segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Norte da África - ineficiência das tropas italianas



Norte da África

Ineficiência das tropas italianas

A posição estratégica do Mar Mediterrâneo seria então disputada ao longo de 1941 até meados de 1943 pelas potências em guerra. O Eixo determinara-se a expulsar a Marinha britânicas das águas do 'Mare Nostrum' como dizia o proclamador do novo Império Romano, o Duce Mussolini.


 
A principal base marítima britânica nas águas próximas a península itálica era (e é até hoje) a ilha de Malta, famosa por seus cavaleiros medievais e mosteiros. É um porto de vital importância para reabastecimento e reparos de navios na rota Grã-Bretanha – Mediterrâneo – Canal de Suez – Índia – Cingapura. Ou seja, estava no meio da rota de comércio do Império Britânico.


 
Ao sul do Mediterrâneo e à sudoeste do Mar Vermelho estão as colônias do Norte da África – Argélia, Líbia, Egito, Sudão e Etiópia. Colônias estas em permanente estado de hostilidade visto que pertenciam a potências em combate. A Argélia proclamara-se fiel ao governo de Vichy, o governo francês colaboracionista (hostil às forças francesas livres, do General De Gaulle); enquanto Líbia (Cirenaica e Tripolitânia) permaneciam em poder italiano, bem como a Etiópia (ali entre Sudão anglo-egípcio e Somália inglesa.


 
A tensão aumentou no final de 1940, quando numerosas tropas italianas invadiram áreas sob controle britânico. Em janeiro de 1941, os britânicos passaram a contra-atacar, o que levou a um impasse nas fileiras italianas. Número não significa qualidade, e os enormes contingentes italianos se viam derrotados por tropas inglesas e coloniais (egípcios, sudaneses, somalis) em menor número, porém com armamento mais moderno.


As tropas do General Wavell avançaram do Sudão e cortaram o território de Eritreya, ao norte da área de controle italiano (conquistada na guerra da Etiópia em 1936, quando o Duce – ao lado do rei Emanuelle Vittorio - proclamou o Império.


 
As tropas comandadas pelo general inglês Cunningham, avançando do Kenya – ao sul da Etiópia - não apenas recuperam os terrenos, como também adentraram os territórios italianos. Em fevereiro de 1941 as tropas britânicas estão prontas para atacar a própria Somália italiana, num avanço de grande êxito até Modadishu (25 de fevereiro).


 
Enquanto os ingleses avançam, os etíopes desertam dos exércitos italianos, o que seguramente mostrava o baixo moral das tropas de defesa – ainda que certos combates tenham durado mais de mês, como é o exemplo de Keren, onde italianos resistiram 53 dias numa fortaleza. (Neste mesmo ano, ainda teremos o cerco de Tobruk, que seguramente elipsou esta página da bravura italiana)


Em dezembro de 1940, desencadeia-se o contra-ataque inglês. Com paenas 35.000 homens e 275 tanques, mas com uma hábil estratégia baseada no movimento, o genral Richard O'Connor contorna a trincheira inimiga, provocando a retirada italiana, que sót erminou em fevereiro de 1941, 400 km além de suas posições originais. Duas únicas divisões de O'Connor aniquilam dez divisões italianas e fazem 130.000 prisioneiros. Os italianos são rechaçados a oeste, ao longo da rodovia costeira e perseguidos pelo inimigo. A Cirenaica cai em mãos inglesas.”

fonte: FIORANI, Flavio. HISTÓRIA ILUSTRADA DA II GUERRA MUNDIAL. Larousse do Brasil, 2009.


O fato é que desmoralizadas, as tropas italianas, mesmo em maior número, se mostraram ineficientes diante das menores tropas britânicas, que avançando rápidas cortavam linhas de abastecimento e isolavam territórios. (A mesma tática que seria usada pelos alemães na Rússia, ainda em 1941, quando as tropas russas e ucranianas se rendiam em massa aos exércitos numericamente inferiores, mas pesadamente armados.)



por Leonardo de Magalhaens




quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Impasse Italiano na Grécia - 1940/41





Teatro de Guerra no Mediterrâneo

Balcãs


Impasse italiano na Grécia


Assim como as tropas italianas foram obrigadas a recuar no norte da África, para dentro de territórios do qual partiram, na Grécia o recuo foi ainda mais inglório. Partindo de posições na Albânia, os italianos avançaram no difícil terreno montanhoso da Grécia, com extrema dificuldade diante de um exército em linhas de defesa, apenas para se verem num impasse. Cercados ou divididos, os comandos italianos acabaram por retroceder, voltando para o interior da Albânia, onde passaram a sofrer contra-ataque.

Os gregos, entretanto, haviam obtido uma série de vitórias ao longo de toda frente. No dia 14 de novembro, o general Papagos, comandante-em-chefe do exército helênico, lançou um ataque no norte, com cinco divisões, e conseguiu empurrar os italianos para o interior da Albânia e ocupar, em território daquele país, a cidade de Koritza. Sem dar descanso aos italianos,os gregos prosseguiram em seu avanço e se apoderaram da cidade de Progadez. A profunda penetração dos helenos, ao norte, criou uma grave ameaça para o flanco esquerdo das tropas fascistas que combatiam na cordilheira de Pindo e na costa do mar Jônico. Em consequência, o comando italiano viu-se obrigado a ordenar uma retirada ao longo de toda frente.”

fonte: A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL / 9. Ed. Codex. 1965.


A campanha de três meses tinha por resultado as tropas italianas no mesmo lugar de onde haviam saído, ou até mais para o interior do território albanês, pois os gregos ainda conquistavam terreno na virada de 1940/ 1941. Em condições climáticas péssimas, em pleno inverno, as tropas de ambos os lados se valiam de esforços. Enquanto os gregos combatiam os alpinas italianos, estes passaram a um novo comando com a chegada do general Ubaldo Soddu – o que mostra o descontentamento de Mussolini, sempre a pressionar por outra ofensiva. (Erro que Hitler cometeria na Rússia, no ano seguinte, ao insistir em ofensivas, quando nem sequer as defensivas eram possíveis.)


 
O fato é que ambos os lados sofreram com a rigidez do clima – gélido a ponto de incapacitar cerca de 25 mil homens em cada lado do combate! Repetiam as condições de batalha que a guerra apresentara na virada de 1939/ 40, no front russo-finlandês. Agora a figura da resistência não era mais Mannheim, mas o grego Papagos.


Em janeiro de 1941, os gregos redobraram seus ataques, apoiados por cinco esquadrilhas da RAF, enviados do Egito, pelos britânicos. Havia-se iniciado o áspero inverno balcânico, e os soldados, tanto os helenos como os italianos, deviam padecer terríveis penúrias. [...]

fonte: idem, ibidem


 
Tanto que os números mostram o grau do desastre italiano, com seus 25 mil desaparecidos, além dos 23 mil prisioneiros. Incapaz de nova ofensiva, o exército italiano era então impossibilitado de defender a própria Albânia, que sofria o ataque grego. Esta resistência grega atraiu reforço britânico – e a esperança de Churchill de abrir uma nova frente - e eis o que despertou as atenções do Führer Adolf Hitler, quando decidiu-se por interferir na 'burrada' do Duce – os nazistas também queriam manter a Grécia sob hegemonia. Estava agendada a Operação Marita.


Os reveses italianos na Grécia, Somália e Eritréia inquietavam Hitler. Ele julgou-se no dever de ir em auxílio de Mussolini antes de desencadear o ataque à Rússia. Primeiro pensou em enviar tropas de montanha para a Albânia. No entanto uma inspeção efetuada pelo general Enno von Rintelen e objeções formuladas pelos dois comandos dissuadiram-no disso. A 10 de Janeiro, em compensação o X Corpo de exército aéreo (Geisler) atacou a esquadra britânica do Mediterrâneo, afundou-lhe um cruzador e avariou grandemente o porta-aviões Illustrious.
Pouco depois o OKW e o comando superior concordaram em mandar para a Líbia (Operação "Sonnemblume") uma unidade blindada alemã (Rommel). Por outro lado estudaram durante algumas semanas a conquista de vários campos de aviação importantes, situados no norte da Grécia, a fim de lançar uma ofensiva de desopressão, cujos pormenores foram precisados pela Instrução do Führer nº 20 (Operação "Marita") e que foi definitivamente decidida em um encontro de Hitler e Mussolini, Ribbentrop e Ciano, a 19 e 20 de Janeiro de 1941.



mais sobre a Guerra Greco-Italiana


por Leonardo de Magalhaens


sábado, 8 de janeiro de 2011

Estratégia Britânica no Mediterrâneo - 1940/1941



Estratégia Britânica
no Mediterrâneo

1940/1941


fonte: Churchill – O Lord da Guerra / 1979 – Ronald Lewin

trad. Cel Álvaro Galvão


 
cap. 3 – O Ano do Gafanhoto – 1941


 
Com exceção da vitória final, o objetivo estratégico mais acalentado por Churchill durante a Segunda Guerra Mundial era transformar o Mediterrâneo em “Mare Nostrum”. Duas decisões, tomadas por ele sobre sua inteira responsabilidade e com enorme risco, lançaram as bases para a consecução do seu propósito, alcançado em 1943 e 1944; durante 1941, porém, o alicerce parecia estar se dissolvendo. Sua primeira iniciativa, e fundamental, seguiu-se à queda da França. Churchill recorda: “No fim de junho a situação parecia tão horrível que o Almirantado chegou a pensar no abandono do Mediterrâneo Oriental, para concentrar-se em Gibraltar.”


 
Era esta a ideia do Primeiro Lorde do Mar, Almirante Pound. Entretanto, fortalecido pela reação mais positiva do Almirante Cunningham, o comandante-chefe naquela região, Churchill vetou a proposta com firmeza e decisão e conseguiu o apoio dos Chefes de Estado-Maior; estes, em 3 de julho, informaram a todos os comandantes-chefes que a esquadra ia permanecer no Mediterrâneo Oriental. Daí em diante, apesar de inúmeros desastres, em sentido absoluto, os ingleses jamais foram expulsos das rotas marítimas vitais que passavam por aquela região. Mas quando Churchill tomou sua decisão, no verão de 1940, sem dúvida praticou um ato de fé impressionante, porque os italianos ainda não haviam demonstrado a forma inepta e covarde como iriam utilizar a sua superioridade aérea e naval.


 
Nas circunstâncias do momento, a sua segunda decisão foi mais corajosa ainda. Enquanto se achava em curso a Batalha da Inglaterra, Churchill concordou em enviar para o Oriente Médio praticamente a metade do efetivo dos melhores blindados existentes no país. “O que é estranho”, anotou ele, “é que na época as pessoas envolvidas no problema permaneceram bastante calmas e joviais, mas escrever sobre o assunto agora chega a provocar arrepios.”


 
Na realidade, a proposta partiu do Ministério da Guerra. No dia 10 de agosto o General Dill, o CIGS [Chief of the Imperial General Staff] , informou a Churchill que se pretendia enviar imediatamente para o Egito um batalhão de carros de combate Cruiser, um regimento de carros de combate leves e um batalhão de carros de combate de Infantaria – ao todo 154 carros, juntamente com uma quantidade valiosa de canhões anticarro e de Artilharia de Campanha. Todavia, era Churchill, o Primeiro-Ministro, e somente Churchill, quem poderia validar a proposta; a aprovação imediata constituiu um daqueles golpes, no campo da alta estratégia, que raramente estão ao alcance de um comandante, e que ainda mais raramente são tentados. Deve-lhe ser atribuído o mesmo valor da ordem de Churchill, no dia 24 de julho de 1914, para que a esquadra saísse de suas bases no canal da Mancha e, navegando durante a noite, com as luzes apagadas, atravessasse o estreito de Dover, avançasse pela rota perigosa do Mar do Norte e se abrigasse na segurança proprocionada por Scapa Flow.


 
Além disso, foi Churchill quem exigiu que os carros de combate fossem enviados diretamente para o Egito, através do Mediterrâneo, e não pela rota do cabo da Boa Esperança como queria o Almirantado. Ele aceitava o conselho dos profissionais, embora à luz dos fatos pareça que a sua ousadia fosse mais justificada do que a cautela deles. Assim, o comboio chegou ao destino com tempo suficiente para tornar possível a destruição do exército italiano na África do Norte, onde os Matildas do batalhão de carros de Infantaria desempenharam um papel crucial.”

/p. 73

mais sobre o General John Dill (1881-1944)


 outro trecho ::


cap. 3 – O Ano do Gafanhoto – 1941


Estas decisões [de Churchill], juntamente com a incansável pressão de Churchill sobre o Ministério da Guerra e Wavell para elevarem o Exército do Nilo ao seu mais alto nível, e o reforço maciço da Esquadra do Mediterrâneo, desfalcada pela operação HATS [operation HATS, manobras da Royal Navy, de 30 de agosto a 5 de setembro de 1940], estas decisões produziram frutos prematuros, mas ilusórios. O crescente complexo de superioridade em relação à Esquadra Italiana culminou com o ataque dos aviões torpedeiros do almirante Cunningham contra Taranto, no dia 11 de novembro; com a perda de apenas dois aviões, os ingleses afundaram o encouraçado Littorio e mais dois encouraçados antigos estacionados em suas bóias de amarração. Em pouco tempo, a grande correria pela costa da África, planejada por Wavell e executada pelo General O'Connor, atingiu seu clímax em Beda Fomm – uma operação magistralmente sintetizada por Wavell na sua Ordem do Dia de 14 de fevereiro de 1941:


 
O Exército do Nilo, como nos chama o Primeiro-Ministro, em dois meses progreiu mais de 650 quilômetros, destruiu o maior exército já reunido para invadir o Egito, capturou mais de 125.000 prisioneiros e mais de 1.000 canhões, além de uma quantidade incalculável de armamento e material de todos os tipos.”

/p.74


 
more info about Beda Fomm


 
batalhas no norte da África / 1941-42


LdeM

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