptos a ocupar as
novas funções. Desse total, mais da metade deveria estar apta para entrar em
combate. O contingente das Forças Armadas Brasileiras nessa época beirava os
setenta mil homens, o que significava, no mínimo, dobrar a quantidade do
efetivo apenas para realizar planos iniciais de formação da FEB. Dificilmente a
meta seria cumprida apenas com o voluntariado, e o alistamento obrigatório dos
reservistas estava previsto.
O
ministro da Guerra, general Dutra, procurava entre os militares de alta patente
quem fosse mais capacitado para o comando da FEB, mas, aparentemente, ninguém
se mostrou disposto a encarar tamanho desafio, já que todos recusavam o convite
feito pelo chefe militar. Em agosto de 1943, o general João Batista Mascarenhas
de Moraes aceitou o comando de uma das três divisões de infantaria previstas
inicialmente para compor a FEB. Esse militar da ativa era comandante da
Artilharia e estava servindo na 7ª Região Militar, sediada em Recife.
Mascarenhas
sempre esteve ao lado do governo constituído, durante as revoluções dos anos
1930, quando confrontou Vargas em duas ocasiões. Com isso, foi preso, e depois
liberado para reassumir seu posto.
Entretanto, depois de lutar contra o levante comunista de 1935, ganhou a
confiança do presidente. Foi enviado aos Estados unidos para o curso
preparatório na Escola de Comando e Estado-Maior de Fort Leavenworth, no estado
de Kansas, para onde posteriormente foram mandados 259 militares brasileiros,
até fins de 1944. Era um homem reservado, conhecido pela sua personalidade introspectiva,
mas cujas qualidades de comando e administração seriam de enorme importância ao
longo do seu papel na liderança da FEB.
Da
teoria à prática, os militares brasileiros prosseguiam no processo de
estruturação da FEB. Os equipamentos militares americanos que chegavam ao
Brasil por conta do Tratado de Empréstimo e Arrendamento custaram mais de 350
milhões de dólares, uma fração do preço real, que teve o prazo de pagamento
facilitado. As divisões, uma vez treinadas, receberiam o equipamento funcional
assim que chegassem ao teatro de operações determinado.
Depois
de vencidas as barreiras políticas para a entrada de uma força brasileira no front
de combate, o alto-comando Aliado escolheu o teatro de operações do
mediterrâneo para receber o contingente brasileiro. Em novembro de 1943, uma
comissão militar chefiada pelo general Mascarenhas foi enviada à Itália e à
África para observação daqueles cenários de guerra. Antes de sua volta ao
Brasil, o general Mascarenhas foi nomeado comandante da 1ª Divisão de
Infantaria Expedicionária.”
pp. 106-107
…
Tirando o atraso
“As
dificuldades para a formação e o treinamento da FEB continuaram. Os americanos
alegavam não dispor de armamentos suficientes para o Brasil, uma vez que, além
de fornecer armas para vários países aliados, ainda precisavam reequipar seu
próprio exército, que estava lutando em várias frentes. Os ingleses se opunham
ao envio de uma força brasileira para o teatro de operações do Mediterrâneo,
onde mais de vinte nacionalidades estavam engajadas em operações de combate.
Tanto
o general Harold Alexander – comandante do VIII Exército inglês – quanto
Winston Churchill não viam com bons olhos mais uma tropa estrangeira adentrando
aquele estágio da luta, o que poderia aumentar ainda mais os desafios
estratégicos e logísticos já existentes. Foi preciso a insistência de Roosevelt
para convencer Churchill sobre a importância política de os americanos
cumprirem a promessa de que os brasileiros lutariam.
Com
a redução do efetivo esperado para compor o corpo expedicionário, já que se
provou impossível convocar cem mil homens para três divisões, ficou definido
que a FEB teria apenas uma divisão, formada por cerca de 25 mil homens. Dos três centros de treinamento militar
previstos, apenas o do Rio de Janeiro foi efetivado. Estava em andamento a
total reforma na estrutura militar vigente, com a adaptação do Exército
brasileiro para o modelo americano.
[…]
pp. 109-110
fonte: BARONE, João. 1942: O Brasil e sua
guerra desconhecida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013.
mais info em
…
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