quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Ofensiva das Ardenas / Batalha do Bulge 1944-1945






 
Ofensiva das Ardenas
Batalha do Bulge ou Bolsão

dezembro 1944- janeiro 1945

preâmbulo

NAS FRONTEIRAS DO REICH

       “Os Aliados estão a postos ao longo de uma linha que corre das margens do rio Scheldt na Bélgica até o curso superior do rio Reno, na fronteira da Suiça. Mas sua marcha é refreada por problemas logísticos e de suprimentos e pela persistência de dissensões internas. Montgomery [general britânico] não cessa de reclamar a prioridade da 'incursão' na ala setentrional da frente de ataque aliado para ocupar a região do Ruhr (coração industrial da Alemanha); Eisenhower [comandante norte-americano] e Patton [general norte-americano] querem ultrapassar as fronteiras ocidentais do Reich [Alemanha nazista]. Os Aliados não aproveitam a queda do inimigo para transpor as pontes intactas sobre o rio Reno e entrar em profundidade no território alemão.

       Enquanto continuam os bombardeios estratégicos sobre as cidades alemãs (nos últimos três meses de 1944 foi lançada uma quantidade de bombas igual àquela de todo o ano anterior), a Wehrmacht [forças armadas alemãs] conta ainda com elevado número de efetivos, mesmo que sejam compostos, em sua maioria, dos inexperientes membros da Volkssturm (milícia civil) e do exército de reserva. A essa altura a Luftwaffe está quase ausente dos céus da Europa e o que resta da Marinha alemã só tem certa liberdade de movimento no mar Báltico. O esforço defensivo alemão na frente ocidental é sustentado pelo recrutamento de 25 divisões de Volksgrenadier (granadeiros do povo) e pela indústria bélica que, sob o comando de [ministro Albert] Speer, obtém excepcionais resultados (a produção de setembro de 1944 é superior à de qualquer outro mês de guerra)."



O CONTRAGOLPE ALEMÃO NAS ARDENNES

      “Na chancelaria de Berlim, [o ditador alemão Adolf] Hitler elabora um plano ofensivo a realizar-se no mesmo ponto em que os corpos blindados alemães haviam invadido a França em maio de 1940: a floresta de Ardennes. A Alemanha confia suas últimas esperanças de impedir a invasão dos anglo-americanos no coração do Reich ao êxito da operação Névoa de Outono [Unternehmen Herbstnebel]. Depois dos meses em que os Aliados exploram o sucesso de [operação] Overlord para invadir a França e chegar às fronteiras do Reich, sua marcha sofre uma parada. Na metade de dezembro, os alemães desferem uma ofensiva precisamente no ponto em que, quatro anos antes, a Blitzkrieg [guerra relâmpago] levou a França à capitulação em poucos meses.

      A operação Névoa de Outono tem seu epicentro na floresta de Ardennes e é conduzida por dois exércitos blindados (o V e VI) de fileiras incompletas, sob o comando de dois jovens generais, respectivamente Hasso von Manteuffel e Sepp Dietrich, em quem Hitler deposita plena confiança. Explorando as condições meteorológicas adversas, os alemães rompem as defesas americanas no setor e, também pela lentidão com que o quartel-general aliado de Eisenhower é informado da real extensão do ataque, conseguem sucesso em boa parte por causa do efeito surpresa. Desencadeada na aurora de 16 de dezembro de 1944, a ofensiva alemã se articula em duas direções: a primeira, a noroeste, aponta para a Antuérpia; a segunda, depois de atravessar o rio Meuse, para Bruxelas, com o objetivo de interromper as ligações entre ingleses e americanos, apoderar-se de seus centros de abastecimento e forçar os Aliados a retirar-se da Europa. Mas o sucesso da operação Névoa de Outono é ligado à ocupação do cruzamento rodoviário de Bastogne, onde a 101ª Divisão americana de paraquedistas [Airbone], que acorreu a toda pressa de Reims, opõe uma encarniçada resistência.

      Além da escassez de combustível que prejudica as forças blindadas alemãs, o ataque fracassa pela enorme desproporção de forças entre os dois contendores. Mas esse contragolpe do Reich tira o otimismo de Washington e de Londres sobre a rápida conclusão do conflito.”

pp. 221-222

Fonte: FIORANI, Flavio. História Ilustrada da II Guerra Mundial. Volume 3. São Paulo: Larousse, 2009.



BATALHA DO BULGE

       “Em resposta aos sucessos Aliados, Hitler começou a planejar uma contra-ofensiva que ganharia a iniciativa da batalha para a Alemanha. O plano de Hitler era ambicioso ao extremo, com o objetivo de conquistar o porto de Antuérpia em um ataque-surpresa por Ardennes. Os generais de Hitler ficaram perplexos com a proposta, reconhecendo que o exército alemão não estava em condições de fazer um avanço dessa magnitude. Mas Hitler não foi dissuadido e deu ordens para que as tropas se concentrassem no lado oposto de Ardennes, mesmo que isso fosse privar a Frente Oriental de forças que eram desesperadamente necessárias lá.

       A ofensiva começou em 16 de dezembro de 1944. Alguns ganhos foram conseguidos, mas eles não eram substanciais o suficiente para realizar o objetivo de Hitler de alcançar a Antuérpia, exatamente como seus comandantes tinham previsto. O ataque ao norte pelo 6º Exército Panzer foi frustrado em alguns dias.

       A ação ao centro teve mais sucesso. De 18 a 22 de dezembro, a 101ª Divisão Aérea foi cercada em Bastogne e se manteve por alguns dias diante das condições difíceis. Mas, mesmo que os alemães forçassem caminho pela linhas Aliadas, quando os Aliados restabeleciam uma posição segura e o tempo melhorava o suficiente para seus aviões-caça operarem, uma reversão de cenários era inevitável. Um contra-ataque começou em 23 de dezembro, e Bastogne foi retomada em três dias. Um esforço final alemão foi realizado no dia de ano novo de 1945, mas o ataque foi frustrado pela oposição Aliada.

       Em 3 de janeiro de 1945, os Aliados lançaram um ataque contra os flancos sul e norte da saliência criada pelo avanço alemão, com a intenção de reduzi-los de uma vez. Durante as semanas que se seguiram, os alemães foram obrigados a recuar para suas posições originais. A ofensiva sem dúvida causou bastante preocupação aos Aliados nas fases iniciais, enquanto o avanço alemão crescia, mas logo ficou claro que a força alemã era insuficiente para alcançar uma vitória significativa. O resultado final foi que os alemães sofreram grandes perdas perseguindo um objetivo que era inalcançável desde o começo.”


ARDENNES

       “A ofensiva alemã em Ardennes tinha a intenção de mudar a situação estratégica na Frente Ocidental. O grande esquema de Hitler vislumbrava a conquista do porto de Antuérpia, dividindo os exércitos ingleses e americanos e usando a vantagem conseguida para negociar uma paz separada com os poderes ocidentais, permitindo que a Alemanha voltasse suas atenções para derrotar a União Soviética.

       O plano para a ofensiva inicialmente envolvia o uso de unidades disfarçadas como americanas para causar confusão por onde passavam, mudando a direção do tráfego e assumindo controle dos principais pontos de passagem. A ideia não foi para frente, já que havia poucos soldados alemães que falavam inglês e eles não haviam capturado equipamento americano o suficiente para garantir que a farsa fosse levada com sucesso.

       Um ataque aéreo deveria acontecer também, mas os paraquedistas ficaram tão dispersos que não conseguiram atingir nada."
 
pp. 166-169

Fonte: JORDAN, David e WIEST, Andrew. ATLAS da II Guerra Mundial. Volume II. São Paulo: Escala, 2008.

mais info


videos


filmes

Batalha das Ardenas / 1965


Saints and Soldiers / 2003




quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Resistência / Partisans 1943 - 1944








Resistência / Partisans



A Luta da Resistência na Iugoslávia

1943-1944

      “A capitulação da Itália [em setembro de 1943] tem consequências imediatas no teatro de guerra iugoslavo, onde a resistência começou pouco depois da invasão dos exércitos do Eixo, em 1941. Várias formações guerrilheiras, que se reportam a ideologias distintas e às vezes contrapostas, combatem, com sabotagens e emboscadas, contra os ocupantes e contra o Estado, independente croata de Ante Pavelic, alinhado com o Eixo. Os chetniks (do termo 'bando') do nacionalista sérvio Draza Mihailovich atraem parte consistente dos homens do ex-exército monárquico e recebem suprimentos dos ingleses.

      Os chetniks e os comunistas liderados por Tito são inimigos irredutíveis. No final de 1941, os comunistas estabeleceram o primeiro território livre da Europa em uma Sérvia submetida ao jugo nazista. O grupo de Tito frequentemente obtém o apoio de bósnios e eslovenos, que sofriam as atrocidades da ustasha do governo croata de Pavelic. No Montenegro, os chetniks alinharam-se aos italianos na repressão dos 'bandos comunistas'.

      O destino do conflito interno das formações da Resistência mudou repentinamente com a capitulação da Itália: os guerrilheiros de Tito, que encontraram refúgio na Bósnia contra as repetidas ofensivas dos alemães, apoderaram-se de armas e equipamentos das tropas italianas e organizaram algumas brigadas com regimentos do exército de ocupação, que estavam ansiosos por vingar as humilhações infligidas à Iugoslávia pela política fascista. No fim de 1943, os homens guiados por Tito (cerca de 150.000 efetivos) resistiram com êxito às ofensivas alemãs (o número de divisões da Wehrmacht subiu de seis para 13). O movimento de Tito era agora o único movimento de resistência nacional.

      O colapso da Itália também minou o regime fascista de Pavelic na Croácia. Também aqui os comunistas fizeram alianças que lhes permitiram ampliar o apoio popular em torno da resistência dos guerrilheiros. Tito e seus homens combatem em diversas frentes: a da libertação contra os ocupantes, a guerra civil contra os chetniks que se declaram representantes do governo monárquico no exílio em Londres e aquela para o futuro das organizações político-institucionais do país uma vez terminado o conflito mundial. Em 1944, beneficiam-se com a ajuda dos ingleses, que cessam de fornecê-la a Mihailovic, que não hesita em estipular um pacto de colaboração com os alemães para combater os comunistas de Tito. Os Balcãs, atrás das linhas da Wehrmacht que batem em retirada da União Soviética, tornam-se, no início de 1944, um terreno crescentemente mais perigoso.”

pp. 196-197

Fonte: FIORANI, Flavio. História Ilustrada da II Guerra Mundial. Volume 2. São Paulo: Larousse, 2009.


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os resistentes

nacionalistas

fascistas

marechal Tito




A Guerra dos Partisans

      “Uma grande contribuição para a luta de libertação da Europa da ocupação nazista foi feita pelos grupos de resistência, os partisans, e a resistência civil também teve um papel de destaque. Muitos civis fizeram sua parte no combate aos regimes dos colaboracionistas e à ocupação nazista com várias ações não violentas – apoio aos clandestinos, assistência aos judeus, propaganda antifascista, greves e desobediência em massa.

      Um amplo movimento clandestino respondeu ao apelo de De Gaulle aos franceses para prosseguir a luta contra o Reich depois do trauma da derrota de 1940. em 1943 os grupos da Resistência e os principais movimentos de oposição ao governo de Vichy se uniram para formar o Conselho nacional da Resistência. Sabotagens e ações de guerra foram realizadas por jovens guerrilheiros franceses (os maquis), que se entregaram à guerrilha de resistência para fugir do recrutamento e do trabalho obrigatório na Alemanha.

     Houve uma resistência semelhante na Itália, que, iniciada em 8 de setembro de 1943, incluiu todos os que nas áreas rurais e nas cidades, no norte e no sul, se batiam contra a ocupação nazista e contra a tentativa de restaurar o fascismo com a República de Salò. O órgão de direção dos vários grupos resistentes – o Comitê de Libertação Nacional da Alta Itália (CLNAI) – reuniu os partidos antifastistas (comunistas, socialistas, liberais, democrata-cristãos, acionistas) e coordenou a resistência partisan, oferecendo uma contribuição essencial para a vitória com a libertação de algumas cidades do norte antes da chegada dos Aliados e restituindo dignidade moral e política a uma população e um país duramente provados pelo conflito.

      Nos Balcãs, a resistência iugoslava desempenhou o principal papel na guerra contra as forças do Eixo; na Grécia, a contribuição significativa para a libertação do país – depois da rendição italiana – foi dada por um momento de resistência dividido. No momento da retirada dos alemães, nacionalistas e comunistas começaram a combater entre si, provocando uma guerra civil que se concluiria alguns anos depois do fim do conflito mundial.”

pp. 251-252


Fonte: FIORANI, Flavio. História Ilustrada da II Guerra Mundial. Volume 3. São Paulo: Larousse, 2009.


Resistance in France


Partisans na Itália


o hino dos partisans – Bela Ciao!



República de Salò (fascista)
setembro 1943 – abril 1945




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