terça-feira, 23 de setembro de 2014

FEB em combate na Itália - setembro 1944


 


FEB em combate na Itália

Setembro 1944

Massarosa, Camaiore e Monte Prano


     Após os desembarques na Itália, juntamente com as forças norte-americanas, a Força Expedicionária Brasileira se deslocou para o front, onde seu 'batismo de fogo' não se faria esperar, pois logo em meados de setembro de 1944 o encontro com as forças germânicas se deu nas regiões montanhosas, onde o inimigo montara uma verdadeira linha defensiva. Foi então que as tropas brasileiras provaram o quanto eram perseverantes, e que não se intimidavam. Contudo, treinamento para combate e o armamento eram méritos das forças Aliadas, as quais a FEB se juntara.



     “A Força Expedicionária Brasileira, FEB, saiu do Brasil sob o comando do general João Batista Mascarenhas de Morais com destino à Nápoles. Tendo desembarcado no território italiano, a FEB foi anexada ao 4º Corpo do Exército dos Estados Unidos, que era comandada pelo general Willis D. Crittenberger e submetido ao general Mark Clark, onde receberam alimentos, roupas e armamentos para a guerra. Os recursos da tropa brasileira eram muito escassos e velhos, tiveram ainda de receber novo treinamento e armamento para só então iniciar campanhas.

     A FEB era constituída por uma divisão de infantaria composta por 25.334 membros e tinha como lema “A cobra está fumando”. A primeira campanha da FEB se deu em setembro de 1944 no norte da cidade de Lucca, onde obteve as primeiras vitórias e tomou Massarosa, Camaiore e Monte Prano. Os primeiros problemas da FEB se deram em outubro com as batalhas em Barga. Mas a infantaria brasileira fez muito sucesso com seu desenvolvimento e conquistas na guerra, foi designada para tomar o Monte Castello sozinha e por isso teve derrotas no final de tal mês.”





    “Massarosa foi a primeira localidade liberada pelas forças brasileiras, e o foi por um ousado golpe da Seg.Cia. I/6º RI, às ordens do capitão Alberto Tavares da Silva, e transportada em auto-caminhões.

     No dia seguinte, as tropas do general Zenóbio, fazendo-se anteceder por rigorosas patrulhas de moto-mecanizados, continuaram o seu movimento para o Norte e, em rápida progressão, ocuparam Ghilardona - Il Vecoli – colina Santa Lucia, exatamente a orla colinosa que se estende logo ao Sul da única transversal rodoviária existente na zona de ação. O Pelotão de Reconhecimento, articulando-se na aldeia de Stiava, prolongara-lhe o flanco ocidental (esquerdo). Nesses dois dias, as nossas forças cruzaram  alguns campos minados, cingindo-se a atividade inimiga a tiros de artilharia sobre as regiões de Quiesa e Massarosa.

     As informações até então colhidas deram ao chefe do Destacamento da FEB a impressão de que somente ao Norte da linha geral Camaiore - Monte Prano - V.Valimono - M.Acuto - M.Pruno seria possível um choque com o inimigo.
     Assim, para cerrar o nosso dispositivo sobre a mencionada linha, a localidade de Camaiore, engastada nas abas de um conjunto montanhoso, despertava logo a atenção, por constituir sólida base para as ações ulteriores.

     O avanço de oito quilômetros em nosso flanco esquerdo (ocidental), para empolgar Camaiore, seguramente avivaria o ânimo ofensivo de nossas tropas.
     Decidiu, portanto, o general Zenóbio, a 18 de setembro, ocupar, sem perda de tempo, a cidade de Camaiore e deslocar o destacamento para o Norte, com o objetivo de articulá-lo em frente às elevações que pareciam caracterizar a orla exterior da posição defensiva inimiga.

     E a falada Linha Gótica da propaganda alemã feriu a memória de todos quantos ali estavam. Era, ao que se dizia, a linha de defesa mais poderosa que os alemães tinham organizado. Estendia-se do mar Tirreno ao mar Adriático apoiando-se nos terríveis obstáculos das montanhas apinianas.

     Em consequência, o chefe da Infantaria Expedicionária impulsionou sobre aquela cidade um grupamento misto especial, comandado pelo capitão Ernani Ayrosa, do I/6º R.I.    Esse pequeno grupamento partiu de Massarosa na manhã de 18 de setembro e, quando estava bem próximo de Camaiore, encontrou uma ponte destruída, o que impediu o prosseguimento da marcha nos tanques americanos.

     Diante disso, o capitão Ayrosa decidiu seguir com o restante do grupamento para Camaiore, onde penetrou sob intenso fogo de artilharia e morteiros.

     A cidade foi conquistada na jornada de 18 de setembro, sem maior oposição, em vista de os alemães só terem mantido aí escassos elementos de vigilância, que se retiraram à aproximação dos elementos avançados do grupamento misto especial.

     A posse de Camaiore foi consolidada com o reforço da 7ª Companhia/III/6º R.I. sob o comando do capitão Álvaro Felix, rapidamente transportada em jipes e caminhões.

     Remate indispensável à manobra brasileira era a posse da transversal La Rena - Fattoria (Camaiore - Lucca), visto como estabelecia e firmava uma comunicação interior, de repercussão enorme nas ações futuras.

     Lançou-se, em consequência, o Destacamento FEB, ainda na jornada de 18, à conquista das elevações que dominam essa rodovia pelo lado Norte, ou seja, a linha Meschino - Castelo - Migliano - Monssagrati – Cuco.

     Ao fim da jornada, estava a citada transversal quase toda em poder das tropas do Destacamento FEB, à exceção das alturas do flanco oriental (direito), só alcançadas e dominadas no dia seguinte, mediante o engajamento do Batalhão do major Abílio. Na noite de 19, o contato fora tomado em toda a frente e a operação realizada no flanco direito, durante o dia, assumiu o aspecto de um engajamento.

     Com as ações da jornada do dia 19 de setembro de 1944, conseguira o destacamento cerrar sobre os postos avançados da famosa Linha Gótica. Apoiavam-se esses postos nas alturas de Monte Prano, Valimono, Acuto e Pruno, e cota 540. E as informações colhidas, decorrentes da cerrada ação de contato, revigoraram a impressão de que o inimigo poderia oferecer forte resistência em posições adrede preparadas e conhecidas sob a designação de Linha Gótica.
 



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A Cobra Fumou / 2002


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Operation Market Garden / Arnhem / Operation Anvil 1944




 
Operação Market-Garden

Battle for Arnhem

Operação Anvil / Dragoon

agosto / setembro 1944


      Depois do avanço na França, a libertação de Paris, as forças Aliadas precisam avançar para o leste, rumo a fronteira alemã, onde está a Linha Siegfried, enfraquecida, mas ainda a oferecer obstáculo. Antes era preciso um porto estratégico para abastecer as tropas em avanço, e assim foi planejado a invasão de portos nos Países Baixos.

      Então os comandantes Aliados passaram a discutir onde deveria ser o próximo ataque, se concentrado ou em duas frentes. O general britânico Montgomery conseguiu aprovação para a Operação Market Garden que consistia em ataque aerotransportado (Market) e avanço blindado (Garden). Mas a operação não aconteceu tal como planejada, ao encontrar resistência e péssimas condições climáticas, para o infortúnio dos Aliados.

      Ao sul da França acontecera, em meados de agosto, o desembarque aliado planejado na Operação Anvil [também designada Dragoon] que visava unir as tropas aliadas em território francês, a ser retomado do domínio germânico.

Antuérpia [porto holandês] era importante para a execução de planos futuros e, por conseguinte, [o general norte-americano comandante da força Aliada ] Eisenhower concordou parcialmente com a proposta de [ general britânico] Montgomery. Ele comunicou a [general norte-americano] Bradley que mandasse um dos seus dois exércitos, o 1º, para o norte das Ardenas, a fim de fortalecer Montgomery no desenvolvimento do principal esforço aliado, insistindo, porém, com Bradley para que mantivesse a pressão ao sul das Ardenas e contra o Sarre, já agora definitivamente uma operação subsidiária, a fim de preparar o setor sul da linha de ataque para o cerco do [vale do rio] Ruhr.

Entrementes, uma força aliada desembarcara no sul da França, a 15 de agosto, como parte da discutida Operação Bigorna [Anvil] que Eisenhower insistira em realizar, a despeito dos protestos de [ primeiro-ministro britânico Winston ] Churchill e dos estrategistas britânicos. Depois de tomar o porto de Marselha, os soldados aliados subiram rapidamente o vale do Ródano [Rhône] e juntaram-se às forças da Operação Overlord a 15 de setembro. Nesse momento, [ general norte-americano Jacob ] Devers, Comandante do 6º Grupo de Exércitos, e que dirigia um exército francês e um americano, ficou sob o comando de Eisenhower.

Isto dava a Eisenhower três comandantes de grupo de exércitos: Montgomery, Bradley e Devers, e o controle de forças de terra que cobriam uma frente que ia da Holanda ao [Mar] Mediterrâneo e do Atlântico até quase a fronteira alemã. A 20 de setembro, Eisenhower inaugurou seu Q-G em Versalhes e estabeleceu um posto de comando avançado em Reims.”

Já então as discussões sobre a estratégia a ser adotada, se frente ampla ou frente estreita, se haviam encerrado. No começo de setembro, com os alemães aparentemente à beira do colapso e a guerra parecendo chegar ao fim, o avanço de frente ampla de Eisenhower transformou-se numa disparada. Seu objetivo era manter os alemães 'estendidos por toda parte', como dissera Eisenhower.

A 4 de setembro, Montgomery tornou a tentar mudar a forma da perseguição. Ele escreveu a Eisenhower: 'Acho que chegou o momento em que um ataque vigoroso na direção de Berlim pode chegar até lá e, assim, terminar a guerra com a Alemanha'.

Como os Aliados careciam de recursos para manter duas ofensivas vigorosas, uma pelo 21º Grupo de Exércitos e outra pelo 12º Grupo de Exércitos – o 6º Grupo de Exércitos ainda estava para unir-se a eles – Montgomery sugeriu a concentração dos efetivos disponíveis num único ataque. Evidentemente, o [vale do rio] Ruhr era um objetivo mais importante do que o Sarre. 'Se tentarmos uma solução de meio-termo e dividirmos nossos recursos de manutenção [logísticos] de modo que nenhum dos dois ataques [referindo-se ao seu e ao de Bradley] será vigoroso', advertiu ele, prolongaremos a guerra'.

Eisenhower respondeu-lhe no dia seguinte, afirmando que a frente ampla dava aos Aliados a liberdade de atacar em qualquer parte e a qualquer momento, o que obrigava o inimigo a manter-se meio desconcertado. Seu grande objetivo continuava sendo a flexibilidade, a capacidade de enfrentar qualquer resistência que os alemães conseguissem oferecer, onde quer que fosse. Mas ele reconhecia, repetiu, que Montgomery estava rumando para os alvos mais importantes e, para lhe permitir o avanço contra Antuérpia, Eisenhower dava-lhe prioridade na distribuição de suprimentos, que lhe eram entregues em quantidades cada vez maiores.

[…]

Montgomery tornou a protestar, a 7 de setembro, e pediu que Eisenhower fosse ter com ele para discutirem a questão.

Eisenhower foi ao seu encontro no dia 10. já então os alemães estavam-se acomodando na Muralha Ocidental – a Linha Siegfried, como os Aliados a chamavam. Nessas fortificações, há muito abandonadas, ao longo da fronteira alemã, os germânicos decidiram resistir.

Ali as forças aliadas ficaram sem combustível, munição e rações nas quantidades necessárias para romper as defesas da Muralha Ocidental, deixando entrever que a perseguição que moviam aos alemães ia ter de parar, à beira do Reich.

Durante sua conferência com Eisenhower, Montgomery repetiu sua crença de que os exércitos aliados careciam do poderio para todos chegarem ao Reno. Somente se parasse algumas forças e desviasse seu combustível e munição para as outras é que Eisenhower poderia esperar que os Aliados cruzassem o Reno e chegassem ao Ruhr. Evidentemente, como o avanço de Montgomery era o principal esforço aliado, seria ele quem receberia virtualmente todos os suprimentos aliados.

Como primeira etapa desse grande conceito, Montgomery propôs uma operação chamada Market Garden. Arrojada, se não francamente arriscada, era um plano para usar divisões Aerotransportadas e blindadas para atravessar o Baixo Reno nos Países Baixos.

Montgomery desejava empregar as três divisões do 1º Exército Aerotransportado aliado para espalhar um tapete de tropas ao longo de um estreito corredor pelos Países Baixos adentro e transpor o Baixo Reno. Esses soldados seriam mantidos junto por uma penetração blindada por aquele corredor. Se pudesse transpor a barreira fluvial, ele flanquearia as posições da Muralha Ocidental e estaria pronto, admitindo-se que pudesse receber os suprimentos necessários, para um avanço direto para o Ruhr.


Fazendo parte da sua perspectiva de frente estreita, Montgomery via essa operação como uma alternativa para a estratégia de frente ampla, de Eisenhower.

A aceitação da ideia de Montgomery representaria o adiamento da utilização do porto de Antuérpia. A cidade fora capturada no começo de setembro, mas antes que o porto pudesse ser usado, o trecho de mais de 80 km do estuário do [rio] Escalda teria de ser limpo. Em sua retirada da Normandia, as forças alemãs haviam controlado firmemente as costas dessa enseada e minado os acessos da baía. Se Montgomery desse mais atenção à Market Garden, não poderia dar prioridade à Antuérpia.

Eisenhower aceitou a sugestão de Montgomery não porque aprovasse o abandono do conceito de frente ampla. Longe disso, ele estava interessado em utilizar as forças aeroterrestres, que desde a invasão e os primeiros dias de junho se encontravam ociosas na Grã-Bretanha, aguardando a oportunidade de retornar à ação.

Como Eisenhower explicou a [general Chefe do Estado-Maior dos EUA George ] Marshall, ele estava sempre disposto a 'adiar a captura de portos em favor de movimento mais arrojado e mais rápido para a frente'. Mas, com o inverno chegando, ele precisava de Antuérpia e disse a Marshall que 'é absolutamente imperioso' que Montgomery tome Antuérpia logo depois da Market Garden.

A Market Garden começou a 17 de setembro. Uma semana depois, terminou. Embora Montgmomery tivesse aberto um corredor de 104 km de profundidade nos Países Baixos e assegurado cabeças-de-ponte sobre os rios Maas e Waal, não conseguira, entretanto, transpor do Reno ou flanquear a Muralha Ocidental. Ele perdera quase 12.000 homens, mas não lograra levar ao colapso um governo alemão supostamente vacilante.

Com isso, a perseguição dos Aliados aos alemães, que perdera impulso em meados de setembro, parou definitivamente.

Uma vez mais, a despeito da evidência de que a Market Garden não demonstrara, em qualquer momento de ataque, a menor chance de êxito contra uma Alemanha que ainda não chegara ao fim, e que na verdade continuaria lutando por mais sete meses – Montgomery pediu que se desse tudo ao seu 21º Grupo de Exércitos para um avanço imediato na direção de Berlim.

Eisenhower recusou.

A 22 de setembro ele ordenou a Montgomery que aplicasse toda a energia na eliminação dos alemães do [rio] Escalda, a fim de que o porto de Antuérpia fosse aberto.”

pp. 118, 120-123

fonte: BLUMENSON, Martin. Eisenhower. Rio de Janeiro : Renes, 1976

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filme

A Bridge too far / 1977

[baseado em livro de Cornelius Ryan]