sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Hitler planeja a Operação Barbarossa




trechos de “Hitler”, Joachim Fest

Livro VII, cap. I


Hitler com medo da URSS e dos EUA
se ocorresse um conflito global

“Desde o verão de 1940, o medo de uma intervenção americana coloria com tons ameaçadores todas as reflexões e sobretudo vinha agravar ainda mais a angústia sentida por Hitler ante a 'fuga do tempo'. Desde a queda da França, ele tinha desperdiçado sua energia em ações diplomáticas e militares estranhamente incertas e indecisas. As tropas alemãs estavam acantonadas desde Narvik até a Sicília e, desde o início de 1941, chamadas em auxílio do enfraquecido parceiro italiano, encontravam-se até na África do Norte; mas faltava um pensamento diretor a todas essas atividades; a guerra se espalhava em direções indesejadas! Ela agora se vingava do fato de Hitler tê-la começado numa linha de frente absurdamente invertida, por assim dizer desatinadamente, sem um plano geral preestabelecido. [...] Durante o outono, e enquanto a guerra ameaçava, podia-se dizer, fugir ao seu controle, Hitler voltou a se concentrar sobre o conflito, para captá-lo num raciocínio global. [...] (p. 760)



Hitler em 1941 antes da invasão alemã da URSS


“Em outubro de 1940, na noite seguinte à entrevista com Pétain, uma carta de Mussolini o [a Hitler] informou do projeto italiano de invadir a Grécia. O que esse passo inesperado deixava prever de complicações para o flanco alemão nos Balcãs tinha levado o Führer a modificar sua rota e correr a um encontro, providenciado apressadamente, em Florença. Mussolini, que estava querendo retribuir aos alemães na mesma moeda, fazendo-os pagar pelas inúmeras surpresas desse tipo a ele impostas, e sem esquecer, de passagem, as numerosas vitórias dos alemães, tinha-se apressado, e apenas algumas horas da chegada de Hitler, em precipitar as ações e abrira as hostilidades. Mas a necessidade que teve de enviar unidades alemãs à Grécia, quando os aliados italianos se viram ante as dificuldades previstas, não impediu Hitler de continuar a preparar a execução de sua campanha ao Leste. Não reagiu de outra forma quando Mussolini se deparou com os piores contratempos na Albânia e finalmente sofreu uma derrota completa na frente norte-africana; Hitler recebia esses desastres com igual disposição de espírito, dava as diretrizes adequadas e sempre enviava divisões aos teatros de operações ameaçados, sem se deixar desviar, um instante sequer, de seu objetivo principal. A 28 de fevereiro, viu-se obrigado, partindo dos territórios de sua aliada, a Romênia, a se antecipar aos soviéticos na Bulgária: cerca de um mês mais tarde, teve de conquistar a Iugoslávia, que tentara fugir à influência alemã por instigação de um grupo de oficiais prontos para desfechar um putsch; a despeito desses contínuos comprometimentos em novos teatros de operações, não perdia de vista sua campanha contra a URSS; apenas a adiou por quatro semanas que podiam ser fatídicas. [...] (p. 764)


A campanha de Hitler contra a URSS

“Desde o verão de 1940, entre a Alemanha e a URSS tinham surgido numerosas dificuldades diplomáticas: para dizer a verdade, estas se explicavam em grande parte pelas tentativas inescrupulosas de Moscou para montar alguns anteparos contra o poderio assustadoramente crescente do Reich, anexando tanto os Estados bálticos quanto uma parte da Romênia e opondo uma resistência obstinada às manobras dos alemães no sentido de impor sua influência nos Balcãs. Todavia, na primavera de 1941, o embaixador da Inglaterra em Moscow, Sir Stafford Cripps, tinha 'certeza absoluta' de que a URSS jamais se deixaria envolver numa guerra contra a Alemanha, a menos que o próprio Hitler se decidisse a atacar a Rússia; mas ele temia que o Führer não desse esse prazer a seus adversários.” (p. 766)


trad. Ana Lúcia T. Ribeiro; Antonio N. Machado; Antônio Pantoja; F. M. Da Rocha Filho


fonte: FEST, Joachim. Hitler. RJ: Nova Fronteira, 1976.



Mais sobre o planejamento da Operation Barbarossa


Interessante trecho:

O término da concentração desta vasta coleção de divisões mecanizadas para a “Operação Barbarossa” estava marcado para 15 de maio. Elas avançariam para leste em quatro levas. A primeira, quando a diretiva para a “Barbarossa” fosse emitida, estaria a postos. A segunda chegaria em meados de março; a terceira, em meados de abril e quarta em fins de abril. Quando se chegasse a este ponto, já não seria possível disfarçar mais a importância do deslocamento. Mas antes que se completasse a concentração planejada, o desenvolvimento livre dos planos de Hitler para o teatro de operações do leste foi brutalmente interrompido por acontecimentos nos Balcãs.


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por Leonardo de Magalhaens

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