Relações
do
Papado
com
o
Nazismo
– continuação
2
fonte:
CORNWELL,
John.
O
Papa
de
Hitler
– A
História
Secreta
de
Pio
XII.
(Hitler's
Pope:
the
secret
history
of
Pius
XII.
1999)
Trad.
A
.
B.
Pinheiro
de
Lemos.
Rio
de
Janeiro:
Imago
Ed.,
2000
A
Concordata
do
Reich
Depois
que
o
líder
nazista
Adolf
Hitler
aclamou
a
Concordata
do
Reich,
em
20
de
julho
de
1933,
assinada
com
o
enviado
do
Vaticano,
o
cardeal
Eugenio
Pacelli,
o
futuro
Papa
XII,
o
governo
nacional-socialista
começou
a
política
de
esterilização
dos
'doentes
genéticos',
também
a
controlar
o
número
de
alunos
nas
escolas
(redução
dos
alunos
de
origem
judaica)
,
além
de
que
sacerdotes
católicos
participaram
da
'burocracia
de
atestados
anti-semitas',
sendo
que
muitos
destes
atestados
'serviriam
mais
tarde
para
aplicar
as
Leis
de
Nurembergue.'
A
posição
dos
líderes
católicos
na
Alemanha,
após
a
concordata,
era
a
de
um
'dilema
moral'.
“A
submissão
clerical
católica
no
processo
continuaria
ao
longo
de
todo
o
período
do
regime
nazista.
Acabaria
ligando
a
igreja
católica
– e
as
Igrejas
protestantes
também
-
aos
campos
de
extermínio.
No
caso
da
Santa
Sé,
porém,
havia
uma
culpa
muito
maior,
porque
a
extensão
e
coação
implícitas
na
aplicação
centralizada
das
leis
canônicas,
que
Pacelli
passara
tanto
tempo
de
sua
carreira
realçando
e
fortalecendo,
não
seriam
empregadas
para
desafiar
o
processo.
Na
verdade
o
inverso
parece
ter
acontecido.”
e
“Era
essa
a
realidade
do
abismo
moral
a
que
Pacelli,
o
futuro
pontífice
levara
à
outrora
poderosa
e
orgulhosa
Igreja
católica
Romana.
E
a
essa
altura
Pacelli
já
não
tinha
mais
qualquer
ilusão
sobre
a
natureza
violenta
do
regime
nazista.”
(pp.
172-73)
“A
assinatura
da
Concordata
do
Reich
assinalou
o
início
formal
da
aceitação
pelo
catolicismo
alemão
de
suas
obrigações
nos
termos
do
tratado,
que
impunha
como
um
dever
moral
aos
católicos
a
obediência
aos
soberanos
nazistas.
Com
isto,
os
críticos
católicos
se
calaram.
Uma
grande
Igreja,
que
poderia
ter
se
tornado
a
base
para
uma
oposição,
tratou
de
se
confinar
à
sacristia.
Houve
notáveis
exceções,
como,
por
exemplo,
os
sermões
do
Advento
do
cardeal
Faulhaber,
no
outono
daquele
ano,
mas
não
passaram
de
atos
individuais
de
desafio
(embora
qualificados).
Não
houve
nada
que
parecesse
sequer
remotamente
com
um
ato
coordenado
de
protesto
dentro
da
Alemanha,
nem
mesmo
sobre
questões
relacionadas
com
as
violações
dos
termos
do
tratado.”
(p.
175)
“[...]
Os
bispos
votaram
por
um
pedido
a
Pacelli
para
ratificar
o
tratado
sem
demora,
na
tênue
convicção
de
que
a
ratificação
poderia
melhorar
a
situação;
mas
também
lhe
pediram
que
transmitisse
ao
regime
uma
lista
de
suas
queixas,
entre
as
quais
uma
patética
defesa
dos
judeus
convertidos
ao
catolicismo.
O
fato
de
que
ele
agora
consideravam
necessário
pedir
a
Pacelli
que
falasse
em
defesa
dos
judeus
convertidos
indicava
a
fraqueza
intrínseca
da
política
da
secretaria
de
Estado,
envolvendo
longos
intervalos
entre
atos
de
perseguição
e
a
reação
em
Roma.
A
súplica
dos
bispos
a
Pacelli
dizia:
'Seria
possível
para
a
Santa
Sé
interferir
com
o
devido
empenho
pelos
cristãos
que
se
converteram
do
judaísmo,
que
estão
sofrendo
grandes
dificuldades,
junto
com
seus
filhos
e
netos,
por
causa
da
ascendência
não-ariana?'”
(p.
176)
As
atuações
de
Pacelli
foram
sempre
contra
as
esquerdas,
acusando
políticas
e
crimes,
mas
sempre
evitando
acusar
os
acordos
e
violências
das
direitas
em
evidente
avanço
– Itália,
Espanha,
Alemanha,
Aústria,
etc
– desde
que
os
governos
de
'regime
forte'
se
mantivessem
em
acordo
com
os
interesses
do
Vaticano.
“A
vitória
socialista
nas
eleições
espanholas
de
fevereiro
de
1936
culminara
aquele
verão
com
uma
violência
disseminada
e
a
deflagração
da
guerra
civil.
A
Igreja
católica,
identificada
com
o
lado
reacionário
da
divisão
ideológica,
foi
vítima
de
algumas
das
piores
atrocidades,
cometidas
em
geral
pelos
anarquistas.
Segundo
fontes
católicas,
durante
os
30
meses
de
guerra,
mais
de
sete
mil
padres
e
religiosos
foram
assassinados.
Pacelli,
é
claro,
não
podia
deixar
de
ter
conhecimento
das
atrocidades
cometidas
pelo
lado
de
Franco,
mas
o
Caudillo
declarara
que
'a
Espanha
será
um
império
voltado
para
Deus'.
E
setembro,
ao
receber
um
grupo
de
peregrinos
espanhóis,
Pio
XI
condenou
a
'iniciativa
satânica'
do
marxismo,
que
promovera
a
guerra,
e
abençoou
aqueles
que
defendiam
'os
direitos
e
a
honra
de
Deus
contra
uma
explosão
brutal
de
forças
tao
selvagens
e
tão
cruéis
que
eram
quase
inacreditáveis'.
Apesar
dos
muitos
discursos
de
Pacelli
ao
longo
do
ano
sobre
o
tema
de
justiça
e
paz,
o
ataque
de
Mussolini
à
Etiópia,
a
3
de
outubro
de
1935,
não
foi
condenado
pela
Santa
Sé.
Nem
Pio
XI
reprimiu
a
hierarquia
italiana,
que
demonstrou
o
maior
entusiasmo
pela
guerra.
(…)
embora
Pio
XI
dissesse
a
um
amigo
em
setembro
que
a
guerra
contra
a
Etiópia
seria
'deplorável',
suas
declarações
a
respeito,
depois
do
fato,
foram
tão
complicadas
e
vagas
que
nunca
representaram
uma
condenação
clara.”
pp.
193-94
“Em
reação
à
carta
pastoral
dos
bispos
[alemães,
datada
de
28
de
agosto
de
1935],
Hitler
declarou
no
congresso
nazista
,
em
Nurembergue,
a
11
de
setembro,
que
não
era
contra
o
cristianismo
por
si
mesmo,
'mas
lutaremos
para
manter
nossa
vida
pública
livrar
daqueles
padres
que
fracassaram
em
sua
vocação
e
que
deveriam
ter
se
tornado
políticos
em
vez
de
clérigos'.
Quatro
dias
depois,
Hitler
promulgou
as
Leis
de
Nurembergue,
que
definiam
a
cidadania
alemã,
preparando
o
caminho
para
a
caracterização
da
situação
de
ser
judeu
em
termos
de
parentalidade
e
casamento.
Mais
uma
vez,
não
houve
nenhuma
palavra
de
protesto
de
Pacelli.
“Na
defensiva
dentro
da
Alemanha,
reprimida
pelo
controle
centralizador
do
Vaticano,
a
igreja
católica
continuou,
em
1936,
a
manter
um
estado
de
inércia
cautelosa,
animada
apenas
pelo
duvidoso
conforto
de
que
a
situação
podia
ser
pior.
No
verão,
as
notícias
de
atrocidades
contra
freiras
e
padres
na
guerra
civil
espanhola
indicavam
– como
o
próprio
papa
se
apressou
em
ressaltar
– o
quanto
as
coisas
eram
piores
sob
o
'bolchevismo'.
[...]
“O
ano
de
1937,
no
entanto,
veria
um
aprofundamento
das
tensões
entre
os
nazistas
e
a
igreja
católica.
Na
segunda
semana
de
janeiro,
os
bispos
reuniram-se
em
Fulda
e
preparam
uma
lista
de
17
violações
da
concordata.
Armados
com
suas
queixas
familiares,
nada
menos
do
que
três
cardeais
– Faulhaber,
Bertram
e
Schulte
-
,
junto
com
dois
bispos
influentes
– Clemens
August
von
Galen
e
Konrad
von
Preysing
-,
partiram
num
ânimo
decidido
para
uma
conversa
com
Pacelli
no
Vaticano.
[…]
[o
papa
Pio
XI]
decidiu
fazer
uma
encíclica
sobre
a
difícil
situação
da
Igreja
na
Alemanha.
Faulhaber
escreveu
o
primeiro
esboço
bem
depressa
e
entregou-o
a
Pacelli
na
manhã
de
21
de
janeiro.
Pacelli
editou
o
texto
e
acrescentou
informações
sobre
a
história
da
concordata.
Isto
é
significativo
,
pois
a
encíclica
publicada,
Mit
brennender
Sorge
(Com
Profunda
Ansiedade),
uma
condenação
direta
e
franca
do
tratamento
dispensado
pelo
Reich
à
igreja,persiste
para
muitos
católicos
e
não-católicos
como
um
símbolo
da
corajosa
franqueza
papal,
citado
em
contraste
com
o
silêncio
de
Pacelli
durante
a
guerra.
Embora
Pacelli
possa
assumir
grande
parte
do
crédito
pelo
documento
final
e
os
complexos
acertos
para
sua
publicação
na
Alemanha,
a
encíclica
chegou
tarde
demais
e
deixou
de
condenar
expressamente
os
nacional-socialistas
e
Hitler.”
(pp.
198-201)
fonte:
CORNWELL,
John.
O
Papa
de
Hitler
– A
História
Secreta
de
Pio
XII.
(Hitler's
Pope:
the
secret
history
of
Pius
XII.
1999)
Trad.
A
.
B.
Pinheiro
de
Lemos.
Rio
de
Janeiro:
Imago
Ed.,
2000
Mais
info
a
concordata
do
Reich
a
encíclica
Mit
brennender
Sorge
/
Pio
XI,
1937
Leis
de
Nuremberg
(1935)
seleção & comentários : LdeM
Nenhum comentário:
Postar um comentário