domingo, 14 de agosto de 2011

Batalha de Smolensk - Neutralidade Japão e URSS




Operação Barbarossa

julho / agosto 1941



Batalha de Smolensk

(10 julho – 05 agosto 1941)



“No dia 10 de julho de 1941, Stálin assumiu pessoalmente a chefia suprema dos exércitos soviéticos e, ao mesmo tempo, criou três comandos encarregados do comando da guerra nas três grandes frentes ameaçadas pela invasão alemã. O Marechal Voroshilov foi designado chefe das tropas que combatiam no norte, sobre a costa báltica e Leningrado; o Marechal Timoshenko assumiu o comando dos exércitos encarregados da defesa de Moscou, e o veterano Marechal Budienny passou a exercer o comando das tropas localizadas ao sul, na região da Ucrânia.


Nesse mesmo dia, as tropas de assalto do grupamento Panzer IV, do General Guderian, iniciaram o cruzamento do rio Dnieper, ao sul da cidade de Smolensk. Ao norte, as colunas de tanques do grupamento Panzer III, capitaneadas pelo General Hoth, redobraram seus ataques e avançaram em direção a Smolensk, com o fim de cercar pela retaguarda as unidades russas que combatiam contra as forças de Guderian.

[…]

No dia 13 de julho, a 29a Divisão Motorizada, comandada pelo General von Boltenstern, penetrou profundamente através das posições russas e, enfrentando duros combates, aproximou-se a poucos quilômetros de Smolensk. Pela primeira vez desde o início da campanha, as tropas alemães viram-se diante de uma crítica falta de munições. As bases de abastecimento se achavam agora a 500 km, à retaguarda, e o serviço de abastecimento, tendo que enfrentar inúmeras dificuldades, já não podia cumprir adequadamente sua missão.

Avançando do Norte, o grupamento Panzer III cortou, no dia 15, a estrada principal para Moscou e conseguiu, desta maneira, cercar, sobre as margens do Dniéper, mais de 300.000 soldados soviéticos. Ao sul, as unidades de Guderian continuaram pressionando em direção a Smolensk e, em 16 de julho, as tropas de assalto da 29a Divisão Motorizada penetraram na cidade. A armadilha estava fechada.” pp. 1-2


Em 19 de julho, com a Instrução Nº 33, de Hitler, para reorganizar as tropas para as ofensivas ao norte (Leningrado) e ao sul (Kiev), o eixo central do avanço deixa de ser aquele rumo a capital Moscou. É quando os generais da Wehrmacht discordam do Führer: eles preferem a ofensiva concentrada contra Moscou, “no máximo até 20 de agosto”.


No dia 11 de agosto, Halder registrou em seu diário:

“... subestimamos a força do colosso russo, não só no campo econômico e do transporte, mas também, e principalmente, na esfera militar. De início, contamos enfrentar 200 divisões inimigas e já identificamos 360. Quando destruímos uma dezena dessas divisões, os russos lançam uma outra dezena.”


Em 18 de agosto, o general Brauchitsch apresenta argumentos para a conquista de Moscou, mas no dia 21 de agosto, Hitler rejeita o plano de Halder e Brauchitsch. De nada adianta a presença do general Guderian, em 23 de agosto na Cova do Lobo, onde faz um relato a partir dos informes da frente de batalha e insiste em argumentos a favor de um avanço concentrado para a capital russa Moscou. 


Hitler recusa o ataque e novamente alega razões econômicas – o trigo e o petróleo da Ucrânia – para desviar a ofensiva para Kiev, ao sul.


“No dia 5 de agosto, o Grupo de Exército Centro aniquilou as forças russas cercadas em torno de Smolensk. Três exércitos russos foram destruídos, caíram em mãos dos alemães cerca de 300.000 prisioneiros, 3.000 canhões e 300 tanques. Apesar de sofrer estas terríveis perdas; as unidades do General Timoshenko continuaram oferecendo uma resistência encarniçada às colunas de von Bock e lançaram repetidos contra-ataques contra sua frente e seus flancos.

[…]

Kiev ficou incrustada como uma profunda cunha nas linhas alemães. Poderosamente reforçada pelos russos, converteu-se numa grave ameaça para os flancos dos Grupos de Exércitos Centro e Sul. O marechal Rundstedt propôs, então, eliminar essa cunha mediante uma gigantesca manobra de pinças, lançando forças blindadas do norte e do sul.


Em sua ordem do dia 21 de agosto, na qual recusava a proposta de Halder para atacar Moscou, Hitler ordenou que se realizasse o aniquilamento das forças soviéticas entrincheiradas em torno de Kiev. A operação contra Moscou ficou por isto, definitivamente suspensa. (*) Sem saber, nesse dia, Hitler tomou a decisão que levou a Wehrmacht  à derrota.” pp. 11-14


“Diante da obstinada resistência dos soviéticos, o ataque alemão correu o risco de parar. Guderian pediu ao alto-comando que enviasse imediatamente reforços para dar um novo impulso ao ataque. No dia 2 de setembro, o regimento de infantaria motorizada Grossdeutschland cruzou o Desna e se incorporou às suas forças. No dia seguinte, uma divisão da SS reforçou seu flanco direito. A Wehrmacht, porém, havia ficado já praticamente sem reservas; somente uma divisão de infantaria e duas de Panzer permaneciam à disposição do alto comando. As baixas sofridas pelos alemães desde o início da campanha eram, por sua vez, muito elevadas. Mais de 380.000 homens haviam caído sob o fogo soviético e as divisões Panzer estavam reduzidas quase a 50% de seus efetivos. A tenaz resistência dos russos frutificava amplamente.” pp. 16-17


(*)A ordem de ataque a Moscou, a diretiva Nº 35, foi expedida em 5 de setembro e colocada em prática em 26 de setembro, ou seja, um mês depois da data aconselhada pelos generais Halder e Guderian, o dia 20 de agosto.



fonte: Segunda Guerra Mundial . Fascículo 13. Editora Codex. 1966


mais info em



 ...

Japão honra a neutralidade assinada com a URSS



Enquanto Hitler esperava uma ação ofensiva japonesa contra a URSS no extremo oriente – como acontecera em 1905, na Guerra Russo-Japonesa e depois em 1939, quando os orientais foram derrotados pelas tropas de Jukov – para melhor esmagar os soviéticos entre duas tenazes – à oeste e à leste – os planos dos militaristas japoneses era de explorar as matérias-primas do sudeste asiático, com isso arriscando a entrar em conflito com os Estados Unidos, não com a URSS.

Vejamos as consequências do fato de os japoneses não atacarem a URSS.


“Matsuoka [Ministro do Exterior do Japão], a caminho de Berlim, deteve em Moscou em 24 de março [de 1941] e pregou a Stálin e Molotov que os comunistas espirituais do Japão se opunham inteiramente aos ideais individualistas dos povos anglo-saxões. Stálin não quis ficar atrás em baboseiras orientais; respondeu que a União Soviética jamais tivera boas relações com a Grã-Bretanha e 'jamais teria'. As sondagens dos japoneses visando a assinatura de um pacto de não-agressão com os soviéticos foram menos felizes nessa conjuntura.” (cap. 4)


“Com racional encorajamento soviético e irracional encorajamento nazista, os japoneses encontravam-se livres para atacar os Estados Unidos, levando mais uma grande potência para a guerra contra a Alemanha. Por outro lado, apesar de toda a pressão americana subsequente em contrário, a União Soviética ia conseguir concentrar-se sozinha nos alemães. Com toda a certeza os russos evitaram a derrota na Segunda Guerra Mundial porque, por motivos particulares, os japoneses honraram o pacto estabelecido com eles.” (cap. 4)


“Em sua decisão de atacar os Estados Unidos em vez da Rússia, como observou Churchill, 'o Japão certamente perdeu a melhor oportunidade – pelo que valia – de realizar seus sonhos.' Chuva de Vento Leste – o plano japonês fundamental para a guerra contra os EUA – substituiu Chuva de Vento Norte – o plano japonês de guerra contra a Rússia; e em seu devido tempo, o erro fundamental do Eixo na Segunda Guerra, personificado em Chuva de Vento Leste, poria em ação Arco-Íris nº 5, o plano de guerra básico dos norte-americanos para intervir decisivamente na Europa sem pensar no que os japoneses poderiam fazer dali em diante.” (cap. 6)





fonte: HIGGINS, Trumbull. Hitler e a Rússia – O Terceiro Reich numa Guerra de Duas Frentes 1937/1943. trad. Leonidas Gontijo de Carvalho. São Paulo: Ibrasa, 1969.



Mais sobre o Pacto de Neutralidade Soviético-Nipônico





LdeM

Nenhum comentário:

Postar um comentário