sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Front Oriental - Odessa / Moscou - fim de 1941



 Front Oriental - Eastern Front


Avanço das tropas no Front Sul

Kiev – Odessa


“A batalha de Odessa, como acontecia com muitos cercos, viria a transformar-se num caso separado. Em seus primeiros momentos, contudo, teve um efeito crítico sobre a luta em geral na frente de Budenny, pois a decisão do Stavka de concentrar forças dentro das suas linhas representaria sérias dificuldades para a defesa do Bug e do Dnieper.

O fato era ainda mais sério porquanto, no mesmo instante,permanecia desguarnecida, outra brecha que se se abrira ao norte de Kiev, por volta de meados de julho, quando as Frentes Central e Sudoeste começaram a separar-se sob a pressão alemã. Kiev, uma vez que a mais importante concentração de tropas russas, em toda a frente de batalha, encontrava-se entre o Báltico e o Mar negro, estava tentadoramente vulnerável a um cerco duplo.

Stalin e o Staka, que não desconheciam o risco que corriam de serem isoladas as Frentes Central e Sudoestem, determinaram a criação, a 16 de agosto, da nova Frente de Bryansk, para fechar a brecha entre as duas. O comando da Frente criada foi entregue ao General Yemerenko, embora recebesse apenas dois exércitos de infantaria, mais a promessa de outros que já haviam enfrentado o inimigo.

Entrementes, o Stavka concedeu a Budenny a permissão que há dias vinha pedindo para retirar todas as suas unidades da margem oeste para a leste do Dnieper. O 37º Exército ficaria em Kiev, enquanto o 5º Exército, finalmente liberado da sua vigília no Pripet, e o 14º Exército, uma formação composta de unidades já cansadas de lutar, recebiam ordens para formas uma frente ao longo da linha Kharkov-Konotop-Chernigov, como precaução adicional contra qualquer tentativa dos alemães de penetrar a brecha entre os Comandos Central e Sudoeste.


Essa ameaça estava em curso, pois Guderian, que já redeslocara seu Panzergruppe para um eixo mais meridional, estava pronto pra dirigi-lo rumo a Kiev. Mas, no mesmo dia em que Guderian deixara o Q-G de Hitler, malograda a tentativa de convencê-lo a avançar contra Moscou. Stalin informou a Yeremenko sobre a importância que o Stavka dava ao contra-ataque que ele iria desfechar. Stalin falou-lhe dos novos equipamentos que lhe seriam enviados: vários batalhões de tanques T-34 e alguns dos novos foguetes Katyusha, um morteiro de vários canos que disparava projeteis leves, estabilizados por aletas e dotados de grandes ogivas explosivas. A dissolução da Frente Central, a 25 de agosto, contribuiu com mais dois exércitos para sua ordem de batalha, os 13º e os 21º. Infelizmente, essa dissolução levou Yeremenko a crer que também era responsável pela defesa dos caminhos que levavam a Moscou – uma advertência ambígua de Shaposhnikov, o Chefe do Estado-maior, quanto às intenções alemãs, encorajou-o a crer nisso – o que fez que dividisse a força que tinha sob sua direção, enviando a melhor parte da mesma ao que viria a ser uma frente completamente passiva.”

“Na última semana de agosto [1941], portanto, todos os indícios indicavam o cerco iminente de Kiev pelos alemães e, realizado o cerco, uma catastrófica derrota russa na Frente Sul. Mas Stalin continuava rejeitando todas as sugestões para que se retirassem as tropas da região ameaçada antes que fosse tarde demais, ou mesmo para que se deslocassem para posições mais defensáveis. Ao contrário, ele procurou aumentar a guarnição da capital ucraniana, até mesmo com o sacrifício de setores mais sensíveis da frente. Como resultado desta sua determinação, quase um milhão de homens cairiam em mãos alemãs ou escapariam delas por um triz.”


pp. 97, 99, 101


“De importância militar muito maior foi a iniciativa do 11º Exército de Rundstedt, então comandado pelo General von Manstein (que se tornaria muito conhecido dos russos), que pôde fustigar o estuário do Dnieper, entre 21 e 29 de setembro, e avançar até a garganta da península da Crimeia. Este avanço ameaçou derrubar todas as defesas russas dos rios meridionais – Donetz e Don – e dos seus grandes centros industriais. Impunha-se então, como problema estratégico importante, saber se Hitler encorajaria Rundstedt a prosseguir na direção que levava, ou se ele ouviria os argumentos favoráveis à renovação do ataque no centro ou no norte. Kharkov? Moscou? Leningrado? A decisão sobre as operações contra esta última cidade,o mais palpável de todos os objetivos entregues a um comandante alemão, vinham-se mostrando tão difíceis quanto quaisquer outras que Hitler tivera de tomar durante toda a campanha, e até então ainda não chegara a uma solução satisfatória do 'problema de Leningrado'. E este continuaria destorcendo o raciocínio estratégico de Hitler.” p. 111



Fonte:  KEEGAN, John. Barbarossa – a invasão da Rússia. RJ: Renes, 1974. trad. Edmond Jorge


mais info sobre a invasão da Rússia

A batalha de Odessa (1941)

os lança-foguetes Katyusha



filmes russos

Контрудар (1985) - Counter-strike – Counter-blow

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Avanço alemão rumo a Moscou


(Operação Tufão [Typhoon] )



“Visto no contexto mais amplo da Segunda Guerra Mundial, o fracasso em derrotar a União Soviética em quatro ou cinco meses assinalou o fim da Blitzkrieg.

Dos pontos de vista político, econômico e militar, Hitler subestimara a União Soviética. Em 1939 ele considerara “realização digna de um estadista” o fato de a Alemanha só ter de lutar numa frente, mas agora a guerra em duas frentes se tornara uma realidade, tal como a Alemanha experimentara antes, em 1914-1918. Era evidente que os aliados de Hitler estavam desiludidos e que nas áreas ocupadas a resistência às forças de ocupação aumentava. A Turquia, que Hitler gostaria de ter visto participando na “sua guerra”, continuou de lado, na expectativa. Enquanto a resistência aliada a Hitler recebia considerável impulso, a Inglaterra, em particular, soube aproveitar a trégua tão necessária para promover seus preparativos militares e desenvolver suas alianças. A União Soviética podia contar com as Potências Ocidentais e lançar todo o seu peso contra a Alemanha. Além disso, desde 7 de dezembro de 1941, quando o Japão atacou Pearl Harbor, os portos do grande arsenal da democracia estavam abertos aos líderes da União Soviética.

A batalha às portas de Moscou, no inverno de 1941-1942, é considerada, acertadamente, como uma das mais decisivas da Segunda Guerra Mundial. Ela foi o último ato retardado no desígnio alemão de derrotar a Rússia. O que quer que Hitler empreendesse a partir desse momento, só poderia representar o adiamento de sua derrocada final.”


fonte: Segunda Guerra Mundial. Ed. Codex, 1966.


mais info sobre a Operação Typhoon




A Defesa de Moscou




Operação Tufão


Soviéticos em contra-ataque
param a ofensiva alemã em 5 de dezembro



fonte: JORDAN, DAVID e WIEST, ANDREW . Atlas da II Guerra Mundial. Volume II de III. São Paulo: Ed. Escala, 2008. Trad. Tatiana Napoli.



            “Em 6 de setembro de 1941, Hitler emitiu a Diretiva nº 35, tornando Moscou o próximo objetivo. A maior parte das forças panzer (tanques alemães) se concentraria no Grupo de Exército de Centro, mas levaria o resto do mês para que elas se reagrupassem. O conceito por trás da Operação Tufão era conhecido. As forças armadas penetrariam profundamente nas linhas inimigas, circulando as forças soviéticas, que seriam então destruídas pelas unidades de infantaria. Parecia bastante simples, mas as condições na Rússia eram problemáticas. As chuvas de outono tinham tornado a rede de estradas russas inacessível, o que, por sua vez, impossibilitava uma ação rápida das forças armadas – e mesmo o sistema de transportes a cavalo do qual o exército alemão dependia era dificultado. Haveria uma breve oportunidade de ação entre o fim das chuvas e o início do inverno, mas isso não ajudava muito os alemães: o plano de ataque se baseava na suposição de que os russos teriam apenas 60 divisões de exército naquela altura, quando na verdade eles tinham 212 (ainda que menos de 100 pudessem ser consideradas totalmente operantes).

            Além das vantagens conseguidas pelos soviéticos graças ao clima, a convicção de Stalin de que o Japão era muito mais propenso a atacar os EUA do que a União Soviética lhe deu confiança o suficiente para remover algumas de suas divisões mais experientes do Extremo Oriente. O Marechal Georgy Zhukov, que havia sido exonerado do ponto por Stalin e exilado no leste, recebeu o comando de batalha para Moscou.

            Nos primeiros dias da Operação Tufão, os alemães tiveram considerável sucesso. No entanto, a resistência russa permaneceu determinada e começou a contra-atacar. No início de novembro, o OKW foi forçado a admitir que não conseguiria tomar Moscou ou derrotar a União Soviética antes da chegada de 1942. Para piorar, os russos tinham poupado nove divisões reservas e lançaram uma contra-ofensiva no início de dezembro. A reação mais razoável foi o recuo das forças alemãs; Hitler, no entanto, ficou indignado e demitiu os três comandantes do Grupo de Exército, além de afastar vários outros.

            Sem conseguir acompanhar o cronograma planejado para o ataque, os alemães procuraram revigorar a Operação Tufão em 4 de dezembro de 1941, sem saber que os russos definiam os toques finais de seu plano de contra-ataque.

            No dia seguinte, forças soviéticas começaram a se deslocar na Frente de Kalinin, enquanto as últimas preparações eram feitas nas frentes oeste e sul para iniciar as ações em 6 de dezembro. O ataque em Kalinin foi uma total surpresa. Apesar do deslocamento de um considerável número de tropas e de toda a preparação associada a uma grande ofensiva, a inteligência alemã não notou nenhum dos sinais. Os alemães estavam completamente despreparados, e o caos reinou por algum tempo. O General Zhukov usou o Primeiro Exército de Choque e as 10ª e 20ª Divisões para atacar nos arredores de Moscou, e as frentes alemães ao norte e sul da cidade caíram. Apesar disso, não houve um recuo geral alemão.

            Os ataques nas frentes oeste e sul não tiveram o mesmo elemento-surpresa que o da Frente de Kalinin, o que no final não fez muita diferença. As unidades alemãs foram pegas desprevenidas, e pela primeira vez no embate da Frente Oriental a iniciativa de batalha passou para os soviéticos, Stalin tinha esperanças de que a contra-ofensiva rendesse resultados decisivos, mas a estimativa er otimista demais em relação ao que suas tropas poderiam atingir naquele ponto da guerra. Assim, o contra-ataque russo continuava; no entanto, o Exército Vermelho não conseguia explorar o impulso que ele representava. Os alemães montaram posições defensivas fortes, conhecidas como 'ouriços', e o ritmo do avanço soviético começou a diminuir.”

pp. 104, 107-108 (itálicos meus)



seleção: Leonardo de Magalhaens


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