Norte da África
Ineficiência das tropas italianas
A posição estratégica do Mar Mediterrâneo seria então disputada ao longo de 1941 até meados de 1943 pelas potências em guerra. O Eixo determinara-se a expulsar a Marinha britânicas das águas do 'Mare Nostrum' como dizia o proclamador do novo Império Romano, o Duce Mussolini.
A principal base marítima britânica nas águas próximas a península itálica era (e é até hoje) a ilha de Malta, famosa por seus cavaleiros medievais e mosteiros. É um porto de vital importância para reabastecimento e reparos de navios na rota Grã-Bretanha – Mediterrâneo – Canal de Suez – Índia – Cingapura. Ou seja, estava no meio da rota de comércio do Império Britânico.
Ao sul do Mediterrâneo e à sudoeste do Mar Vermelho estão as colônias do Norte da África – Argélia, Líbia, Egito, Sudão e Etiópia. Colônias estas em permanente estado de hostilidade visto que pertenciam a potências em combate. A Argélia proclamara-se fiel ao governo de Vichy, o governo francês colaboracionista (hostil às forças francesas livres, do General De Gaulle); enquanto Líbia (Cirenaica e Tripolitânia) permaneciam em poder italiano, bem como a Etiópia (ali entre Sudão anglo-egípcio e Somália inglesa.
A tensão aumentou no final de 1940, quando numerosas tropas italianas invadiram áreas sob controle britânico. Em janeiro de 1941, os britânicos passaram a contra-atacar, o que levou a um impasse nas fileiras italianas. Número não significa qualidade, e os enormes contingentes italianos se viam derrotados por tropas inglesas e coloniais (egípcios, sudaneses, somalis) em menor número, porém com armamento mais moderno.
As tropas do General Wavell avançaram do Sudão e cortaram o território de Eritreya, ao norte da área de controle italiano (conquistada na guerra da Etiópia em 1936, quando o Duce – ao lado do rei Emanuelle Vittorio - proclamou o Império.
As tropas comandadas pelo general inglês Cunningham, avançando do Kenya – ao sul da Etiópia - não apenas recuperam os terrenos, como também adentraram os territórios italianos. Em fevereiro de 1941 as tropas britânicas estão prontas para atacar a própria Somália italiana, num avanço de grande êxito até Modadishu (25 de fevereiro).
Enquanto os ingleses avançam, os etíopes desertam dos exércitos italianos, o que seguramente mostrava o baixo moral das tropas de defesa – ainda que certos combates tenham durado mais de mês, como é o exemplo de Keren, onde italianos resistiram 53 dias numa fortaleza. (Neste mesmo ano, ainda teremos o cerco de Tobruk, que seguramente elipsou esta página da bravura italiana)
“Em dezembro de 1940, desencadeia-se o contra-ataque inglês. Com paenas 35.000 homens e 275 tanques, mas com uma hábil estratégia baseada no movimento, o genral Richard O'Connor contorna a trincheira inimiga, provocando a retirada italiana, que sót erminou em fevereiro de 1941, 400 km além de suas posições originais. Duas únicas divisões de O'Connor aniquilam dez divisões italianas e fazem 130.000 prisioneiros. Os italianos são rechaçados a oeste, ao longo da rodovia costeira e perseguidos pelo inimigo. A Cirenaica cai em mãos inglesas.”
fonte: FIORANI, Flavio. HISTÓRIA ILUSTRADA DA II GUERRA MUNDIAL. Larousse do Brasil, 2009.
O fato é que desmoralizadas, as tropas italianas, mesmo em maior número, se mostraram ineficientes diante das menores tropas britânicas, que avançando rápidas cortavam linhas de abastecimento e isolavam territórios. (A mesma tática que seria usada pelos alemães na Rússia, ainda em 1941, quando as tropas russas e ucranianas se rendiam em massa aos exércitos numericamente inferiores, mas pesadamente armados.)
por Leonardo de Magalhaens