Guerra no Pacífico
Expansão Japonesa no Sudeste Asiático
(Filipinas, Singapura, Burma, Índias Orientais Holandesas, Nova Guiné)
março-abril 1942
Ataques no Índico
“Os ataques no Oceano Índico foram um duro golpe para a força naval inglesa na área – e levaria bastante tempo para a Marinha Real ser capaz de operar ofensivamente contra o Japão.
O desastre teve origem nas operações das forças do Almirante Nagumo, que contornaram os navios ingleses nas proximidades e atacaram o Colombo e o Trincomalee no Sri Lanka.
Os ingleses foram prejudicados por informações incorretas fornecidas pelo serviço de inteligência, o que fez com que sua força principal estivesse reabastecendo a centenas de quilômetros de distância quando a frota japonesa atacou. Os navios ingleses antigos não conseguiram impedir os invasores; na realidade, dado o tempo de uso, é bastante discutível se eles teriam capacidade de impedir a ação, considerando sua vulnerabilidade em relação ao impressionante poder naval e aéreo dos porta-aviões japoneses.
No ataque, os desgastados cruzadores Dorsetshire e Cornwall foram afundados em 5 de abril, enquanto o porta-aviões Hermes, sem qualquer avião a bordo, foi afundado quatro dias depois no percurso de volta de Trincomalee. Surpreendido pelas aeronaves japonesas e totalmente sem defesas, o porta-aviões foia fundado em questão de minutos.
Durante os ataques no Oceano Índico, os japoneses foram consistentemente superiores à marinha Real, demonstrando o equívoco da crença pré-guerra de que uma força pequena com navios obsoletos seria suficiente para deter superioridade sobre a marinha japonesa.” p. 187
“Não foi apenas contra a esquadra norte-americana que as forças do Almirante Nagumo tiveram considerável sucesso no início da guerra no Pacífico. Três meses depois da Operação Havaí, Nagumo causou um golpe similar à Marinha Real Britânica em um ataque no Oceano Índico.
Em 19 de fevereiro de 1942, quatro dos porta-aviões de Nagumo iniciaram uma operação contra Darwin e Broome no noroeste da Austrália, afundando uma dúzia de navios e danificando seriamente as instalações da base e as próprias cidades, tudo ao custo da perda de apenas uma aeronave. A ação foi seguida por um descanso de quatro semanas enquanto navios e tripulações se preparavam para a próxima missão. Em 26 de fevereiro, os porta-aviões começaram a navegar pelo Oceano Índico.
O Oceano Índico era uma fonte de considerável preocupação para os ingleses. A Marinha Real tinha cinco couraçados e três porta-aviões na área, mas um dos porta-aviões estava obsoleto e quatro couraçados eram antigos e não chegariam perto do que quer que os japoneses usassem no ataque. O comandante da força inglesa, Almirante Sir James Somerville, foi cuidadoso ao lidar com seus recursos, levando em conta as informações do serviço de inteligência de um ataque japonês contra o Sri Lanka no início de abril. Somerville manteve sua força avançando para o oeste na luz do dia e seguindo na direção da esperada linha de aproximação japonesa durante a noite.
Infelizmente pra Somerville, as informações estavam erradas. Na tarde do dia 2 de abril de 1942, a maior parte de seus navios precisava reabastecer. Eles seguiram para a base no atol de Addu, deixando dois cruzadores, um destróier e o porta-aviões Hermes seguir para o Sri Lanka. Assim que os primeiros navios de Somerville chegaram a Addu, em 4 de abril, ele recebeu a notícia de que a frota de Nagumo tinha sido avistada a cerca de 640 km a sudeste da ilha. O Sri Lanka estava desprotegido e, mesmo que Somerville começasse a navegar imediatamente, não havia esperança de alcançar as forças de Nagumo.” pp. 191-192, 194
“Com grande riqueza de recursos naturais, especialmente petróleo, as Índias Orientais Holandesas eram um alvo extremamente tentador para o Japão. Os soldados desembarcaram na costa de Sarawak no dia 16 de dezembro e, no início de janeiro, estava claro para os comandos americano, inglês, holandês e australiano (ABDA) que uma invasão a toda força da colônia era iminente.
Os japoneses dividiram suas forças de invasão em Forçar do Leste, Oeste e Central, com a ideia de que elas iriam – como indicado pelos nomes – atacar as Índias Orientais Holandesas pelos lados leste e oeste. O conceito por trás do plano era elegantemente simples, com os japoneses conquistando terreno, consolidando rapidamente a conquista e então seguindo para o próximo objetivo. A Força Leste atacou primeiro, conquistando Célebes e depois Ambon, Timor e Bali. Os defensores no timor se dispersaram e conduziram uma campanha de guerrilha contra os invasores por mais de um ano antes que o último membro do grupo fosse morto, mas em todos os outros lugares os japoneses encontraram poucos obstáculos. Um esforço naval Aliado nos Estreitos de Lombok na noite de 19 para 20 de fevereiro surpreendeu os japoneses, mas foi derrotado e apenas atrasou em algumas horas a ofensiva.
A Força do Leste chegou a Java em 1º de março, junto com a Força do Oeste, que tinha conquistado Sumatra no caminho, e a Força Central, que tomou áreas costeiras importantes na ilha do Bornéu. A chegada foi precedida pela Batalha do Mar de Java, na qual as forças Aliadas tentaram parar os japoneses, mas foram completamente derrotadas, restando apenas quatro navios de sua frota. Em grande desvantagem numérica, estava claro que não havia chance para as forças Aliadas restantes em Java.
Quando os japoneses exigiram falar com os comandantes holandeses locais em 7 de março, deixaram claro que iriam trazer a capital javanesa abaixo se a rendição não viesse logo. Sem alternativa, as forças Aliadas restantes nas Índias Orientais se renderam no dia seguinte.” pp. 198, 200-201
Sucessos japoneses
“Os japoneses tiveram sucesso em todos os lugares que atacaram. Uma atitude de desprezo em relação a um poder militar supostamente inferior e atrasado fez com que as forças inglesas, americanas e holandesas não estivessem equipadas à altura, e a noção de que os japoneses poderiam ser combatentes habilidosos na selva não tinha sequer sido considerada.
Os resultados foram desastrosos para os Aliados. Em oito meses, o Japão expulsou a Inglaterra da Malásia, de Singapura e de Burma; os norte-americanos foram retirados das Filipinas e de seus territórios no Pacífico, e os holandeses foram completamente massacrados nas Índias Orientais Holandesas. Em junho de 1942, parecia quase inconcebível que o Japão pudesse ser parado no objetivo de se tornar o poder dominante no Pacífico.” p. 187
fonte: JORDAN, David & WIEST, Andrew. Atlas da II Guerra Mundial. Volume III de III. A Batalha no Pacífico. trad. Tatiana Napoli. São Paulo: Escala, 2008.
Ataque no Oceano Índico
“Ao fim de fevereiro de 1942, os japoneses tinham conquistado a maioria de seus objetivos nas Índias Orientais, Malásia e Filipinas e, com as bases do poder aéreo bem estabelecidas, os porta-aviões da 1ª Frota Aérea tiveram um mês de merecido descanso antes de começar a navegar para o Oceano Índico em 26 de março.”
“Relatórios de inteligência indicavam grandes chances de um ataque japonês contra Ceilão por volta do dia 1º de abril de 1942, e Somerville manteve sua força ainda completa direcionada para o oeste durante o dia, quando ele se considerava em grande desvantagem, seguindo para o leste durante a noite na direção esperada da aproximação japonesa. Embora corretas em essência, as informações de inteligência de Somerville estavam erradas a respeito da cronologia das ações. Na tarde de 2 de abril, a força inglesa precisava se abastecer com combustível e mantimentos e teve que voltar para Addu, continuando apenas com os cruzadores pesados HMS Cronwall e HMS Dorsetshire, o antigo porta-aviões HMS Hermes e o destroyer HMS Vampire. Por conta de outros compromissos, esses foram mandados para Ceilão.
Somerville mal tinha chegado em Addu na tarde de 4 de abril quando uma busca aérea localizou Naguno a menos de 645 km ao sudeste da ilha. Pegos de surpresa, os ingleses começaram a navegar imediatamente, mas sem esperanças de impedir o ataque. Na direção de Ceilão, estavam os dois cruzadores desprotegidos enviados por Somervile, que se prepararam para a carnificina. Como em Pearl Harbor, os japoneses escolheram um domingo antes do café da manhã para o ataque, e radares com bases na praia localizaram a força de 126 aeronaves conforme ela seguia para o alvo, Colombo.
Protegido pelas defesas organizadas da AA e pela Royal Air Force (RAF), a Força Aérea Real do Inglaterra, o porto tinha vários navios ancorados. Metade dos cerca de 40 caças que confrontaram os japoneses foram perdidos sem conseguir parar o ataque. Mas, depois de 30 minutos de ação, que tinha custado aos japoneses sete aeronaves, o porto ainda funcionava. Infelizmente, pouco antes do meio-dia, um hidroavião Aichi E13A 'Jake' do cruzador Tone avistou os dois cruzadores. Por mais de três horas, as aeronaves os perseguiram até terem ambos no centro de um ataque de 90 aviões. Sem qualquer tipo de cobertura, os navios ingleses afundaram em 20 minutos, causando a perda de mais de 400 vidas. Procurando recuperar o equilíbrio na batalha, Somerville acelerou para interceptar Nagumo no amanhecer de 6 de abril. Os japoneses vitoriosos não aceitaram o desafio, provavelmente para a sorte dos ingleses, que certamente teriam levado a pior.”
“O Almirante Nagumo reuniu suas aeronaves e tomou o caminho de volta para casa. Ele tinha conseguido derrotar os ingleses com tanta competência quanto derrotara os americanos e, pelo menos por ora, as águas que iam além do perímetro japonês estavam seguras. Embora os japoneses nunca mais fossem conseguir penetrar no Oceano Índico com tamanha força, a escala de suas atividades tinha garantido que uma contra-ofensiva demoraria para ser organizada.”
pp. 190-191
fonte: BISHOP, Chris. II Guerra Mundial: campanhas dia a dia: a Guerra no Pacífico, Volume 3. trad. Tatiana Napoli. São Paulo: Escala, 2009.
seleção: LdeM
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