Holocausto
-
Trechos
de
“A
Lista
de
Schindler”
fonte:
“A Lista
de Schindler”
(Schindler's
List,
1982)
de
Thomas Keneally (1935- ) trad. Tati Moraes
Cap.
15
(É
intensificada
a
perseguição
aos
judeus
no
guetto)
“Rumores
horripilantes perseguiam-nos em seus quartos, nas ruas, no local de
trabalho. [Symche] Spira
tinha
outra
lista
que
era
duas
ou
três
vezes
mais
longa
do
que
a
última.
Todas
as
crianças
seriam
mandadas
para
Tarnow
para
serem
fuziladas,
Stutthof
para
serem
afogadas,
Breslav
para
serem
doutrinadas,
desarraigadas,
operadas.
Você
tem
algum
parente
idoso?
Eles
estão
enviando
todos
acima
de
cinquenta
anos
para
as
minas
de
sal
em
Wieliczka.
Para
trabalhar?
Não,
para
serem
trancafiados
em
câmaras
em
desuso.”
(p. 121)
“Os
OD
armados
de
cassetetes
trabalhavam
com
os
SS.
Os
SS
estavam
usando
judeus
para
espancarem
judeus.
Contido,
no
decorrer
do
dia
Oskar
se
convenceu
de
que
alguns
dos
OD
espancavam
seus
patrícios
para
salvá-los
de
coisas
piores.
E,
de
qualquer
maneira,
havia
um
novo
regulamento
para
o
OD:
se
deixasse
de
despejar
uma
família,
a
sua
própria
família
seria
despejada.”
(p. 122)
(A
violência
no
guetto)
“A
infâmia
de
homens
nascidos
de
mulheres
e
que
tinham
de
escrever
cartas
para
suas
famílias
(o
que
diziam
nessas
cartas?)
não
era
o
pior
aspecto
do
que
Schindler
presenciara.
Sabia
que
os
SS
não
tinham
vergonha
alguma
do
que
estavam
fazendo,
pois
o
guarda
na
retaguarda
da
coluna
não
vira
necessidade
de
impedir
a
garotinha
de
vermelho
de
assistir
toda
a
cena.
Mas
o
pior
era
que,
se
não
havia
a
menor
vergonha,
isso
significava
sanção
oficial.
Ninguém
mais
podia
encontrar
segurança
na
ideia
de
cultura
alemã,
nem
nos
pronunciamentos
de
líderes,
que
condenavam
homens
anônimos
por
terem
ultrapassado
seus
limites,
ou
por
olharem
pelas
janelas
de
seus
escritórios
para
a
realidade
na
rua.
Oskar
tinha
visto
na
Rua
Krakusa
uma
prova
da
política
de
seu
governo,
que
não
podia
ser
justificada
como
uma
aberração
temporária.
Acreditava que os SS estavam cumprindo as ordens de seu líder pois,
do contrário, o colega na retaguarda da coluna não teria deixado
uma criança assistir à cena.
Mais
tarde, nesse dia, depois de ter ingerido uma dose de conhaque, Oskar
compreendeu o teorema em seus termos mais claros. Eles permitiam
testemunhas, tais como a garotinha de vermelho, porque julgavam que
as testemunhas iam todas igualmente perecer.” (p. 125)
Cap.
16
(Judeus
contra
judeus)
“Em
Zablocie, Schindler não ousava acreditar que a garotinha de vermelho
havia sobrevivido aos métodos da Aktion. Através de Toffel e
outros conhecidos da central de polícia na Rua Pomorska, ele soube
que 7.000 pessoas haviam sido postas para fora do gueto. Um
funcionário da Gestapo no Escritório de Questões Judaicas estava
radiante de poder confirmar a 'limpeza'. Entre os burocratas da Rua
Pomorska, a Aktion de junho foi considerada um sucesso.” (p.
129)
“De
nada
adiantava
transmitir
ao
Judenrat
esses
dados.
O
Conselho
do
Judenrat
não
considerava
aconselhável,
do
ponto
de
vista
civil,
informar
os
habitantes
do
gueto
sobre
os
campos
(de
concentração).
As
pessoas
certamente
se
encheriam
de
pavor;
haveria
desordens
nas
ruas,
as
quais
não
ficariam
sem
punição.
(...)
O
Judenrat
não
tinha
mais
interesse
algum
em
informar
os
habitantes
do
gueto
sobre
os
seus
prováveis
destinos,
já
que
estavam
confiantes
de
que
ele
próprios
não
estriam
incluídos
nas
listas
fatídicas.”
(p. 130)
“De
alguns
prisioneiros
do
campo
de
Auschwitz
tinham
chegado
cartões-postais
para
parentes.
Portanto,
o
que
acontecera
em
Belzec
[câmara
de
gás]
não
podia
ser
verdade
em
Auschwitz.
E
era
para
acreditar?
Tão
escassas
eram
as
rações
emocionais
do
gueto
que
as
pessoas
só
podiam
manter
seu
equilíbrio
acreditando
numa
lógica.”
(p. 131)
“Pelas
suas fontes de informação, Schindler
descobriu
que
as
câmaras
de
Belzec
tinham
sido
terminadas
em
março
daquele
ano
[1942],
sob
supervisão
de
uma
firma
de
engenharia
de
Hamburgo
e
engenheiros
da
SS de Oranienburg. Pelo
testemunho de Bachner, ao que parecia,
3.000
matanças
por
dia
eram
o
cálculo
da
capacidade
das
câmaras.
Crematórios estavam sendo construídos, para o caso de o meio
tradicional de dispor de cadáveres pudesse provocar um atraso no
novo método de extermínio. A mesma companhia em atividade em Belzec
instalara facilidades idênticas em Sobibor, também no distrito de
Lublin. Haviam
sido
abertas
concorrências
e
as
construções
estavam
muito
avançadas
para
instalações
similares
em
Treblinka,
perto
de
Varsóvia
[Warsaw].
E câmaras de gás e fornos se achavam ambos em funcionamento no
campo principal de Auschwitz
e no vasto campo Auschwitz
II , a poucos
quilômetros de Birkenau. A
Resistência
afirmava
que
10.000
assassinatos
por
dia
estavam
dentro
da
capacidade
de
Auschwitz
II
(perto
de
Birkenau).”
(pp. 131-132)
“O
Oskar Schindler, que sai de seu gabinete nas manhãs gélidas de uma
Aktion
para falar com o membro da SS, com o auxiliar ucraniano, com a
Polícia Azul e com o destacamento da OD, que teriam marchado de
Podgorze para escoltar o seu turno da noite, o Oskar Schindler que,
enquanto toma seu café, telefona para o escritório do Wachtmeister
Bosko próximo ao gueto e prega uma mentira a respeito da necessidade
de seu turno da noite permanecer esta manhã na Rua Lipowa – esse
Oskar está se comprometendo agora além dos limites de negócios
cautelosos. Os
homens
influentes
que,
por
duas
vezes,
tiraram
Oskar
da
prisão
não
poderiam
fazê-lo
indefinidamente, embora
Oskar se mostre generoso nos aniversários deles.
Nesse
ano,
eles
estavam
mandando
homens
influentes
para
Auschwitz.
Se
eles
morrem
lá,
suas
viúvas
recebem
um
telegrama
seco
e
ingrato
do
comandante:
SEU MARIDO MORREU EM KONZENTRATIONSLAGER AUSCHWITZ.” (pp. 132-133)
(a
Resistência
contra
o
III
Reich)
“A
Organização
Judaica
de
Combate
(ZOB)
era
forte
em
Cracóvia.
Compunha-se
sobretudo
de
membros
de
clubes
juvenis,
especialmente
de
membros
do
AKIVA
– um
clube
assim
nomeado
em
homenagem
ao
lendário
Rabino
Akiva
Ben
Joseph,
um
erudito
da
Mishna.
(...)
Seus
membros
necessitavam
entrar
e
sair
livremente
do
gueto,
levando
dinheiro
em
espécie,
documentos
forjados
e
exemplares
do
jornal
da
Resistência.
Tinham
contatos
com
o
Exército
Polonês
do
Povo,
de
tendência
esquerdista,
que
se
abrigava
nas
florestas
nos
arredores
de
Cracóvia
(...)”
(pp. 133-134)
“O
que
em
junho
[de
1942]
parecera
um
horror
supremo,
em
outubro
já
se
tornara
um
processo
de
rotina.
(...)
quando
o
assassinato
é
programado,
habitual,
uma
indústria,
como
ali
em
Cracóvia,
não
havia
maneira,
mesmo
com
tentativas
heroicas,
de
desviar
o
rumo
devastador
do
sistema.
Os
mais
ortodoxos
do
gueto
tinham
um
refrão:
'Uma
hora
de
vida
é
ainda
vida.'”
(p. 137)
“Os
sionistas
da
Juventude
Halutz
Youth
e
a
ZOB
preparavam
um
ato
de
resistência
mais
concreto.
(...)
Era
intenção
deliberada
agirem
contra
o
tradicional
pacifismo
do
gueto,
convertê-lo
numa
rebelião
universal.
(...) Contudo,
o
estilo
de
resistência
para
os
habitantes
de
guetos
permanecia
o
mesmo
que
o
de
Artur
Rosenzweig;
quando
lhe
disseram
em
junho
que
fizesse
uma
lista
de
milhares
de
conterrâneos
seus
para
serem
deportados,
colocou
o
seu
próprio
nome,
o
de
sua
mulher
e
o
da
filha
em
primeiro
lugar
na
lista.”
(pp. 137-138)
Cap.
17
(As
notícias
sobre
o
extermínio
espalham-se
pela
Europa
e
chegam
à
Palestina)
“Até
mesmo
na
pequena
equipe
de
Sedlacek,
seu
clube
vienense
anti-nazista,
não
se
imaginava
que
a
perseguição
aos
judeus
tornara-se
tão
sistemática.
Não somente a história que Schindler era assustadoramente primária
em termos morais, como lhe pediam que acreditasse que, em meio de uma
batalha desesperada, os nacionalistas empregavam milhares de homens,
os recursos de preciosas estradas de ferro, técnicas de engenharia
dispendiosas, uma parcela fatídica dos seus cientistas e
pesquisadores, uma vasta burocracia, arsenais inteiros de armas
automáticas, uma profusão de depósitos de munições, todo esse
potencial para o extermínio, que não tinha nenhum objetivo militar
ou econômico mas um mero objetivo psicológico. Dr.
Sedlacek
tinha
esperado
apenas
histórias
de
horror
– fome,
restrições
econômicas,
pogroms
violentos
em
uma
ou
outra
cidade,
violações
de
propriedade
– todas
as
arbitrariedades
historicamente
habituais.”
(p. 142)
Cap.
18
(os campos de trabalho e
os campos
de
extermínio,
Vernichtungslagers)
“Naquelas
últimas semanas, informou Oskar, uns 2.000 habitantes do gueto de
Cracóvia tinham sido reunidos e enviados não para as câmaras de
Belzec, mas para campos de trabalhos forçados nas cercanias da
cidade. Um campo ficava em Wieliczka, outro em Prokocim, ambos com
estações ferroviárias da linha Ostbahn, que corria para a
fronteira russa. De Wieliczka e Prokocim, os prisioneiros marchavam
todos os dias para um local na aldeia de Plaszóvia, na periferia da
cidade, onde estavam sendo preparadas as fundações para um vasto
campo de trabalho.” (p. 147)
“Wieliczka,
Prokocim e o campo em construção em Plazóvia estavam sob o
controle dos chefes de polícia de Cracóvia, Julian Schemer e Rolf
Czurda; ao passo que os
Vernichtungslagers
eram
dirigidos
pelo
Escritório
Central
de
Administração
e
Economia
em
Oranienburg,
perto
de
Berlim.
Os
Vernichtungslagers
usavam
também
pessoas
vivas
por
algum
tempo,
para
mão-de-obra
,
mas
a
sua
indústria
principal
era
a
morte
e
seus
subprodutos
– a
reciclagem
de
roupas,
das
joias
e
óculos
que
restassem,
de
brinquedos
e
até
da
pele
e
cabelo
dos
mortos.”
(p. 148)
No
Cap.
16
temos
um
trecho
onde
uma
sobrevivente
narra
que
os
cabelos
são
recolhidos
para
serem
usados
em
filtros
para
calçados
das
tripulações
dos
U-Boots,
“Depois
de
despidos
os
prisioneiros
tinham
suas
cabeças
raspadas
na
barbearia,
e
eram
informados
por
um
NCO SS
que
seus
cabelos
eram
necessários
para
fabricar
algo
para
as
tripulações
de
submarinos.”
(p. 130)
Fonte:
“A
Lista
de
Schindler”
(Schindler's
List,
1982)
de
Thomas Keneally (1935- ) trad. Tati Moraes
sobre
os
Judenrat
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“The
Nazis:
The
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to
Treblinka”
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