terça-feira, 21 de junho de 2011

Operação Barbarossa - Início (2)



Operação Barbarossa - Início (2)



Quando 'Barbarossa' se levanta, o mundo inteiro prende a respiração e se cala.” A. Hitler



“Foi com cento e cinquenta e três divisões, seiscentos mil veículos motorizados, três mil quinhentos e oitenta engenhos blindados, sete mil cento e oitenta e quatro bocas de fogo [canhões] e dois mil setecentos e quarenta aviões que, às 3h15 min da madrugada do dia 22 de junho, Hitler deu o sinal de assalto [ataque] contra a URSS. Em toda a História, era a mais poderosa concentração de forças já realizada num mesmo teatro de operações. Ao lado das tropas alemãs, alinhavam-se doze divisões e sete brigadas romenas, dezoito divisões finlandesas, três brigadas húngaras e duas e meia divisões eslovacas, bem como a División Azul espanhola. Seguindo o exemplo da maior parte das campanhas precedentes, as hostilidades começaram sem qualquer declaração de guerra; mais uma vez, a Luftwaffe se precipitou num ataque maciço que destruiu, no primeiro golpe, a metade dos dez mil (mais ou menos) aviões de guerra russos; como pouco antes na Polônia e na frente ocidental, os invasores penetraram profundamente no território do inimigo, introduzindo por toda parte 'cunhas' de carros de assalto em massa e pegando seus adversários pela retaguarda em todos os setores, durante os anos anteriores, Hitler não se cansara de repetir que a expedição que preparava não se assemelhava à dos argonautas ou qualquer coisa assim; agora ele passava à execução.


Imediatamente atrás das unidades combatentes vinha uma segunda onda, formada por grupos de intervenção. A missão especial a eles atribuída tinha sido formulada por Hitler, desde 3 de março, nestes termos: 'Extirpar a intelligentsia judaico-bolchevique', de preferência no próprio teatro de operações. Foram tais comandos que imediatamente deram a essa fase da guerra esse caráter sem precedentes, que ultrapassava de longe todas as experiências anteriores; e por mais intimamente que a campanha da Rússia estivesse ligada à guerra geral, por sua própria natureza e por sua moral apresentava um aspecto novo: era como uma terceira guerra mundial.


Em todo o caso, saía completamente do esquema e das noções da 'guerra normal', no sentido europeu do termo, cujas regras, até aqui, tinham sido observadas em todos os conflitos, embora na Polônia já se tivesse tido uma amostra de certas práticas inovadoras mais radicais. E era precisamente a lembrança da resistência encontrada pelo regime 'terrorista' das SS junto aos chefes militares locais em território inimigo que tinha incitado Hitler a empreender, na própria zona de combate, suas operações de 'limpeza' ideológica. Pois, após tantas dificuldades, tantos rodeios e frentes de batalha invertidas, esta guerra era sua, era a sua guerra – e aqui ele não faria a menos concessão. […] ”


p. 769-770


fonte: FEST, Joachim. Hitler. RJ, Nova Fronteira, 1976
(Livro VII – Vencedor e Vencido; Cap. II – A 'Terceira' Guerra Mundial)

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Ataque em 3 Vetores


O ataque seguiu três vetores, com extensos deslocamentos de tropas e vanguardas blindadas (agindo como 'cunhas' nos pontos de resistência e 'envolvendo' os grupos do Exército Vermelho)


Norte: rumo a Leningrado, contando com tropas finlandesas e uma divisão espanhola. Leningrado foi alcançada, mas não conquistada. Devido a grande resistência do povo russo, a cidade passou 900 dias sob cerco quase completo.


Centro: rumo a Smolensk, e Moscou. Área mais problemática – principalmente ao sul com os pântanos Pripet e a grande cidade de Kiev – que acabou por causar desvios de tropas e ataques, atrasando o avanço para a capital Moscou, somente alcançada em novembro (ou seja, com 40 dias de atraso, ainda mais em relação a chegada de época de geadas)


Sul: rumo a Rostov, contornando o Mar Negro rumo ao Cáucaso, cadeia montanhosa a sudoeste do Mar Cáspio. As tropas do sul contavam com reforços de tropas húngaras, romenas e italianas que atuavam nas margens do Mar Negro em cidades como Odessa, Kerch, Sevastopol, Rostov.



Veremos mais detalhes nas próximas postagens.


Leonardo de Magalhaens

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mais info sobre a Operation Barbarossa




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sobre os Einsatzgruppen [grupos de intervenção]


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videos da Operation Barbarossa

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propaganda aliada

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propaganda nazista

videos espanhóis sobre a División Azul


videos romenos sobre as forças romenas



LdeM

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Início da Operação Barbarossa - junho 1941




Operação Barbarossa – 22 de junho – 05 de dezembro 1941


“O Alto Comando Soviético claramente esperava o principal ataque alemão no sul, contra as principais áreas agrícolas e industriais da Rússia. Eis porque havia concentrado neste setor a quantidade de unidades blindadas para uma defesa elástica. Mas desde que o tanque é primariamente uma arma ofensiva, esta concentração de poderosas forças blindadas na ala sul simultaneamente permitia uma ofensiva soviética contra a Rumânia, a fonte vital de petróleo para a Alemanha.


O Plano de ataque de Hitler, assim, era um jogo de azar. Seguia a receita que provara de sucesso no fronte ocidental, quando, para a completa surpresa dos franceses, ele tinha irrompido rapidamente através do terreno desfavorável das Ardennes, penetrando a linha Maginot, que era fraca naquele ponto, e assim levou a campanha a uma rápida conclusão. Hitler pretendia aplicar o  mesmo plano na União Soviética: ele atacaria com todas as forças disponíveis em uma posição inesperada, romperia a frente inimiga, atravessaria, derrotaria totalmente o inimigo, e conquistaria seus centro vitais – Moscou, Leningrado, e Rostov – ainda arrebatado pelo ímpeto do primeiro grande avanço. A segunda onda então avançaria para a linha que ele traçara no mapa –a linha de Astrakhan até Archangel.

Esta era a Operação Barbarossa no papel.” p. 16



trad.: Leonardo de Magalhaens



fonte: CARELL, Paul. Hitler Moves East 1941-1943, 1964.
trad. EUA de “Unternehmen Barbarossa” [1963] by Ewald Osers
Parte Um: Moscou/ 1-Pego de surpresa, p. 16.



Segundo Paul Carell, são estas as disposições de forças adversárias nas posições iniciais, ao longo da fronteira polonesa-bielorussa e romena-ucraniana, onde os alemães se concentram com 7 exército com 4 corpos blindados (Panzer Groups), 3 frotas aéreas, 3 milhões de homens, 6000 mil veículos, 750 mil cavalos, 3580 blindados, 7184 canhões, 1830 aviões. Mais as forças romenas (os 3º e 4º Exércitos)

As forças russo-soviéticas somam 9 exércitos com 4,5 milhões de homens.

Fonte: Wikipedia





Início da Operação Barbarossa


Uma guerra em duas frentes? Afinal, preparar uma invasão à Rússia enquanto ainda se batalha contra a Grã-Bretanha! Nem os generais e muito menos os soldados entendia esta decisão do Führer que sempre tivera ideias ousadas – mas esta já era exagerada! Fazer um inimigo antes de derrubar o outro...

A operação 'Leão Marinho' era julgada por alguns observadores como um estratagema para alarmar os britânicos (obrigando-os a um acordo de neutralidade) e ao mesmo tempo despistar as suspeitas dos russos. Os russos – principalmente Stalin – acreditaram que o movimento de forças ao leste era, por sua vez, uma tática para despistar os britânicos. E que acreditar que haveria uma invasão alemã seria dar ouvidos a 'intrigas inglesas'.

O autor Pierre Rondière aborda as vésperas da grande invasão em seu livro “E o Mundo perde o fôlego” (em Portugal tem o título de “Quando Hitler atacou a leste”), vejamos alguns trechos interessantes.


“Desde há dois meses [i.e, abril e maio de 1941], por estes dois canais  [na Embaixada Soviética em Berlim], Moscovo [Moscou] é regularmente avisada dos preparativos da operação 'Leão do Mar', a invasão da Inglaterra. Os deslocamentos fictícios de divisões, as falsas concentrações de blindados, o amontoamento imaginário de lanchões nas praias do Pas-de-Calais, tudo concorrera para dar a impressão nítida de um desembarque iminente entre Douvres e a ilha de Wight. Talvez a atenção tenha sido assim desviada da fronteira da URSS, talvez tenha conseguido fazer crer a Moscovo [Moscou] que os movimentos nas fronteiras soviéticas eram apenas encenação para enganar os britânicos, sobre os quais a Alemanha saltaria dentro em pouco... talvez... Moscovo [Moscou] dispusesse de outras fontes, não intoxicadas, sabe-se lá...”

(pp. 16-17)


“Às 20 horas [de 21 de junho de 1941], os principais colaboradores de Ribbentrop, ministro dos Negócios Estrangeiros do III Reich, estão reunidos no seu gabinete de Berlim, na Wilhelmstrasse. Atmosfera tensa, rostos graves, conversas em voz baixa: por que nos reuniu o ministro?

Von Ribbentrop, diante deles, anuncia: 'Senhores, amanhã de manhã, às primeiras horas do dia. A Wehrmacht ataca a Rússia.'

Por que a guerra? E em duas frentes? O que tem sido sempre fatal à Alemanha! Por que não terminar primeiro com a Inglaterra? Directores e conselheiros, num silêncio pesado, interrogam-se: Não foi o próprio Ribbentrop que, vinte e um meses antes, regressando de Moscovo [Moscou] depois da assinatura do pacto de não agressão com Moscovo [Moscou], declarou com ênfase: 'Assinando com Estaline [Stálin] desembaraçamos a nossa retaguarda, afastamos qualquer perigo de conflito em duas frentes, ameaça que tem sido sempre fatal à Alemanha. Senhores, considero o pacto de não agressão como o coroamento da minha carreira.' Que terá mudado, agora?

Ribbentrop parece responder a estas interrogações mudas quando recomeça a falar: 'O Führer foi informado de que Estaline [Stálin] deslocava as suas tropas contra nós, para nós atacar no momento que escolhesse... e até agora o Führer tem tido sempre razão. Afirma que as nossas forças armadas abaterão a URSS em menos de oito semanas. E durante oito semanas podemos facilmente combater em duas frentes: os Ingleses estão muito longe de poder trazer a guerra ao continente... e depois teremos a retaguarda livre, sem ter de depender dos humores de Estaline [Stálin].'

Oito semanas, oito semanas... e se aquilo não estivesse acabado dentro de oito semanas? É verdade que até agora o Führer nunca se enganou.'

(pp. 20-21)


“É às 23 horas que o comboio especial do Führer chega a Rastenburg, na Prússia Oriental, onde Hitler fizera construir pela Organização Todt o Quartel-General de onde dirigirá a operação 'Barba-Ruiva', a guerra contra a URSS. Keitel e Jodl acompanharam-no durante a viagem.

'Wolfschanze', a toca do lobo; foi assim que Hitler baptizou o campo guerreiro escondido nos bosques de onde, em oito ou dez semanas, abaterá a Rússia. A Organização Todt não poupou precauções. Por baixo da cobertura florestal encaixou os tectos e as paredes de tal forma que os arbustos crescem sobre ela, junto com o mato e o musgo. O conjunto é indiscernível.

[…]

Para entrar ou sair, o mesmo luxo de precauções. Três barreiras sucessivas, todas guardadas por SS auxiliados por molossos [i.e. Bulldogs] , e passes de cores diferentes que autorizavam a circulação, segundo a atribuição, apenas numa barreira ou noutra. Para atingir o quartel reservado a Hitler, tinha de ser exibido um cartão especial. Tão parcimoniosamente distribuído que, entre os dirigentes do OKW, só o marechal Keitel e os generais Jodl e Warlimont o possuíam.

Porque Hitler fizera-se acompanhar por todas as direcções das suas forças militares e instalara a alguns quilômetros em redor, em campos semelhantes, o Estado-Maior da Wehrmacht, o Estado-Maior do Exército, o Estado-maior do Exército do Ar [i.e. a Luftwaffe]. Em alguns quilômetros ao fundo de uma floresta, todos os ramos do Exército alemão tinham sido concentrados. Em menos de uma hora todos podiam ser convocados, à disposição de Hitler.”


(pp. 27-28)


“24 horas. Últimos minutos do dia 21 de junho, primeiros minutos do dia 22 de junho de 1941. faz um ano, exactamente neste dia, que a França capitulou em Compiègne. E neste dia que começa, cinco milhões de homens, soldados e oficiais, carregados com metralhadoras e granadas, perfeitamente treinados, apoiados por 50 000 canhões e morteiros, 3 000 carros de combate e 2 900 aviões, um quarto de litro de álcool e trinta cigarros nos bolsos, de capacetes e botas, esperavam, imóveis, frente à fronteira.”

(p.30)


“0 e 15. Estaline [Stálin] permanece insensível aos argumentos inquietantes de Timochenko [marechal, ministro da Defesa], que enumera por várias vezes as informações e os indícios que provam, todos, um ataque de envergadura ao romper da manhã. Nada consegue. Estaline [Stálin] está inabalável, firme na sua convicção: 'Inútil insistir, camarada Timochencko, não semeareis o pânico. Ordem de alerta somente, nos termos que lhe indiquei.' E desliga.

A ordem de alerta, de alerta somente, e nos termos prescritos por Estaline [Stálin], é imediata redigida, codificada e expedida.

[…]


“A ordem de estado de alerta, e não de guerra, deixa-nos hoje perplexos como deviam ter ficado perplexos os generais [russos soviéticos] que a receberam. Fala de possíveis provocações alemãs, dita medidas de segurança extremamente limitativas: assim, não está previsto distribuir munições às tropas, à artilharia, nem sequer carburante aos blindados; enfim, proíbe formalmente toda a iniciativa de qualquer ordem que seja, sem a ter previamente referido a Moscovo [Moscou]. Numa palavra: esperar.”

“Por quê esta ordem de estado de alerta, limitada e peremptória nas suas proibições? Estaline [Stálin] ignora os preparativos alemães? Será falta dos serviços de informações? Traição da sua comitiva? Não foi avisado?'


(pp. 31 e 33-34)

A questão final sobre o centralismo da ditadura estalinista ao engessar a defesa das fronteiras da URSS, e de como Stalin não quis acreditar nos indícios de ofensiva em larga escala, será abordada em outras postagens. Assim como a questão da informação, dos informes de espionagem, que Stalin considera todo aviso de 'ataque iminente' como uma 'provocação inglesa'.)



fonte: RONDIÈRE, Pierre. Quando Hitler atacou a leste. Lisboa, 1972. ( Et Le Monde Retint son Souffle. Paris, 1967. trad. Domingos Vieira. Cap. 1, Cinco milhões de homens em sentido. Cap. 2, 'Inútil insistir: não semeareis o pânico!')



info sobre o Covil do Lobo (em Rastenburg)

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LdeM

sábado, 11 de junho de 2011

Preâmbulos da Operação Barbarossa (2)


Preâmbulos da Operação Barbarossa

2


Política germano-soviética


“Hitler herdou de Schlieffen [general que foi autor dos planos estratégicos no conflito de 1914] todos os problemas de uma situação de duas frentes. Mas, inicialmente, tal como Bismarck, procurou conduzir o problema em termos diplomáticos, e não militares. Desse modo surgiu o pacto Molotov-Ribbentrop de 19 de agosto de 1939, pelo qual a Rússia e a Alemanha concordavam em não iniciar guerra de agressão entre si, e pelo qual também o território polonês foi rachado entre ambas. Para Hitler, o tratado de não agressão assinado jamais passaria de mero expediente. Não é provável que ele acalentasse motivos doutrinários para um ataque à Rússia; em quase tudo, exceto em seu anti-semitismo, Hitler era completamente pragmático. Mas o bom senso lhe dizia que a própria magnitude dos seus sucessos, primeiro derrotando o exército polonês, depois vencendo os Bélgica, da França e da Grã-Bretanha, fatalmente alarmariam a Rússia, fazendo-a adotar medidas, não para aplacar a Alemanha pela reafirmação de políticas de não-agressão, mas acelerando sua preparação militar. Sabemos hoje que Hitler estava errado a este respeito, pois durante todo o ano de 1940 e até o dia 22 de junho de 1941 a política de Stálin, embora compreendesse certas medidas defensivas, visava principalmente ao cumprimento meticuloso do pacto de não-agressão, aparentemente com espírito de fato apaziguador. Contudo, o sentido pragmático de Hitler lhe avisava que Stálin estava aproveitando o temo, e se lhe permitissem ele alcançaria um nível de força militar que, empregado defensiva ou agressivamente, poderia ser demais para Alemanha, no caso de um pega entre ambas.


A resistência continuada da Grã-Bretanha também enfatizava o perigo de uma inversão de aliança por parte da Rússia. Hitler estava mais irritado do que perturbado com a persistente recusa da Grã-Bretanha em admitir a derrota, já que o reino ilhéu estava evidentemente incapacitado para intervir no continente. Mas sua antiga tradição de potência marítima e a habilidade demonstrada nesse campo – a combinação de sua grande marinha com um pequeno exército contra os flancos costeiros da Europa – tornavam-na um fator que ele jamais poderia ignorar, mesmo quando o objetivo principal da sua estratégia sempre fora a conquista de poderosos aliados terrestres. Rússia e Grã-Bretanha haviam feito causa comum contra a Alemanha na Primeira Guerra Mundial, como tinha acontecido contra Napoleão. Durante quanto tempo a Rússia resistiria à tentação de renovar esses laços? Se ela sucumbisse a essa tentação, Hitler se defrontaria com a possibilidade não de uma guerra de duas frentes, mas de três, já que o apoio russo à Grã-Bretanha robusteceria as gestões do presidente americano no sentido de levar os Estados Unidos à guerra contra a Alemanha.


Mas não era preciso que as coisas seguissem essa sequência. Pois 'se a Rússia sair do quadro', como Hitler explicou aos seus chefes das forças armadas a 31 de julho de 1940, 'a Grã-Bretanha também perderá os Estados Unidos, porque a eliminação da Rússia aumentaria muito o poderio do Japão no Extremo Oriente. Decisão: a destruição da Rússia tem de ser parte dessa luta – quanto mais cedo ela for esmagada, melhor.' Foi com este argumento que Hitler convenceu a todos da necessidade de rapidamente planejarem a Blitzkrieg contra o Exército Vermelho.


[…]


Hitler teria falado pela primeira vez da intenção de atacar a Rússia com o General Halder, o Chefe do Alto-Comando do Exército (OKH), a 2 de julho de 1940 (dia em que deu ordem para a 'Operação Leão-marinho', a invasão da Grã-Bretanha). Hitler nunca pretendeu seriamente invadir a Inglaterra, talvez porque desconfiasse da impossibilidade de a Luftwaffe vencer o Comando de Caças da RAF, ou talvez porque já tivesse escolhido mentalmente a Rússia – e foi nos planos para a Rússia que ele se concentrou daí por diante. A explanação do plano foi feita ao chefe da seção de operações do seu próprio Estado-maior, o OKW, General Jodl (que seria enforcado em Nuremberg, por seu papel no 'preparo e execução de guerra de agressão'). Este, por sua vez, ao explicá-los aos seus auxiliares diretos, a 19 de julho, provocou neles uma reação de descrença. Hitler havia incumbido Halder de preparar os planos,ordem esta que o Chefe do Estado-maior do Exército delegara ao General Erich Marcks. O plano de Marcks, apresentado a 5 de agosto de 1940, ficava as linhas gerais que o plano definitivo de invasão obedeceria.”


pp. 30-32


[Diretiva de Hitler: luta ideológica e racial ]


“O próprio Hitler, embora irritado com o atraso provocado pela campanha balcânica – e de início realmente enfurecido pela 'perfídia' da Iugoslávia – não ficou de modo algum abalado por ela a ponto de decidir não prosseguir com seus planos. A 'Barbarossa' deixara de ser uma imposição apenas prática, para transformar-se  numa verdadeira obsessão. O codinome – o apelido de um imperador alemão que conduzira seus exércitos na Terceira Cruzada contra os eslavos  pagãos, no século XII – deixa entrever a significação histórica que Hitler se atribuía, e opressiva e impiedosamente preparava o modo como se daria a sua revelação. Ele o transmitira a seus comandantes das forças armadas, num discurso pronunciado em março daquele ano:


“'A guerra contra a Rússia se reveste de características que não podem permitir cavalheirismo: a luta é de ideologias e diferenças raciais e terá de ser conduzida de maneira implacável e inflexível. Todos os oficiais terão de se livrar de sentimentos obsoletos. Sei que a necessidade do emprego desses meios na guerra está além da compreensão dos senhores generais, mas... Insisto peremptoriamente para que minhas ordens sejam executadas sem oposição. Os comissários (russos) são portadores de ideologias diretamente contrárias ao nacional-socialismo, tendo por isso de ser liquidados. Os soldados alemães culpados de violação do direito internacional... serão desculpados. A Rússia não participou da Convenção de Haia, portanto não tem direitos, nos termos da mesma.'


“Para muitos, no exército alemão, tais sentimentos eram intoleráveis, mas nenhum deles esboçou qualquer reação. As ordens seriam, pela maioria, obedecidas dentro desse espírito. Para os oficiais da SS, do partido [nazista] e do Estado que estariam envolvidos na administração e exploração do território russo capturado, o discurso de Hitler simplesmente deixava explícitos os planos que há muito eles vinham preparando. Nas suas mãos a Rússia viria a sofrer a morte, provocada por milhares de 'pequenas feridas'.

pp.48-49



fonte: KEEGAN, John. Barbarossa – a invasão da Rússia. Rio de Janeiro, Rennes, 1974. trad. Edmond Jorge.




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LdeM

sábado, 4 de junho de 2011

Preâmbulos da Operação Barbarossa



1941: preâmbulos da Guerra Germano-Russa
(ou Grande Guerra Patriótica)




A Alemanha preparava uma agressão.” (no Cap. V)

“1. O pacto de 27 de setembro de 1940 – Nesta data o Japão, a Itália e a Alemanha renovam sua aliança. Infalivelmente, dado o tratado germano-soviético, não pode haver pacto antikomintern. Entretanto, a Alemanha e a Itália atribuem-se um papel dirigente na Europa (art. 1º) e o Japão no Extremo Oriente (art. 2º). Duas pretensões que não deixam de inquietar a URSS. O Pravda de 28 de setembro observa que o pacto de Berlim provocará um agravamento da guerra, que os três signatários visam esferas de influência que ultrapassam suas fronteiras naturais e que a URSS permanecerá neutra 'enquanto depender dela.'

2. A questão búlgara. [...] A Rússia propõe à Bulgária um pacto de auxílio mútuo. Os democratas búlgaros preconizam uma aproximação com a URSS, mas o clã pró-hitlerista leva vantagem. A 9 de fevereiro, a proposta soviética é rejeitada, e a 1º de março a Bulgária adere ao pacto de Berlim. No dia seguinte o exército alemão entra em território búlgaro. [...]

3. A questão iugoslava. -Desde o início da campanha da Grécia, a pressão alemã sobre a Iugoslávia é cada vez mais forte, e o governo do Príncipe Paulo cede pouco a pouco às injunções de Hitler. Seus representantes dirigem-se a Viena a fim de aderir ao pacto tripartido (25 de março de 1941). Esta notícia provoca grandes movimentos de protesto em Belgrado e na província. A 27 de março o jovem Príncipe Pedro sobe ao trono. Forma-se novo governo sob a presidência do General Simovitch (31 de março). Na noite de 5 para 6 de abril, na presença de Stálin é assinado um tratado de não-agressão entre a URSS e o novo governo iugoslavo. A 6 de abril, de manhã, a Wehrmacht rompeu as fronteiras da Iugoslávia.

Em tal situação, a União soviética envida esforços no sentido de evitar qualquer gesto que pudesse ser interpretado como uma provocação. Para não dar pretexto a uma agressão alemã, rompe todas as relações oficiais com os representantes diplomáticos belgas, norueguês, iugoslavo e grego. A 13 de junho, afirma que permanecerá fiel à sua política de neutralidade. Contudo, seu governo não deixa de tomar precauções. A 22 de abril, proíbe todo trânsito de armas e de material de guerra. A imprensa de Moscou protestou contra a atitude equívoca da Finlândia e a 6 de maio Stálin é nomeado presidente do Conselho dos Comissários do Povo.

No entanto, a Alemanha preparava a agressão. A 18 de junho, assinou um tratado de amizade com a Turquia. A Romênia praticamente encontra-se em pé de guerra. Tropas e material alemães se concentram na Finlândia e na Noruega. A 22 de junho, às 5,30 da manhã, as tropas alemãs, apoiadas pelos exércitos finlandês e romeno, penetram em território soviético.”
(pp. 108/109, grifos meus)


fonte: BRUHAT, Jean. História da URSS (Histoire de l'URSS, 1964)
São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1966.
trad. Geraldo G. De Souza





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Operação Barbarossa


Diretiva de Hitler



O Fuehrer e o Supremo Comando da Wehrmacht

Quartel General do Fuehrer 18.12.40

Directiva Nº 21 Caso Barbarossa

A Wehrmacht alemã deve estar preparada, mesmo antes da conclusão da guerra contra a Grã-Bretanha, a subjugar a Rússia Soviética numa campanha rápida (Caso Barbarossa)

Preparações a serem feitas pelo Alto comando nas seguintes bases:

(I)Intenção Geral:

A concentração do exército russo na Rússia Ocidental deve ser aniquilada em audaciosas operações por cunhas de Panzer que penetram profundamente, e a retirada das unidade combatentes para o interior dos amplos espaços abertos da Rússia devem ser prevenidos.

Por meio de rápida ocupação uma linha deve ser alcançada a partir da qual a força aérea russa não possa mais atacar o território do Reich alemão. O objetivo final da Operação é um anteparo contra a Rússia asiática a partir de uma linha geral Volga-Archangel. Deste modo a última região industrial que sobrar na Rússia, nos Urais, poderá ser eliminada pela Luftwaffe se for necessário.

(II)Presumíveis aliados e suas tarefas:

.... .....

(III)Conduta das operações:

(A)Exército (aprovação de intenções submetidas a mim):

Na área de operações dividida pelos Pântanos Pripet numa metade sul e outra norte o centro de gravidade será formado ao norte desta área. Aqui dois Grupos de Exército devem ser previstos.

O mais meridional destes dois Grupos de Exército – Centro do front como um todo – tem a tarefa de irromper adiante com particularmente robustas formações blindadas (Panzer) e motorizadas desde a área ao redor e ao norte de Varsóvia (Warsaw) e de esmagar as forças inimigas na Bielorússia (Rússia Branca). Desde modo o pré-requisito deve ser criado por unidades robustas de tropas ligeiras para seguir rumo ao norte, onde, em cooperação com o Grupo de Exército Norte operando desde a Prússia Oriental na direção geral de Leningrado, eles devem aniquilar as forças inimigas combatendo na área Báltica. Apenas após o completar desta tarefa básica, a qual deve ser seguida pela ocupação de Leningrado e Kronshstadt, são operações ofensivas a serem continuadas com a visão de capturar o importante centro de comunicações e armamentos de Moscou.

Apenas um inesperadamente rápido colapso da resistência russa deveria justificar a busca simultânea de ambos os objetivos.

O Grupo de Exército disposto ao sul dos Pântanos Pripet deve formar seu centro de gravidade na área de Lublin na direção geral de Kiev, em ordem para avançar rapidamente com robustas forças blindadas (Panzer) no profundo flanco e retaguarda das forças russas e rolar ao longo do Dnieper.

Uma vez que as batalhas ao sul e ao norte dos Pântanos Pripet terem sido lutadas os seguintes objetivos devem ser almejados no curso da ocupação:

No sul a captura da Bacia do Donets logo no início, Bacia que é importante para a economia de guerra.

No norte a rápida conquista de Moscou.

A captura desta cidade representará um decisivo sucesso político e econômico, e além disso significará a eliminação de um importante centro ferroviário.



(Assinado) Adolf Hitler




trad. Leonardo de Magalhaens


fonte: CARELL, Paul. “Hitler Moves East. 1941-1943. trad. de 'Unternehmen Barbarossa' by Ewald Osers Berlim, 1963. trad. inglesa , Boston, London, G. Harrap & Co. Ltda , 1964.

pp. 19-20
original em alemão



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seleção de textos: LdeM

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