sábado, 8 de janeiro de 2011

Estratégia Britânica no Mediterrâneo - 1940/1941



Estratégia Britânica
no Mediterrâneo

1940/1941


fonte: Churchill – O Lord da Guerra / 1979 – Ronald Lewin

trad. Cel Álvaro Galvão


 
cap. 3 – O Ano do Gafanhoto – 1941


 
Com exceção da vitória final, o objetivo estratégico mais acalentado por Churchill durante a Segunda Guerra Mundial era transformar o Mediterrâneo em “Mare Nostrum”. Duas decisões, tomadas por ele sobre sua inteira responsabilidade e com enorme risco, lançaram as bases para a consecução do seu propósito, alcançado em 1943 e 1944; durante 1941, porém, o alicerce parecia estar se dissolvendo. Sua primeira iniciativa, e fundamental, seguiu-se à queda da França. Churchill recorda: “No fim de junho a situação parecia tão horrível que o Almirantado chegou a pensar no abandono do Mediterrâneo Oriental, para concentrar-se em Gibraltar.”


 
Era esta a ideia do Primeiro Lorde do Mar, Almirante Pound. Entretanto, fortalecido pela reação mais positiva do Almirante Cunningham, o comandante-chefe naquela região, Churchill vetou a proposta com firmeza e decisão e conseguiu o apoio dos Chefes de Estado-Maior; estes, em 3 de julho, informaram a todos os comandantes-chefes que a esquadra ia permanecer no Mediterrâneo Oriental. Daí em diante, apesar de inúmeros desastres, em sentido absoluto, os ingleses jamais foram expulsos das rotas marítimas vitais que passavam por aquela região. Mas quando Churchill tomou sua decisão, no verão de 1940, sem dúvida praticou um ato de fé impressionante, porque os italianos ainda não haviam demonstrado a forma inepta e covarde como iriam utilizar a sua superioridade aérea e naval.


 
Nas circunstâncias do momento, a sua segunda decisão foi mais corajosa ainda. Enquanto se achava em curso a Batalha da Inglaterra, Churchill concordou em enviar para o Oriente Médio praticamente a metade do efetivo dos melhores blindados existentes no país. “O que é estranho”, anotou ele, “é que na época as pessoas envolvidas no problema permaneceram bastante calmas e joviais, mas escrever sobre o assunto agora chega a provocar arrepios.”


 
Na realidade, a proposta partiu do Ministério da Guerra. No dia 10 de agosto o General Dill, o CIGS [Chief of the Imperial General Staff] , informou a Churchill que se pretendia enviar imediatamente para o Egito um batalhão de carros de combate Cruiser, um regimento de carros de combate leves e um batalhão de carros de combate de Infantaria – ao todo 154 carros, juntamente com uma quantidade valiosa de canhões anticarro e de Artilharia de Campanha. Todavia, era Churchill, o Primeiro-Ministro, e somente Churchill, quem poderia validar a proposta; a aprovação imediata constituiu um daqueles golpes, no campo da alta estratégia, que raramente estão ao alcance de um comandante, e que ainda mais raramente são tentados. Deve-lhe ser atribuído o mesmo valor da ordem de Churchill, no dia 24 de julho de 1914, para que a esquadra saísse de suas bases no canal da Mancha e, navegando durante a noite, com as luzes apagadas, atravessasse o estreito de Dover, avançasse pela rota perigosa do Mar do Norte e se abrigasse na segurança proprocionada por Scapa Flow.


 
Além disso, foi Churchill quem exigiu que os carros de combate fossem enviados diretamente para o Egito, através do Mediterrâneo, e não pela rota do cabo da Boa Esperança como queria o Almirantado. Ele aceitava o conselho dos profissionais, embora à luz dos fatos pareça que a sua ousadia fosse mais justificada do que a cautela deles. Assim, o comboio chegou ao destino com tempo suficiente para tornar possível a destruição do exército italiano na África do Norte, onde os Matildas do batalhão de carros de Infantaria desempenharam um papel crucial.”

/p. 73

mais sobre o General John Dill (1881-1944)


 outro trecho ::


cap. 3 – O Ano do Gafanhoto – 1941


Estas decisões [de Churchill], juntamente com a incansável pressão de Churchill sobre o Ministério da Guerra e Wavell para elevarem o Exército do Nilo ao seu mais alto nível, e o reforço maciço da Esquadra do Mediterrâneo, desfalcada pela operação HATS [operation HATS, manobras da Royal Navy, de 30 de agosto a 5 de setembro de 1940], estas decisões produziram frutos prematuros, mas ilusórios. O crescente complexo de superioridade em relação à Esquadra Italiana culminou com o ataque dos aviões torpedeiros do almirante Cunningham contra Taranto, no dia 11 de novembro; com a perda de apenas dois aviões, os ingleses afundaram o encouraçado Littorio e mais dois encouraçados antigos estacionados em suas bóias de amarração. Em pouco tempo, a grande correria pela costa da África, planejada por Wavell e executada pelo General O'Connor, atingiu seu clímax em Beda Fomm – uma operação magistralmente sintetizada por Wavell na sua Ordem do Dia de 14 de fevereiro de 1941:


 
O Exército do Nilo, como nos chama o Primeiro-Ministro, em dois meses progreiu mais de 650 quilômetros, destruiu o maior exército já reunido para invadir o Egito, capturou mais de 125.000 prisioneiros e mais de 1.000 canhões, além de uma quantidade incalculável de armamento e material de todos os tipos.”

/p.74


 
more info about Beda Fomm


 
batalhas no norte da África / 1941-42


LdeM

.
.

Um comentário:

  1. Churchill,foi o grande estrategista da wwII,antes dos Americanos entrarem na guerra ele,segurou a barra contra os Alemães e os Italianos!Pretendo um dia ser lembrado como ele foi!

    ResponderExcluir