quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ofensivas no norte da África e Balcãs



fonte: MACKSEY, K. J. “Divisões Panzer – Os Punhos de Aço
(NY, 1968) (BRA, Renes, 1974)
trad. N. Japour


Ofensivas no norte da África e Balcãs desviam forças alemãs



norte da África

“Os vitoriosos alemães se inquietaram quando a Grã-Bretanha não cedeu em 1940 e quando a Luftwaffe foi derrotada na Batalha da Grã-Bretanha – frustrando efetivamente o plano de invasão da Inglaterra. Sem que ninguém soubesse, exceto seus colaboradores mais íntimos, Hitler já havia decidido atacar a Rússia, confiante em que, tendo a força Panzer como ponta-de-lança, poderia esmagar os russos numa campanha única e rápida. Para este fim, a Wehrmacht reorganizou-se durante todo o inverno de 1940/41, enquanto que a influência política e militar alemã se estendia por toda a Europa meridional e pelos Balcãs – o trampolim para a invasão da Ucrânia.

Contudo, para desgraça dos planos de Hitler, seu parceiro italiano, Mussolini, desejou também conquistar louros, invadindo o Deserto Ocidental do Egito em setembro (apena para ser detido pelas forças ligeiras britânicas dentro das fronteiras0), e invadindo a Grécia, através da Albânia, em novembro. Quase que imediatamente, a aventura grega transformou-se num desastre, com os italianos enredando-se em dificuldades sérias para deter a contra-ofensiva grega, que repercutiu na Albânia. Na primeira semana de dezembro, os britânicos revidaram no Egito e eliminaram todo o exército italiano. Tão violenta foi a arremetida inglesa, que na primeira semana de fevereiro toda a Cirenaica e todas as formações italianas importantes haviam sido capturadas. Nesse momento, parecia que as pequenas formações blindadas britânicas podiam avançar quase uqe livremente até a Tripolitânia. Hitler sabia que isto poderia criar uma crise política à qual seu aliado talvez não resistisse,

Assim, Hitler foi obrigado a fazer o primeiro de uma série de desvios da aventura russa. Ele concordou em sustentar a posição italiana na África do Norte com uma nova formação, designada Afrika Korps, dirigida pelo homem que comandara com tanto vigor a 7ª Panzer na França – Erwin Rommel. O Afrika Korps seria formado de duas divisões, e a primeira a partir foi a 5ª Leichtdivision (DivisãoLigeira), que desembarcou em Tripoli a 14 de fevereiro de 1941. na verdade, ela foi a primeira das futuras divisões Panzer menores, criadas bipartindo-se os efetivos de tanques da divisão Panzer original. Possuía apenas um regimento Panzer, formado de dois batalhões de tanques com 90 máquinas cada um, quando a antiga composição divisionária era de dois regimentos de trs batalhões cada um. A 15ª Panzerdivision, que devia partir opara a África depois da 5ª Leichtdivision, tinha inicialmente três batalhões de tanques em seu regimento Panzer, mas também este foi reduzido para dois – em parte devido à baixa prioridade concedida por Hitler à aventura africana.

A 24 de fevereiro, o Afrika Korps teve sua primeira escaramuça com os britânicos no deserto, que marcaria o início de um serviço ativo e ininterrupto de mais de dois anos. [...]”
(p.50)



Balcãs


“[...] Entrementes, a situação do outro lado do Mediterrâneo mudara. Em certo momento, parecia que a ocupação da Romênia, Hungria e Bulgária teria prosseguimento com a tomada da Iugoslávia. Depois disso, a conquista da Grécia seria uma questão de tempo, pois o Exército grego estava nos limites de suas possibilidades, contendo os italianos na Albânia. Por insistência dos gregos, os britânicos evitaram enviar uma Força Expedicionária em sua ajuda, o que poderia, provocar a retaliação alemã.

Todavia, em fins de fevereiro, os gregos chegaram à conclusão de que a intervenção alemã em auxílio da Itália não poderia demorar muito. Quatro divisões britânicas foram então preparadas no Egito e pôs-se em prática um planejamento conjunto anglo-grego, de modo que, em fins de março, quase três dessas divisões já estavam na Grécia e se deslocavam para proteger a fronteira desse país com a Bulgária e a Iugoslávia. Então, de repente, os militares iugoslavos recusaram a perspectiva de ocupação pacífica alemã e depuseram o governo filo-nazista.

Hitler não podia admitir aum desafio desses. Não só o seu prestígio estava em jogo, como também a segurança do flanco sul de suas tropas que em breve arremeteriam contra a Rússia. Assim, a iinfiltração pacífica teve de ceder lugar à agressão violenta, que se iniciou com um bombardeio aéreo indiscriminado de Belgrado, a capital iugoslava.

Desde o início, a posição dos iugoslavos era desesperada. Toda a sua fronteira, exceto o pequeno trecho em comum com a Grécia, fora tomada. Seu exército, mal equipado e mal treinado, estava dividido, por causa da tradicional desconfiança entre croatas católicos e sérvios ortodoxos, que desunia a nação.  O único fator favorável à Iugoslávia era o seu terreno montanhoso. [...]

Os acontecimentos mostraram que a noz fora quebrada, pois os elementos croatas do Exército iugoslavo passaram oara o lado alemão sem luta e o resto do exército desmoronou, permitindo que as divisões Panzer progredissem pelos difíceis caminhos dos vales como se estivessem em exercícios de tempos de paz, e não numa operação sangrenta de guerra. Em alguns lugares havia luta, mas todas sem importância. [...] “ (pp. 52-53, 56)

O que aconteceu de consequente, foi o desgaste do material bélico alemão. “Mas provocou também inoportuno desgaste no equipamento que muito breve teria de funcionar com a máxima eficiência na Rússia.” (p. 56)



fonte: MACKSEY, K. J. “Divisões Panzer – Os Punhos de Aço
(NY, 1968) (BRA, Renes, 1974)
trad. N. Japour

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videos

Afrika Korps imagens


(em inglês)

sobre Yugoslavia 1941-45
(em servo-croata)


(em grego)
(Batalha de Creta)(em alemão)
(filme da Nova Zelândia)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Hitler planeja a Operação Barbarossa




trechos de “Hitler”, Joachim Fest

Livro VII, cap. I


Hitler com medo da URSS e dos EUA
se ocorresse um conflito global

“Desde o verão de 1940, o medo de uma intervenção americana coloria com tons ameaçadores todas as reflexões e sobretudo vinha agravar ainda mais a angústia sentida por Hitler ante a 'fuga do tempo'. Desde a queda da França, ele tinha desperdiçado sua energia em ações diplomáticas e militares estranhamente incertas e indecisas. As tropas alemãs estavam acantonadas desde Narvik até a Sicília e, desde o início de 1941, chamadas em auxílio do enfraquecido parceiro italiano, encontravam-se até na África do Norte; mas faltava um pensamento diretor a todas essas atividades; a guerra se espalhava em direções indesejadas! Ela agora se vingava do fato de Hitler tê-la começado numa linha de frente absurdamente invertida, por assim dizer desatinadamente, sem um plano geral preestabelecido. [...] Durante o outono, e enquanto a guerra ameaçava, podia-se dizer, fugir ao seu controle, Hitler voltou a se concentrar sobre o conflito, para captá-lo num raciocínio global. [...] (p. 760)



Hitler em 1941 antes da invasão alemã da URSS


“Em outubro de 1940, na noite seguinte à entrevista com Pétain, uma carta de Mussolini o [a Hitler] informou do projeto italiano de invadir a Grécia. O que esse passo inesperado deixava prever de complicações para o flanco alemão nos Balcãs tinha levado o Führer a modificar sua rota e correr a um encontro, providenciado apressadamente, em Florença. Mussolini, que estava querendo retribuir aos alemães na mesma moeda, fazendo-os pagar pelas inúmeras surpresas desse tipo a ele impostas, e sem esquecer, de passagem, as numerosas vitórias dos alemães, tinha-se apressado, e apenas algumas horas da chegada de Hitler, em precipitar as ações e abrira as hostilidades. Mas a necessidade que teve de enviar unidades alemãs à Grécia, quando os aliados italianos se viram ante as dificuldades previstas, não impediu Hitler de continuar a preparar a execução de sua campanha ao Leste. Não reagiu de outra forma quando Mussolini se deparou com os piores contratempos na Albânia e finalmente sofreu uma derrota completa na frente norte-africana; Hitler recebia esses desastres com igual disposição de espírito, dava as diretrizes adequadas e sempre enviava divisões aos teatros de operações ameaçados, sem se deixar desviar, um instante sequer, de seu objetivo principal. A 28 de fevereiro, viu-se obrigado, partindo dos territórios de sua aliada, a Romênia, a se antecipar aos soviéticos na Bulgária: cerca de um mês mais tarde, teve de conquistar a Iugoslávia, que tentara fugir à influência alemã por instigação de um grupo de oficiais prontos para desfechar um putsch; a despeito desses contínuos comprometimentos em novos teatros de operações, não perdia de vista sua campanha contra a URSS; apenas a adiou por quatro semanas que podiam ser fatídicas. [...] (p. 764)


A campanha de Hitler contra a URSS

“Desde o verão de 1940, entre a Alemanha e a URSS tinham surgido numerosas dificuldades diplomáticas: para dizer a verdade, estas se explicavam em grande parte pelas tentativas inescrupulosas de Moscou para montar alguns anteparos contra o poderio assustadoramente crescente do Reich, anexando tanto os Estados bálticos quanto uma parte da Romênia e opondo uma resistência obstinada às manobras dos alemães no sentido de impor sua influência nos Balcãs. Todavia, na primavera de 1941, o embaixador da Inglaterra em Moscow, Sir Stafford Cripps, tinha 'certeza absoluta' de que a URSS jamais se deixaria envolver numa guerra contra a Alemanha, a menos que o próprio Hitler se decidisse a atacar a Rússia; mas ele temia que o Führer não desse esse prazer a seus adversários.” (p. 766)


trad. Ana Lúcia T. Ribeiro; Antonio N. Machado; Antônio Pantoja; F. M. Da Rocha Filho


fonte: FEST, Joachim. Hitler. RJ: Nova Fronteira, 1976.



Mais sobre o planejamento da Operation Barbarossa


Interessante trecho:

O término da concentração desta vasta coleção de divisões mecanizadas para a “Operação Barbarossa” estava marcado para 15 de maio. Elas avançariam para leste em quatro levas. A primeira, quando a diretiva para a “Barbarossa” fosse emitida, estaria a postos. A segunda chegaria em meados de março; a terceira, em meados de abril e quarta em fins de abril. Quando se chegasse a este ponto, já não seria possível disfarçar mais a importância do deslocamento. Mas antes que se completasse a concentração planejada, o desenvolvimento livre dos planos de Hitler para o teatro de operações do leste foi brutalmente interrompido por acontecimentos nos Balcãs.


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por Leonardo de Magalhaens

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A campanha no norte da África (1940-41)



 
A campanha no norte da África (1940-1941)
na visão do Primeiro-Ministro britânico Churchill


 
Nossa fonte
Memórias da Segunda Guerra MundialSir Winston Churchill
RJ: Nova Fronteira, 1995.


 
No Capítulo 15 (Vitória no Deserto) do Livro II (Sozinhos)
Sir Winston Churchill descreve as ações britânicas contra os italianos no norte da África e no Mediterrâneo


Quando a Itália declarou guerra, em 10 de junho de 1940, o serviço secreto britânico calculou – corretamente, sabemos hoje – que, à parte suas guarnições na Etiópia, Eritreia e Somália, havia cerca de 215 mil soldados italianos nas províncias costeiras norte-africanas. As tropas britânicas no Egito correspondiam, talvez, a 50 mil homens. Com estes, era preciso garantir a defesa da fronteira ocidental e a segurança inteira do Egito. Por conseguinte, teríamos grandes desvantagens em campanha, e os italianos também dispunham de muito mais aviões.”
(p. 446)

Até o colapso francês, o controle do Mediterrâneo estivera dividido entre as armadas britânica e francesa. Agora, a França estava fora e a Itália havia entrado. A armada italiana, numericamente poderosa, e a Força Aérea italiana, também vigorosa, estavam alinhados contra nós. Tão impressionante se afigurava essa situação que as primeiras considerações do Almirantado contemplaram o abandono do Mediterrâneo oriental e a concentração em Gibraltar. Resisti a essa política, que, embora justificada no papel pelo poderio da armada italiana, não correspondia a minhas impressões dos valores de combatividade e parecia prenunciar a destruição de Malta. Eu estava decidido a travar batalhas nas duas extremidades. [...]
(p. 449)

Churchill aborda a tentativa italiana de conquistar o Egito em setembro de 1940 e o fracasso da ofensiva, barrada pelas defesas britânicas.

No dia 17 [de setembro de 1940], o Exército italiano chegou a Sidi Barrani. Nossas baixas somaram quarenta mortos e feridos, enquanto as do inimigo foram cerca de dez vezes maiores, incluindo 150 veículos destruídos. Ali, com suas comunicações estendidas por sessenta milhas, os italianos se instalaram para passar os três meses seguintes.” (p. 451)

Então, em outubro, o Duce resolve atacar a Grécia - “irrompeu então no palco do Mediterrâneo uma nova agressão de Mussolini.” (p. 452) – o que foi outro fracasso dos fascistas italianos - “A invasão italiana da Grécia a partir da Albânia foi outro duro revés para Mussolini. O primeiro ataque foi repelido com baixas pesadas, e os gregos contra-atacaram imediatamente” (p. 453) e assim os britânicos resolvem agir na defesa das posições mediterrâneas.

Embora, no papel, ainda fôssemos largamente superados em número pela esquadra italiana, algumas melhorias acentuadas já tinham sido feitas em nossas forças no Mediterrâneo” (p. 454) e cita o ataque britânico contra a base italiana de Taranto.

(ver sobre o ataque de Taranto em


Churchill relembra a ofensiva britânica (Operation Compass) em 6 de dezembro de 1940 (com cerca de 25 mil homens) no início da batalha de Sidi Barrani (9 dezembro 1940)

Em 15 de dezembro, todos os soldados inimigos tinham sido expulsos do Egito.” (p. 456) No ataque participaram tropas inglesas, egípcias e australianas, além das coloniais – indianas, sul-africanas – sob o comando do General Archibald Wavell. Tropas da França livre (Free France) lutavam sob comando britânico. Os britânicos contavam também – nas operações ao sul - com tropas etíopes do imperador Selassie (o mesmo deposto e exilado por Mussolini em 1936)

Mais sobre a Operação Compasso em


Em seguida, os australianos da 6ª Divisão avançaram para a Cirenaica, atingindo Tubruq [Tobruk] em 6 de janeiro de 1941, atacada em 21-22 do mesmo mês, e chegando até Benghazi em início de fevereiro. Enquanto os britânicos, com seus tanques 'Mathilda' – da 7ª Divisão Blindada (7th Armoured Division) conhecida como os 'ratos do deserto' (Desert Rats) - seguem mais ao sul, na orla do deserto, passando por Makili (27 janeiro), Msus (5 fevereiro) e Baydafumm (7 fevereiro) já próxima ao litoral do Mediterrâneo.

O limite do avanço era Agheila, na fronteira da Tripolitânia. O Exército do deserto avançara “mais de duzentas milhas”, atacando “dois portos fortificados”, e fazendo “113 mil prisioneiros” e capturando “7000 canhões”. Assim “o grande Exército italiano que invadira e esperava conquistar o Egito mal existia como força militar” (p. 458) Um alívio momentâneo para os britânicos.


videos (english)






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